Coração de Mentiras – Capítulo 16 (Última Semana)

Coração de Mentiras 2

CENA 1: ANTIGA CASA DE REGIANE/INT./NOITE

Regiane e Heitor adentram o local que permanecia escuro só iluminado pelo poste que clareava a rua e atravessava os buracos de janela daquela velha casa. O local está destruído e com diversos móveis queimados por causa do atentado a Victório.

REGIANE: E é aqui o local onde você vai se esconder até eu terminar de fazer o que devo aqui nessa cidade. Não é um luxo e não está em perfeito estado, mas duas semanas você consegue aguentar.

HEITOR: Nossa, Regiane, que péssimo lugar você me trouxe. Cara, pensei que no mínimo teria uma cama inteira sem estar nesse horrendo estado.

REGIANE: E o que você queria? Um hotel cinco estrelas com vista pro mar? –Risos– Nessa imunda cidade nem uma pensão decente você encontra.

HEITOR: As qualidades desse recinto chega a ser precário. Nem aquele povo que vive debaixo da ponte teriam coragem de dormir ou viver aqui.

REGIANE: Não reclame, Heitor, como disse será apenas duas semanas e logo você irá desfrutar do meu dinheiro e de outras coisas a mais fora de Fênix Negra.

HEITOR (Saliente): Hum… –Se aproximando– Estou contando os dias pra isso acontecer.

REGIANE: -Desviando e indo em direção a porta- Enfim, agora vou indo antes que alguém reconheça o meu carro que está aí fora. Já deixei dentro daquele armário velho -Aponta para o móvel – alguns objetos como colchonete, cobertores que você irá precisar. Amanhã cedo venho com alguns lanches e mais algumas coisinhas pra você poder se aconchegar melhor. Apenas quero sigilo total, ouviu? Nada de sair repentinamente e nem sair sem disfarce.

HEITOR: Seu pedido é uma ordem! Ah, e o que vamos fazer caso encontrem ou sintam falta do padre?

REGIANE: Se encontrarem o corpo, não deixamos rastros de que fomos culpados pelo ataque a ele. Se sentirem falta não podemos fazer nada também. Se ele disse que foi pra capital, então ele foi pra capital. –Risos– Até amanhã.

Regiane abre a porta e se vira para Heitor mandando um beijo no ar para ele. Heitor sorri.

CENA 2: DELEGACIA DE FÊNIX NEGRA/SALA DO DELEGADO/NOITE

O delegado está sentado em sua poltrona apoiado em sua mesa, aguardando a entrada de uma pessoa que irá denunciar um caso. Uma mulher loira adentra a sala usando um óculos escuros e se senta diante ao delegado.

DELEGADO: Boa noite, senhora, qual é a denúncia que irá fazer?

MULHER: Boa noite, senhor, é sobre a morte de uma moça chamada Neusa Maria, a empregada que foi vítima de um atentado aqui em Fênix Negra umas semanas atrás. -O Delegado abre a boca para dizer algo, mas…- Primeiramente, desculpa interromper, eu não quero me identificar. Eu quero fazer justiça em nome dessa moça sem receber reconhecimento em troca, me entende?

DELEGADO: Fico surpreso e ao mesmo tempo admirado pela sua nobre atitude. Bom, tínhamos encerrado esse assunto e dado como bala perdida o assassinato dessa moça.

MULHER: Te garanto que não foi bala perdida que essa mulher de família foi vítima.

DELEGADO (Se aproximando): A senhora quer dizer que…

MULHER: Sim! A Neusa foi vítima de um ataque muito bem bolado. Parece que o responsável que a matou estava nas mãos, vamos dizer assim, dessa senhora e o único jeito que ela encontrou para cala-la foi tirando sua vida.

DELEGADO: A senhora tem certeza do que está falando? Isso é uma acusação séria e grave por sinal. Deduzo que para dizer essas palavras tão sigilosas e sérias a mesma deve ter alguma prova para comprovar isso, certo?

