Coração de Mentiras – Capítulo 01

Cena 1: Igreja/Int./Tarde

 

Uma mulher vestida com um véu preto e com uma roupa da mesma cor, vai caminhando naquela igreja vazia indo em direção ao grande altar. O som de seu salto caminhando sobre aquele chão de madeira ecoa todo o lugar. Chegando no local, a mulher se agacha, faz o gesto da cruz em seu peito e se encaminha para o confessionário da igreja.

Cena 2: Igreja/Confessionário/Tarde

 

A mulher se ajoelha em frente ao confessionário e começa a ouvir o Padre.

PADRE JOSÉ: Ave Maria Santíssima.

MULHER: Abençoe-me, senhor padre, pois eu pequei… E pequei muito!

Ao ouvir aquela voz, o Padre se surpreende com quem esta ali.

PADRE JOSÉ (Surpreso): Mas… Mas… Senhora Regiane? O que esta fazendo aqui nesse confessionário?

REGIANE: Ué, o que todos vem fazer: Se confessar. (Olhar malicioso) Eu também peco, padre José. Pequei e estou prestes a cometer um novo pecado nesse exato momento. (Morde os lábios) Porém eu quero me tornar uma mulher leve, uma mulher pura, sem pecados em meu coração.

PADRE JOSÉ: Mas logo você? Uma moça que sempre demonstrou uma religiosidade firme? (Risos) Eu não sei o que a senhora teria pra me contar, mas vamos começar.

REGIANE: Eu também erro, senhor padre. Sou um ser humano igual aos outros, igual a você. Bom, serei direta igual quando eu matei o meu ex marido. Não gosto de rodeios porque sou uma pessoa objetiva.

PADRE JOSÉ (Pasmo): Como? Você matou o Victório? O seu ex marido?

REGIANE: Por qual motivo eu não o mataria? Aquele asqueroso só servia pra me satisfazer e me bancar, apesar de que o prazer que ele me fornecia era meio… Como posso dizer? “Flopadinho”, se é que me entende… Que ele esteja descansando em paz no colo do Diabo. Mas eu não vim por esse motivo, e sim por outro.

PADRE JOSÉ (Pasmo): Não! Não! Não! Eu não creio que estou escutando isso de você. Logo de você, Regiane. Ainda tem a coragem de revelar isso na maior frieza.

REGIANE: Blá, blá, blá… Posso continuar? Obrigada. Você se lembra do Rodrigo Manzoni? Aquele que eu amava tanto? Pois bem, pela boca desse povo o senhor deve ficou sabendo que naquele tempo, ele me largou e fugiu com aquela mulherzinha de quinta. Eu não suportei isso padre. Não suportei esse abandono e ainda mais que ele engravidou aquela lá. Foi quando comecei a planejar durante esses últimos anos, uma vingança para que ele e a esposa dele, sofressem na pele o que eu sofri. Bom, semanas atrás eu consegui tirar a vida da Antônia. Difícil foi, mas eu consegui. Meu primeiro passo foi dado e mais cedo ou mais tarde o Rodrigo estará de volta a Fênix Negra. Agora eu quero atingir diretamente ele e para isso, eu vou usar o meu filho Miguel e a filha dele Thelma, para a formação, ou melhor, uma união sadia incestuosa.

PADRE JOSÉ: Você não pode fazer isso, Regiane. A vingança só vai trazer a infelicidade para ambos. E que história é essa de incesto? Eu não estou entendendo.

REGIANE (Se aproximando): O Miguel é filho do Rodrigo e é através dele que eu vou montar esse incesto. Incesto de altíssima qualidade por sinal. Um incesto de irmãos.

Após ouvir aquelas palavras de Regiane, o Padre se apavora.

PADRE JOSÉ (Pasmo): Pelo amor de Deus, minha filha, um incesto entre irmãos não, por favor, eu te suplico. Tira essa idéia inútil da cabeça, Deus não gosta desse tipo de pecado.

REGIANE: Você se suplicando? Falando que Deus não gosta dessas coisas? Apenas dou risadas de você, José. De Deus, eu só quero um lugar lá em cima pra mim ficar perto de minha mãe, nem que seja bem no canto, mas eu quero. Pra mim, pouco me importa o que ele acha ou deixa de achar, apenas isso que eu quero dele. Me surpreendo com você, querido padre. O senhor é o mais errado de todos os pecadores. Sua consciência sabe que o seu pecado é pior do que todos os meus.

