Revirando o Baú – 1ª Edição: A Golpista da Terceira Idade!

Revirando o Baú

Cena 01: Praia Mole, estado de Santa Cataria, exterior, madrugada.

Juju caminha pela orla da Praia Mole, uma das mais famosas praias de Florianópolis. Com um batom vermelho vibrante, roupa de onça e tamancos altos, a idosa de 70 anos está esperando alguém procurar seus serviços íntimos. Sim, Juju é uma prostituta da terceira idade. Já são 01h da madrugada e ela ainda não conseguiu nenhum cliente, estando cansada de esperar e caminhar de um lado para outro. Até que um fusca azul, modelo anos 70, se aproxima da idosa e estaciona. Jujureconhece ser o carro de Armando, um cliente antigo. Ela se aproxima do vidro e vê o homem baixo, muito gordo, barbudo e careca, sorrindo com os dentes imundos.

(Armando): – E aí, coroa, tá na pista pra negócio?

(Juju): – Claro! Vai querer?

(Armando): – Só se for agora! Entra aí.

Juju entra no carro com uma expressão de nojo, mas não tinha outra saída. Por ser idosa, raramente consegue clientes, geralmente um ou dois por semana e não são homens bonitos e atraentes, pelo contrário, são homens com idade avançada e mal cuidados, pagando pouco também.

Cena 02: Beco escuro, exterior, madrugada.

Juju e Armando se abraçam e se beijam no banco traseiro do fusca, que está estacionando no final de um beco sem iluminação. Após muitas carícias ousadas, Armando interrompe.

(Armando): – Chega de preliminares, agora eu quero emplacar o gol!

(Juju): – Ai, que vulcão em erupção! Assim você me enlouquece!

(Armando): – Velha safada! Vou pegar o remedinho…

Armando pega no banco da frente uma cartela de remédio e tira um comprimido, tomando em seguida sem perceber que não se tratava de um viagra, mas sim de um laxante. Logo depois, ele agarra Juju com força e começa a beijá-la intensamente até que ela dá um grito de dor.

(Armando): – O que foi,tchutchuca?

(Juju): Minha coluna! Ai, minha coluna! Você machucou minha coluna, seu brutamonte! Ai! Ai! Me solta!

Juju empurra Armando, que fica assustado. De repente, ouve-se um barulho alto que vinha da barriga dele. O efeito do laxante começava a agir e Armando sentia seu intestino arder em chamas.

(Armando): – Acho que tomei o remédio errado… Parece que tá acontecendo uma pororoca aqui dentro! Socorro!

Armando desce do fusca e corre para um matagal que há ali perto, deixando Juju horrorizada com o cheiro ruim que deixou no carro. Ela desce do fusca com sua bolsa de couro comprada no brechó e foge com a coluna torta e dolorida.

Cena 03: Pensão, quarto de Juju e Giovana, interior, dia.

Ao amanhecer do dia, Juju levanta da cama, gemendo. Giovana, sua colega de quarto de 40 anos, entra no quarto após ir ao banheiro coletivo da pensão do subúrbio e percebe que Juju está torta.

(Giovana): – O que foi, mulher? Que gemeção é essa?

(Juju): – Isso é culpa daquele traste do Armando! Ele me pegou com tanta força ontem que me deixou com a coluna em pedaços.

(Giovana): – Ui, então o programa foi quente! Faturou quanto?

(Juju): – Não faturei porque o imbecil do Armando tomou laxante ao invés de viagra e o programa foi pro além. Ai, Giovana, não é fácil essa vida que eu levo…

(Giovana): – Também né, você já tem 70 anos, não tem mais público pra se prostituir. Os homens procuram mulheres jovens e sensuais para fazer programas íntimos, não velhas flácidas e cheia de dores.

Juju indigna-se e encara Giovanna para respondê-la.

(Juju): – Não fale assim comigo que eu fico magoada! Eu dou pro tranco ainda!

