Mundos Opostos – Capítulo 26

Mundos OpostosCENA 01: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/JARDIM/EXT./MANHÃ

Alice e Fátima se encontram no jardim da mansão.

ALICE – Fátima, me conte logo a verdade. O que aconteceu ali na sala?

Fátima respira fundo e decide contar.

FÁTIMA – Foi o Luís, dona Alice… ele saiu de casa sem dizer onde ia.

ALICE – O Luís?

FÁTIMA – Sim senhora. E eu tenho certeza que ele foi atrás da Débora…

Alice reage mal à notícia: uma expressão raivosa invade o seu rosto. Fátima se assusta com a reação da patroa.

FÁTIMA – Dona Alice—

ALICE – A Débora não pode revirar nossas vidas de cabeça para baixo de novo. Eu não vou permitir isso. Eu tenho que afastar o Luís da Débora antes que seja tarde demais!

FÁTIMA – Só não faça nada do qual não se arrependa depois, dona Alice.

ALICE – Fique tranquila, Fátima. É impossível que eu me arrependa do que eu vou fazer. Eu vou salvar o Luís.

Alice dá meia-volta e entra na mansão pela varanda. Fátima fica aflita.

CENA 02: FORTALEZA/EXT./MANHÃ

Imagens da Avenida Quarto Anel Viário.

Imagens da Avenida César Cals.

Imagens do Beach Park Fortaleza.

CENA 03: CASA DE MAURÍCIO E TALITA/QUARTO DE CAROLINA E JONAS/INT./MANHÃ

Jonas está deitado na cama, com as pernas para fora do colchão e apoiando a cabeça com o braço. Ele está conversando com Helena via WhatsApp.

HELENA (cel.) – Você não deveria ter me puxado para dentro da piscina.

JONAS (cel.) – Ah, Helena, quê isso… para, vai. Que problema tem nisso?

HELENA (cel.) – Como assim que problema tem nisso, Jonas? Você não viu que a Carolina ficou possessa quando viu você me puxando para cair na piscina e me abraçando?

JONAS (cel.) – Foi só uma brincadeira, Helena. Relaxa…

Nesse momento, Carolina entra no quarto, pega o celular das mãos de Jonas e o atira contra o chão.

JONAS (assustado) – O que é isso, Carolina, enlouqueceu?

CAROLINA (irada) – A partir de agora, eu exijo que você corte relações com a Helena! EU EXIJO!

JONAS – Carolina, calma, vamo conversar direito!

CAROLINA – Vamo conversar direito a fita cassete! Jonas, tu já tá passando dos limites com essa tua amizade com a Helena. Eu não quero que a Helena faça contigo a mesma coisa que a Luciana fez com o teu primo.

JONAS – Carolina, entre eu e a Helena não há nada além de amizade. Pode confiar em mim.

CAROLINA – Eu não confio. Eu repito, exijo que tu corte relações com a Helena a partir de agora.

JONAS – Carolina, eu não posso jogar fora uma amizade desse jeito. Seria a mesma coisa que eu mandar tu cortar relações com o Júlio só porque eu cismei que tu pode ter uma recaída com ele.

Carolina se indigna com a resposta de Jonas e acerta uma bofetada no rosto dele.

CAROLINA – NUNCA MAIS REPITA ISSO!

JONAS – CAROLINA, TU TÁ FICANDO DOIDA? É ISSO?

CAROLINA – NUNCA MAIS REPITA ISSO, JONAS! NUNCA MAIS!

Nesse momento, Maurício e Talita entram no quarto, assustados com os gritos.

MAURÍCIO – O que é que tá acontecendo aqui?

JONAS – O que é que tá acontecendo aqui, tio Maurício? O que é que tá acontecendo? Sabe o que é que tá acontecendo? É a Carolina enlouquecendo e querendo me enlouquecer junto.

CAROLINA – Não inverte as coisas, Jonas.

MAURÍCIO – Olha, eu entendo que vocês estejam tendo uma discussão conjugal, todo casal tem, mas essa de vocês tá passando dos limites. Por favor, se for para discutir, que façam isso como pessoas civilizadas e bem educadas, sem levantar a voz nem fazer barraco. Lembrem-se que vocês não moram sozinhos aqui.

JONAS – Conversa civilizada não tem como ter com a Carolina. Eu vou embora.

Jonas vai saindo do quarto, mas Carolina o segura pelo braço.

CAROLINA – Nada disso, tu não vai embora coisa nenhuma. A gente vai conversar.

Jonas puxa o braço, soltando-se de Carolina.

JONAS – A gente não vai conversar. Tu não sabe conversar, tu só sabe gritar e querer mandar nos outros.

Jonas se retira do quarto, deixando Carolina, Maurício e Talita ali sozinhos.

CAROLINA (indignada) – Tá vendo, Maurício? Olha, não estranha se, daqui a algumas semanas ou meses, o Jonas se separar de mim e anunciar à família que tá namorando a Helena. Se as coisas continuarem do jeito que tá e o Jonas ficar fugindo de mim, a história do Dimas e do Ricardo vai se repetir com a gente.

Maurício e Talita se entreolham, confusos e surpresos com o que presenciaram. Carolina se retira do quarto, deixando os anfitriões sozinhos em cena.

CENA 04: CASA DE LARISSA/SALA/INT./MANHÃ

Batem à porta exaustivamente. Ricardo vem correndo da cozinha e abre a porta. Ele se surpreende ao ver que se trata de Jonas.

JONAS – Antes de qualquer coisa: a Luciana tá aí?

RICARDO – Não, ela só vem pra cá de noite.

