Cartas para Florença – Capítulo 03

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Cena 1 / NOITE / Interior da casa de Florença

Emílio está sentado em cima do vaso sanitário, se masturbando e gemendo intensamente. De repente, ele ejacula e o esperma cai dentro do vaso. Emílio chora, novamente se culpando por ter desejo pela própria filha.

EMÍLIO (p/ si) – EU CANSEI! Cansei disso! Eu não aguento mais!

Ele se levanta rapidamente e vai até o armário debaixo da pia do banheiro, onde está o facão com o qual ele costuma se penitenciar cortando as coxas. Emílio, então, pega o facão e olha para seu próprio pênis, que ainda está sujo de sêmen.

EMÍLIO – Isto é tudo culpa sua! É você que se excita por quem não deveria! Seu doente!

Em um ato impensado, Emílio segura fortemente seu pênis e seu saco escrotal e faz um movimento brusco com o facão, cortando brutalmente ambos, que caem no chão. Muito sangue começa a jorrar da parte de seu corpo onde agora só existe um buraco.

Emílio, agora com seus órgãos sexuais mutilados, cai no chão.

Cena 2 / NOITE / Salão do bordel Flor de Lótus, interior

As prostitutas dançam e caminham pelo salão, se oferecendo para os clientes. Cândida está sentada em frente a uma mesa, sozinha. Quando um garçom passa por ela, ela o chama.

CÂNDIDA: Traga-me uma taça de vinho, por favor.

GARÇOM: Claro, senhora.

O garçom sai e, alguns minutos depois, volta com uma taça de vinho. Ele a entrega a Cândida, que começa a beber. De repente, Tales entra no bordel e caminha até a cafetina. Ela se levanta.

TALES: Olá.

CÂNDIDA: Olá.

Em um movimento rápido, Tales dá um selinho em Cândida, que se assusta.

CÂNDIDA: Tales, eu disse que em público não!

TALES: Acalme-se, ninguém há de ter visto.

CÂNDIDA: Saiamos daqui. Mostrar-lhe-ei Florença na escola que lhe falei. Se possível, você se apresentará para ela hoje mesmo.

TALES: Tudo bem.

Os dois caminham em direção à porta de saída do bordel.

Cena 3 / NOITE / Sala de estar da casa de Florença, interior

Justina está sentada no sofá da sala, de olhos fechados, com um terço em mãos e a Bíblia aberta à sua frente.

JUSTINA: Padre nosso que estais no Céu, santificado seja vosso nome…

De repente, ouvem-se gritos desesperados vindos do banheiro. É a voz de Emílio.

EMÍLIO: AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!

Justina fica assustada.

JUSTINA: Santo Deus, o que está acontecendo?

Rápida e desesperadamente, Justina larga seu terço, se levanta do sofá e sai correndo em direção ao banheiro da casa. Chegando lá, ela dá um grito de horror ao ver o aposento todo sujo de sangue e seu marido caído no chão com um buraco no lugar do pênis. O órgão genital dele está caído ao seu lado, assim como o facão. Emílio está berrando e se contorcendo.

JUSTINA (chorando): EMÍLIO! Que foi que aconteceu com você, por que você fez isso?!

EMÍLIO (balbuciando): Vá… vá buscar ajuda…

Desesperada, Justina sai dali correndo.

Cena 4 / NOITE / Rua, exterior

Cândida e Tales caminham pela rua, em direção à escola onde Florença estuda.

TALES: Eu espero que essa moça de que você tanto fala seja mesmo bela, porque se for feia, eu não me prestarei para seduzi-la como você quer.

CÂNDIDA: Eu já lhe garanti, Tales! Ela é linda. Você não se arrependerá de seduzi-la.

TALES: E se eu não conseguir? E se ela não gostar de mim? Ou então, se ela gostar de mim, mas não aceitar tornar-se cortesã? Há grandes chances de isso acontecer.

CÂNDIDA: Será péssimo se isso acontecer. Tenho certeza de que eu poderia ganhar muito dinheiro em cima desta moça. Mas se não der certo, azar. Pelo menos terei a consciência limpa de que tentei. E pare com esse pensamento negativo. Confie em você mesmo, você há de conseguir seduzi-la.

TALES: Que Deus a ouça. Você fala tão bem dessa moça que já excluí de minha mente a possibilidade de ela ser feia. Agora, quem tem interesse em seduzi-la sou eu mesmo.

CÂNDIDA: Ótimo. Assim, você une o útil ao agradável.

TALES: Exatamente.

Cândida e Tales já estão a alguns metros da escola.

CÂNDIDA: É aquela lá! Olhe!