(Giovana): – Eu sei que você dá, mas ninguém quer! Porque você não muda de vida? Que tal aplicar golpes?

(Juju): – Eu tô nesse ramo desde a minha adolescência e nunca consegui fazer nadaalém disso, você acha que eu tenho capacidade de aplicar golpes? Eu tô cansada dessa vida de dificuldades sim, mas eu sou culpada disso tudo por ter sido uma burra que esbanjei dinheiro a vida toda e não reservei nada pra ter uma estabilidade financeira na velhice.

(Giovana): – Se você aplicar golpes nos clientes certos, você poderá ter uma velhice bem melhor daqui pra frente. Eu posso te ajudar, amiga. Aceita?

Juju fica interessada, mas tem dúvidas se quer fazer isso. Porém, a vida naquela pensão repleta de moradores fofoqueiros e a falta de clientes para se sustentar pela prostituição fazem a idosa aceitar a proposta de Giovana. Agora, as duas colegas de quarto vão planejar formas de se dar bem a custa dos outros.

Cena 04: Praia Mole, exterior, dia.

Juju está de maiô com estampa de onça e Giovana de biquíni com as cores da bandeira do Brasil. As duas caminham nas areias da praia e analisam em qual homem aplicarão um golpe.

(Juju): – Será que isso vai dar certo, Giovana?

(Giovana): – Claro que vai, fique tranquila! Tem muito homem nessa praia, a gente só precisa observar bem pra ver quem tem dinheiro.

(Juju): – Tá, isso é moleza. Mas que tipo de golpe? Eu não quero matar ninguém!

(Giovana): – Deixa de drama, vovó! Nós só vamos roubar o dinheiro de algum trouxa, entende? É mais fácil que se prostituir na sua idade né!

Juju compreende e Giovana avista um surfista saindo do mar de sunga preta e com sua prancha enorme. O rapaz possui um corpo definido, é jovem e caminha em direção a um carro ecosport branco. Giovana cutuca Juju, entusiasmada.

(Giovana): – Tá vendo aquele deus grego? Olha o carrão que ele tem! Só pode ser rico. É nele que vamos aplicar um golpe.

(Juju): – E como será esse golpe? Você não me explica, pô!

(Giovana): – É simples: nós vamos pedir carona pra ele e, durante o percurso, nós vamos dar um jeito de forjar um assalto, daí levamos o carro embora!

(Juju): – Minha nossa! Roubar um carro é algo grave, podemos ser presas!

(Giovana): – No Brasil só vai preso quem der sorte pro azar, o que não será o nosso caso! Vamos pro ataque, meu bem!

Giovana e Jujuse aproximam rapidamente do rapaz, que já fechava o porta-malas do carro com sua prancha.

(Giovana): – Bom dia! Eu e minha avó estamos perdidas na cidade, sabe como é, viemos do interior! Gostaríamos de pedir uma carona até o centro, você daria?

O rapaz observa da cabeça aos pés a beleza de Giovana e fica interessado. Ele abre um sorriso contagiante e concorda em dar a carona.

Cena 05: Estrada, interior do carro, dia.

Robertoestá dirigindo e Giovana sentado no banco de carona da frente, enquanto Juju está atrás e com medo do plano dar errado.

(Roberto): – Eu ainda não me apresentei… Me chamo Roberto, mas pode me chamar de Beto. Conheço Floripa como a palma da minha mão, posso mostrar os pontos turísticos da cidade a vocês se quiserem.

(Juju): – Ai, que ótima ideia! Leve a gente a um ponto turístico bem distante de tudo que ninguém possa nos ver ou nos achar.

(Roberto): – Hã?

Roberto fica intrigado com o pedido inconveniente de Juju, deixando Giovana temerosa de quê o plano vá por água abaixo, mas ela tenta contornar.

(Giovana): – Ah, não dê atenção a minha avó, ela sofre de esclerose, não sabe o que diz.