JONAS – Ótimo, eu precisava ouvir isso. Agora, posso entrar?

RICARDO – Claro…

Ricardo abre espaço para Jonas entrar e, assim que ele entra, Ricardo fecha a porta.

RICARDO – O que aconteceu?

Jonas fica alguns segundos em silêncio.

JONAS – Desculpa. É que agora que tu tá namorando uma mulher, eu penso mil vezes antes de te chamar de bicha.

RICARDO – Não, se tu quiser me chamar de vagabunda, pode chamar que eu te dou essa liberdade. Não é porque eu namoro uma mulher que eu deixei de gostar de homem. Mas vai, fala, o que aconteceu?

JONAS – A cada dia que passa, os ciúmes da Carolina tão ficando cada vez mais insuportáveis. Eu não posso mais chegar perto da Helena que ela vem com fogo nos olhos pra cima de mim querendo que eu pare de falar com ela e tal…

RICARDO – Ai, Jonas, me ajuda a te ajudar… ontem à noite tu empurrou a Helena na piscina e ainda ficou se agarrando com ela ali na frene da Carolina e ainda quer que ela fique alegre e satisfeita com isso? Aí tu já quer abusar da paciência da Carolina, né?

JONAS – Mas Ricardo, comparado com o que eu faço contigo, aquilo não foi nada demais. Já fiz coisa pior contigo e ela nunca reclamou. Não tem sentido ela reclamar daquilo.

RICARDO – Ah, sei lá, talvez porque ela tenha confiança de que eu não vou botar chifre nela? Ela não conhece a Helena o suficiente pra confiar nela do mesmo jeito que ela confia em mim.

JONAS – Quer saber? A cada dia que passa, eu vou ficando cada vez mais desesperado.

RICARDO – Por quê?

JONAS – Apesar de eu não concordar com essa revolta da Carolina, às vezes eu me pego dando razão ao discurso dela. E se essa minha aproximação com a Helena realmente chegar ao ponto de me fazer trair a Carolina? Se isso acontecer, eu acho que eu nunca vou me perdoar pela minha fraqueza.

RICARDO – Quer que eu fale a verdade? A culpa é da Carolina e do Júlio. Se eles não tivessem feito aquela aposta e ela não tivesse engravidado, tu e a Carolina não tinham se juntado tão cedo por causa do Felipe. Por mais que tu ame os dois, não dá pra negar que eles tão atrapalhando a tua vida. Por causa deles, tu teve que adquirir responsabilidade cedo demais, e isso tá te fazendo mal. Macho, tu virou pai de família aos 17 anos, idade em que normalmente o cabra ainda tá descobrindo a sua sexualidade, ainda tá curtindo a vida, ainda não tá preparado para assumir um romance fixo, quanto mais uma família.

JONAS – Brigado, Ricardo. Tu conseguiu me deixar mais desesperado ainda. Agora eu tenho certeza absoluta de que eu vou trair a Carolina.

Jonas e Ricardo se entreolham, tensos.

CENA 05: CASA DE JÉSSICA/SALA/INT./MANHÃ

Carolina e Júlio estão sentados no sofá, um de frente para o outro, conversando.

JÚLIO – Sabe de quem é a culpa, Carolina? A culpa é nossa. Isso tá acontecendo por causa daquela aposta idiota que a gente fez.

CAROLINA – Não, Júlio, para de querer aliviar a barra pro teu lado.

JÚLIO – Carolina, tu aceitou a aposta porque quis, eu não botei uma faca no teu pescoço e te obriguei a aceitar. Tu podia muito bem ter se recusado a fazer a aposta, talvez a tua história comigo ou com o Jonas começaria do jeito que era pra ser, sem gravidezes acidentais nem nada. Porque sim, todos nós amamos o Felipe, ele é o menino-dos-olhos da família, ele faz até aquela pedra de gelo que é o teu pai se derreter… mas a gente não pode fechar os olhos e dizer que o Felipe não atrapalhou a vida dos pais dele. Ele atrapalhou sim a tua vida e a vida do Jonas. Se hoje vocês vivem na maior dor de cabeça, é porque vocês se juntaram cedo demais por causa dele. Quando ele crescer, ele vai perceber isso.

CAROLINA – Isso é tudo o que o Felipe não pode saber. Ele não pode crescer alimentando a culpa por ter atrapalhado a vida dos próprios pais. Por mais que isso seja verdade, ele não merece saber disso. Imagina o desgosto que isso vai causar nele?

JÚLIO – Sim, mas nessa hora a gente tem que mostrar que, apesar disso, nós amamos ele. Do mesmo jeito que vocês me amam mesmo depois da cagada que eu fiz, quando eu quase destruí a tua vida te fazendo passar por uma vadia que abre as pernas pro primeiro macho que aparece pela frente.

Alguns segundos de silêncio.

CAROLINA – Júlio… tu disse que o Felipe atrapalhou a nossa vida porque fez a gente se juntar com 16 e 17 anos. Mas se o Felipe fosse teu filho, se o meu filho fosse um Julinho, será que ia acontecer comigo e contigo as mesmas coisas, as mesmas dores de cabeça que acontecem comigo e com o Jonas?

JÚLIO – Olha, é meio difícil falar sobre isso sem depreciar o Jonas. Ele foi muito corajoso em assumir as responsabilidades de um pai de família aos 17 anos, se saiu e tá se saindo muito bem, mas ele não tava preparado para assumir essas responsabilidades, ele ainda não tinha maturidade suficiente. Mas como eu sou mais velho, e já era maior de idade naquela época, eu teria mais facilidade para assumir essas responsabilidades do que ele. Eu já tinha passado da fase de descoberta, estaria bem seguro da minha sexualidade e poderia te passar a segurança de que eu seria fiel a ti.