Cândida aponta para Florença, que está parada em frente à escola, conversando com algumas amigas sobre assuntos aleatórios. Ao bater seus olhos em Florença, Tales fica boquiaberto e completamente encantado com a beleza da garota. Ele não consegue desviar seu olhar. Está hipnotizado pela beleza angelical de Florença. Ele nunca tinha visto alguém tão perfeita em toda a sua vida. Cândida sorri ao perceber a reação de Tales.

CÂNDIDA: Diga-me. Que achou?

Porém, Tales não responde. Ele continua fitando Florença, maravilhado.

CÂNDIDA: Ei, Tales! Tales!

Cândida estala seus dedos na frente do rosto de Tales, que volta ao normal.

TALES: Quê?

CÂNDIDA: Responda-me! O que achou de Florença?

TALES: Perfeita… simplesmente perfeita!

O sorriso de Cândida se alarga ainda mais.

CÂNDIDA: Vá até ela, então!

Sem nem pensar duas vezes, Tales começa a caminhar em direção a Florença, até chegar bem perto dela.

TALES: Boa noite, bela moça.

Surpresa com o elogio, Florença sorri.

FLORENÇA: Boa noite.

Tales dá um beijo no dorso da mão de Florença em sinal de cumprimento.

TALES: Muito prazer, meu nome é Tales.

FLORENÇA: O prazer é todo meu. Sou Florença.

TALES: Eu sei…

FLORENÇA: Sabe? Como?

Tales, então, percebe que cometera um deslize. Porém, rapidamente, bola uma saída.

TALES: Está… está bordado em seu uniforme.

FLORENÇA: Ah, sim, claro. Verdade. Está mesmo.

Tales, então, olha para as amigas de Florença. Elas percebem que estão sobrando ali e entram na escola.

TALES: Estava passando por aqui e não pude deixar de notar sua beleza extraordinária. É a moça mais bela que já vi em toda a minha vida.

FLORENÇA: Que exagero!

TALES: Não é exagero! Juro. Você estuda aqui?

FLORENÇA: Sim, faço aulas noturnas.

Tales e Florença continuam conversando sobre diversos assuntos, e o som da conversa é abafado. Ao fundo, Cândida observa a cena, sorrindo.

Cena 5 / NOITE / Exterior da casa de Florença

Justina sai correndo da casa, desesperada. Ela corre pela rua.

JUSTINA (gritando): Ajudem-me, por favor! Alguém aqui é médico? Por favor, algum médico!

Porém, nenhum dos pedestres que caminham pelas calçadas respondem a mulher.

JUSTINA: Não é possível que ninguém aqui seja médico! Por favor, algum médico, ajude-me! Meu marido está gravemente ferido!

Justina continua correndo pela rua à procura de algum médico. Ela anda por alguns minutos, até que finalmente encontra um médico.

HOMEM: Eu sou médico. No que posso ajudar, senhora?

JUSTINA: Meu marido! Ele está muito ferido, preciso que o senhor vá até minha casa analisá-lo!

HOMEM: Tudo bem. Leve-me até vossa casa que o examinarei.

JUSTINA: Muito agradecida!

Justina começa a andar apressadamente em direção a sua casa. O médico a segue.

Cena 6 / NOITE / Exterior da escola de Florença

Tales e Florença ainda estão conversando.

TALES: Sim, trabalho em um comércio de especiarias durante o dia. É lá na feira municipal, você já foi lá?

FLORENÇA: Sim, já fui algumas vezes fazer compras com minha mãe.

TALES: Procure-me da próxima vez que for. Trabalho na segunda banca. Hei de fazer ótimos descontos para você e sua mãe.

Florença ri. De repente, o diretor aparece na porta da escola.

DIRETOR: Florença, a aula já está começando. Entre, por favor.

FLORENÇA: Tudo bem, diretor, já entro.

DIRETOR: Mais cinco minutos e você não entrará na sala de aula.

FLORENÇA: Já entendi!

O diretor sai e Florença se dirige a Tales.

FLORENÇA: Bem, tenho que ir para a aula agora.

TALES: Que pena, nossa conversa estava agradabilíssima.

FLORENÇA: Concordo.

TALES: Então, que acha de continuarmo-la amanhã, após sua aula? Eu a encontro aqui, nesse mesmo lugar, para darmos uma volta.

FLORENÇA: Por mim, tudo bem.

TALES: Seus pais não se importarão?

FLORENÇA: Eles sempre já estão dormindo quando chego em casa. Minha aula termina às 22h30.

TALES: Então está combinado. Amanhã, 22h30, estarei aqui, esperando-a.

FLORENÇA: Até amanhã, então.

TALES: Até.

