Mundos Opostos – Capítulo 28

Mundos OpostosCENA 01: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/JARDIM/EXT./NOITE

Débora tenta se soltar dos empregados, que tentam conduzi-la de volta para o carro.

DÉBORA – Me larguem! Parem com isso, me larguem!

Débora consegue se soltar dos empregados. Ela cambaleia, mas se apoia no carro.

GABRIEL – Eu já disse, Débora, vá embora daqui agora!

DÉBORA – Você não pode me expulsar daqui. Essa casa é minha!

GABRIEL – Levem-na embora!

DÉBORA – Não! Ninguém vai me tirar daqui. Eu só saio daqui com o Luís!

MARIA – O que está havendo aqui?

Nesse momento, Débora estaciona. Ela olha fixamente para Maria, com ódio no olhar.

MARIA – Mas você é muito descarada, né, Débora? O que é que você quer?

DÉBORA – O que eu quero? Eu quero o Luís.

MARIA – O meu irmão—

DÉBORA – O meu namorado!

FÁTIMA – Descarada, sem vergonha!

MARIA – Acalme-se, Fátima.

GABRIEL – Não nos cause mais transtornos, Débora. Por favor, vá embora.

DÉBORA – Daqui eu só saio com o Luís Eduardo sentado no banco do acompanhante do meu carro!

MARIA – Vai mofar aqui no jardim, porque você não vai conseguir. Nos deixe em paz, Débora, por favor!

DÉBORA – Depois que você se meteu no meu caminho, eu pus como meta da minha vida nunca mais lhe deixar em paz.

GABRIEL – Incrível como algumas doses de vinho conseguem diluir por completo a sua dignidade, Débora… olha o seu estado…

DÉBORA – Pelo menos eu estou nesse estado porque eu bebi. Já essa preta aí, nunca teve e nunca terá!

MARIA – Já chega—

DÉBORA – Quem diz isso sou eu! Onde está o Luís Eduardo?

MARIA – Ele não pode sair. Está em repouso, não pode ser incomodado.

DÉBORA – Ou vocês o chamam aqui, ou eu invado a mansão para procurá-lo.

Nesse momento, Alice sai da mansão e vai para perto de Fátima, Gabriel e Maria.

ALICE – Não ouse fazer isso. Você me proibiu de fazer o mesmo na sua casa, e nada mais justo do que eu fazer o mesmo com você. Nessa mansão você não entra. Não deveria nem estar aqui no jardim, não foi convidada a entrar. Se nem aqui você deveria ter entrado, imagine no lado de dentro da mansão.

DÉBORA – Estou pouco me importando. Ou vocês trazem o Luís até aqui, ou eu o levo a força!

Débora tenta entrar na mansão, mas é impedida por Maria, que a segura pelo pescoço.

MARIA – Você não vai entrar. Você não é o Temer, mas eu quero você fora!

DÉBORA – ME SOLTA!

Débora se solta de Maria e lhe acerta uma bofetada. Rapidamente, Maria se recupera do golpe e impede Débora de entrar na mansão. Maria a empurra e lhe acerta duas bofetadas.

DÉBORA – Você não tem amor à sua vida não, sua escrava alforriada?

MARIA – Eu não tenho medo de você, Débora. Eu nunca quis encostar minhas mãos em você, mas você começou. Eu sou forte, Débora, fui criada na favela!

FÁTIMA – Gente, o que é isso? Saímos de “Maria do Bairro” e entramos em “Alma Gêmea”?

Débora volta a dar uma bofetada em Maria. Antes que ela se recupere, Débora começa a apertar seu pescoço. Em uma tentativa de afastá-la, Maria tenta empurrá-la. Isso faz com que as duas comecem a cambalear pelo jardim até caírem dentro da piscina.

Na piscina, Débora empurra a cabeça de Maria dentro da água, tentando afogá-la. Dois seguranças pulam na piscina e conseguem separá-las. Um deles contém Débora, enquanto o outro socorre Maria. Ela rapidamente recupera o fôlego e, tomada pela raiva, desfere duas bofetadas em Débora.

