Ovelha Negra – Capítulo 01

ovelha-negra

EPISÓDIO – 1: ÁLBUM DE FAMÍLIA.

CENA 1 MANSÃO DA TIA LAURA – NOITE.

Tia Laura, por volta dos sessenta anos, sentada sobre o sofá luxuosíssimo de sua mansão, falando ao telefone com papéis na mão.

TIA LAURA – Sim.  Vai ser neste final de semana. Eu não tenho mais tempo a perder. Os resultados de meus exames saíram e… Deixa pra lá. To muito nervosa com isso. Eu não sei não, mas talvez essa seja a última vez que estaremos conversando assim francamente, sem interrupção de ninguém. Tenho medo e não sei o que poderão fazer comigo. Eu não sei como alguns reagirão à notícia que darei. Mas tenho certeza de que muita gente não irá gostar. Sempre estive cercada de inimigos. Você sempre soube disso. Família, criados, os falsos amigos da alta sociedade. Sei que todos me odeiam. Não. Claro que não me refiro a você. Sempre fui uma mulher rica, mas sempre infeliz. Sei que muitos adorariam me ver numa mesa de necrotério ou em cima de uma cama, agonizando. Preciso mudar isso. Sei que errei muito no passado. Mas quero poder compensar isso. Quero minha família reunida e que a paz reine entre todos. Por isso, refiz meu testamento. A única coisa que quero é ser justa antes de eu partir dessa pra melhor. Preciso desligar agora. Vou arrumar minhas malas. (desliga o telefone).

Acende um cigarro e começa a chorar.

OUTRO DIA.

CENA 2 ALTO MAR – MANHÃ.

DOIS BARCOS EM DIREÇÃO A UMA ILHA.

BARCO-1:

com EDMUNDO, IRENE, ADVOGADO OTÁVIO, ÂNGELA E EGÍDIO.

Ângela abraçada com primo Egídio. Edmundo observa Ângela e Egídio. Egídio tem problemas mentais e fica rindo.

Egídio: Um barquinho, dois barquinhos, três barquinhos.

Irene observa Egídio e bufa impacientemente.

Edmundo: Impaciente? Já?

Irene: Nem sei por que estou aqui. O que será que ela quer?

Edmundo: Vai ver ela quer pedir perdão a todos nós.

Irene: Isso pouco me importa. Não a suporto, não suporto nenhum de vocês.

Edmundo: Eu sei. Mas sei que todo mundo pode perdoar.

Irene: E você? A perdoou? 

Irene se levanta e caminha para outro lado do barco. Advogado Otávio, charmoso com seus óculos escuros, se aproxima dela.

Advogado: O balanço do mar a enjoa, senhorita Irene?

Irene: Detesto barcos. Mais um motivo pelo qual me pergunto. O que vim fazer aqui!

Advogado: (sarcástico) Jura que não sabe? Eu sei.

Irene o olha com ódio.

BARCO-2:

com ALEX, AMANDA, MORDOMO, DOUTOR SÉRGIO, CLOTILDE.

 Alex na ponta do barco com um binóculo observa Irene na proa. Amanda abraça Alex por trás.

Amanda: O que está vendo meu amor?

Alex: Eles. Vão chegar primeiro.

Amanda: Tá preocupado com o quê? (dá um selinho nele)

Alex: Ô marujo, vai mais rápido com esse barco.

Doutor Sérgio medindo pressão de Clô.

Clô: E aí doutor?

Doutor Sérgio: Um pouco alta. Mas deve ser por causa dos enjoos. Não está acostumada, não é?

Clô: Não senhor. Também passei minha vida trabalhando naquela mansão pra dona Laura, que nunca tive tempo pra passeios de barco, ou mesmo de avião. Até tenho vontade, mas e o medo? E o dinheiro?

Mordomo: Quem sabe isso não muda um dia?

Clô: Como? Já estou velha demais pra ser rica.

Mordomo: Talvez ganhe na loteria.  (Mordomo pisca o olho pra ela)

BARCO-1

Uma garça sobrevoa o barco.