Roberto continua intrigado, mas se cala. É quando ele avista uma blitz da Polícia Federal na rodovia há alguns metros e fica gelado, diminuindo a velocidade do carro. Giovanna e Juju notam e ficam desconfiadas.

(Juju): – Porque você diminui a velocidade do carro, Ricardo?

(Roberto): – Tem uma blitz aí na frente, que droga!

(Giovana): – E tem algum problema nisso?

(Roberto): – Óbvio, esse carro é roubado!

(Juju): – Roubado? Mas como roubado? Você é um bandido?

(Roberto): – Sou sim, vovozinha! Algum problema?

Juju e Giovana ficam pálidas e nervosas, pois pensavam em forjar um assalto e agora estão cara a cara com um bandido. Juju começa a gritar sem parar e a bater as mãos no vidro da janela do veículo, num surto desesperado e irritando Roberto, que tira um revólver do bolso e aponta pra Juju, que está no banco de trás, calando-a imediatamente.

(Roberto): – Cala essa boca, sua velha! Torce pra blitz não parar esse carro! E se parar, você e a tua neta não vão abrir a boca pra polícia e dizer que eu sou um bandido senão eu mando um comparsa atrás de vocês! Sou o Beto da Metralhadora, vão encarar?

(Juju): – Tudo bem, querido, pode ficar tranquilo… Após essa conversa amigável e delicada, nós jamais vamos entregar você. Pode abaixar o revólver, fique tranquilo.

Roberto abaixar o revólver e continua a dirigir, tenso por se aproximar da blitz. Juju e Giovana rezam para que o carro seja parado e elas se salvem do bandido, mas infelizmente isso não acontecesse.

Cena 06: Penhasco, exterior, dia.

Roberto estacionou o carro no alto de um penhasco. Juju e Giovana estão com o revólver de Beto da Metralhadora apontado para as duas.

(Giovana): – Você vai nos matar?

(Roberto): – Sim! Vocês podem me denunciar!

(Juju): – Imagina! Nós jamais seríamos capazes de denunciar um bandido tão distinto quanto você, pode ficar tranquilo!

(Roberto): – Tá querendo me enganar né? Velha manipuladora! Eu não queria, mas vou ter que atirar nas duas para evitar que meu roubo seja denunciado.

Juju e Giovana se abraçam e choram com medo de morrer. Roberto aperta o gatilho e, somente ao ouvir o barulho do gatilho, Juju dá um grito altíssimo e começa a caminhar de um lado para outro no penhasco.

(Juju): – Ai, meu Deus! Ai, que dor terrível! Porque isso foi acontecer comigo? Porque, Senhor! Por que! Ai! Ai!

Juju se joga no chão, como uma tragédia teatral. Roberto ri e Giovana está pasma com a cena cômica.

(Roberto): – Levanta, sua anta! O revólver tava sem bala, não teve tiro nenhum, você ficou imaginando coisas! Imbecil!

Juju abre os olhos e, ainda jogada no chão, ela fica sem saber o que dizer. Giovana aproxima-se e ajuda a amiga idosa a levantar.

(Giovana): – Você ainda pretende nos matar?

(Roberto): – Melhor não, eu não sou um assassino. Eu apenas roubo, matar nunca. Até no mundo do crime existe ética. (Juju): – Nossa, eu estou impressionada com a sua competência. Você é um exemplo a outros bandidos, muito obrigada pela gentileza de poupar a vida que me resta.

Roberto ri e entra no carro, indo embora e deixando as duas sozinhas naquele lugar deserto e isolado da capital catarinense.

Cena 07: Pensão, quarto de Juju e Giovana, interior, noite.

Juju está com os pés de molho numa bacia de água quente, enquanto Giovana está secando seu cabelo após tomar banho.

(Juju): – Que palhaçada aconteceu hoje… A gente tem muito azar, no nosso primeiro golpe, já vamos num bandido.