Júlio encara Carolina, temendo a reação dela.

CAROLINA – Eu gostaria muito de saber se isso o que tu acabou de me dizer é verdade…

Júlio ri para Carolina, um pretexto bem oportuno para disfarçar um suspiro de alívio.

JÚLIO – Eu também, sabe… eu gostaria muito de saber se eu agiria assim mesmo se eu estivesse nessa situação.

Júlio acaricia levemente o rosto de Carolina, que se surpreende, e logo segura a mão do cunhado.

JÚLIO – Eu estou certo de que o meu irmão tá te fazendo muito feliz, mas, sinceramente? Tudo apontava para que o felizes para sempre fosse de nós dois juntos. Eu te transformei nessa mulher maravilhosa que tu é pro meu irmão, mas eu fiz isso pensando que ela seria minha. Por isso exagerei nas doses de carinho, romantismo e atenção. Mas infelizmente eu pus tudo a perder.

CAROLINA – Concordo contigo. Desde aquele fim de semana de lazer, eu alimentei a fantasia de ser a sua esposa e mãe dos seus filhos. Dos três, tu era o que melhor sabia lidar comigo, talvez pela experiência. Sabia como me agradar melhor do que o Jonas e o Ricardo. Mas com o Jonas era diferente—

JÚLIO – Por que eu tenho a impressão de que tu tá elogiando o Jonas por causa do Felipe?

Carolina fica calada.

JÚLIO – Algo me diz que, se o Felipe fosse filho do Ricardo, tu taria rasgando elogios a ele. Por quê? O que te leva a crer que o Jonas é melhor que mim ou que o Ricardo por que ele te engravidou?

Silêncio em cena.

JÚLIO – Se for mentira, pode me corrigir. Mas eu acho que tu ama a mim mesmo, mas só tá dizendo que ama o Jonas porque ele conseguiu te engravidar primeiro. Tu pode até gostar do meu irmão, mas não ama ele como me ama.

CAROLINA – Não, eu amo o Jonas. E ele me ama.

Júlio encara Carolina, duvidando da sinceridade das suas palavras. Ele segura a mão da cunhada que, mesmo receosa, não oferece resistência. Aos poucos, ele conduz a mão de Carolina até o seu abdômen e a conduz para cima, fazendo com que ela passeie pelo seu tórax. Tensa, Carolina apenas acompanha o movimento, mesmo depois de Júlio soltar sua mão.

Os cunhados se entreolham. Carolina demonstra nervosismo e Júlio apenas sorri para ela, com as duas mãos para trás. Quando a mão de Carolina chega até o pescoço de Júlio, os dois já estão se beijando.

CENA 06: CASA DE JÉSSICA/SALA/INT./MANHÃ

Jonas está deitado no sofá, com a cabeça apoiada no braço do sofá. Ricardo, por sua vez, está sentado no chão, com as costas apoiadas no mesmo braço do sofá. Ricardo olha para Jonas, que continua pensativo e temeroso.

RICARDO – Jonas… eu se fosse tu pedia um tempo pra Carolina. Pedia pra ficar um tempo longe dela pra poder organizar meus pensamentos, pra poder tirar essa tensão toda, pra respirar um pouco. Aproveita agora que tu ainda pode fazer isso, porque mais tarde não vai ter como. Ou tu aguenta calado, ou tu se separa.

JONAS – Eu não posso me separar da Carolina. Imagina o estrago que isso vai causar na cabeça do Felipe?

RICARDO – Só vai causar estrago se vocês não explicarem pra ele porque se separaram. Sim, ele pode se sentir culpado pela separação de vocês, mas a gente não pode fazer nada. Ele tem que saber a verdade pra entender vocês e não crescer complexado, com raiva dos pais ou coisa do tipo.

Jonas encara Ricardo, que lhe sorri em uma tentativa de tranquilizá-lo.

RICARDO – Não sacrifique o teu próprio bem estar pra garantir o bem estar dos outros. Faça o equilíbrio, o meio-termo, senão tu nunca vai ter uma vida feliz.

JONAS – Então tu acha que eu preciso de um tempo longe da minha mulher e do meu filho?

RICARDO – Sim. Eles tão te sufocando, tu precisa de um tempo pra respirar e pra se organizar. E só volta quando tu tiver certeza que pode estabelecer um acordo pra continuar a tua história com a Carolina, ou então botar um ponto final nela.

JONAS – Não tem outra opção? Eu não queria me afastar do meu filho…

RICARDO – Se tu não quiser, eu vou tentar arrumar um momento de diversão pra ti. Vou combinar com os meninos da Corrente pra te levar para um lugar bem bacana pra gente se divertir e conversar um pouco, tentar tirar esse peso das tuas costas. Mas só vamos chamar os meninos mesmo, pra tu não ter que ver a Carolina nem a Helena. A minha intenção é te fazer esquecer essa história toda, pelo menos naquele momento.

Jonas sorri para Ricardo.

JONAS – Brigado, Ricardo.

RICARDO – Se precisar, é só chamar.

CENA 07: CASA DE JÉSSICA/SALA/INT./MANHÃ

Carolina e Júlio continuam se beijando. De repente, Carolina interrompe o beijo e se afasta de Júlio, ainda assustada. Ele apenas sorri para ela.

JÚLIO – Eu falei… tu não ama o Jonas do mesmo jeito que tu me ama. Se amasse, não teria me beijado.