Egídio: Pássaro. Pássaro.

Ângela: É uma garça Egídio.

Egídio: Garça? Garça bonita. Foto?

Advogado tira o celular do bolso pra tirar uma foto da garça, mas se desequilibra e O CELULAR CAI NA ÁGUA. Todos veem. Irene observa.

Irene: (falando pra si) Idiota mesmo!

Cena 3 ILHA – Manhã.

Os barcos chegam à margem. Cada um pega sua bagagem.

A ilha possui rochedos enormes. Eles caminham e veem uma imensa casa de praia com dois andares e muitas janelas.

Ângela: Pelo visto, a casa tá mais bonita do que a última vez.

Mordomo: Madame Laura mandou pintar mês passado

Edmundo: Então esteve aqui, Jayme?

Mordomo: Sim. Estive com madame para acompanhar o processo da pintura. Com licença, vou abrir a casa. Vamos Clô?

Jayme, o Mordomo, tira uma chave do bolso e caminha com Clô.

Alex: Pelo visto, mamãe andou gastando aqui.

Doutor Sérgio: Ela não veio no mesmo barco que vocês?

Irene: No barco da gente? Acha que aquela vaca ia andar de barco?

Ângela: Então ele viria pra ilha de quê?

Um Helicóptero surge acima deles e se prepara para pousar.

Edmundo: A vaca gosta mesmo de se aparecer pra gente.

Amanda: Nada de barco, nada de ônibus. Só anda nas alturas que é pra poder ver os subalternos de cima.

Eles caminham cada um com suas bagagens para a porta. Uma mansão enorme. Helicóptero pousa e tia Laura desce dele com roupas elegantes, óculos escuros e casaco de pele. Uma gatinha no colo. Mordomo Jayme pega a mala dela.

Mordomo: Madame!

Laura: Meu querido. Como está? E os barqueiros?

Mordomo: Pararam o máximo que podiam, por causa dos rochedos.

Laura: Leve o dinheiro até eles. E diga pra voltarem aqui após o almoço de domingo. Quero um fim de semana com minha família, pra que todos fiquem à vontade pra passearem.

Mordomo se vai. Laura se aproxima de sua família e sorri pra eles. Ela tira os óculos.

Laura: Como vão meus queridos? Vamos entrar?

Cena 4 DENTRO DA MANSÃO – Manhã.

Todos vão entrando. Uma casa grande. Com móveis rústicos. Uma grande sala de estar com uma escada que vai para o segundo andar e uma porta que dá para uma belíssima sala de jantar com uma mesa enorme.

Laura: Então como foram de viagem?

Ângela: Ótima tia. Pelo menos pra mim. Fazia tempo que não passeava de barco.

Laura: Ângela minha sobrinha favorita. Sempre tão generosa.

Irene: Um porre. Uma porcaria de barco pequeno, um balanço dos infernos. Parecia que o marujo tinha labirintite.

Laura: Peço desculpas a você Irene, minha sobrinha. Adoraria tê-los levado comigo no helicóptero, mas vocês sabem, há um limite de pessoas e somente dois lugares para passageiros, no caso eu e Priscila. (alisa a gatinha) Ela não viaja sem mim. Quem sabe na volta se os demais não ficarem com ciúmes.

Irene: Obrigada, mas prefiro voltar nadando que ao seu lado.

Laura: (sorri) Sempre espirituosa. Otávio?

Advogado: Fiz boa viagem, senhora. Apenas um incidente. Meu celular novinho caiu nas águas do oceano.

Laura: Que lamentável querido. Lhe darei outro antes de seu aniversário.

Otávio: Imagine senhora, só comentei sobre a viagem.

Amanda: Pra não dizer que tudo foi às mil maravilhas. Confesso que uma hora e meia de barco foi um pouco desgastante, na metade do caminho, senti enjoos.

Advogado olha Amanda com cordialidade.

Alex: Sério minha querida? Não me disse nada.