As duas são retiradas da piscina pelos seguranças. Débora se debate, mas não consegue se soltar. Enquanto isso, Maria é socorrida pelo segurança que a salvou.

MARIA – Não, não precisa. Estou bem. Obrigada…

DÉBORA – Essa preta folgada teve sorte. Se não fosse por esses dois figurantes, eu teria a matado afogada!

GABRIEL – Fátima, chame a polícia.

FÁTIMA – Agora mesmo, seu Gabriel.

MARIA – Não, Fátima. Não será necessário.

DÉBORA – Não, Fátima, pode chamar. Assim, nós duas vamos à delegacia prestar depoimento. Afinal, foi você quem começou. Todos vocês são testemunhas de que foi ela quem começou! Ela tentou me estrangular, vocês viram!

ALICE – Você está louca!

DÉBORA – Vocês podem fazer o que for, mas nunca conseguirão fazer da Maria a Xica da Silva do século XXI. Ela continuará sendo a mesma favelada de sempre, por mais que tentem poli-la.

GABRIEL – Chame a polícia, Fátima.

MARIA – Não, tio Gabriel. Vamos evitar escândalos…

DÉBORA – O que é, Maria? Tá com medo de voltar à delegacia? O delegado deve conhecer você muito bem…

Maria tenta engolir a raiva.

ALICE – Vá embora daqui, Débora!

DÉBORA – Ao contrário dessa preta aí, eu nunca estive numa delegacia. Mas eu iria com o maior prazer, só para nós duas sermos presas juntas. Eu realizaria o meu maior desejo de quebrar essa sua cara!

GABRIEL – Levem-na embora daqui!

Os seguranças voltam a segurar Débora e tentar levá-la até o carro, mas ela tenta resistir.

DÉBORA – Me soltem! Daqui eu só saio com o Luís Eduardo!

CENA 02: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/SALA DE JANTAR/INT./NOITE

Gustavo, Helena e Igor observam Débora gritar por Luís.

GUSTAVO – Definitivamente, essa mulher está louca.

IGOR – E se o Luís não aparecer, ela vai continuar gritando.

HELENA – Que nada. Basta que os seguranças consigam fazê-la entrar no carro.

IGOR – Como nós podemos ver, vai ser uma tarefa muito difícil.

Os três irmãos respiram fundo. Helena ouve o toque do seu celular e se afasta para poder atendê-lo.

HELENA – Alô? Jonas?

CENA 03: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/JARDIM/EXT./NOITE

Débora consegue se soltar dos seguranças.

DÉBORA – Certo… vocês venceram… mas não por muito tempo. Cedo ou tarde, eu vou me encontrar com o Luís.

MARIA – Deixe-o em paz.

DÉBORA – Isso não vai me impedir de vê-lo. Ele vai me procurar. Ele me ama.

MARIA – Você não ama o meu irmão, você está apenas usando ele pra nos atingir.

DÉBORA – É aí que você se engana. Eu gosto dele sim. E terei o maior prazer de tirá-lo de você. Se eu não pude tirar-lhe o Pedro Igor, eu tiro o Luís Eduardo. Porque eu sei que vai lhe doer mais a falta de um irmão do que um namorado.

Débora entra no carro e dá partida. Na marcha ré, ela quase atropela um empregado. Ao sair da mansão, o carro de Débora arrebenta o portão, que fica aberto. Todos se entreolham, indignados.

CENA 04: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/CORREDOR/INT./NOITE

Helena está conversando com Jonas por telefone no corredor.

HELENA – E a Carolina brigou com você por causa disso?

JONAS (cel.) – Exatamente.

HELENA – Se isso aconteceu, não foi por falta de aviso. Eu disse para você não fazer isso, mas você não me ouviu.

JONAS (cel.) – Mas Helena, você não entende? A Carolina tá exagerando. Tipo, ela permite que eu faça coisas piores com o Ricardo, mas contigo eu não posso fazer praticamente nada.