(Giovana): – Nem me fale… Ainda tivemos que voltar a pé do penhasco até essa pensão, sei lá quantos quilômetros. Que ódio! Mas não vamos desistir.

(Juju): – Ah não, eu quero distância desses seus planos mirabolantes! Fazer meus programas é um sacrifício em extinção, mas é melhor do que ver a morte de perto com aquele revólver apontado a mim.

(Giovana): – Pior foi aquele ataque de pelanca que você teve ao imaginar que o tiro tinha atingido você!

(Juju): – Olha, eu nem vou te responder, tá! Aliás, vou te responder fazendo um golpe melhor que o seu.

Giovana começa a rir sem parar e deixa Juju irritada, que tira os pés de molho e se arruma para uma segunda tentativa de dar um golpe.

Cena 08: Motel Tentação, interior, noite.

Jujuchega à recepção do motel com uma blusa dourada com lantejoulas, aberta nas costas e com uma minissaia rosa cintilante, fora o batom vermelho fatal e os olhos com sombra preta. Ela avista seu alvo: Carlos, o dono do motel que há anos o conhece.

(Carlos): – Olha só quem eu vejo… Um monumento de mulher! Quanto tempo, Juju…

(Juju): – Pois é, estava com saudades do meu furacão noturno… Será que rola?

(Carlos): – Lógico que rola! Tô na seca, você apareceu na hora certa.

Juju sorri e senta num banco em frente ao motel. Alguns minutos depois, Carlos chama Juju para dentro do estabelecimento e os dois se beijam intensamente. Ele a leva para dentro de um quarto e, após fechar a porta, dá um tapa forte no traseiro da idosa que a faz cair na cama. Os dois riem e Carlos pula em cima de Juju, ambos fazendo carícias ousadas um no outro. Até que, de repente, Juju levanta da cama.

(Juju): – Espera aí, vamos com calma que eu tenho uma idade avançada…

(Carlos): – Isso não é problema, eu tenho 60 anos, esqueceu? Não vai negar fogo né?

(Juju): – Não né, meu lobo, mas eu tô com sede… Tem alguma bebida no frigobar?

(Carlos): – Deve ter cerveja, pega aí pra gente se lambuzar nessa cama rotativa!

(Juju): – E eu sou mulher de se lambuzar com cerveja fedorenta? Pode buscar um champanhe pra mim que eu sei que o motel tem um estoque.

(Carlos): – Ah, mas o estoque é lá nos fundos e eu tô no ponto, minha deusa!

(Juju): – Primeiro o champanhe e depois o foguetório, senão fim de papo.

Carlos fica impaciente, mas aceita porque é doido por Juju. Enquanto ele vai até o estoque, a prostituta corre até a recepção e pega todo o dinheiro que há no caixa, colocando dentro de sua bolsa. Juju comemora ao ver tantas notas de dinheiro, mas volta correndo ao quarto. Carlos chega com o champanhe e os dois bebem todo o litro, porém Juju deixa Carlos beber mais, tanto que ele fica completamente bêbado e dorme. Juju aproveita o sono dele e foge.

Cena 09: Rua, exterior, noite.

Juju caminha com sua bolsa cheia de dinheiro numa rua escura e deserta. Ela tentou ligar para um táxi, mas o celular está sem sinal. A idosa passa em cima de uma ponte, cujo esgoto da cidade passa embaixo. O cheiro ruim é forte e Juju cobre o nariz com a mão, porém esquece de olhar para o chão e o salto engata numa falha da ponte de madeira. Ela tropeça e cai de joelhos, fazendo a bolsa desprender de seu ombro e cair, rolando pela ponte e acabando por ficar pendurada numa madeira velha.

(Juju): – Jesus amado, a bolsa cheia de dinheiro tá pendurada! Eu não posso perder isso… Se eu me mexer, talvez a madeira se mova e bolsa cairá no esgoto… O que eu faço!