CAROLINA – Foi tu quem me beijou.

JÚLIO – Carolina, eu tava com as mãos nas costas. Tu me beijou porque quis, porque não se segurou.

CAROLINA – Júlio, eu tô pra casar com o teu irmão.

JÚLIO – Mas não ama ele.

CAROLINA – O que é que tu quer, Júlio? Ser meu amante?

Júlio se cala diante do questionamento de Carolina. Ela se levanta do sofá e se retira de casa, deixando Júlio sozinho em cena.

CENA 08: MANSÃO ANDRADE BASTOS/SALA/INT./MANHÃ

Tocam a campainha incansavelmente. Uma empregada vai atender e se surpreende ao ver que se trata de Alice.

ALICE – Onde está o Luís?

EMPREGADA – Me desculpe, mas eu não sei de quem a senhora está falando.

ALICE – Eu estou falando de um rapaz jovem, moreno, magro, que se chama Luís Eduardo e certamente veio até esta casa à procura da Débora. Ele está aqui?

EMPREGADA – Ah, claro, sei de quem a senhora está falando, mas ele não apareceu por aqui hoje.

Alice encara a serviçal com raiva, amedrontando-a.

CENA 09: MANSÃO ANDRADE BASTOS/QUARTO DE DÉBORA/INT./MANHÃ

Débora e Luís estão deitados na cama, enrolados no edredom. Abraçados, os dois trocam carícias e sorriem um para o outro.

DÉBORA – O que disseram quando você recebeu a minha mensagem?

LUÍS – Não disseram nada. Eu não deixei ninguém ver.

DÉBORA – Então ninguém sabe que você está aqui comigo?

LUÍS – Devem desconfiar, mas acho que ninguém deve ter certeza. E se soubessem que eu estou aqui, tratariam logo de me aconselhar a cortar relações com você.

DÉBORA – Por quê? Por causa daquela história que a Maria inventou? De que eu supostamente teria desejado a morte da sua mãe?

Luís não responde Débora.

DÉBORA – Mas você vai acreditar nessa loucura da sua irmã?

LUÍS – Você confessou, Débora.

DÉBORA – Se eu continuasse negando, ninguém acreditaria. Tive que entrar no jogo dela, na tentativa de encerrar aquela conversa irritante de uma vez por todas.

LUÍS – Mas o que realmente aconteceu?

DÉBORA – A Maria me provocou e me xingou, insinuando que eu havia aberto as pernas para o Pedro Igor aproveitando-se da embriaguez dele. Não que isso fosse mentira, mas eu não suportava mais aquela agressão verbal e comecei a rebater, afirmando que ela estava com inveja de mim e daria tudo para estar no meu lugar. Quando eu disse que ela faria o mesmo que eu fiz se tivesse a oportunidade, o que é a mais pura verdade, ela se indignou, me agrediu e foi embora. Eu me arrependi do que havia dito, mas como eu sabia que a Maria não me perdoaria. O Igor praticamente me obrigou a ir na festa da Maria para pedir desculpas a ela… e qual foi a minha surpresa ao vê-la dizendo que eu havia desejado a morte da mãe dela? Eu bem que tentei ganhar uma oportunidade de me explicar, mas aí eu vi ela desejando a morte do meu bebê. Por mais que aquela gravidez fosse uma farsa, eu me indignei e parti pra cima dela.

LUÍS – Então, você está querendo dizer que o Pedro Igor foi cúmplice da armação da Maria para lhe prejudicar e sujar sua imagem perante a Corrente…

Os dois ouvem uma gritaria vinda da sala de estar. Ao reconhecer a voz de Alice, Luís se desespera.

LUÍS – A tia Alice!

DÉBORA – O quê?

LUÍS – A tia Alice. Quer dizer, a sua tia. Ela vai nos descobrir, Débora!

DÉBORA – Calma, Luís. Ninguém vai nos descobrir. Fique aqui, não se exponha. Eu mesma vou resolver isso.

Débora se levanta da cama. A fim de cobrir sua nudez, a câmera foca apenas em Luís, visivelmente desesperado. Ele afunda a cabeça no travesseiro e respira fundo repetidas vezes.

LUÍS – Calma, Luís Eduardo, fique calmo. Ninguém vai te descobrir. A Débora vai dar um jeito, apenas acalme-se.

A porta do quarto se fecha.

CENA 10: MANSÃO ANDRADE BASTOS/SALA/INT./MANHÃ

Alice empurra a empregada e entra na sala. A serviçal fecha a porta e corre até Alice.

EMPREGADA – A senhora não pode entrar assim sem ser convidada.

ALICE – Onde está o Luís?

EMPREGADA – Senhora, eu já lhe disse, ele não está aqui.

ALICE – Eu não confio em você. Chame as suas patroas, quero conversar com elas.

EMPREGADA – Por favor, senhora, não as incomode. O Luís não está aqui.

ALICE – Você deve estar mentindo para mim a fim de acobertar sua patroa.

Cassandra desce as escadas, ajeitando seu vestido.

CASSANDRA – O que está havendo aqui?

Alice e a empregada viram-se de frente para Cassandra.

EMPREGADA – Dona Cassandra—

CASSANDRA – Volte ao trabalho, deixe-me a sós com ela.

EMPREGADA – Sim senhora.

Submissamente, a empregada se retira da sala, deixando Alice e Cassandra sozinhas em cena.

CASSANDRA – Alice, eu não acredito que você entrou em minha casa sem ser convidada. Não foi essa a educação que eu lhe dei.

