Autores de ‘Geração Brasil’ apostam em nova trama pop para o horário das 19h da Globo

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Apesar de ter feito 12 novelas no posto de colaborador de autores como Aguinaldo Silva e Gilberto Braga, Filipe Miguez, de 47 anos, queria emplacar uma série como seu primeiro trabalho solo. A produção foi até aprovada, mas acabou adiada. E um folhetim cruzou novamente seu caminho. Ele foi convocado pela Globo para escrever uma novela e chamou a amiga Izabel de Oliveira, de 45 anos, para formar uma dupla. Na estreia como autores titulares, os dois criaram o sucesso “Cheias de charme”, exibido às 19h pela emissora em 2012.

O primeiro encontro profissional de Filipe e Izabel acontecera em 2007, quando ambos colaboraram com Aguinaldo em “Duas caras”.

— A gente se conhecia há 20 anos, tínhamos amigos em comum, mas nos aproximamos ali — recorda Izabel, que estreou como colaboradora de Ana Maria Moretzsohn em “Perdidos de amor” (1996), da Band, acumulou experiência na função ao lado de outros novelistas e, em 2000, foi para a Globo.

Nesta entrevista, na casa de Filipe, parte da série com autores de novelas iniciada em janeiro pela Revista da TV, eles adiantam detalhes da criação de sua nova trama, “Geração Brasil”, que estreia no dia 5 no horário das 19h. Os dois voltam com outra obra de apelo pop para falar sobre como a tecnologia interfere na vida das pessoas. Em vez de empreguetes, entra em cena Jonas Marra (Murilo Benício), um visionário que faz fortuna após criar um computador de baixo custo e fácil manuseio nos Estados Unidos. Ele é um homem bem-sucedido que mexe com a vida de muita gente quando volta ao Brasil para escolher o seu sucessor.

A nova trama traz no elenco Cláudia Abreu, Taís Araújo, Isabelle Drummond, e outros atores que fizeram “Cheias de charme”. Na conversa a seguir, os autores garantem que todos estarão em papéis bem diferentes dos anteriores.

 

“Cheias de charme” foi um sucesso. Agora, vocês chegam para substituir “Além de horizonte”, que teve baixa audiência. Qual é a expectativa com “Geração Brasil”?

 

Filipe: Estamos confiantes, mas claro que teve uma preocupação. Tínhamos acabado de sair de “Cheias de charme” e ainda estávamos muito impregnados daqueles personagens quando pediram outra novela. Pensamos: “Não dá para fazer outra novela musical agora. Vamos partir para uma outra história mesmo”.

Izabel: Se vai fazer o mesmo sucesso, não sabemos. “Cheias de charme” era uma novela muito simpática. Mas estamos seguros de que não nos acomodamos. A gente gosta muito deste novo trabalho.

 

Como funciona o processo de criação em dupla?

 

Izabel: A gente é muito detalhista e o fato de sermos dois nos faz um puxar pelo outro. Quando não chegamos a um consenso, buscamos uma terceira opção. Para a qualidade do trabalho, a dupla é bacana porque a gente se questiona muito. Mas com a novela no ar, você tem pouco tempo para tomar uma decisão. Tem gente que fala: “Bota qualquer coisa no capítulo”. Com a gente, não acontece. Queremos que a história tenha coerência.

Filipe: O bom de trabalhar em dupla é saber que se um falhar, o outro está ali.

 

Como surgiu a parceria?

 

Izabel: Trabalhamos na mesma equipe, em “Duas caras”, e conhecemos o trabalho um do outro. Sempre curti muito novela e queria fazer isso. Filipe tinha projetos de seriado, e eu insistia: “Vai escrever novela!” (risos).

Filipe: Eu fiz uma primeira sinopse de uma novela, que a Bel até colaborava, mas não foi aprovada. Escrevi o seriado, que está aprovado, mas a emissora pediu uma novela antes. Chamei a Bel para fazer “Cheias de charme” e agora veio “Geração”. Eles estão me enrolando com o seriado.

Izabel: Não estão nada. É que novela sempre passa na frente. Eu paquerava o Filipe desde que fizemos “Duas caras”, mas ele estava escrevendo esse seriado, e eu trabalhando como colaboradora de “Insensato coração” (2011). Quando recebi a ligação dizendo que era mesmo para tocar “Cheias de charme”, estava na casa do Gilberto (Braga).

 

Você queria se tornar um autor titular de novelas?

 

Filipe: Sempre fui noveleiro, era colaborador de novela, mas tinha um pouco de medo de ser titular. A Globo já tinha me pedido uma sinopse, e eu não sabia se iria dar conta. É muita coisa!

 

Como surge uma novela?

 

Filipe: Montar uma novela é um processo difícil. A gente escolhe um tema, dali fazemos uma pesquisa e começam a surgir os personagens. A história vai sendo construída junto com os personagens. Uma coisa vai lapidando a outra.

Izabel: O tema carrega personagens incríveis que a gente descobre quando pesquisa. Por exemplo, sempre tivemos interesse pelo universo das domésticas. Crescemos vendo novelas no quarto da empregada. Talvez esse fosse um assunto que estivesse no inconsciente coletivo quando a novela foi lançada. Como a gente acha que tecnologia está agora.

 

Por que trouxeram boa parte dos atores de “Cheias de charme” de volta?