PADRE JOSÉ (Assustado): Eu sei do que eu fiz, mas me arrependi. Não se atreva a dizer o que eu já sei.

REGIANE: Então… Você se arrependeu? (Riso Sarcástico) Para de piadas, pois que eu saiba, isso aqui é uma igreja e não aqueles péssimos programas de humor. E volto a repetir mesmo pra ver se você não esquece, seu pecador. Imagine um padre gostar de um homem, um padre viadinho. Um padre que amava o ex-marido de sua fiel… Lamentável! Descobri isso e irei te atormentar sim, se a partir de agora você se vier com esse sermão barato. Falar dos outros é fácil, né? Quero ver olhar pro próprio rabo.

PADRE JOSÉ (Chorando/Colocando as mãos sobre o rosto): Cala a boca, por favor!

REGIANE: Agora é cala a boca? Nossa! Fiquei tão surpresa agora. Até me deu uma exitada. (Riso sarcástico – se levantando) Mas enfim, irei deixa-lo refletindo, por hoje é só. Agora, vai lá contar para esse povo o que acabou de ouvir. Mas conte tudinho, ok? Passar bem. (Regiane caminha para a saída da igreja, porém retorna) Ops… Estou me confessando e ninguém poderá saber disso porque confissão é confissão. (Riso sarcástico) Ai, ai… Eu me divirto com essa sua profissão, sabe? Agora me dê a benção. (O Padre permanece em silêncio) ME DÊ A BENÇÃO, JOSÉ! Sua fiel merece pelo menos isso.

José dá a benção a Regiane, que vai saindo do confessionário partindo em direção ao lado externo da igreja. A imagem vai escurecendo.

DIAS ANTES…

 

Cena 3: Casa de Praia/Quarto/Noite

 

Rodrigo vai entrando em seu quarto guiando Antônia que estava vendada. O local esta com tons românticos.

RODRIGO: Fica imóvel aqui e só retire a venda quando eu disser que pode.

ANTÔNIA: Tudo bem mas seja rápido porque eu estou muito ansiosa.

RODRIGO: Espera só um momentinho… (Fica ao lado da cama) Agora, sim. Pode tirar.

Antônia retira a venda de seus olhos e se surpreende com a decoração que Rodrigo preparou pra ela.

ANTÔNIA (Emocionada): Nossa, Rodrigo! Que lindo, meu amor. (Se aproximando) Eu não mereço tanto.

RODRIGO: Isso é o mínimo que eu posso fazer pra retribuir esse amor tão lindo que você sempre me deu. Dezesseis anos de casados não é pra muitos não. -Risos

ANTÔNIA (O abraça): Eu que te agradeço por esses anos de união e fidelidade. Jurou ao padre que seria na saúde e na doença, e esta cumprindo. Apenas te amo!

RODRIGO: Eu que te amo!

Rodrigo e Antônia começam a se beijar apaixonadamente e em seguida se vão deitando na cama.

Cena 4: Casa de Praia/Frente/Noite

 

Naquele lugar escuro e vazio que não possuía outras residências ao redor, Regiane vai caminhando em direção a casa de praia carregando dois galões cheios de um líquido inflamável. A mulher vai até a janela do quarto onde esta o casal e os observa através do vidro sem que ambos à percebessem.

REGIANE (Furiosa): Esses dois me pagam! Essa infeliz principalmente por ter roubado o meu homem. Eu não me vinguei naquele tempo por causa do chato do Victório, mas agora, tenho todo o tempo do mundo pra arruinar essa união de vocês.

Regiane abre  um dos galões e aos poucos, vai derramando o líquido em toda parte externa da casa. Após espalhar o líquido de ambos os galões, ela retira um isqueiro de seu bolso.

REGIANE: Última palavra? Você Antônia, não terá esse direito. Será que consigo derrubar dois coelhos com uma cajadada só? -Risos- Amo chamas, ainda mais quando não é em momentos de prazer. (Ascende um isqueiro) “Eu sou fogo… Você é Paixão”. (Solta o isqueiro em cima do líquido) E queimem juntos ao Victório. Queimem, queimem e queimem! (Ela observa o fogo se espalhando) Parece que a festa no inferno será bem divertida.