MULHER: Com toda certeza! –Abre sua bolsa e retira uma arma dentro de um plástico lacrado- Aqui eu tenho o objeto que comprova absolutamente tudo o que falei. O nome do assassino é Heitor Mariano e nessa arma tem suas digitais. Ah, caso queira alguém para dizer onde esse ser se encontra, pode contar comigo.

O Delegado pega a sacola com a arma e a olha atentamente. A mulher sorri. Depois de uns segundos conversando com o delegado ela se retira da delegacia e entra em um carro. A mulher aos poucos vai tirando a peruca e seus óculos escuros e olha para o retrovisor do automóvel. Observamos que a mulher que fez a denúncia é Regiane.

REGIANE (Triunfante): Mais um que vai sair do meu caminho.

CENA 3: MANSÃO DOS VASCONCELLOS/SALA/NOITE

Após ver seu pai ali diante dele, Miguel vai se afastando espantado esbarrando nas coisas que estão em seu caminho.

MIGUEL (Pasmo): Não! Não! Não! Você está morto, pai, eu vi o seu enterro.

VICTÓRIO: Não, Miguel, eu nunca morri, meu filho. Aquele corpo carbonizado no dia do acidente estava irreconhecível e podia ser de qualquer um, felizmente não era o meu. Acredite filho, sou eu o seu pai em pele e osso.

MIGUEL (Chorando/Se aproximando): Você está… –Toca em seu braço– Está vivo! Meu pai não morreu, meu Deus, ele está aqui diante a mim.

Chorando de alegria, Miguel abraça Victório que se emociona com o forte e aconchegante abraço do jovem.

MIGUEL: E onde você estava esse tempo? Por que se escondeu de tudo e de todos?

VICTÓRIO: -Se afastam– Eu precisei pra poder acabar com a responsável do meu atentado e fazê-la pagar pelo que me causou. Foi a Regiane, Miguel, ela quem foi a responsável por querer me matar naquele acidente. Foi ela!

MIGUEL (Surpreso): Minha mãe não seria capaz disso, pai.

VICTÓRIO: Mas foi. Diante dessa pouca vergonha que você está presenciando na tela da tv, Miguel, você ainda acredita que sua mãe não seria capaz de uma coisa dessas? Ah, por favor.

MIGUEL: Por qual razão ela faria isso com o senhor se sempre o amou?

VICTÓRIO: Nem eu sei motivo, mas sei que após minha “morte” ela esvaziou minhas contas no banco, levou a falência diversas empresas que eu tinha pra se esbaldar do bom e do melhor. A sua mãe não presta, Miguel, resta você aceitar.

Miguel tenta não acreditar em seu pai e se aproxima televisão que ainda passava aquele vídeo. O jovem soca a tela da tv.

MIGUEL (Enfurecido): Como eu fui tonto em acreditar naquela mulher. Acreditar nas mentiras que ela inventava dizendo que o amava, que lamentava a sua morte, que sofria em silêncio todas as noites. –Retorna ao seu pai– Ela é uma mentirosa, falsa, hipócrita… Eu não vou perdoa-la tão cedo. Não vou!

Um barulho de chaves destrancando a porta é ouvido. Victório e Miguel se entreolham.

VICTÓRIO (Sussurrando): Vem, Miguel, venha comigo.

Cautelosamente, Miguel e Victório se escondem na cozinha. Regiane abre a porta e entra na mansão. Ela caminha pela sala e se espanta ao ver o seu vídeo em momento íntimo com Heitor.

REGIANE (Pasma): De novo? Não, não pode ser. O que significa isso?

CENA 4: IGREJA/FUNDO/QUARTO DE RODRIGO E THELMA/NOITE

Trilha Sonora: Si Fuera Fácil- Matisse MX

Deitada em sua cama com as mãos apoiadas em sua barriga, Thelma faz um singelo e encantado sorriso no rosto. Ela olha seu anel de noivado no dedo e pensa em Miguel e nos momentos que passou com ele ao longo do dia. Os momentos de encontros e de paixão também ganham espaço em seu pensamento.