Laura: Alex meu filho, não fique esperançoso, sua mulher não está grávida. Passeios de barco enjoam mesmo. Infelizmente não creio que tenha conseguido, já são quatro anos e essa moça que escolheu pra esposa ainda não teve a capacidade de me dar um neto.

Amanda: Talvez o problema não seja meu.

Laura: Você pode ter razão. Alex sempre foi incompetente, talvez ele tenha algum problema. Deveriam consultar um médico especialista.

Alex e Amanda tentam se controlar.

Laura: Edmundo, meu sobrinho. Você é o que mais tempo não vejo. Tudo bem?

Edmundo: Tenho trabalhado bastante.

Laura: Onde?

Edmundo: Numa empresa de segurança.

Laura: Segurança? Há de se ter cuidado, meu querido. Já aprendeu a atirar?

Edmundo: (ri discretamente) A senhora nem imagina, como.

Laura: Adoraria que me ensinasse em outro momento. Creio que não tenha trazido sua arma pra cá. Ela deve pertencer à empresa que trabalha, não é? Vamos marcar então uma aula em um fim de semana qualquer.

Edmundo: Mês que vem estarei de férias. Teremos tempo.

Laura percebe Egídio mexendo no armário da sala, onde há uma prateleira com dez ovelhinhas de gesso branca, e uma ovelha negra.

Egídio: Uma ovelhinha, outra ovelhinha. Mais outra.

Laura: Egídio. Meu sobrinho. Cuidado pra não quebrar. Tia Laura não quer perder nenhuma de suas ovelhinhas.

Todos prestam atenção.

Egídio: São ovelhinhas, Egídio gosta.

Laura: Isso mesmo. Eu acho que são mais que simples ovelhinhas, acho que eu poderia chamar isso de álbum de família. Já viu seu primo Alex? Hein! Seria esta ovelhinha?

Alex estica o pescoço pra ver. Laura pega a ovelha negra e mostra pra Egídio.

Egídio: Primo Alex?

Laura: Ou seria Irene?

Egídio: Irene.

Laura: Ou seria você? Hein? Meu sobrinho doentinho. Dementezinho.

Ângela: Ele não é demente, tia.

Laura: Claro que não. Só estou brincando com ele.

Mordomo Jayme desce as escadas.

Mordomo: Senhora, já coloquei suas malas no quarto.

Laura: Ótimo Jayme. Peça Clô pra não atrasar o almoço. Creio que todos estejam famintos. E por favor, leve-os cada um ao seu quarto. Eu tomei a liberdade de escolher a cor da cortina, a roupa de cama, acomodação. Baseando no que conheço de cada um. Agora vão e acomodem-se meus anjinhos da titia.

Advogado: Se aplica a nós também, eu e Sérgio? (Risadas de alguns).

Laura: Claro que não sou sua tia nem de Sérgio, mas vocês são amigos de longa data e adoráveis. Por favor, me deem essa liberdade dessa vez. Podem ir. E não se atrasem pro almoço.

Eles sobem as escadas. Laura fica só e dá um suspiro de paz.

Laura: Espero que todos gostem. Ah, minha família reunida! Como éramos felizes antigamente. Éramos felizes e não sabíamos!

CENA 5 SEGUNDO ANDAR – Manhã.

CORREDOR com vários quadros na parede. Vários Quartos.

QUARTO DE IRENE.

Irene entra em seu quarto e vê bem arrumado. Ela passa o dedo num móvel para ver se tem poeira. Irene abre a cortina e vê o oceano ao longe e rochas em volta da casa. Ela olha lá pra baixo e vê como é alto.

CENA 6 QUARTO DE EDMUNDO.

Edmundo tranca a porta de seu quarto. Ele vê o Oceano da janela. Ele abre a mochila para arrumar as coisas. Edmundo tira uma pistola da mochila e lembra.

Flashback – alguns anos atrás

Um idoso (pai de Edmundo) na cadeira de rodas conversando com Edmundo.

IDOSO: Foi ela; meu filho. Sua tia Laura. Ela quem me pediu pra levar o carro dela na oficina. Se eu to nessa cadeira de rodas, a culpa é dela. Ela deve ter sabotado os freios do próprio carro. Aquela maldita. Ela roubou a empresa de mim. Eu que sou o irmão dela. Ah mas ela me paga. Ela tem que me pagar.