 

Izabel: Saímos com vontade de trabalhar com todos de novo. Mas tivemos a preocupação de botar o pessoal de “Cheias de charme” repaginado, diferente. O desafio é esse.

 

Quando vocês começaram a criar “Geração Brasil”?

 

Filipe: Quando a novela sair do ar, no final do ano, fará dois anos que estamos envolvidos com ela. Foi pouco tempo.

Izabel: As pessoas pensam que é só escrever os capítulos, mas antes a história tem que aparecer. A gente se preocupa em fazer uma sinopse completa e cheia de possibilidades. Vamos recorrer a ela durante a novela, é o que alimenta a história.

 

Por que resolveram falar sobre tecnologia?

 

Filipe: O que há de mais novo e transformador tem a ver com tecnologia. São os programadores se transformando em popstars, os smartphones ganhando a totalidade do mercado. Os novos ídolos são o Steve Jobs, da Apple, e o Mark Zuckerberg, do Facebook…

Izabel: Tecnologia poderia seria um tema frio. Como traduzir isso de forma interessante? Como botar um programador programando sem ser chato? Mas até falar que tecnologia é chato ficou ultrapassado. Isso entrou na nossa vida. As redes sociais estão aí. É um assunto do dia a dia. “Geração Brasil” será uma novela alegre e pop como foi “Cheias de charme”.

Filipe: Nos tocamos que era impossível falar de gente sem falar de tecnologia, que está pautando as relações humanas, o amor, as relações de poder…

 

Vocês vão falar sobre as pessoas que se expõem de forma exagerada na internet?

 

Izabel: O tema vai permitir isso. Como a gente vai mergulhar nesse mundo, vai ter uma crítica. Vamos mostrar alguns lados da moeda.

 

A dupla é muita ligada em tecnologia?

 

Filipe: Não.

Izabel: Eu sou… zero! (risos). Sou pouquíssimo tecnológica.

Filipe: O fato de não sermos muito ligados, mas de sermos ligados em novela, nos permite trazer esse universo para o público dos folhetins. O mundo está mudando, e nossa história pretende ajudar as pessoas a entenderem essas mudanças.

Izabel: Tenho uma filha de 14 anos que é a pessoa mais nerd do planeta e que vive com o celular na mão. Hoje em dia eu a entendo mais (risos). Quando você não sabe nada, pensa: “Será que ela está fazendo besteira?”. Como mãe, foi bacana entrar nesse mundo dela, ver o que é aquilo, até para falar: “Acho que isso ou aquilo não é legal”.

 

Vocês conseguem levar uma vida normal quando a novela está no ar?

 

Filipe: Não dá para fazer nada desde antes da estreia.

Izabel: A gente é bem organizado, senão eu me desespero. Gostei do que disse o Aguinaldo (Silva), que evita evitar sair para jantar porque senão vai beber e não sabe como vai acordar no dia seguinte. Você deixa de fazer as coisas porque sua cabeça não para de pensar. Se não entregar os capítulos, vai acumular.

Filipe: Se você parar um dia para descansar, pode pagar um preço muito caro. No dia seguinte pode ter que parar e como fica? Eu mesmo já cansei de trabalhar ajoelhado porque não podia sentar depois de ter uma crise na lombar. Dor na coluna é um problema seu. Tem que entregar o capítulo!

Izabel: Vou ser otimista e quero pensar que agora vai ser mais tranquilo. “Cheias de charme” foi lindo, mas deu muito trabalho. Teve uma fase em que as pessoas diziam: “Está tudo tão certo, você não está feliz?”. Eu dizia: “Estou”. Mas não conseguia ficar feliz de verdade. É uma angústia.

Filipe: Se você vai ao cinema, fica com a cabeça em outro lugar. O amigo chega para contar uma história e você não está interessado. As pessoas do mundo ficcional passam a ser mais interessantes, importantes e reais.

 

O que vocês trazem para as suas novelas da experiência como colaboradores?

 

Izabel: Aprendi com as novelas que deram certo e com as que não deram. E a gente traz referências. Botamos agora dois personagens, um caolho e um vesgo. Isso é muito Aguinaldo Silva! Lembrei que tiramos um Zoiudo de “Cheias de charme” porque tinha em “Fina estampa”.

Filipe: A Chayene tinha muita influência do Aguinaldo, né?

Izabel: A estrutura das nossas histórias tem muito do Gilberto Braga, que nos ensinou mil macetes. Ricardo Linhares nos ajudou muito. Na vida e como supervisor de “Cheias de charme”.

Filipe: A primeira coisa que fiz na TV foi “Malhação”, em 1995, com o Ricardo. Escrevi minhas cenas, ele leu, e me mandou disquetes com todos os primeiros 20 capítulos de todas as novelas que tinha feito. Ele é muito generoso.

 

Vocês pensam em fazes novela sozinhos?

Izabel: O Fil tem o seriado dele, mas, para fazer novela, eu prefiro a dupla. Dá certo.

Filipe: A gente não tem que ter esse rigor, de ser um casamento. Podemos ter outras experiências. Acho que tudo é válido.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo….6#ixzz2zQvMa6we 
 

2 thoughts on “Autores de ‘Geração Brasil’ apostam em nova trama pop para o horário das 19h da Globo

  1. Vi o clipe de lançamento dessa novela e achei tudo horrível. Só vendo os seis primeiros capítulos pra decidir se devo ou não continuar acompanhando a novela.

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