Juju pensa numa forma de pegar a bolsa, mas um carro se aproxima da ponte. Rapidamente, ela levanta para não ser atropelada e, com o movimento brusco, a madeira se quebra e a bolsa cai dentro do esgoto sob o olhar de desespero de Juju.

(Juju): – Que grande merda! Lá se foi meu plano tão bem feito… Isso é praga daquela recalcada da Giovana só porque o plano dela deu errado.

Jujudá socos de fúria na cabeceira da ponte, indignada com o que acabou de acontecer.

Cena 10: Pensão, quarto de Juju e Giovana, interior, dia.

Giovana não para de rir após ouvir os relatos de Juju sobre seu golpe no dono do motel.

(Giovana): – Isso é muito azar pra uma pessoa só, meu Deus do céu! Teu plano foi, literalmente, pra merda!

(Juju): – Para de gozação também, tá! Acho que você ficou agourando meu plano, por isso deu tudo errado!

(Giovana): – Tá maluca? A gente é amiga, eu tô do teu lado! Tanto que eu já tô pensando num golpe de prima!

(Juju): – Prima? Não entendi…

(Giovana): – Golpe de primeira, poderosa! O que você acha de um passeio no cemitério?

Juju fica pasma com a afirmação de Giovana, que explica o plano mirabolante para conseguir um dinheiro.

Cena 11: Cemitério da Paz, exterior, noite.

Juju e Giovana chegam a frente ao cemitério, totalmente deserto e escuro, com uivos ao longe que as assustam.

(Juju): – Esse lugar é assustador… Que tipo de golpe a gente vai dar aqui? Vai querer roubar as argolas banhadas a ouro ou prata dos túmulos? Isso eu não faço, já pensou se depois um defunto vem puxar minha perna de noite?

(Giovana): – Para de viajar na maionese, Juju, o plano é muito mais fácil que isso! Tem um coveiro muito gato que, uma vez por mês, ele trás uma caixa com argolas banhadas a ouro e prata para guardar dentro de um túmulo velho que é feito de depósito. Eu descobri que hoje é o dia que ele vem ao cemitério guardar e, enquanto eu vou distraí-lo, você vai pegar a caixa e fugir!

(Juju): – Ah não, esse plano tá muito sinistro! Golpe em cemitério é macabro demais…

(Giovana): – Já pensou o dinheirão que a gente pode ganhar vendendo essas argolas? É uma grana muito alta! A gente não vai roubar de túmulos, isso é pecado, mas vamos roubar as argolas que nem foram aos túmulos ainda, entende? Topa?

Juju fica duvidosa, mas precisa de dinheiro e não quer se prostituir, então aceita. Elas entram e se escondem atrás de um grande túmulo. Minutos depois, o tal coveiro jovem chega com seu carro, estaciona em frente ao cemitério e desce com uma caixa bastante pesada, entrando pelo corredor sombrio do local e indo em direção ao túmulo abandonado. As duas observam o coveiro, que abre a tampa do túmulo e põe a caixa dentro. Quando ele vai fechar, ele ouve um barulho de vidro se quebrando. Assustado, ele olha para todos os lados e não vê ninguém. De repente, Giovana aparece caminhando em sua direção, com uma roupa sensual e com um andar envolvente. O coveiro fica intrigado, mas observa com atração.

(Giovana): – Boa noite, Juvenal. Quanto tempo a gente não se vê…

(Juvenal): – Pois é, muito tempo né, Giovana. O que você faz aqui?

(Giovana): – Vim te ver, estava com saudades.

Juvenal sorri e Giovana avança nele, dando um beijo quente. Os dois caminham, aos beijos, até o carro de Juvenal. Aproveitando a situação, Juju corre até o túmulo para pegar a caixa com as argolas valiosas, mas é muito pesada e ela não consegue tirar. A idosa faz muita força, mas não consegue e acaba se desequilibrando, caindo dentro do túmulo. Enquanto isso, Giovana e Juvenal transam loucamente no carro. Juju grita, pois o túmulo é fundo, tanto que ela fica em pé dentro dele e continua sem conseguir sair.