VOLTANDO AO PRESENTE.

Edmundo fica a olhar a arma. Ele a guarda de novo.

CENA 7 QUARTO DE ALEX E AMANDA – MANHÃ.

Eles entram e veem quarto com uma cama de solteiro, uma penteadeira e janela com vista só para os rochedos.

Amanda: Ah legal! Uma cama de solteiro pra nós dois. E sem vista pro mar. Sua mãe realmente é muito esforçada. “Cê” não vai falar nada?

Alex: Não to preocupado com essas bobagens. Minha cabeça tá em outra coisa.   (Alex senta na cama)

Amanda: Fala paixão, o que é? (Ela ajoelha aos pés dele)

Alex: Depois de tanto tempo, minha mãe resolve reunir todo mundo com o pretexto de ficarmos todos juntos. Alguma coisa tem aí. E já sei o que é.

Amanda: Que bom que você sabe, porque eu não entendi nada. Querer passar um final de semana com os sobrinhos e o único filho até entendo, mas porque o Otávio e o doutor Sérgio estariam aqui? Eles não são da família!

Alex: Será que você não entende? Minha mãe trouxe justamente o advogado e o médico que a acompanha. Essa reunião só pode ter um motivo: Herança!

Amanda: Herança? Mas se ela quer discutir isso é por que… Será que sua mãe tá com medo de morrer?

Alex: Talvez ela esteja doente. E se isso for verdade… Se isso for verdade a gente tá rico. Rico.

Ele a pega no colo. Os dois se beijam, felizes.

CENA 8 QUARTO DE EGÍDIO.

Egídio entra no quarto com Ângela e Médico. O quarto dele tem vista pro mar.

Ângela: Nossa, Egídio! Tem vista pro mar. Que maravilha! Tá feliz?

Egídio: Feliz! Muito feliz! Egídio dorme aqui?

Ângela: Sim. Você fica aqui que a prima vai caçar o quarto dela.

Egídio vai até Ângela e a pega pela mão.

Egídio: Não. Não. Ângela fica aqui com o primo, pra cuidar dele.

Ângela: (ri) Não. Esse quarto é só seu. Eu tenho o meu.

Doutor Sérgio: (ri) Ela tem o quarto dela, ela é menina. Aliás, uma mulher já, muito bonita por sinal.

Ângela: Obrigada doutor. Tem ideia o porquê desse fim de semana? Minha tia tá com algum problema sério?

Doutor Sérgio: Bem. Sua tia tem vários médicos. Não falo com ela há dias. Eu não a acompanhei nesses últimos exames. Mas seria bom vocês se prepararem.

Cena 9 SALA DE JANTAR – Manhã.

Grande mesa posta. As pessoas vão chegando e sentando. Mordomo vai terminando de ajeitar a mesa.

Advogado: Que mesa bem posta, Jayme.

Mordomo: Obrigado senhor.

Alex: Onde minha mãe está?

Clô: Terminando de se arrumar, senhor Alex.

Irene: Clô, nós conhecemos você desde quando éramos crianças. Não precisa chamar o Alex de senhor. Nós também não.

Alex: Engana-se querida prima. Muito provavelmente, em breve, Clô será minha empregada e não de mamãe.

Ângela: Por que diz isso? Vai roubá-la de sua mãe?

Alex: Aguarde e verá.

Amanda: Espero que a comida esteja boa. To varada de fome.

Laura surge descendo as escadas com a gata no colo.

Laura: Ainda com essa ideia de nos fazer pensar que está grávida; Amanda?

Amanda: Só estou comentando que estou varada de fome.

Laura: Juntando também ao fato de ter tido, tonturas e enjoos no caminho.

Amanda: Não tenho estômago pra passeios marítimos.

Irene: Já eu não tenho estômago pra reuniões familiares. Quer falar o porquê desse fim de semana aqui?