THELMA (Pensando): Nosso amor é algo tão diferente, especial, apaixonante. Desde quando nos encontramos, senti em você algo surreal e lindo. Mesmo com meu passado doloroso por parte da morte de minha mãe, sei que se ela estivesse aqui comigo falaria para seguir em frente e viver. Por isso decidi ouvir o meu coração e me entregar ao Miguel. Agora não é apenas eu e ele, agora é eu, ele e você. –Alisa a barriga– Seremos muito, mais muito felizes.

Thelma suspira e sorri bastante encantada com tudo o que está acontecendo em sua vida.

CENA 5: MANSÃO DOS VASCONCELLOS/SALA/NOITE

Regiane desliga a televisão nervosa. Em seguida, a mulher vai até a tomada e retira o fio da tv e se senta o sofá aliviada.

REGIANE: Será que alguém chegou a assistir isso?

No momento, Regiane ouve várias palmas vindo da cozinha. Ela se levanta assustada e se surpreende com Miguel e Victório se aproximando dela.

MIGUEL (Nervoso): Eu e meu pai assistimos essa pornografia barata onde a senhora foi a principal atriz.

VICTÓRIO: É, Regiane, dessa vez você não vai ter escapatória.

REGIANE (Pasma): Vi- Victório? Você não…

VICTÓRIO: Bingo! Acertou, eu não morri. O seu plano em tirar minha vida deu errado.

REGIANE (Pasma): Não! Não! Não! Você é um fantasma!

VICTÓRIO: Não sou um fantasma, Regiane, e sim a vítima daquele incêndio causado por ti.

REGIANE: Do que você está falando? Jamais eu seria a responsável por querer acabar com a sua vida, afinal eu te amava e continuo te amando. Vem aqui, amor, me dê um abraço. –Falso choro– Sofri tanto com a sua perda que você não faz ideia. Deixa eu te tocar e sentir sua presença diante a mim.

Regiane se aproxima de Victório que furioso, acerta uma forte bofetada em seu rosto fazendo-a cair no chão. Miguel se opõe e levanta a mãe.

VICTÓRIO (Nervoso): Isso é o que você merece, assassina! E ainda tem mais, eu vou terminar de acabar com você e mostrar quem realmente matou a Neusa que não tinha nada a ver com isso.

MIGUEL (Levantando-a): Agredir não, pai, por favor. Essa não será a solução.

REGIANE (Chorando): O seu pai está louco, Miguel, ele perdeu o juízo completamente. Não consegue enxergar que essa história de falsa morte era tudo um plano para me humilhar?

VICTÓRIO: Não queira tentar virar esse jogo a seu favor que não é o momento e nunca vai dar certo. A sua farsa caiu, Regiane, caiu e da pior maneira possível. Vou terminar de acabar com sua raça, vadia, e só sossegarei quando vê-la mofar atrás das grades.

MIGUEL: Essa acusação contra a morte de Neusa é verdade, mãe? Você foi capaz de mandar mata-la?

REGIANE: Meu filho duvidando de mim? Não! Isso é gozação só pode. Escuta aqui, eu jamais seria capaz de fazer ou participar de tal ato. Eu errei sim em me deitar com o Heitor, mas…

VICTÓRIO (Interrompendo): Mas nada! Esse jeito sínico já deu, né? Assassina!

REGIANE (Chorando): Eu não sou obrigada a ouvir isso da boca de vocês dois, estou farta. Se não quiser acreditar no meu amor, pois bem, não acredite. Mas vir com calúnias pra cima de mim já é demais.

Regiane se encaminha para as escadas querendo ir para o seu quarto quando Victório a impede segurando seu braço.

VICTÓRIO: Onde é que você pensa que está indo?

REGIANE: Pro meu quarto, hora. Só porque você está vivo não quer dizer que vai tirar tudo de mim e mandar nas coisas que eu tomei conta durante esse tempo em que você estava brincando de esconde-esconde. Agora me solta!

Regiane se solta e sobe as escadas. Victório bufa e Miguel se senta no sofá ainda em estado de surpresa pelo que presenciou.