Regiane vai saindo do local e caminha até o matagal ali perto e se esconde dentro dele.

REGIANE: E que comece a vingança!

Cena 5: Casa de Praia/Quarto/Noite

 

Antônia e Rodrigo permanecem se beijando até que se assustam ao ver uma claridade vindo da janela. Ambos se sentam na cama.

ANTÔNIA: Rodrigo? Que claridade é aquela vindo lá de fora?

RODRIGO: Claridade?-Olha pra Janela– E é verdade. Do que deve se tratar essa luz toda? Fique aqui, meu amor, irei ver o que é.

Rodrigo se levanta quando ouve um chamado.

ANTÔNIA: Rodrigo!

No exato momento, a vidraça da janela explode espalhando vidros por todo o quarto. O casal se assusta.

ANTÔNIA (Assustada): É fogo, Rodrigo! A casa esta em chamas.

RODRIGO: Fogo? Não pode ser. Como isso é possível?

ANTÔNIA (Assustada): Eu não sei, Rodrigo, mas parece que é muito.

RODRIGO: Vamos sair daqui logo antes que as chamas se espalhem pela casa toda.

Rodrigo pega sua esposa pelo braço e vai caminhando até a saída da casa. Chegando na sala, eles presenciam todos os móveis pegando fogo. A casa estava sendo tomada pelas chamas e fumaças.

ANTÔNIA (Apavorada): Não tem saída! A porta foi tomada pelo fogo. (Tosse) O fogo esta dominando tudo, Rodrigo.

RODRIGO: Temos que nos arriscar, Antônia. Segura em meu braço.

Antônia segura no braço do marido e juntos vão tentando passar por meio daquelas chamas. Um pedaço do teto cai em cima de Antônia que se fere caindo no chão. Ao perceber que sua esposa não segura mais o seu braço, Rodrigo retorna.

RODRIGO (Assustado): Antônia!

Antônia tenta se levantar e Rodrigo à ajuda.

ANTÔNIA (Chorando): Nós vamos morrer, Rodrigo. (Tosse) Era pra você ter ido e me deixado aqui.

RODRIGO: Jamais eu te deixaria, meu amor. Antes de mim, vem você e nossa filha.

Rodrigo coloca Antônia em seus braços e vai se desviando daquelas chamas. Por causa da fumaça, Antônia vai perdendo a respiração.

ANTÔNIA (Com dificuldades): Eu não estou… Aguentando… Me deixa aqui… Se salva… Cuida da Thelma…

RODRIGO (Nervoso): Eu não vou te deixar, pare de pedir isso!

Rodrigo permanece caminhando quando avista uma abertura na janela da sala. Ele atravessa os objetos que estavam em seu caminho e consegue sair do local. O casal se afasta um pouco da casa em chamas.

Trilha Sonora: Dejarte De Amar- Dulce María

RODRIGO (Ofegante): Conseguimos. (Antônia continua a tossir) Calma meu amor, vai correr tudo bem. A nossa união jamais será destruída, só irá ser quando eu morrer primeiro.

ANTÔNIA (Fraca): Eu sei que ficarei bem, muito obrigada, meu amor. Se não fosse você, agora eu estaria morta. Te amo!

Antônia olha nos olhos de Rodrigo e o beija. O foco vai para o matagal onde Regiane observa tudo.

REGIANE (Nervosa): Malditos! Como ela conseguiu sair daquele barraco sujo? Inferno! (Grito) Ódio! -Regiane se acalma aos poucos- Calma, Regiane… O primeiro passo falhou, mas o próximo será mortal. Esse casalzinho vai ter o que merece por ter te feito sofrer. E se o segundo falhar também, você terá que pegar o seu amiguinho, -Retira um revólver de sua cintura- e mirar no meio da cara dessa vaca.

AMANHECE

Cena 6: Casa dos Manzoni/Sala/Dia

 

Um telefone fixo toca em cima de uma cômoda. Vindo do fundo do local, Thelma corre para atender. Chegando perto do objeto, a moça atende a chamada.