Laura: Irene, minha querida sobrinha rebelde, direi sim. Mas vamos comer antes? Se não, Amanda porá seu filho ou seja lá o que ela tenha, uma lombriga, pra fora aqui mesmo na mesa. (ri) Desculpe aos demais, só pra descontrair.

Advogado: Imagine!

Alex: Está elegantérrima, minha mãe.

Laura: Sempre. O dinheiro que lutei tanto pra conseguir, me permite andar assim, não é meu filho?

Os demais ficam sem jeito. Eles começam o almoço.

UMA HORA DEPOIS

Cena 10 SALA DE ESTAR – TARDE.

TODOS SENTADOS (EXCETO LAURA QUE NÃO ESTÁ PRESENTE) EM SOFÁS ACOLCHOADOS, EM UMA SALA MODERNA COM PAREDES DE VIDROS DE FRENTE AO MAR. JAYME SERVINDO CAFÉ. ALGUNS EM PÉ TOMANDO CAFÉ OLHANDO O MAR E OS ROCHEDOS LÁ FORA.

Egídio: Egídio contente com o quarto novo! Contente!

Alex: O que esse idiota tá comemorando? Um quarto? É isso?

Irene: Pra quem dorme em banco de estação de trem ou debaixo de viaduto.

Risadas. Ângela fica chateada.

Ângela: Vocês deviam ter um pouco mais de respeito por ele. Não veem que ele tem problemas?

Irene se levanta e para em frente a ela encarando-a.

Irene: Eu queria saber o que você ganha defendendo esse retardado!

Ângela: Ele não é nenhum retardado. É nosso primo. E não ganho nada defendendo ninguém. Só não tolero injustiça.

Irene: Que mais seria injustiça? Falar da tia Laura pelas costas?

Ângela: É. Pode ser também.

Irene começa a caminhar em direção a Ângela que foge andando pra trás.

Irene: Tipo o quê? Chamá-la de vaca? De ordinária?

Ângela: Para com isso Irene.

Irene: Por quê? Que mal há nisso? São até elogios perto do que ela fez comigo.

Ângela: Esquece isso pelo amor de Deus!

Irene: Esquecer que aquela vaca foi culpada pela desgraça do casamento da minha mãe? Da irmã dela? Esquecer disso? Como? Você é muito boazinha, né Ângela. Muito boazinha pra falar de perdão. Fala isso pro Edmundo, fala! Fala pra ele perdoar aquela vagabunda que tá lá em cima, que armou um golpe pra que o pai dele fosse parar numa cadeira de rodas antes de morrer pra que ela tivesse a presidência da empresa. Fala. Pergunta se ele a perdoou.

Edmundo: Já esqueci isso Irene. E não fala mais do meu pai, tá?

Irene: Você o quê? Esqueceu? Ah tá! Conta outra, cara!

Doutor Sérgio: Onde senhora Laura está? Não se juntará a nós?

Mordomo: Madame foi até lá em cima buscar algo importante.

Irene: Isso se não tiver escondida escutando nossa conversa. (bufa) Que saco isso! Porque essa vaca não fala logo o que a gente veio fazer aqui!

Irene sentando no sofá ao lado de Amanda e Alex.

Advogado: Bem, eu não quero me intrometer nos assuntos de família, mas um pouco mais de respeito à senhora Laura seria bom. Por favor.

Irene: (ri) Respeito! Você é outro né, Otávio! Puxa-saco dessa mulher. Mas tá certo, ganha uma nota preta pra cuidar do dinheiro dela.

Advogado: Sou advogado, não tesoureiro. Eu cuido dos negócios da empresa, não do dinheiro. Além de ter uma grande amizade de muitos anos com sua tia.

Irene: (falando pra si) Sei. Deve de tá levando um por fora nessa.

Alex ri timidamente. Otávio fica indignado e tenta se aproximar dela. Sérgio o contém.

Advogado: O que insinua? Pode repetir?

Doutor Sérgio: Calma, Otávio.

Laura descendo as escadas com dois envelopes nas mãos.