(Juju): – Socorro! Alguém me tira daqui! Giovana, aparece, sua lesma! Socorro! Ai, meu Deus, eu não mereço passar por isso… É humilhação demais ficar presa num túmulo antes de morrer. Decadência de vida!

Juju continua a gritar, bater palmas, sapatear, mas nada adianta, pois Giovana e Juvenal continuam a transar e não escutam os pedidos de ajuda.

Cena 12: Cemitério da Paz, exterior, dia.

Juju acorda com os raios do sol batendo em seu rosto dentro do túmulo abandonado. Ela não quer acreditar que passou a noite naquela situação. De repente, ela ouve barulho de passos. Era Giovana, que fica pasma ao ver a amiga daquele jeito.

(Giovana): – Juju! O que você faz aí, vovó?

(Juju): – Ainda bem que você chegou! Me tira daqui agora!

Giovana estende o braço a Juju, que se apoia e, após muitas tentativas, ela consegue sair do túmulo. Em pé, elas se limpa com raiva.

(Giovana): – Como isso foi acontecer?

(Juju): – Tudo culpa desse seu plano louco! O que você ficou fazendo a noite inteira que não veio me tirar do túmulo?

(Giovana): – E eu ia adivinhar que você tava presa aí dentro?

(Juju): – Que coleguismo hein… Você só pensa em si! Eu não sei aonde eu estava com a cabeça quando aceitai participar desses golpes falidos.

(Giovana): – Mais falido que se prostituir sendo uma velha não é…

Juju se irrita e dá um tapa no rosto de Giovana, que fica imóvel e surpresa, pois não esperava apanhar da amiga.

(Juju): – Eu me prostituí à vida inteira obrigada pelas circunstâncias. Gostei? Sim, tem o lado bom, mas eu também tinha vontade de mudar. Mas como? A vida nunca foi fácil pra mim. Então, não julgue as pessoas pela sua opinião, Giovana! Se você não precisou vender seu corpo pra se sustentar, saiba que existem pessoas como eu que só encontraram essa forma de sobreviver. E sim, eu prefiro me prostituir do que roubar, pois vender meu corpo não causa danos a ninguém a não ser a mim mesma, já roubar é um crime que pode até dar cadeia. Até nunca mais, mocreia!

Juju vai embora do cemitério, deixando Giovana pensativa sobre as palavras que disse.

Cena 13: Praça XV de Novembro, exterior, noite.

Juju caminha com sua roupa provocante no seu retorno a rotina da prostituição. Na importante praça de Florianópolis, cuja abriga uma gigantesca figueira centenária, Juju caminha de um lado para outro na esperança de encontrar um cliente que pague bem. Horas se passam e ninguém contrata os serviços íntimos de Juju, que cansada resolve sentar no banco embaixo da figueira. De repente, um bilhete cai em seus pés. Curiosa, Juju pega o bilhete e observa que é da loteria.

(Juju): – Bilhete de loteria… Comprei tantos na minha vida e nunca ganhei nenhum.

Juju avista uma lata de lixo ao lado de seu banco e vê o jornal de hoje. Ela resolve pegar o jornal para conferir os números do sorteio do tal bilhete. Ao começar a conferir, ela fica pasma ao confirmar número por número até descobrir que o bilhete é o ganhador do prêmio. Juju dá um pulo do banco e grita de felicidade, começando a sambar no meio da praça quase deserta.

(Juju): – Eu ganhei! Graças a Deus, eu ganhei! Finalmente a sorte olhou pra mim! Ai, que alegria! Eu não acredito nisso… Eu tô rica! Eu tô milionária!