THELMA (Tel.): Alô?

RODRIGO (Tel.): Thelma, minha filha? Aqui é o seu pai.

THELMA (Tel.): Oi, pai! Como esta sendo o aniversário de casamento? A mamãe gostou da surpresa?

RODRIGO (Tel.): Estava indo bem até ocorrer um incidente, mas já estamos bem, Thelma. Não foi nada de tão grave.

THELMA (Tel.): Incidente? O que aconteceu, pai? Agora eu fiquei preocupada. E a mãe?

RODRIGO (Tel.): Fica calma, como disse: Não foi nada de tão grave, okay? Eu vou passar pra ela e vocês se falam. Beijos!

ANTÔNIA (Tel.): Oi, minha filha! Olha, a ligação pode cair a qualquer momento mas ligamos para avisar que já estamos voltando pra casa.

THELMA (Tel.): O que aconteceu? Meu pai falou de um incidente e eu quero saber o que ouve.

ANTÔNIA (Tel.): Quando chegarmos aí eu conto tudo o que aconteceu, pode ser? Agora tenho que desligar. Beijos e te amo filha!

THELMA (Tel.): Então okay. Beijos e te amo também. -Thelma coloca o telefone no gancho e fica intrigada- O que será que aconteceu pra eles adiantarem a volta?

Cena 7: Casa de Praia/Frente/Dia

ANTÔNIA: Espero que ela não tenha ficado preocupada. Você sabe bem como é nossa filha, Sempre esta se importando conosco.

RODRIGO: Verdade… Deus foi generoso com a gente. A Thelma se tornou uma mulher meiga, inteligente, estudiosa e ainda mais, puxou a beleza da mãe.

ANTÔNIA (Risos): Para com isso e vamos voltar logo pra casa. Rodrigo? Tem certeza que não devemos informar a polícia sobre o caso?

RODRIGO: Claro que tenho. Perderíamos muito tempo dentro daquele lugar cheio de bandidos e criminosos. E se foi o transformador ou… Alguma coisa do tipo? A culpa cairia pra cima de nós e sofreríamos as consequências.

ANTÔNIA: Pensando por esse lado… Vamos? Quero voltar pra minha linda casa e esquecer tudo o que ouve. Não podemos desperdiçar esses dias tão mágicos.

RODRIGO: Então me dê um beijo para partimos.

ANTÔNIA: A idade não te tirou essa esperteza, hein? (O beija) Agora vamos?

RODRIGO: Agora mesmo!

Rodrigo sorri para Antônia e os dois entram no veículo e partem daquele local.

Cena 8: Ponte/Dia

 

O carro do casal vai atravessando aquela ponte indo em direção a sua residência.

ANTÔNIA: Eu não gosto de passar por essa ponte, fico sei lá, meio receosa.

RODRIGO: Enquanto eu estiver ao seu lado, pode mandar esse receio e esse medo embora. Estou aqui pra te proteger de tudo e de todos.

ANTÔNIA: E quem disse que eu estou com medo, super-homem? Receio é totalmente diferente de medo. Você esta comparando farinha com açúcar, eu hein, parece que não pensa.

Rodrigo continua a dirigir e à atravessar aquela ponte. Aos poucos ele vai aumentando a velocidade.

ANTÔNIA: Pra que essa velocidade toda?

RODRIGO: Quero sair logo dessa ponte pra você não ficar tão receosa.

ANTÔNIA: Para de graça se não ficará na seca hoje à noite, em. Olha pra frente e preste atenção no caminho. Não quero que você passe por cima de algum objeto e nos faça parar aqui nessa altura pra trocar o pneu.

RODRIGO: Tá bem, parei. Agora me dá um beijo no rosto? Quero como recompensa.

ANTÔNIA: Chato… (O beija) Agora chega.

O automóvel permanece com a velocidade um pouco alta. De repente, um carro sendo perseguido por várias viaturas de policia vem vindo em direção ao carro do casal.

ANTÔNIA: Rodrigo? O que é aquilo vindo ali?

RODRIGO (Apavorado): Antônia! O carro esta sendo perseguido por policiais. Eles estão em contra mão!