HELENA – Ah, Jonas, mas o caso do Ricardo é diferente. O Ricardo é homem, ela sabe que você não vai querer ter nada com ele. Agora eu sou mulher, ela tem razão em sentir ciúmes de mim. E outra, já esqueceu que foi por causa da tua relação com o Ricardo que ele perdeu o Dimas?

JONAS (cel.) – Mas—

Jonas interrompe seu discurso e solta um longo suspiro de frustração.

HELENA – Se a Carolina tiver te impedido de me ver, eu acho pouco.

Helena encerra a ligação. Ela respira fundo.

HELENA – Definitivamente… o Jonas não ama a Carolina…

De repente, um sorriso colore o rosto de Helena.

CENA 05: CASA DE JÉSSICA/COZINHA/INT./NOITE

Dimas, Jonas, Júlio e Ricardo estão sentados à mesa. Jonas, que estava com o celular no ouvido, larga o aparelho em cima da mesa com uma truculência que assusta os outros rapazes e bufa de raiva.

RICARDO – É, a minha ideia não ajudou em nada…

JONAS – Eu sou um idiota mesmo…

Para a surpresa de Dimas e Ricardo, Jonas começa a desferir bofetadas contra si próprio. Imediatamente, Júlio segura e abaixa as mãos do irmão, impedindo-o de continuar se autoflagelando.

JÚLIO – Para com isso, Jonas. Tu não é idiota coisa nenhuma.

JONAS – Eu sei como eu posso resolver esse problema. É a coisa mais simples do mundo… eu vou pedir desculpas à Carolina.

DIMAS – Realmente… a coisa mais simples do mundo.

JÚLIO – Como é que tu não pensou nisso antes?

JONAS – Eu vou lá agora…

Jonas se levanta da cadeira e sai da casa da mãe, deixando Dimas, Júlio e Ricardo sozinhos em cena.

DIMAS – Eu quero subir…

Imediatamente, Júlio e Ricardo se levantam, a fim de ajudar Dimas a subir as escadas.

CENA 06: CASA DE MAURÍCIO E TALITA/QUARTO DE CAROLINA E JONAS/INT./NOITE

Carolina põe Felipe para dormir em sua cama. Em seguida, Jonas entra no quarto, assustando Carolina.

CAROLINA – Bater na porta antes de entrar é um bom exemplo de educação, sabia?

JONAS – A gente precisa conversar, Carolina.

Carolina apenas encara Jonas.

JONAS – Por favor, Carolina.

Carolina vai até Jonas, ficando na frente dele.

JONAS – Carolina, eu queria te pedir desculpas.

CAROLINA – Pelo quê?

JONAS – Por ser um idiota.

Carolina se surpreende com o que ouve de Jonas.

JONAS – Me desculpa por ter feito aquilo contigo e com a Helena. Eu só tava querendo brincar com ela. E como aquilo era normal no meu relacionamento com o Ricardo e tu não se incomodava com isso, eu achei que tu ia aceitar que eu fizesse o mesmo com a Helena, que tá sendo tão minha amiga quanto o Ricardo. Eu pensei só na minha pessoa, não pensei em ti. Eu fui um idiota, um egoísta—

CAROLINA – A culpa é minha também. Eu deixei os meus ciúmes me cegarem. Eu também pensei só em mim, não pensei em ti. Fui tão egoísta quanto tu. Eu não me incomodo com tu se agarrar com o Ricardo porque eu tenho certeza de que não vai rolar nada entre vocês. Mas agora com a Helena, eu tenho medo, porque ela é mulher e é desimpedida.

JONAS – Acredite, Carolina, eu também morro de medo. Mas eu não posso simplesmente me afastar da Helena desse jeito, não agora que a gente virou amigo.

CAROLINA – Vocês precisam estabelecer limites na relação de vocês. Senão, o nosso medo vai se transformar em realidade.