CENA 6: MANSÃO DOS VASCONCELLOS/SUÍTE DE REGIANE/NOITE

Regiane entra em seu quarto nervosa. Ela desconta sua raiva no momento em que fecha a porta do local.

REGIANE (Nervosa): Não pode ser! Inferno! –Tira o lençol de sua cama e o joga no chão– Aquele infeliz voltou pra infernizar minha vida. –Joga seus pertences de uma cômoda no chão– Infeliz! Desgraçado! O pior é que aquela neguinha safada estava junto a ele pelo jeito. –Se senta na cama– E meu filho? Eu não posso ficar sem ele. Mesmo o usando para acabar com o Rodrigo, ele é a única pessoa que tenho e perde-lo seria como se tirassem tirado minha própria vida. –Se levanta indo em direção a sua banheira– Posso ter errado na primeira tacada, mas na segunda eu juro que acerto, maldito diabo.

CENA 7:

AMANHECE EM FÊNIX NEGRA

CENA 8: MANSÃO DOS VASCONCELLOS/JARDIM/DIA

Vestido como se vestia antes de sua falsa morte, Victório caminha pelo jardim olhando sua mansão. Ele se apoia no muro e observa Miguel se aproximando.

VICTÓRIO: Como vai, filho?

MIGUEL: Agora que estou ciente que todas as manhãs poderei vê-lo outra vez faz tudo ficar maravilhoso. Senti sua falta, pai, você nem imagina quanto.

VICTÓRIO: Claro que posso imaginar. Também senti muito a sua falta, filho. Todas os dias rezava para que esse dia chegasse o mais rápido possível para te ver.

MIGUEL: Te amo, pai. –Se abraçam rapidamente– Olha, acho que a partir de hoje o senhor será fundamental para os meus planos do futuro. Sabia que vou ser pai?

VICTÓRIO (Feliz): Nossa Miguel, parabéns! –O abraça– Reaparecer e saber que serei vovô é algo maravilhoso estou super feliz, filho.

MIGUEL: Sabia que iria curtir. Agora que o senhor sabe da grande notícia, poderá me ajudar a preparar o casório e nos demais assuntos envolvendo o meu filho e meu futuro.

VICTÓRIO: Será um prazer, filho. Darei o máximo de mim para realizar e satisfazer tudo o que você necessitar. E posso contar com você, filho, também?

MIGUEL: Claro, mas me diga pra quê necessariamente.

VICTÓRIO: Em breve você vai saber, filho.

MIGUEL: Tudo bem. Bom, vem comigo arrumar um padre para preparar a data e os assuntos para o casamento? Quero me casar com a Thelma logo e fazê-la a mulher mais feliz desse mundo.

VICTÓRIO: E o padre José, hein? Não pode falar com ele? E outra, vai ser bem estranho para todos me verem assim vivo de uma hora pra outra. Acho melhor não.

MIGUEL: Sobre o padre José, bem que queríamos que ele nos desse sua benção, mas como queremos nos casar o mais rápido possível, ele não chegará a tempo pois está na capital. E sobre você,  uma hora ou outra todos vão saber que você não está morto como pensaram. Logo…

VICTÓRIO: Entendi! Então vamos, filhão. –Risos.

Miguel e Victório, sorrindo, se retiram do Jardim. O foco vai para a varanda do quarto de Regiane onde a mulher olhava aquele momento com um olhar frio.

CENA 9: ANTIGA CASA DE REGIANE/INT./DIA

Deitado e coberto em um colchonete velho, Heitor olha para o teto daquela casa velha.

HEITOR: Apesar de ser velho, essa casa daria um ótimo lar caso não estivesse nesse estado precário. Regiane sempre se dando bem nessa vida.

No momento, Heitor é surpreendido com a chegada de policiais que entram no local apontando uma arma pra ele. Heitor se levanta apenas de cueca assustado.

HEITOR (Assustado): O que é isso, cara? O que está acontecendo?

DELEGADO: Heitor Mariano Mendes? Você está preso pelo assassinato de Neusa Maria.

HEITOR: Quem é Neusa Maria? Não sei do que os senhores estão falando.