Juju continua a dançar de felicidade com o bilhete nas mãos. É quando uma Kombi que está estacionada próximo abre suas portas e saem uma equipe televisa, com duas câmeras e um repórter com seu microfone. Eles se aproximam de Juju, que não entende nada. Lucas, o repórter, começa a falar enquanto é filmado.

(Lucas): – Estamos aqui para com essa senhora que está vibrando com o bilhete. Qual é seu nome?

(Juju): – Eu me chamo Julieta, mas todos me conhecem por Juju. Mas o que tá acontecendo aqui? Porque vocês estão me filmando?

(Lucas): – Porque a senhora está participando de um quadro de pegadinhas da TV Gazeta! A senhora caiu na brincadeira do bilhete premiado, como se sentiu?

(Juju): – Pegadinha? Então, esse bilhete é uma farsa?

(Lucas): – Sim, é tudo uma brincadeira do novo programa da nossa emissora. Como a senhora se sente em participar?

(Juju): – Ah, meu querido, eu não vou falar como eu me sinto, eu vou demonstrar.

Revoltada, Juju tira seu tamanco e começa a bater no repórter e no câmera, furiosa com a brincadeira.

(Juju): – Palhaçada! Quem vocês pensam que são para me enganar? Bando de otários! E ainda vão exibir isso na falida da TV Gazeta? Ainda se fosse na Globo, mas na Gazeta é decadência demais!

Juju continua a bater na equipe na televisão, que tenta conter a idosa. E mais uma vez, a golpista da terceira idade se envolveu em confusões.

FIM!

juju_logo

36 thoughts on “Revirando o Baú – 1ª Edição: A Golpista da Terceira Idade!

  1. Rachei e morri de rir com a diva Jujuba 😛

    Gentchy, não tô substimando o potencial dos escritores mas essa é a M-E-L-H-O-R produção do Tv Mix 😀

    Juju é diva, linda e de uma exuberante elegância, principalmente quando se prostitui ❤

    Eterna cambalacheira ❤

    Quero mais, terá 2° temporada ou episódio, seja lá qual for 😕 Pois se tiver estarei ansioso por cada dígito deste autêntico lacre que tanto amo ❤

    Esses frases maravilhosas levarei para a vida … BRINKs 😀

    https://airtonlucion.files.wordpress.com/2015/02/juju_memme.jpg?w=680&h=566

    Morrendo que eu achei o teu Blog 😮

    https://airtonlucion.wordpress.com/tag/tv-mix/

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  2. Que maravilha. Agora sim eu entendo porque tantas pessoas gostam da Juju e porque ela fez sucesso no Facebook. Nossa, muito legal, é a primeira vez em que acompanhei, e, parabéns, dei umas belas de umas gargalhadas, parabéns mesmo. Espero que possa reencontrar a Juju num futuro próximo. 😀

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  3. Ai ❤
    Não tenho palavras pra descrever a minha emoção ao rever as aventuras #JUJUDelícia
    Exijo um novo especial com a Juju ainda nesse festival! Esse festival não acaba se não a nossa golpista da terceira idade não aparecer numa produção inédita desse festival: seja especial, seja citação em coluna, seja participação nas minisséries…

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  4. Socorro! Ri muito! Por falta de tempo eu praticamente nunca li as produções do blog (pretendo mudar isso), mas cliquei na história e me diverti muito. Morri na parte do laxante, da ponte, do túmulo, da pegadinha… Isso é reprise? Porque se for já podem fazer novos episódios.

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  5. Episódio épico da Juju, que sem dúvidas ficou marcada aqui no Mix com suas trapalhadas e suas confusões, deu pra relembrar e matar as saudades dessa personagem. Parabéns, Airton 😀

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  6. Nem sei o que falar, simplesmente A-D-O-R-E-I muito bom mesmo, morri de rir com a Juju coitada tudo que tentou acabou dando errado, eu fico imaginando a Fernanda como Juju kkkkk, esperando o Natal da Juju ❤ , Parabéns, Airton 😀

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