Laura: Vejo que estão se divertindo. Gente, por favor, quis trazê-los pra cá, pra termos uma reunião familiar sadia.

Advogado: Perdoe-me senhora.

Laura: Não se culpe Otávio. Sei muito bem como é Irene.

Irene dá um riso de ironia.

Laura: Bem, antes de mais nada, acho que devo esclarecer o motivo pelo qual os reuni aqui hoje.

Irene: Até que enfim.

Laura: Todos sabemos que nossa família não é e nunca foi exemplo de amor e união.

Ângela: Isso me dói muito tia.

Laura: Eu sei meu anjo, eu sei. (Laura abraça Ângela) Sei que muita coisa que aconteceu no passado não foi bom. Podem até me culpar, mas não tive nada com isso. Mas os reuni aqui porque queria que minha família me perdoasse de algo que eu possa ter feito e que também gostaria de vê-los unidos amando uns aos outros depois que eu partir.

Alex: Partir? Do que está falando, minha mãe?

Laura: Tenho dois envelopes nas mãos. Um deles é o resultado de um exame médico. Estou com câncer avançado e irreversível. Dinheiro nenhum poderá me curar. Tenho três meses de vida, somente. O outro envelope tem cópias do meu testamento. Cópias que darei a cada um de vocês. Resolvi não dividir uma parte pra cada um porque sei que cada um iria pro seu canto. Resolvi nomear um beneficiário apenas. E em caso de morte desse beneficiário, outro e assim outro, sucessivamente.

Alex: Está dizendo que a herança ficará com um de nós? E os outros na reserva?

Laura: Exato.

Edmundo: (se levanta) Então, quem herdará tudo primeiro?

Todos se olham, curiosos.

Continua…

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42 thoughts on “Ovelha Negra – Capítulo 01

  1. Por que o Jayme é chamado de Mordomo nos diálogos?
    A Laura é uma cobra em formato de gente, Alex teve a quem puxar
    Não acredito que o Edmundo a perdoou, desconfiou dele sendo a Ovelha Negra
    O destaque do capítulo de hoje foi a Irene, ela demonstra muito ódio pela Laura, adorei ela
    Morri com a Laura dizendo que a Ovelha Negra pode ser o Alex, a Irene ou o Egídio
    Parabéns, Maurício
    O capítulo está fabuloso

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  2. Uma estreia normal, como todas, mas que o autor demonstrou segurança no texto. Muito bem escrito, diálogos fortes, além de uma trama bastante complexa. O drama da Tia Laura é comovente, uma mulher que sofreu muito apesar da fortuna, o gancho foi espetacular e intrigante: como assim, só um familiar vai herdar tudo? E essa herança sucessiva, eu fiquei chocado, acho que vai rolar muitos assassinatos por causa disso. Enfim Maurício, não tenho muito o que falar, a não ser desejar parabéns pela sua estreia, muito sucesso na sua trajetória no blog! Não sei se vou conseguir acompanhar porque tenho pouco tempo devido a faculdade, mas aqui está minha contribuição, e fiquei interessado pela sua web-novela. Parabéns novamente! 😀

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    • Obrigado Airton! 🙂 Entendo sua rotina. Ontem mesmo cheguei mto tarde e só hj consegui entrar pra ver a página! Obrigado pelo comentário. Esses primeiros capítulos são mto detalhados, mas a trama esquenta nos próximos caps, Sempre que puder, dê uma espiada! Obrigado! 🙂

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  3. Desculpa, mas a Laura é intragável. Tá certo que ninguém da família é flor que se cheire, mas isso não justifica ela distribuir patadas democraticamente na trama, e pior, utilizando-se de sua enfermidade em estágio terminal como “escudo”.

    O que salvou a Laura de uma completa antipatia por minha parte (e muito mal) foi o gancho. Ela percebeu que, se dividisse democraticamente a sua herança entre a sua família, eles seriam capazes de se matar a fim de ficar com tudo. Mas algo me faz imaginar que isso tudo não se trata de um truque da Laura a fim de se livrar da família. Não acredito na Laura.