JONAS – Vai dar tudo certo, Carolina… vai dar tudo certo…

Eles sorriem um para o outro e permitem que haja um beijo ali. Um beijo tímido, selando a reconciliação do casal. Aos poucos, surge a necessidade de um envolvimento maior, fisicamente simbolizado pelo abraço dos amantes. Em pouco tempo, os corpos colados se deixam cair em cima da cama do casal.

CENA 07: CASA DE JÉSSICA/QUARTO DE JÚLIO/INT./NOITE

TRILHA SONORA: Fogo sobre Terra – MPB-4 e Quarteto em Cy

Júlio abre a porta do quarto e entra, permitindo a entrada de Dimas e Ricardo, este último empurrando a cadeira de rodas do ex. Assim que Ricardo para de empurrar a cadeira, Dimas trata de conduzi-la até o mais próximo possível da cama de Júlio. Assim, ele se levanta da cadeira e tenta se colocar sentado na cama. Júlio e Ricardo tentam ajudá-lo, mas ele recusa.

DIMAS – Não precisa. Não precisa…

Júlio e Ricardo se afastam. Dimas se senta na cama e, aos poucos, vai se acomodando até encostar as costas na cabeceira da cama. Ele joga as pernas para frente, alinhando-as com a cama. Júlio e Ricardo não contêm as lágrimas, ainda mais quando Dimas lhes encara com um sorriso no rosto.

DIMAS – Vocês não sabem o quanto eu fico feliz em ver que eu saí fisicamente ileso daquele acidente. Eu ainda tenho as minhas duas pernas inteiras. E isso me deixa feliz, porque eu ainda posso alimentar as esperanças de que um dia eu volte a andar.

Júlio não se aguenta e desata a chorar, sendo amparado por Ricardo. Dimas, por sua vez, volta a olhar para as suas pernas, e enxuga as lágrimas que ameaçam cair do seu rosto. A trilha sonora vai abaixando aos poucos.

CENA 08: FORTALEZA/EXT./NOITE

Imagens do Aeroporto Internacional Pinto Martins. Amanhece.

CENA 09: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/QUARTO DE LUÍS/INT./MANHÃ

Repentinamente, a luz do sol se vê refletida no rosto de Luís. Imediatamente, ele desperta daquele sono profundo e cerra os olhos devido à claridade. A luz do sol deixa de se refletir no rosto de Luís e ele percebe que Gustavo e Maria lhe fazem companhia ali. Maria põe as cortinas na janela do quarto. O rapaz aparenta estar atordoado.

MARIA – Desculpa, maninho. Não foi por mal.

LUÍS (sonolento) – Que horas são?

GUSTAVO – São quase dez horas da manhã.

LUÍS – Quanto tempo eu fiquei dormindo?

GUSTAVO – Quinze horas.

Luís se surpreende com o que ouve, mas a sonolência não o permite expressar isso decentemente.

LUÍS – O que houve?

MARIA – Quer mesmo saber?

LUÍS – Conta tudo.

GUSTAVO – Você bebeu, fez o maior barraco aqui nesse quarto, xingou a todos nós…

LUÍS – Fiz isso tudo?

GUSTAVO – Fez sim. Chegou até a levar na cara. Aí você desmaiou e só acordou agora.

LUÍS – Nossa… por isso que o mundo ainda tá girando pra mim…

MARIA – E pra piorar, a Débora apareceu aqui ontem à noite procurando por você.

LUÍS – E o que vocês fizeram?

MARIA – Fizemos ela ir embora. Mesmo que você estivesse consciente, não a deixaríamos lhe ver.

LUÍS – Por que não?

MARIA – E ainda pergunta?

GUSTAVO – Tudo isso está acontecendo por culpa dela.

Gustavo, Luís e Maria continuam conversando.

CENA 10: CASA DE JÉSSICA/COZINHA/INT./MANHÃ

Dimas, Jair, Jéssica e Júlio estão tomando café da manhã.

