A Face Oculta da Fênix – Episódio II

 

CENA 01 – PRAÇA – PASÁRGADA – NOITE

MIGUEL: NANDOOOO

Miguel corria como um louco, abrindo caminho pela a multidão. Logo atrás vinha Ísis, que tentava de algum modo acompanhar Miguel, mas sem êxito, ela não era tão veloz como ele. Próximos aos destroços os dois viram uma verdadeira cena de apocalipse. Pneus queimavam de um lado, peças do outro. Porém, o que gelou os dois foi ver o corpo de Nando jogado no chão, perto da carcaça da BMW. Ele estava totalmente ferido. Suas roupas queimadas, rasgadas. Não parecia nada o homem que estava minutos atrás dando em cima da Ísis. Miguel se ajoelha perto de Nando, segurando o seu pulso ele verifica se ainda existia vida naquele corpo.

MIGUEL: Ele está vivo…

Ísis olha para o rosto de Miguel, ela não conseguia descobrir o que se passava no pensamento dele. Esperou ele gritar por socorro, mas nada. Então resolveu ela mesma gritar.

ÍSIS (GRITA): Alguém chama uma ambulância, ele está vivo!

CENA 02 – FLASHBACK: MINUTOS ANTES DA EXPLOSÃO

Fernando estava preso dentro do seu próprio carro, as portas estavam travadas, impedindo que ele pudesse abri-las. A fumaça penetrava cada vez mais o veículo, diminuindo o oxigênio. O corpo dele suava, com o calor presente. O desespero havia penetrado nas suas veias. Estava quase entregue ao destino quando viu uma minúscula saída: a minúscula janela direita. Jogando-se para os bancos traseiros, passou todo o seu corpo por aquela abertura. Quando notou que estava fora, começou a correr. Porém, mal deu cinco passos, e seu corpo foi lançado pelo ar, com a explosão.

CENA 03 – HOSPITAL CORONEL ANTONIO PRIMEIRO / DIA

MÉDICA: Estamos perdendo ele, peguem o desfibrilador. Um, dois, três!

Mas os batimentos cardíacos diminuíam. Os médicos tentavam de tudo para salvar. Uma confusão intensa e uma gritaria. Até que perceberam que não havia mais nada para fazer. Aquele homem estava morto. Deitado no leito vizinho Nando observava a morte daquele individuo, sua cabeça tentava digeria aquilo tudo. Fazendo lembrar-se da sua quase morte. Enquanto o corpo do sujeito era retirado do quarto para ser levado ao necrotério.

MÉDICA: Como você está Fernando?

Nando desperta de seus pensamentos, olhando fixamente para o rosto da médica.

FERNANDO: Bem melhor! Só um pouco incomodado com esse bip das máquinas.

MÉDICA: Vou deixar você se recuperar. Tenho outros pacientes para ver.

CENA 04 – PARIS, FRANÇA

FÊNIX (CELULAR): Como assim ele sobreviveu?

CHEFE (CELULAR): Não sei senhora, ele está vivo!

Em um surto de loucura, ela joga o celular contra a parede, o fazendo cair em pedaços no chão. Rasga todas as almofadas do sofá. Enquanto grita, assustando até o seu gato de estimação. Quebra toda as louças, corpos, etc. Depois que não sobrava mais nada na casa, ela se senta no chão, em meio ao um caos.

FÊNIX: Lincoln, Fernando quer tem mais vidas que você… Então Fernando, vou ter que matar você pessoalmente.

Passa alguns dias…

CENA 05 – HOSPITAL CORONEL ANTONIO PRIMEIRO / DIA

MÉDICA: Fernando, você já pode ir para casa.

NANDO: Sério? Não aguento mais ficar nessa cama!

CENA 06 – HOTEL – QUARTO DA ÍSIS / DIA

Após o acidente de Nando, Ísis passou os dias trancada naquele quarto. A entrevista que ela iria ter com o “dono da cidade” havia sido desmarcada, e ela nem sabia o motivo. Foi quando naquela manhã recebeu uma ligação, dizendo que ela fosse à empresa. Pois o cara estava lhe esperando.

Amanhece…

CENA 07 – EMPRESA CACAU PASÁRGADA / DIA

Ísis chega à empresa, agora um pouco mais calma. Ela estava naquela empresa para falar com o “dono” dá cidade. Sua meta conseguir ótimas locações para seu filme. Quando ela chega à sala da presidência, se choca com o rosto familiar que estava a lhe esperando.

ÍSIS: Vooooooccccêêêêêê!

NANDO: Claro que sou eu! Pensou que eu só tinha aquela roupa queimada?

ÍSIS: Como você pode ser tão educado, e ser ao mesmo tempo tão insolente? Disse que eu merecia umas aulas de dança.

NANDO: É o meu jeito. Falei que você precisava é por que precisa.

ÍSIS: Para com esse sorriso idiota, ta me tirando do sério.

NANDO: Eu sei o que poderia te colocar nos eixos agora. Um beijo!

ÍSIS: O quê? Você pensa que é o Mister Universo?