ALICE – Graças a Deus. Eu não me imagino recebendo a mesma educação que a Débora. Casar com um homem por causa do seu patrimônio financeiro também é uma forma de prostituição, sabia?

CASSANDRA – Então, você invadiu a minha casa para me ofender…

ALICE – Não, tia, eu invadi sua casa para buscar o Luís Eduardo. Onde ele está?

CASSANDRA – E como eu vou saber? O seu afilhado, se é que assim podemos dizer, já é maior de idade e não precisa de escolta parental para sair de casa.

Nesse momento, Débora vem descendo as escadas, cobrindo a sua camisola com um robe de cetim. Ao ouvir a voz de Débora, Alice vira-se de frente para ela.

DÉBORA – A vó tem toda a razão, tia Alice. E eu espero que nem passe pelo seu pensamento a ideia de vasculhar esta mansão à procura do Luís. A senhora sequer foi autorizada a entrar nesta sala, que dirá nos demais cômodos.

ALICE – Débora, você escondeu o Luís Eduardo aqui dentro e daqui só saio com ele.

Débora fica de frente para Alice, que está cada vez mais irritada.

DÉBORA – Eu não escondi ninguém aqui nessa mansão, e minha avó está de prova.

ALICE – Vai negar que está perseguindo o Luís, e sabe Deus com quais intenções?

DÉBORA – Por favor, tia Alice, pare com isso que está ficando feio para a senhora. Por acaso acha que eu estou fazendo a Soraya Montenegro e seduzindo o Luís?

ALICE – Tenho motivos de sobra para desconfiar disso. Lembro bem de flagrá-los de corpos colados dentro de minha casa, aparentemente hipnotizados. Com certeza você deve estar usando-se disso para seduzi-lo.

Débora indigna-se com a resposta de Alice.

DÉBORA – Escute, tia Alice, é melhor a senhora ir embora daqui. Quem mais precisa lhe dizer que aqui não há nenhum Luís Eduardo de Castro, irmão de Maria Eduarda de Castro e cunhado de Pedro Igor Pires Andrade da Costa. E minha avó pode comprovar.

ALICE – Só acredito vendo.

CASSANDRA – Alice, se você não acredita nas nossas palavras, não podemos fazer nada. E se você só sai daqui com a companhia do Luís, faça o seguinte: ligue para ele. Peça para que ele venha até aqui. E assim, vocês saem daqui juntos.

ALICE – Ele deixou o celular desligado.

CASSANDRA – Azar o seu. Ele não está aqui, e você não pode ficar aqui dentro.

ALICE – Escute, Débora. Deixe o Luís Eduardo em paz, não o procure mais. Caso contrário, você vai se arrepender.

Cassandra vira Alice de frente para si, assustando-a.

CASSANDRA – Você está ameaçando a minha neta, Alice?

Alice e Cassandra ficam se encarando. Alice está tensa, enquanto Cassandra mantém a postura firme e intimidadora.

CENA 11: CASA DE MAURÍCIO E TALITA/QUARTO DE MAURÍCIO E TALITA/INT./MANHÃ

Maurício e Talita estão sentados na cama, apoiando-se nas costas um do outro, conversando.

MAURÍCIO – O que você acha que a gente pode fazer para ajudar a Carolina e o Jonas a resolver esse problema?

TALITA – Nós não podemos interferir nos problemas conjugais alheios, Maurício. Em briga de marido e mulher, não se mete a colher.

MAURÍCIO – Mas nós temos que fazer alguma coisa, Talita. Eles precisam de ajuda. O futuro da família deles tá na corda bamba.

TALITA – Mas o que você pensa em fazer?

MAURÍCIO – Não faço a mínima ideia. Mas temos que fazer alguma coisa.

TALITA – Eu sei o que podemos fazer.

MAURÍCIO – O quê?

TALITA – Rezar para que eles consigam se ajustar, pedir a Deus para que Ele os dê sabedoria para lidar com essa tribulação da melhor maneira possível. Ele é o único que pode interferir na relação deles e o único que sabe exatamente o que fazer para ajudá-los.

Maurício respira fundo.

MAURÍCIO – Tem razão, Talita. Deus há de iluminá-los com a luz da sabedoria.

Talita sorri. Em seguida, ela se levanta da cama e se vira de frente para as costas de Maurício. Ele, por sua vez, sente a falta de apoio nas costas e cai deitado. Ao ver a cena, Talita ri do marido, que ri junto para disfarçar a vergonha.

CENA 12: MANSÃO ANDRADE BASTOS/SALA/INT./MANHÃ

Alice se solta de Cassandra.

ALICE – Não são ameaças, tia Cassandra. Débora conhece a Maria e sabe perfeitamente como ela agiria em uma situação dessas.

DÉBORA (debochada) – Então quer dizer que aquela Maria nobilíssima e refinadíssima que eu flagrei na mansão Andrade da Costa ontem à noite era apenas um disfarce? Ainda não conseguiram poli-la?

ALICE – Estamos polindo a Maria aos poucos, não é um processo instantâneo e imediato. Mas, para defender um ente querido de uma mulher como você, ela será a mesma leoa de sempre.

DÉBORA – Claro. Previsível. A mesma selvagem que se infiltrou com seu bando na casa dos Andrade da Costa para se apossar de tudo…

ALICE – E você diz isso, Débora? Você? Acaso esqueceu-se de sua motivação para engravidar do Pedro Igor e, assim, casar-se com ele?

CASSANDRA – Chega, Alice! Pare já com isso! Nunca permiti e jamais permitirei ofensas contra a minha neta!

ALICE – Mas permite que ela ofenda livremente a todos nós porque nutre esse ódio, essa inveja da Maria porque o meu filho só tem olhos para ela?