JAIR – Desculpa falar, Dimas, mas essa história toda do fim do teu namoro com o Ricardo teve uma coisa boa.

DIMAS – Teve? E o que foi?

JAIR – Encontramos um substituto pro Jonas pra viver aqui conosco.

Os quatro riem.

JÚLIO – Eu adorei receber um novo irmãozinho.

Júlio aproxima sua cadeira da de Dimas e dá um beijo na cabeça dele.

JÉSSICA – Gente, me digam uma coisa… aquela briga da Carolina e do Jonas teve fim mesmo?

DIMAS – Teve sim, dona Jéssica. O Jonas pediu desculpas à Carolina e botou um ponto final nessa dor de cabeça. Aparentemente, tá tudo bem.

JÉSSICA – Graças a Deus.

JÚLIO – Ah, pai, esqueci de falar pro senhor. Mas é que hoje eu não vou trabalhar.

JAIR – Como assim, Júlio?

JÚLIO – É que hoje a Corrente marcou outro encontro. A gente vai fazer um churrasco lá na casa do seu Gabriel.

JAIR – Então, quer dizer que um churrasco é mais importante do que um dia de trabalho?

JÚLIO – Ah, pai, qual é? Vai ser só hoje, eu prometo. Eu não falto mais, vai ser só hoje.

Jair respira fundo, aparentemente descontente.

JAIR – Tá bom. Mas só hoje, viu? Palavra de homem?

JÚLIO – Palavra de homem.

JAIR – Tá certo…

Dimas e Jéssica se entreolham e não resistem em rir. Em pouco tempo, Jair e Júlio permitem-se contagiar com as risadas.

JAIR – Gente, que foi?

JÉSSICA – Meus amores, vocês se esqueceram que hoje é feriado?

JÚLIO – Feriado?

DIMAS – 7 de setembro, meu povo!

JAIR e JÚLIO – AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH…

Os quatro voltam a rir.

CENA 11: CASA DE MAURÍCIO E TALITA/COZINHA/INT./MANHÃ

Carolina, Felipe, Jonas, Maurício, Talita, Venâncio e Vinícius estão tomando café da manhã. Venâncio demonstra-se alegre ao ver Carolina e Jonas trocando beijos no rosto.

VENÂNCIO – Sabe, gente, eu andei sabendo por fontes confiáveis que um casalzinho acolá fez as pazes, sabe? Não sei exatamente que casal é, mas ele fez as pazes…

Carolina e Jonas riem de Venâncio.

JONAS (brincando) – Qual, o Dimas e o Ricardo?

VENÂNCIO – Quem dera, primo…

CAROLINA – Foi só um mal entendido, Venâncio. Não foi coisa grave não.

JONAS – Mas nós vamos nos policiar, vamos evitar ao máximo que isso se repita.

VENÂNCIO – Gente, aproveitando que hoje é feriado, vocês deveriam me levar nesse churrasco que vocês vão, né? Quero conhecer esses amigos de vocês…

JONAS – Vamos pensar no teu caso, primo.

Jonas e Venâncio sorriem um para o outro.

MAURÍCIO – Mas você só vai se a gente deixar, viu, mocinho?

VENÂNCIO – Ô, pai…

Todos riem de Venâncio.

CENA 12: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/VARANDA/INT./MANHÃ

Helena e Maria estão na varanda, observando Gustavo e Igor preparando o jardim para receber o churrasco que vai acontecer ali.

MARIA – É uma pena que o Luís não vá participar desse churrasco.

HELENA – Quem disse que ele não vai participar?

MARIA – Helena, ele ainda não tá bem. Ainda tá reclamando de dor de cabeça, tontura… ainda tá de ressaca. Como é que ele vai participar?

HELENA – Daqui até à hora do churrasco, ele vai melhorar. Você vai ver, Helena.

CENA 13: CASA DE GUTO E LUCIANA/SALA/INT./MANHÃ

Tocam à campainha. Guto corre até o portão e atende. É Ricardo.