ANTÔNIA (Apavorada): Não! Isso não pode estar acontecendo. Freia o carro, Rodrigo, vamos retornar.

Rodrigo pisa no freio mas de nada adianta.

RODRIGO (Apavorado): O freio não esta fazendo efeito! -Pisa de novo- O freio não esta indo, Antônia.

ANTÔNIA (Apavorada): Faz alguma coisa, rápido! Eles estão se aproximando.

Rodrigo pisa no freio, mas não obtém resultados. Os bandidos começam atirar contra os policiais. O carro do casal é ultrapassado pelos carros da polícia e dos bandidos. Mesmo que os carros tenham ultrapassado eles, Antônia e Rodrigo permanecem tensos dentro do veículo.

ANTÔNIA (Apavorado): Eles passaram a gente, graças a Deus. Agora só falta sairmos daqui o mais rápido possível sem que nada nos aconteça. Tenta puxar o freio de mão!

SILÊNCIO NA CENA

Um bandido coloca a cabeça para fora da janela do carro e mira com seu revólver para trás. Ele tenta mirar no carro da polícia, mas erra o alvo e acerta o carro de Antônia e Rodrigo. A bala atravessa o vidro traseiro do veículo e atinge em cheio as costas de Antônia. Por causa da força, a bala atravessa o peito da mulher e atinge a vidraça da frente do carro. Ao ouvir o barulho, Rodrigo se vira e se apavora ao observar o corpo da esposa todo ensanguentado.

RODRIGO (Apavorado/Gritando): Antôniaaaa!

Rodrigo olha para o rosto da mulher e presencia os olhos dela se fechando lentamente. Para socorrer a esposa, o homem esquece de puxar o freio de mão e perde o controle do carro que bate na proteção da pista que faz o automóvel capotar até a beira da ponte. Rodrigo chora em pânico. Um táxi que vinha em sequência ao carro, perde o controle e esbarra no veículo do casal que cai do alto da ponte. A imagem escurece.

Cena 9: Hospital/Quarto de Rodrigo/Noite

 

A imagem clareia e observamos em uma cama de hospital, Rodrigo desacordado. Ao seu lado esta sua filha Thelma de pé.

THELMA (Chorando): Acorda, pai. Eu não aguento ficar nesse sofrimento sozinha…

Aos poucos, Rodrigo vai abrindo os olhos. Ele se depara com a filha chorando.

RODRIGO: Thelma? O que aconteceu, minha filha? (Se sentando) Onde estou?

THELMA: Para, pai! Não faça esse tipo de esforço. Permaneça deitado pra você se recuperar logo.

RODRIGO: Onde estou, minha filha?

Thelma abraça seu pai.

THELMA: Você esta no hospital, pai.

RODRIGO: Hospital? O que aconteceu, Thelma? -Silêncio- Me diz!

THELMA: Aconteceu um acidente de carro e você estava nele, não se lembra?

RODRIGO (Assustado): Isso é consequência daquele acidente?

THELMA: Sim, pai. Você ficou desacordado nesses últimos três dias. (Chorando) Ainda bem que você acordou… Já estava me sentindo sozinha.

RODRIGO: Sozinha? E sua mãe? Onde esta a Antônia, Thelma? Eu quero vê-la.

THELMA: Pai? (Pegando em sua mão) Além do acidente, a mamãe tinha levado um tiro por causa de uma perseguição policial.

RODRIGO: Não me assusta, Thelma. Cadê sua mãe? Onde esta ela? Eu quero falar com ela, saber como ela esta.

THELMA (Chorando): Se acalma, pai.

RODRIGO (Chorando): Então me diga, filha. Onde esta sua mãe?

Thelma se cala durante uns segundos, mas logo responde.

THELMA: Pai… Ela morreu!

Após ouvir o que a filha acabou de falar, Rodrigo sofre sem querer acreditar. Thelma o abraça fortemente impedindo-o de qualquer movimento brusco.

RODRIGO: Não! Não! Não! Não! Não!… Não pode ser… Ela não pode ter me deixado. (Chorando) Antôniaaaa…!

Foco no rosto de Thelma. Foco no rosto de Rodrigo. Foco no abraço de pai e filha.

FIM DO PRIMEIRO CAPÍTULO