    Apesar de parecerem ser sinceras em suas palavras, a Ângela e a Laura me passam um sarcasmo enorme em suas falas. Seja a Ângela pela sua extrema inocência, seja a Laura pela sua personalidade ambígua. Não dá pra acreditar nelas.

    Mesmo sendo altamente provável, eu custo a acreditar que o Egídio seja capaz de matar alguém. Acho mais provável que ele seja o primeiro a morrer. Sim, falo isso sob influência do que nos foi apresentado dele nas chamadas, utilizando-me da psicologia reversa.

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    • kkk criei a Laura pensando na minha vó. Que sempre foi e até hj ácida demais. Até pra reconhecer quando está errada ou pra pedir desculpas é assim mesmo. Tem gente que mesmo arrependida, não perde a pose da prepotência. Eu acho que esse é o jeito dela de amar as pessoas. Laura é realmente arrogante, mas acho que com o desenrolar dos capítulos, os outros personagens tendo mais destaque, vcs verão que é um pior que o outro!
      Obrigado pelo comentário. Aguardo vc esta noite! Para o capítulo, “A SANTA CEIA”
      🙂

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  4. Parabéns pela estreia. Foi morna. O início chato e confuso mas o fim ficou show e que gancho bom hein!.
    Cito um problema, ás vezes você chama o advogado e o mordomo pelo nome, escolha um jeito. Só o nome ou que seja a profissão seguida pelo nome. No texto teve cenas que você chamava o mordomo e o advogado pelo nome e outras só pelas profissões. Acho melhor você citar a profissão seguida pelo nome, assim não confunde.
    O início do capítulo foi confuso e meio chato. Sua escrita é boa, mas os detalhes em algumas cenas incomodou, tinha demais e não era preciso.
    Gostei da citação das ovelhas e sendo só uma preta. O final foi bom, com a citação que você fez dá pra imaginar que um a um vão se matar e no final a ovelha preta ficará com o dinheiro. Mas qual deles será a ovelha preta, esse é o mistério né?
    Maurício lhe parabenizo pela coragem de escrever uma web e de ler as críticas positivas e negativas. é sua estreia e você vai aprendendo e adequando sua web conforme os capítulos forem escritos. Lhe desejo muito sucesso. Me interessei pela sua web.

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    • Gremista, como leitor eu também não gosto mto deste primeiro capítulo e concordo plenamente com tudo o que disse, referente ao começo. Mas tive que manter, até pra explicar a trama e preciso que vcs conheçam os personagens. Tenho certeza que ao final deste segundo cap, vcs já terão se familiarizado. (Mas realmente os detalhes são chatinhos, kkk)

      Sobre os nomes, vc me deu uma boa dica! Vou colocá-los com nome e profissão em ( ) pra familiarizar melhor.
      Obrigado pelo seu comentário e fique à vontade pra elogiar ou criticar. Uma crítica sempre nos faz melhorar. 🙂
      Hj o segundo capítulo se chamará: “A SANTA CEIA”. Acho que já podem imaginar o que significa este título e o que virá depois da tal Ceia!

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    • Obrigado pelo comentário. É um bom argumento, mas acho que os demais personagens possuem tantos segredos e conflitos que nos próximos caps, vcs se surpreenderão. Ops, melhor eu ficar quieto. kkk. 🙂 Obrigado.

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  5. A estreia foi bem “ok”. Poucos acontecimentos, pra não falar nenhum. Mas o gancho foi ótimo e deu pra perceber que todos são interesseiros.

    Ansioso pra matança começar kkk

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  6. Ótimo capítulo, Mauricio. Morno, mas nada que atrapalhasse a trama. Uma abertura acho que ficaria ótima pra trama. Pra dividir o capítulo em dois atos com ela. Parabéns 😀

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  7. Não estou com tempo para ler esse luxo agora, mas sei do seu talento, meu amigo. Parabéns e muito sucesso pra você! ❤

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  8. Desculpa por não marcar presença na estreia.É que acabou a força da eletricidade.Depois leio.Me parece uma excelente trama!Parabéns!

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