GUTO (animado) – Opa! Entra, Ricardo.

Guto abre espaço para Ricardo entrar. Ele fecha o portão e, depois, vai com Ricardo até o centro da sala.

GUTO – E aí, o que te trouxe até aqui? Além das pernas…

RICARDO (ri) – A Luciana tá aqui?

GUTO – Tá lá no quarto dela. Se quiser esperar ela aqui…

Nesse momento, Luciana vem do corredor e entra em cena.

LUCIANA – Agora não precisa mais. Já estou aqui.

TRILHA SONORA: Um Beijo Seu – Banda Calypso

Luciana e Ricardo sorriem um para o outro. Animado, Ricardo aproxima-se da namorada e a agarra. Guto fica visivelmente constrangido. Quando Ricardo tenta beijar Luciana, ela desvia e olha para Guto.

LUCIANA – Guto—

Imediatamente, Guto se retira da sala, deixando Luciana e Ricardo a sós.

GUTO – Pode deixar, gente, eu já vou indo. É que eu não tenho vocação nenhuma pra segurar vela e eu acabei de lembrar que eu tenho umas coisas pra arrumar no meu quarto.

A sós em cena, Luciana e Ricardo sorriem um para o outro e trocam um rápido beijo. Ainda agarrados, os dois começam a sussurrar um para o outro, enquanto trocam mais beijos.

RICARDO – Hoje a gente tem um churrasco lá na casa do seu Gabriel…

LUCIANA – É verdade.

RICARDO – Mas eu tô pensando em experimentar um aperitivo…

LUCIANA – É?

RICARDO – É…

LUCIANA – Eu também tô pensando em experimentar um aperitivo… e sabe qual é?

RICARDO – Sei…

LUCIANA e RICARDO – Você…

Os dois riem um para o outro e voltam a se beijar, dessa vez de maneira mais intensa. A trilha sonora vai abaixando aos poucos.

CENA 14: FORTALEZA/EXT./MANHÃ

Imagens da Avenida General Sampaio.

Imagens da Avenida Monsenhor Tabosa.

Imagens da Avenida Antônio Sales.

CENA 15: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/SALA/INT./TARDE

TRILHA SONORA: Uptown Funk – Mark Ronson ft. Bruno Mars

Tocam à campainha. Gustavo e Igor correm até a porta. Igor olha pelo olho mágico e vê que se trata do restante da Corrente. Ele gesticula para Gustavo, instruindo-lhe a girar a maçaneta, mas deixar a porta fechada.

Alguns segundos depois, Igor permite que Gustavo abra a porta e os dois se afastam correndo. Ao mesmo tempo, Carolina, Dimas, Guto, Jonas, Júlio, Luciana e Ricardo entram na mansão com a maior euforia. Do outro lado da sala, vêm Helena e Maria, com a mesma euforia. A Corrente faz a festa na sala. Fátima vem descendo as escadas, assustada com os barulhos, mas ao ver que se trata da Corrente, ela se tranquiliza e passa a assistir aquilo com um farto sorriso no rosto.

FÁTIMA – A juventude é uma verdadeira pilha Duracell… ô época boa, cheia de vigor, de alegria, de vontade de viver…

Nesse momento, Gustavo, Helena e Igor aproximam-se de Fátima e convidam-na para participar da festa. A princípio, ela se recusa, mas logo cede e participa ativamente da bagunça. A trilha sonora é encerrada bruscamente.

CENA 16: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/JARDIM/INT./TARDE

O churrasco já começou. A Corrente se encontra sentada em uma mesa, esperando a chegada da primeira rodada do churrasco, que está sendo mantido por Gustavo e Guto. Ao ver Fátima aproximar-se da varanda, Gustavo gesticula para ela, convidando-a a aproximar-se. E quando ela o faz, ele começa a conversar com ela.

GUSTAVO – Fátima, meu amor, tem como você ir até ao quarto do Luís e ver se ele já está melhor?

FÁTIMA – Claro que sim, seu Gustavo.