Tales beija novamente a mão de Florença e ela entra na escola. Realizado, Tales se distancia do local e vai até o beco onde Cândida estava escondida, observando tudo. Ela exala felicidade.

TALES: Deu tudo certo! Amanhã nos encontraremos novamente!

CÂNDIDA: Que ótimo!

Cândida não se aguenta de satisfação e dá um beijo em Tales. Ela coloca a mão dentro da calça do amante.

TALES: Aqui? Em público?

CÂNDIDA: Ninguém nos verá aqui nesse beco! Estou com um ótimo humor, preciso recompensá-lo pelo ótimo trabalho e, além do mais, não quero esperar até chegarmos no Flor de Lótus. Aproveite!

Cândida continua beijando Tales e abaixa as calças dele. Ela se ajoelha e começa a realizar sexo oral em seu amante, que geme de prazer.

Cena 7 / NOITE / Sala de estar da casa de Getúlio, interior

O delegado Getúlio está sentado no sofá, lendo um livro ao lado de sua mulher, Leopoldina. De repente, passam três ratos correndo pelo chão. Eles passam despercebidos por Getúlio, mas não por Leopoldina. Ela solta um grito estridente, dando um susto no marido.

GETÚLIO: Santo Deus! Que foi que houve?

LEOPOLDINA: Ratos, Getúlio! Ratos! Três ratos nojentos passaram correndo! Socorro! Mate-os, por favor!

GETÚLIO: Ratos? Onde?

LEOPOLDINA: Agora já os perdi de vista! Inferno!

GETÚLIO: Acalme-se, querida. Tem certeza de que eram ratos?

LEOPOLDINA: Tenho! TRÊS!

GETÚLIO: Bem, paciência. Eles não hão de fazer nada mesmo, não são nenhuma fera.

LEOPOLDINA: Mas são nojentos, Getúlio! É essa casa podre!

GETÚLIO: Lá vem você implicar com a casa…

LEOPOLDINA: Eu já lhe disse, Getúlio! Essa casa é velha e podre! Além de estar caindo aos pedaços, é infestada de pestes, parece um zoológico de tantos animais habitando aqui.

GETÚLIO: Leopoldina, eu não aguento mais você reclamando dessa casa! Se é isso que você quer, tudo bem, eu falo com um amigo meu que trabalha com imóveis. Mudar-nos-emos.

Leopoldina sorri.

LEOPOLDINA: Sério? Graças a Deus, você finalmente cedeu! Eu o amo, Getúlio! Muito obrigada!

GETÚLIO: De nada. Não consigo ficar vendo você descontente desse jeito. Faz tempo que você está a me pedir para comprar uma casa nova, então assim o farei.

Contente, Leopoldina beija o marido.

Cena 8 / NOITE / Beco, exterior

Cândida está de pé, escorada na parede do beco, de costas para Tales. Ele está encostado atrás dela, prensando-a contra o muro e penetrando intensamente em seu ânus. Ambos gemem em êxtase e continuam ali, se entregando ao prazer, até que chegam ao orgasmo e a altura de seus gemidos atinge seu pico.

Tales, então, retira seu pênis do ânus de Cândida e se afasta dela. Os dois respiram ofegantemente.

CÂNDIDA: Ah, como eu amo o perigo.

TALES: Se seus pais vissem essa cena, com certeza se arrependeriam de ter lhe dado esse nome. De cândida você não tem nada.

Cândida ri, dá um selinho no amante e começa a se vestir. Tales faz o mesmo. Quando já estão vestidos, começam a caminhar de volta para o Flor de Lótus.

Cena 9 / NOITE / Interior do bordel Flor de Lótus

Tales e Cândida entram no bordel e se sentam ao redor de uma mesa qualquer. Cândida chama o garçom, pede uma garrafa de vinho e ele traz. Os dois começam a beber.

CÂNDIDA: Não tenho palavras para descrever minha felicidade em saber que meu plano está dando certo.

TALES: É, tudo está correndo como planejado. Se Deus quiser, e ele há de querer, em breve veremos Florença aqui, trabalhando como cortesã no Flor de Lótus.

CÂNDIDA: Amém!

Cândida e Tales fazem um brinde com suas taças de vinho.

Cena 10 / NOITE / Interior da casa de Florença

A porta da casa é escancarada e Justina e o médico entram, apressadamente.

JUSTINA: Ele está no banheiro! Venha comigo!

Justina caminha até o banheiro, seguida pelo médico. Ao entrar no aposento, o médico fica chocado com o que vê.

MÉDICO: Santo Deus! Que foi que aconteceu aqui?