DÉBORA – Inveja da Maria? (ri debochadamente) Daquela fugitiva de senzala eu só tenho nojo. Dela e do Pedro Igor… dois nojentos que se merecem!

ALICE – Cale-se, Débora!

DÉBORA – Francamente, tia Débora? Por que a senhora está tão preocupada com um rapaz que odiava e desprezava até poucos meses atrás? O que lhe fez mudar o seu julgamento sobre ele de modo tão repentino?

ALICE – Eu descobri que eu estava enganada a respeito dele e de Maria, do mesmo jeito que estava enganada ao seu respeito.

DÉBORA – Dois favelados, mas muito inteligentes. Souberam bem como fatiar para si mesmos as fatias mais gordas da fortuna do tio Gabriel e se transformarem numa mademoiselle e num gentleman. E sabemos com que artifícios…

ALICE – Cale-se, Débora!

DÉBORA – Diga-me, tia Alice, quem é melhor na cama: o tio Gabriel ou o Luís?

Indignada com a resposta de Débora, Alice acerta uma potente bofetada em Débora. Surpreendida com o golpe, a moça cai sentada no chão e encara a tia, apavorada. Cassandra, por sua vez, puxa Alice e começa a empurrá-la em direção à porta de entrada da mansão.

CASSANDRA – Alice, já chega! Vá embora desta casa ou eu chamo a polícia!

ALICE – Não, tia Cassandra, não será necessário chamar a polícia. Eu já estou de saída.

Dito isso, Alice se vira e vai embora da mansão, deixando Cassandra e Débora sozinhas em cena. Cassandra vai amparar Débora, sentando-a no sofá.

DÉBORA – O meu ódio contra aquela família aumenta dia após dia! Eu não vou descansar enquanto não ver todos aqueles malditos passarem pelo pior sofrimento que já passaram na vida!

CASSANDRA – Não se desgaste com essa gente, Débora. Deixe que eu mesma resolva este problema. A partir de hoje, os Andrade da Costa são proibidos de pôr os pés dentro desta mansão. E aquele empregado que desobedecer a essa ordem será prontamente demitido.

DÉBORA – Faça isso, vó… faça isso…

Débora se levanta do sofá, ainda com a mão cobrindo a face agredida por Alice, e sobe as escadas da mansão, deixando Cassandra sozinha na sala.

CENA 13: MANSÃO ANDRADE BASTOS/QUARTO DE DÉBORA/INT./MANHÃ

Luís termina de se vestir. Débora entra no quarto, andando vagarosamente e cobrindo a face agredida por Alice com a mão trêmula.

LUÍS – E então, Débora, o que aconteceu?

Débora não responde. Luís percebe o estado da amante e se desespera.

LUÍS (tenso) – O que aconteceu, Débora?

DÉBORA (baixo) – Luís… saia desta casa. Vá para a casa de alguém, ou então volte para a sua casa. Mas não deixe a minha avó lhe ver.

LUÍS – O que aconteceu?

DÉBORA – Depois eu te conto. Mas por favor, vá embora. Você não pode mais voltar aqui.

Luís acena com a cabeça, concordando com o que Débora disse, e vai embora, deixando Débora sozinha no quarto. Ela desaba em lágrimas e se deixa cair ajoelhada diante da cama. Assim que seu corpo encosta o colchão, Débora começa a socar a cama com todas as suas forças.

CENA 14: CASA DE LARISSA/SALA/INT./MANHÃ

Jonas e Ricardo estão sentados no sofá. Ricardo encerra uma ligação telefônica e guarda o seu celular no bolso. Em seguida, ele olha para o primo e sorri para ele: Jonas continua sério.

RICARDO – Deu tudo certo, primo. A gente vai sair às quatro.

JONAS – Só os meninos da Corrente.

RICARDO – Só os meninos da Corrente. Vamos nos esquecer dos nossos problemas, nem que seja só por um dia.

Jonas sorri para Ricardo.

CENA 15: FORTALEZA/EXT./MANHÃ

Imagens do Estádio Arena Castelão.

Imagens da Avenida da Abolição.

Imagens da Avenida Washington Soares.

Imagens da Avenida Mister Hull.

CENA 16: CHURRASCARIA/INT./TARDE

Guto, Jonas e Ricardo estão sentados em uma mesa, esperando os filhos de Alice e Gabriel chegarem. Guto está contando uma história aos amigos.

GUTO – Não. Eu sou lá de Camocim. Eu vim pra cá pra capital terminar os estudos, comecei a morar com a dona Mirna, uma amiga da família. E depois de uns anos, a dona Mirna morreu e eu fiquei com a casa toda só pra mim. E quando eu entrei na faculdade, eu conheci a Luciana, que coincidentemente também morava em Camocim.

RICARDO – Então vocês se conheceram aqui em Fortaleza…

GUTO – Exatamente, a gente se conheceu aqui, mas somos da mesma cidade. Como a gente não se conhecia antes, eu não sei. Ela devia morar no outro lado da cidade, só pode. Ela recém tinha chegado em Fortaleza quando a gente se conheceu na faculdade, ainda estava hospedada num hotel, não tinha pra onde ir direito. E daí eu convenci ela a dividir a casa da dona Mirna comigo, porque eu não tava mais aguentando viver sozinho naquela casa. Eu achei que a gente ia dividir as tarefas domésticas, como bons colegas de quarto… que iludido… eu tô servindo de empregado doméstico dela, a Luciana não faz nada dentro de casa. Se ela souber fazer miojo, já é muito.