DELEGADO: Algemem ele!

Vários policiais vão para cima de Heitor o algemando. Ele se esquiva, mas acaba sendo algemado.

HEITOR (Nervoso): Me soltem! Isso é um grande engano! Vocês estão prendendo a pessoa errada! Me soltem!

DELEGADO: Diante de provas, meu jovem, é difícil provar que não está envolvido em algo.

Heitor é conduzido até fora da casa e entra dentro da viatura policial. O carro parte em direção a delegacia.

CENA 10: CASA DE VICTÓRIO/QUARTO/DIA

Maria está carregando um copo com água e o entrega para uma pessoa que estava sentada na cama. A jovem se senta em uma cadeira frente a pessoa.

MARIA: Espero que tenha se recuperado do ocorrido de ontem e ter dormido bem. Acho que o senhor deve ir na delegacia prestar depoimento e colocar aquela vadia atrás das grades.

A pessoa após beber a água, entrega o copo a jovem que põe sobre um cômodo. O foco vai para a pessoa que está frente a Maria. Descobrimos que é nada mais nada menos que o Padre José.

PADRE JOSÉ: Eu vou fazer isso, filha, porém primeiro tenho que ir pra capital. Sei o jeito ideal pra derrubar aquela mulher e de brinde, por ela na cadeia.

MARIA: Tio, o senhor já escondeu muitas coisas sobre essa mulher. Já sofreu demais por causa dessas atitudes dessa louca. Francamente, tio, esperar pra depois denunciar é maluquice, desculpe a palavra mas é a verdade. Enquanto o senhor estiver na capital essa mulher pode provocar mais intrigas e acabar de vez com mais e mais pessoas. Por favor, pense bem.

PADRE JOSÉ: É um risco eu sei, mas tenho que me arriscar. Por esse povo que sofreu um dia e que sofre por causa dela, é que tenho que primeiro ir pra capital e depois acabar com essa ameaça pra nossa cidade.

MARIA: Essa não seria a maneira ideal, mas vou por fé no senhor.

PADRE JOSÉ: Muito obrigado, filha, por isso e por ter me tirado daquela tortura.  Foi angustiante e horrível passar aquele tempo, independente se foi pouco ou não, debaixo da terra. Momentos de pânico que graças a Deus foi interrompido com a sua chegada.

MARIA: Era o mínimo que deveria ter feito por você ali. Mesmo ouvindo aquelas coisas antes de ir embora da igreja, senti que aquela era a minha obrigação no momento.

PADRE JOSÉ (Estendendo a mão e pegando as de Maria): Me desculpe, Maria, naquele dia eu… Eu fiquei nervoso por saber do seu amor por Victório, o homem que eu… Que eu sempre tive uma atração, um amor.

MARIA (Surpresa): O quê?

PADRE JOSÉ: Sim, Maria, estou me sentindo uma aberração. Pode parecer pecado, mas eu sempre o amei e no momento em que ouvi aquilo, fiquei fora de mim e… –Chorando– E te mandei embora.

MARIA: -Caminhando pelo quarto com as mãos na cabeça- Mas tio, isso… Isso ao mesmo tempo sendo errado é algo lindo. –Se ajoelha e o abraça– Nós não escolhemos quem queremos ou não amar. Sei que pode se sentir uma aberração por causa de sua profissão e por ser um homem, mas não se sinta assim. Estou sem palavras, sério.

PADRE JOSÉ: Você não está de gozação comigo? Não está nervosa por eu ter o sentimento de amor pelo homem que você ama?

MARIA: Não, tio. É um pouco confuso tudo isso, mas jamais estaria fazendo esse jogo com você. Eu te amo, tio, te amo. Te admiro muito!

Tio e sobrinha se levantam e se abraçam chorando.

PADRE JOSÉ (Emocionado): Me desculpe, filha, me desculpe por tudo. Principalmente por ouvir o Flávio e me esconder naquele dia para ele te fazer revelar e eu ouvir o que você fazia. Me perdoe.

MARIA: -Se afasta surpresa- Do que o senhor está falando?