GUSTAVO (sorrindo) – Gustavo.

FÁTIMA (sorrindo) – Claro, Gustavo.

GUSTAVO – Não precisa dessas formalidades com a gente, Fátima. Você tem idade para ser a nossa mãe e age como tal.

Gustavo retira um espeto de churrasco da churrasqueira e o oferece a Fátima.

FÁTIMA – Não, Gustavo, não precisa.

GUSTAVO – Tome, Fátima, é pra você. Eu sei que você gosta de churrasco de frango. Pode pegar.

Diante da insistência de Gustavo, Fátima decide aceitar o espeto. Patrão e empregada sorriem um para o outro e, em seguida, Fátima retorna ao interior da mansão. Depois disso, Gustavo volta para perto da churrasqueira. Ele olha para a Corrente reunida na mesa e cochicha algo para Guto. A resposta é um aceno com a cabeça que subentende uma resposta positiva. Em seguida, Guto retira todas as carnes prontas da churrasqueira, as serve em pratos e vasilhas e, com a ajuda de Gustavo, as leva até a mesa, para a alegria do grupo de amigos.

Enquanto todos se servem com a carne oferecida, Helena faz um sinal para Jonas. Ela consegue chamar a atenção dele.

JONAS – O que foi?

HELENA – Quero conversar com você?

JONAS – Agora?

HELENA – Se você quiser…

E assim sendo, os dois se levantam da mesa e se afastam do restante da Corrente para conversar.

JONAS – O que aconteceu?

HELENA – Você conversou com a Carolina?

JONAS – Ah… sim, conversei com ela. Eu pedi desculpas a ela, e ela também me pediu desculpas. Tá tudo bem entre a gente…

Helena respira aliviada.

HELENA – Ainda bem que deu tudo certo…

JONAS – Mudando de assunto… tu conhece o nosso filho, Helena?

HELENA – Não. Mas eu adoraria conhecer.

Jonas tira o seu telefone celular do bolso e o desbloqueia. Ele mostra o papel de parede do celular, que é uma foto de Jonas com Felipe. Helena fica maravilhada com o que vê.

HELENA – Meu Deus, que coisa linda…

JONAS – É o meu bem mais precioso…

HELENA (ri) – Imagino. Ele tem um ano e meio, né?

JONAS – Isso, um ano e meio. Ele nasceu em março, estamos em setembro… então, sim, é um ano e meio. Nossa, como o tempo passa rápido…

Helena e Jonas sorriem.

TRILHA SONORA: You Rock My World – Michael Jackson

HELENA – Jonas…

JONAS – Eu…

HELENA – Eu acho que, depois dessa dor de cabeça toda que deu ontem, eu acho que a gente deveria se afastar um pouco. Não parar de se falar, mas não ser tão colado… entende?

JONAS – Sim, eu ia falar exatamente sobre isso contigo.

HELENA – Mas tem um outro motivo mais forte que me faz pedir por isso. Um motivo que torna essa nossa proximidade perigosa para nós…

JONAS – E qual seria?

HELENA – Jonas… eu… eu te amo. Eu sou completamente apaixonada por você. Desde o dia em que nós nos conhecemos, eu não paro de pensar em você. A sua voz é o melhor carinho que alguém pode fazer nos meus tímpanos… pensar em você me causa a melhor sensação de bem estar que eu já experimentei na minha vida… toda vez que eu ouço o seu nome, o meu coração acelera… ver você é o melhor colírio que existe… o seu sorriso é a coisa mais linda desse mundo… quando você me abraçou ali na piscina, eu podia parecer desconfortável, mas por dentro eu estava pulando de felicidade porque eu estava sendo abraçada pelo homem da minha vida, eu estava pedindo para que você me beijasse e—

Repentinamente, Helena para de falar e encara Jonas, que está surpreso com o que ouvira.

HELENA – Eu precisava desabafar…

JONAS – Helena, e-eu não sei nem o que dizer.