Silêncio em cena.

GUTO – Mas mesmo assim, ela é uma ótima colega de quarto. Não me arrependo de dividir a casa da dona Mirna, que agora é a minha casa, com ela.

JONAS – Pelo menos agora nós sabemos que a Luciana tá mais à vontade lá na casa da madrinha do que na casa da dona Mirna.

GUTO – Quem é a tua madrinha, Jonas?

JONAS – A mãe desse viado aqui. (aponta para Ricardo)

RICARDO (rindo) – Intimidade é um saco, viu?

As atenções dos três se viram para a entrada da churrascaria, por onde entram Dimas, Gustavo, Igor e Júlio, este último conduzindo a cadeira de rodas de Dimas. Guto, Jonas e Ricardo imediatamente se levantam e recepcionam os amigos.

Na hora de cumprimentar Dimas, Ricardo ajoelha-se na frente dele e lhe dá um abraço rápido. Ao apartar-se do abraço, Ricardo sorri para o ex, que devolve com um sorriso tão desanimado que chega a contagiar Ricardo.

CENA 17: MANSÃO ANDRADE BASTOS/SALA/INT./TARDE

Cassandra desce as escadas da mansão e vê Débora sentada no sofá, bebendo uma taça cheia de vinho.

CASSANDRA – Débora?

Cassandra vai até Débora: é o tempo necessário para que a moça beba todo o vinho.

CASSANDRA – O que é isso, Débora?

DÉBORA (ébria) – Me considere uma vencedora, vó. Eu consegui secar uma garrafa de vinho inteira em uma única tarde.

Cassandra tira a taça da mão de Débora. Ela tenta reaver a taça, mas fracassa. Débora cambaleia, mas é logo amparada por Cassandra, que a ajuda a sentar-se de volta no sofá.

CASSANDRA – Você enlouqueceu, minha neta?

DÉBORA (ri) – Bem que o Pedro Igor me falou uma vez que a bebida ajudava a afogar as mágoas. Estou me sentindo tão bem… por um segundo eu esqueci de tudo o que aconteceu por aqui nos últimos dias…

De repente, Débora para de rir e adota uma postura mais séria. Ela não demora muito para levar a mão à face outrora agredida por Alice e a deixar a raiva dominar seu semblante.

DÉBORA – Quer dizer, estava esquecendo. Acabei de lembrar.

CASSANDRA – Por favor, minha neta, não se importe com isso.

DÉBORA – Eles vão me pagar caro pelo que fizeram comigo.

CASSANDRA – Débora, por favor, esqueça-os. Alimentar esse ódio deles não é saudável para você.

DÉBORA – Eu tô pouco me importando se isso é saudável ou não pra mim. Eu só vou esquecê-los quando eu causar a maior desgraça da vida de cada um dos membros daquela família arrogante.

Cassandra se assusta com o que ouve de Débora.

CENA 18: CHURRASCARIA/INT./TARDE

Dimas, Gustavo, Guto, Igor, Jonas, Júlio e Ricardo são servidos pelo garçom. Eles enchem seus respectivos copos com refrigerante.

GUTO – Eu sei que os ricos sentados nesta mesa são minoria, mas mesmo assim eu proponho que nós façamos um brinde.

GUSTAVO – Um brinde a quê?

GUTO – Por mais que nós estejamos passando por problemas pessoais… (olha para Dimas) por mais que tenhamos passado por um trauma físico… (olha para Jonas) por mais que atravessemos por problemas conjugais… por maior ou menor que seja o nosso problema, por mais simples ou complexo que ele seja, Deus há de nos ajudar a resolvê-los. Basta que nós peçamos a sua ajuda, basta pedirmos a Ele que nos ilumine com o dom divino que estamos precisando para lidar com o nosso problema. Por isso, proponho que nós façamos um brinde a Deus. Ao nosso Criador. À solução de todas as nossas dúvidas e de todos os nossos problemas.

Guto ergue seu copo.

GUTO – A Deus?

Dimas é o primeiro a levantar seu copo. Quase que em efeito dominó, todos eles levantam juntos e fazem o brinde coletivo.

TODOS – A Deus.

IGOR – Sempre que nós vamos à igreja, nós dizemos que é nosso dever e salvação dar graças a Deus sempre e em todo lugar. Acredito eu que brindar a Ele conte, né?

Todos riem. O momento é interrompido pela entrada de Luís em cena. Ele se aproxima da mesa dos amigos e põe uma cadeira próxima à mesa. Sua evidente embriaguez assusta os rapazes.

DIMAS – Luís? Tu tá bem?

LUÍS (ébrio) – Bem? Tô ótimo! Nunca tive tão bem em toda a minha vida.

IGOR – Você bebeu, Luís?

LUÍS – Ah, cala a boca, Igor. Vai querer me dar sermão? Tu nem tem moral pra me criticar.

JÚLIO – Luís, para com isso.

LUÍS – E aí, gente? O que foi que eu perdi?

GUTO – Luís, tu bebeu tanto que tem mais álcool do que sangue nas tuas veias.

LUÍS – Ah, Guto, também não exagera. Eu bebi só uma…

GUTO – Uma caixa inteira de cerveja, né?

LUÍS (ri) – Foi pra isso que o autor te escolheu pra ser o núcleo cômico? Que piadinhas mais sem graça…

IGOR – Luís, é melhor você ir pra casa. Você não está em boas condições.

LUÍS – Deixa de ser chato, Igor, eu tô bem…

GUTO – Bem chapado, verdade.

Igor se levanta da cadeira e levanta Luís, conduzindo-o para fora da churrascaria, com alguma dificuldade, visto que Luís oferece resistência.