PADRE JOSÉ: Seu irmão inventou alguns pretextos para eu ouvir você dizer aquelas coisas. Revelar o que fazia a noite.

MARIA (Nervosa): Então aquilo tudo que ele disse era uma farsa? Esse infeliz vai ter o que merece.

Maria pega sua bolsa e se encaminha para fora da casa.

PADRE JOSÉ: Onde você vai, filha?

MARIA: Vou fazer o que devia ter feito a muito tempo. Você me paga, Flávio, ah se paga.

CENA 11: IGREJA/FUNDO/SALA/DIA

Amarrando seus sapatos no sofá, Flávio observa a aproximação de Thelma e Rodrigo no local.

THELMA: E ele me mandou uma mensagem dizendo que foi marcar a data do casamento. Nossa pai, estou radiante.

RODRIGO: Te aviso que como tenho vergonha desse povo dessa cidade, não a conduzirei até o altar, está bem? Sei que a senhorita vai brilhar caminhando sozinha até o Miguel.

THELMA: Mas pai…

RODRIGO: Mas nada, Thelma, assunto encerrado. Bom, vamos que temos muito pra arrumar na igreja. Você não pode fazer muito esforço, filha, então já sabe.

THELMA: Okay, pai…

FLÁVIO: Então vamos! A geral que o tio José estava aguardando vai acontecer.

RODRIGO: Sim, devemos dar a geral como você falou na igreja e deixá-la linda para quando o padre chegar se surpreender.

FLÁVIO: -Se levanta- Então vamos!

RODRIGO: Vamos!

Os três caminham em direção a dentro da igreja.

CENA 12:

A TARDE CHEGA EM FÊNIX NEGRA

CENA 13: IGREJA/INT./TARDE

A igreja estava totalmente limpa. Flávio e Rodrigo apenas arrumam um último banco pondo-o em seu devido lugar. Após o ato, eles respiram aliviados.

FLÁVIO: Pelo jeito terminamos. Nossa, ficou ótima, parece outra igreja. Pra você ver como uma limpeza melhora o ambiente. –Risos.

RODRIGO: Caso esquecemos de algo, depois do almoço arrumamos. Estou morto de cansaço preciso de um banho.

FLÁVIO: Realmente essa arrumação cansou e deu uma fome… Bom, vamos almoçar?

RODRIGO: Vamos!

A porta principal da igreja se abre e Thelma entra assustada no local. Ela se aproxima de Flávio.

THELMA: Flávio, tem uns homens aí fora a sua procura. Querem falar com você urgente.

FLÁVIO: Homens? Mas quem são?

No momento, o delegado entra no local com vários policiais apontando suas armas para o jovem.

DELEGADO: Tentou fugir, mas o ratinho não encontrou o buraco ideal pra se esconder. Achou que vindo pra Fênix Negra a policia da capital não iria encontra-lo? –Risos– Achou errado. Você está preso!

FLÁVIO (Assustado): Isso não é possível. Vocês estão se confundindo.

DELEGADO: Não somos burros pra chegar no ponto de não reconhece-lo. Algemem esse infeliz!

Vários homens se aproximam do jovem e o algemam.

FLÁVIO (Nervoso): Isso é uma calúnia! Vocês estão enganados! Estão prendendo um inocente!

Surpreendendo Flávio, Maria entra na igreja triunfante sorrindo da cara do irmão.

MARIA: Seu jogo acabou, Flávio!

FLÁVIO (Nervoso): Vadia! Prostituta! Piranha!

THELMA: Maria? O que está acontecendo? Por que o Flávio está sendo preso?

DELEGADO: Esse homem estava sendo procurado por ter invadido e roubado com sua gangue um shopping center na capital. Ele ainda é acusado por porte de armas e drogas e ainda estava foragido da polícia. Além de que esse vagabundo matou em uma perseguição policial uma mulher.

RODRIGO: Espera aí! Uma perseguição policial? Quando foi isso?

Rodrigo e Thelma sentem uma aflição com o momento, quando Maria se aproxima dos dois.