Helena tenta responder Jonas, mas é interrompida por ele.

JONAS – Eu vivo há quase três anos com a Carolina, e eu nunca escutei isso dela. E nós nos conhecemos há uns quatro ou cinco meses…

HELENA – Jonas—

JONAS – Ninguém nunca me fez sentir amado desse jeito. Nem a Carolina, nem o Ricardo, nem o Júlio, nem os meus pais… ninguém. Eu nunca me senti tão bem…

Como em um impulso, Helena se joga em Jonas e começa a beijá-lo. O rapaz se surpreende com a atitude de Helena, mas não oferece resistência, retribui o beijo e ainda a abraça. Um beijo lascivo, intenso, que faz com que os dois percam a noção de tempo (claramente, contagiaram o autor, que está exibindo esse capítulo com mais de uma hora de atraso).

Da mesa, Carolina acaba vendo Helena e Jonas se beijando. Rapidamente, um ódio invade o interior de Carolina e se estampa no seu rosto. Magoada, a moça resmunga a um volume ininteligível e deixa escapar uma amarga lágrima de tristeza do seu olho.

Helena e Jonas se agarram com maior volúpia, o que deixa Carolina ainda mais raivosa. Rapidamente, ela se levanta da mesa e corre até Helena e Jonas. Ela consegue separar os dois e desfere uma bofetada no rosto de Jonas para, em seguida, fazer o mesmo com Helena. A trilha sonora é interrompida bruscamente.

CAROLINA – VOCÊS SÃO DOIS NOJENTOS!

É nesse momento que o churrasco é interrompido. Todos olham assustados para Carolina, Helena e Jonas. Carolina olha com ira para os dois amantes. Jonas tenta segurar o choro e Helena olha para Carolina aterrorizada.

A cena congela em um efeito preto-e-branco no rosto irado de Carolina.

FIM DO VIGÉSIMO OITAVO CAPÍTULO.

31 thoughts on “Mundos Opostos – Capítulo 28

  1. A Carolina estava certíssima quando disse que o Jonas e a Helena são dois nojentos. Quanta cachorragem, gente. Tá, Carolina não é lá flor que se cheire, mas ela não merecia isso. E fiquei com pena dela porque isso aconteceu logo depois que eles fizeram as pazes, ou seja, agora que ela estava realmente acreditando que o Jonas e a Helena eram só amigos… Depois disso, não torço mais por Jonas e Carolina.

    MO está me fazendo parar de gostar da maioria dos personagens que eu gostava em ADI, morro muito? Primeiro foi o Ricardo, agora o Jonas…

    Mas também me fez gostar de alguns que antes eu não gostava, como a Carolina.

    E morri com o barraco entre Débora e Maria. Gente, por que a Maria não denuncia ela por injúria racial?

    Ótimo capítulo mana, parabéns :*

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    • Jonas não soube aproveitar a segunda chance que a Carolina deu a ele. Mas quais serão as consequências desse beijo da Helena e do Jonas?

      Espero conseguir surpreender-lhe com mais personagens.

      Tenho uma carta na manga quanto à guerra Débora x Maria. Aguarde e verá.

      Muito obrigada, query :*

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  2. ** chegando no churrasco.

    Encontrando, Glay.

    Dando dois bejin nas bochechas. **

    Glay, querido. Quero muita carne nesse churrasco.
    Carne e Barraco não falta. Ao som de Mama.
    Adoro. Me encontro lendo o episódio anterior, kisses.

    ** indo até a área das comidas **

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  3. Jonas esta muito que certo em se entregar ao amor de Helena. Sei que ele tem a Carolina, o filho, mas como ele mesmo citou: Ninguém nunca o fez sentir amado desse jeito. Me conquistou o casal e espero que ele floresça a cada capítulo. E o amor de Ricardo e Luciana esta em chamas, tocha olímpica emocionada. Os casais donos de MO e tenho dito!

    Parabéns, Glaydson Silva! 😀 E vamos aguardando mais um barraco, amo.

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