IGOR – Vem, Luís. Eu vou lhe deixar em casa.

LUÍS – Me deixa, Igor. Eu tô bem, não preciso que ninguém me deixe em casa.

IGOR – Precisa sim. Anda, vamos.

Dimas, Gustavo, Guto, Jonas, Júlio e Ricardo observam a partida de Igor e Luís.

JÚLIO – Gustavo, eu acho que tu devia ir junto com o Igor. Ele deve tar precisando de ajuda.

Gustavo concorda com Júlio e vai se levantando da cadeira para ir atrás do irmão, mas Júlio o contém, segurando-o pelo braço.

JÚLIO – Pela cara do Pedro Igor e pela maneira que o Luís tratou ele, eu acho que o dia vai ser um pouco violento.

GUSTAVO – Pode deixar que eu vou impedir que haja violência. Vamos tratar desse caso da melhor maneira possível.

JÚLIO – Gustavo, se sair porrada, filma. E posta no grupo do WhatsApp pra gente ver.

Gustavo se solta de Júlio e vai atrás de Igor e Luís. Dimas, Guto, Jonas, Júlio e Ricardo continuam sentados, reagindo ao que acabaram de ver.

GUTO – Enfim, vamo continuar o que começamos?

RICARDO – Ai, vamo. Onde é que a gente tava?

CENA 19: FORTALEZA/EXT./TARDE

Imagens da Avenida Raul Barbosa.

Imagens da Avenida 13 de Maio.

Imagens da Avenida Alberto Magno.

CENA 20: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/SALA/INT./TARDE

Gabriel entra em casa e se surpreende ao ver Alice e Maria, sentadas no sofá, olhando para ele com olhares aflitos.

GABRIEL – O que houve? Vocês parecem alteradas.

MARIA – O meu irmão saiu de casa hoje de manhã. Daqui a pouco anoitece e não temos notícias nem da sombra dele.

ALICE – Eu pensei em procurá-lo na mansão da tia Cassandra, mas ela e a Débora negaram até o fim a presença dele naquela casa. Eu pensei em procurá-lo pela casa, mas a tia Cassandra ameaçou chamar a polícia e me expulsou. Se ele não estiver lá, eu não sei onde ele pode estar.

MARIA – Ai, eu tô tão preocupada com o Luís Eduardo… e se tiver acontecido alguma coisa com ele?

ALICE – Não pensa nisso, Maria, não pensa nisso…

Gabriel se aproxima de Alice e Maria. Nesse momento, os três olham para a porta e se assustam com o que veem: Igor entra como um furacão na casa, arrastando Luís pela gola da camisa e atirando-o na direção do sofá. Imediatamente, Alice e Maria se levantam do sofá: Luís bate nas costas do sofá e cai deitado nele.

GABRIEL – Pedro Igor, o que você está fazendo?

IGOR – Vocês deveriam estar mais preocupados com o que esse inconsequente fez.

A raiva de Igor amedronta a todos. A cena congela em um efeito dourado no rosto de Igor.

FIM DO VIGÉSIMO SEXTO CAPÍTULO.

23 thoughts on “Mundos Opostos – Capítulo 26

  1. Morrendo com o Quincas, comeu a Débora e ainda deu PT. Pedro Igor é bem hipócrita, né? Julgando o Quincas por ter bebido sendo que ele mesmo é/era alcoólatra.

    E finalmente o núcleo Jonas/Carolina andou, adoroooooooo. O Jonas que está errado, qualquer um no lugar da Carolina sentiria ciúmes dele com a Helena.

    Carolina, por que você está agindo como uma vagabunda?

    Parabéns, Glauce :*

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    • É muito mais fácil julgar o erro dos outros do que admitir o próprio erro, né non? Você consegue ver melhor.

      Finalmente consegui fazer o núcleo andar. Amamos? Muito.

      Muito obrigada, Esmeralda :*

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  2. Júlio: Gustavo, se sair porrada, filma. E posta no grupo do WhatsApp pra gente ver.
    Olha a referencia de Girls In The House ai gente, bem Duny e Priscilão esse dialogo.

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  3. Carolina irada! Jonas como sempre no meio das confusões. Primeiro foi o relacionamento de Ricardo e Dimas onde o jovem estava no meio, agora é o seu próprio relacionamento que esta prestes de tomar outros rumos caso ele permaneça sendo motivo de ciúmes para a namorada. É namorada, né? Socorro! 😮 Nossa, Carolina beijou Júlio? Mas… Gente, fiquei pasmo agora. Vai vim “rolo” por aí, já estou vendo. Quando vc me disse que eu ficaria com mais raiva da Alice, vc acertou. Ela nn e aquela mulher dos capítulos iniciais, a morte da mãe de Luís e Maria mudou drasticamente o jeito arrogante que ela era. Agora só Luciana, Cassandra e Débora importam. Luis esta começando a ficar rebelde. Com certeza ele esta caído na “rede” de Débora, hahaha… Essa diva ainda vai causar muito naquela mansão. Parabéns pelo capítulo, Glay! 😀

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  4. Gritooo, apenas sentir as referências “Intimidade é um saco”, ” Se sair porrada, filma” GITH ❤ Carolina quase que cedia a Júlio, mas conseguiu resistir ao beijo 😮 Luciwho nem apareceu no capítulo de hoje, adorassem. Luis X Pedro Igor 😮 Jonas tem certeza que vai pegar Helena; Débora embriagada; abraço entre Dimas e Ricardo… 😮 Parabéns, Glay 😀

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