NANDO: Eu não sou o Mister Universo, mas posso te mostrar que sou melhor que ele.

ÍSIS: Nem tente… Eu vi aqui apenas para tratar de assuntos profissionais.

NANDO: Estou pronto para ouvir essa sua doce voz.

ÍSIS: Não vou ligar para suas provocações, estou apenas tentando gravar um filme na sua cidade. E não pretendo entrar no seu charme bobo. Então, por favor, não me provoque.

NANDO: Já é bom saber que te provoco! Vamos deixar de papo, vou te apresentar o lugar… Você diz que sou tão mal educado, mas não perguntou como estou depois do acidente. Mas não precisa perguntar mais, eu estou bem. E pode me chamar de Nando, embora não sendo íntima minha. E o seu?

Pelo um curto instante Ísis se sentiu inteiramente estúpida. Seu rosto começava arder. Quando disse em um tom baixo.

Ísis: Ísis

CENA 08 – PRAIA DA POMPÉIA – PASÁRGADA / TARDE

Os dois ficavam observando o movimento das águas. Um indo e vindo do mar, os grãos de areia que sujavam os pés. A brisa suave da maresia. Nando estava em uma espécie de transe.

ÍSIS: Como você foi parar na presidência? Seu pai é doido de colocar um Don Juan de esquina na administração dessa empresa.

NANDO: Sabe? Eu também achei que meu pai tivesse louco, quando resolveu morrer e me deixar no poder.

ÍSIS: Seu pai morreu? Desculpe-me, eu sei como é horrível tocar nesse assunto.

NANDO: Não sei se exatamente sabe!

ÍSIS: Sei sim, por que deste os meus cincos anos, convivo com a morte. Primeiro foi minha mãe, anos depois meu pai. Sei precisamente a dor que você sente.

NANDO: Agora sou eu que peço desculpas. Pensei que fosse mais uma pessoa que usasse esse termo, só por usar.

Os dois ficam calados por um breve momento até Fernando se pronunciar.

NANDO: Eu não sei se fico com raiva ou com pena de ti!

ÍSIS: Raiva por quê?

NANDO: Porque eu ainda não ti levei para a cama

ÍSIS: Tu é muito cafajeste! Você já me fez sair do tom varias e varias vezes. Não quero mais papo contigo.

Levanta-se e vai para mais perto das ondas.

NANDO: Quer não? Então beleza, tchau!

ÍSIS: Tchau!

Apenas pronuncia em um tom de raiva de costas para Nando.

CENA 09 – PASÁRGADA / NOITE

ÍSIS: Nando é um cachorro, me deixou na praia, levou meus documentos, me deixou descalça. E agora estou aqui falando sozinha.

Andando pelas as ruas desconhecidas Ísis procurava alguém para indicar um caminho para a empresa. Mas nada, a rua era mais desértica que o Saara. Até o momento em que ela ver três garotos se aproximando dela. E estavam a passos largos.

ÍSIS: Agora eu tenho a certeza que vou ser estuprada e jogada no matagal.

CENA 10 – AEROPORTO – NATAL

FÊNIX (CELULAR): Olá

CHEFE (CELULAR): Oh senhora…

Dava para perceber o medo que o Chefe estava sentindo. Ele não sabia o que a Fênix poderia fazer com ele.

FÊNIX (CELULAR): Calma! Não vou lhe castigar. Encontre-me no aeroporto. Você precisa receber sua recompensa.

CHEFE (CELULAR): Que aeroporto?

FÊNIX (CELULAR): O de Natal. Eu cheguei nesse país de merda Desliga o celular

Algumas horas depois.

CENA 11 – EM ALGUM LUGAR NO CÉU SOBRE O OCEANO ATLÂNTICO

A bordo daquele jato estava o Chefe, e Fênix.

FÊNIX: Nunca fiz amor nos céus, e você está esperando sua recompensa.

CHEFE: Estou esperando desde a hora que saímos!

FÊNIX: Então esta esperando o quê?

Ele a agarra, mas a única sensação que a Fênix sente é nojo. E o desejo de executar ele de uma vez por todas é maior.

FÊNIX: Antes eu preciso pegar uns brinquedinhos. Vamos apimentar essa sua recompensa. Vá para o quarto me espere lá.

(CORTA)

Na cozinha, ela pega uma faca e coloca dentro de uma mala.

(CORTA)

Antes de chegar no quarto, ela retira toda a sua roupa. Nua ela era distração perfeita para roubar a atenção do homem. Entrou, e o homem nem percebeu a mala que ela segurava. Estava fascinado pelo o corpo daquela mulher que ia ser seu. Ela deitou sobre ele. O chefe começou beijar o corpo dela. Quando estava prestes a executar o ato. Ela disse:

FÊNIX: Calma!

CHEFE: Esperei demais para ter calma

FÊNIX: Que esperou uma vida pode esperar só alguns segundos,

Ela vai até a mala, retira a faca.

FÊNIX: Feche os olhos, mon amour.

A cena congelar na mão dela segurando uma faca, depois é tomada por chamas.