MARIA: Eu fiquei sabendo uns dias desses, amiga, e estava aguardando o momento certo para colocar esse maldito atrás das grades. Bom, espero que sejam fortes. –Pausa– Nesses últimos dias, vocês dois estavam dividindo o mesmo teto com o culpado pela morte de Antônia. O Flávio matou a sua mãe, Thelma.

Thelma e Rodrigo se chocam com a revelação pois nunca imaginariam que Flávio seria o responsável pela morte da mulher que hoje os fazem muita falta. Foco no rosto nervoso de Flávio. Foco no rosto surpreso de Thelma. Foco no olhar enfurecido de Rodrigo.

FIM DO DÉCIMO SEXTO CAPÍTULO

18 thoughts on “Coração de Mentiras – Capítulo 16 (Última Semana)

  1. Amoooooo. 😀 padre não morreu!
    Será que teremos um quem matou?
    Será que A Regiane morrerá?
    Heitor patooooo 😂😂😂😂
    Victorio explodindo a Regiane
    Maria fofa
    Flávio trouxa
    Amo essa web 😍😍😍

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  2. QUE CAPÍTULOOOO!!

    Comecei acreditando e já me chocando por achar que o Padre morreu, gente… Ainda bem que estava enganado, gosto dele.

    REGIANE, MAS QUE COBRA EM (ASSIM QUE GOSTAMOS RSRS)… Heitor caiu na lábia dela fácil e ela mais uma vez conseguiu sair por cima. Porém, quando Victório apareceu eu pensei que teria morte no recinto, gente! E depois a Regiane prometendo não errar da segunda vez, se eu fosse o Victorio eu temeria!

    Por fim, como se não bastasse tantos acontecimentos, Flávio DESMASCARADO HAHAHAHA, adorei!

    Ah, e ainda tem mais um acontecimento fora do capítulo que me chocou: ÚLTIMA SEMANA. Que palavras estranhas são essas, Fred?

    Bom, parabéns pelo capítulo maravilhoso e me espere mais vezes nessa semana! ❤ Beijos de luz para você e pra Regiane, rainha! ❤

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  3. Padre José não morreu? Surpresa! Flávio é um safado, quis armar pra Maria, se ferrou! Linda cena entre pai e filho e duas prisões no mesmo capítulo? Adoroooo. Parabéns Fred.

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  4. Padre José está vivo, Victório fez a cabeça de Miguel contra Regiane, esta última entregou Heitor (confesso que quando eu li “uma mulher loira adentra na sala, usando um óculos escuros” pensei que era a Antônia que estava viva)
    Flávio tentou armar contra Maria e se deu mal, bem-feito
    Parabéns, Fred!

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  5. Última semana, sofro.

    Regiane armou pro Heitor, o denunciou, e ele foi preso. Eu tava imaginando que ela se livraria dele, mas pensei que ela mataria o seu cúmplice. Enfim, o Heitor, pode acabar ferrando com a Regiane também.

    Miguel se revoltando contra Regiane, os forninhos dela estão caindo, ela não tá dando conta de segurar.

    Padre José sobreviveu, e aquela chance, de 1 e 100 aconteceu, Maria o salvou. Claramente que o padre tem muito pra oferecer a trama ainda.

    Maria rainha do mundo, se vingando do Flávio, o cretino foi preso e desmascarado perante Rodrigo e Thelma sobre o assassinato de Antônia.

    Mais um capítulo eletrizante, parabéns Fred. ❤

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  6. Regiane traiu Heitor e o denunciou pela morte da Neusa. Por que eu tenho a impressão de que esse ainda não é o fim do Heitor?

    Maria conseguiu salvar Padre José e descobriu que foi Flávio quem a delatou para o tio. Como vingança, ela facilitou os trabalhos da polícia da capital e deteve o irmão, que foi preso por ter assaltado um shopping e ter matado a Antônia.

    Regiane caiu, mas ainda tem como arrastar gente. Ela já empurrou o Heitor, mas parece que quando enfim cair ela também vai arrastar o Miguel, o Rodrigo e a Thelma junto.

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