JUSTINA: Eu acho que… acho que meu marido cortou seu próprio… seu próprio…

MÉDICO: Consigo perceber! Mas por que raios ele haveria de fazer isso?

JUSTINA: Não importa agora! Você precisa ser rápido e fazer alguma coisa para que ele não morra!

O médico fica confuso e não sabe o que fazer. Então, ele resolve começar pelo básico. Ele se ajoelha e encosta sua mão no pulso de Emílio para ver se ele ainda está vivo. O médico se vira para Justina novamente e sua expressão é desanimadora.

MÉDICO: Senhora, lamento lhe informar, mas não há mais nada que eu possa fazer. Seu marido está morto.

Desesperada e sem conseguir acreditar no que estava ouvindo, Justina perde suas forças e cai no chão, gritando. Com certeza, sua dor naquele momento era maior do que a que Emílio havia sentido ao cortar seu pênis fora.

CONTINUA…

73 thoughts on “Cartas para Florença – Capítulo 03

  1. Nossa! 😱 naquela época era inegável a não sobrevivência da Pessoa em um caso como desse do Emílio.
    Cândida e Tales sapequinhas!
    Acho que a Florença ficará órfã 😢
    E o caminho estará totalmente livre pra que os capetinhas consigam convencê-la.
    Web incrível por demais 👏👏👏

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  2. Parabéns Caíque!
    Não sei se tu leu mas eu comentei atrasado os 2 capítulos anteriores. Hoje foi outro bom capítulo.
    Tales com seu charme encantou Florença e prevejo que conseguirá torná-la cortesã! Que cena bem escrita a do sexo de Cândida e Tales, eles devem ter uma boa química hein! Leopoldina sempre querendo luxo e hoje conseguiu que Getúlio prometesse uma casa nova. O destaque vai pra terrível morte de Emílio, ele cortou seu pau fora. Nojento. Mas foi bem escrita, deu pra sentir nojo. Caíque sua web é um grande fenômeno, torcendo muito pra você continuar seguindo num caminho coerente com sua trama. Novamente destaco sua entrega ao pesquisar termos antigos para dar uma qualidade maior em Cartas para Florença!!!!!!!!!!!
    Show! Sucesso!

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  3. O plano de Cândida começou bem sucedido
    Uma coisa que me chamou foi o desespero da Justina, foi muito bem escrito
    Mas o destaque do capítulo foi a morte do Emílio ao se castrar, como Florença reagirá ao descobrir que o pai morreu?
    Parabéns, Caíque!

    P.S: Uma coisa que eu gostei foi o pouco número de cenas nos capítulos, facilitam a leitura e é muito bom, quando eu fizer uma web vai ter mais ou menos essa quantidade de capítulos

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  4. Meu deus,Emílio morreu que merda,gostava dele daria um bom drama familiar.Espero que seja tudo um sonho de Emilio.Olha caíque,você não pode matar Emílio.Não faça isso,por favor. gente,qual será a reação de Florença após saber da morte de seu pai?

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  5. Caíque, não tive como deixar meu ponto antes, nem li ainda, mas a web deve tar pegando fogo já no início! :-O meu bregaPHONE até esquetou aqui na minha mão, espero que não exploda, que a web continue ágil.

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  6. Estava evidente que Emílio nn poderia sair vivo dessa por causa da situação medicinal da época. Quero entender como eu acreditei que ele poderia sair vivo, gente. O assunto do incesto nn durou muito, né? Mas acredito que mesmo sem ele, essa história ainda vai render.

    Ponho a metade de minhas fichas na possibilidade de Tales se apaixonar por Florença e despertando assim, um sentimento de ódio em Cândida que movimentará ainda mais a trama. O encontro deixou claro o encantamento do rapaz pela jovem estudante. Agora só resta aguardar pra ver se apostei certo ou nn.

    Parabéns pelo capítulo, Caíqueeeee! 😀

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  7. E Tales se aproximou de Florença. Ela pode ser considerada bem “saidinha”, nessa época, ela conversando sozinha com um homem, e ela como moça pura, pode ser mal vista pela sociedade. Principalmente a mãe dela, se Justina descobre sobre isso…

    A condução da história do Emílio me surpreendeu bastante. Como eu já disse, não imaginava que ele se caparia e morreria tão cedo. Pensei que ele chegaria ao ponto de assediar a própria filha, seria interessante. Mas ele morreu, veremos se isso foi saudável pra trama, pois o personagem poderia ter rendido muito.

    E Cândida hein? Acho que logo ela se arrependerá de ter jogado Tales nos braços de Florença. Ele ficou encantado com a moça e quem será jogada pra escanteio, será Cândida.

    Parabéns Caíque ❤

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