Ovelha Negra – Capítulo 04

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EPISÓDIO ► 4: A Segunda Ovelha.

Edmundo: Certamente foi ele. O único que tinha acesso aos quartos. Agora entendo. Faz parte do plano nos deixar sem contato algum. Isolados nesta ilha. É ou não é Jayme?

Mordomo (Jayme): Como disse?

Irene: É isso mesmo que você ouviu. Você é o herdeiro agora. Que belo plano hein, Jayme? A resposta está na nossa cara, pessoal. Ele matou a tia Laura e depois deu um fim nos celulares de todos aqui, pra que ninguém pudesse avisar a polícia. Parabéns. Você foi muito engenhoso. Canalha! Assassino!

Todos se voltam contra Jayme, desconfiados dele. Jayme fica encurralado e os encara. O Mordomo dá uma gargalhada irônica.

Mordomo(Jayme): A senhorita deveria escrever livros.

Ângela: Irene e Edmundo! Parem com isso!

Mordomo(Jayme): Agora já chega! Se vocês não precisam mais de mim, irei terminar o serviço e me recolher. Estou profundamente ofendido com as acusações de todos vocês. São 30 anos servindo a essa família. Nunca roubei um fósforo de vocês.

Irene: Agora as coisas mudaram. Você é o milionário.

Mordomo(Jayme): Chega! Cansei de tudo isso! Vou deixa-los à sua própria sorte.

Doutor Sérgio: Jayme, por favor. Precisamos de você. Você conhece bem a casa.

Falta de luz. Alguns segundos, a luz volta.

Doutor Sérgio: Está vendo? Por favor, ajuda a gente.

Mordomo(Jayme): Se não continuarem com suposições, posso pensar em ajudar.

Irene: Tá vendo? Não tem uma hora que ficou rico e já perdeu a humildade. O espírito de servidão.

Edmundo: Chega Irene, acabou! O que foi isso, Jayme? Esse pico de luz?

Mordomo(Jayme): Essa casa ficou durante muito tempo abandonada. Madame Laura tinha um caseiro aqui, mas ele se esquecia de fazer o pagamento da conta de luz. Eles então cortaram. Madame Laura o demitiu e resolveu contratar alguém que mexesse com geradores. Mas como podem ver: O gerador precisa de alguns ajustes. E só eu sei como.

Doutor Sérgio: Por isso peço a você desculpas pelo ocorrido e peço que nos ajude até o amanhecer. Está fazendo um frio terrível lá fora. Pode nos ajudar se houver queda de energia?

Mordomo(Jayme: Certo. Pelo senhor e por alguns aqui, ajudarei. Pelo senhor, pela senhorita Ângela, a quem tenho imensa estima e pelo doutor advogado, que já desde então, peço que assim que sairmos daqui entre com uma ação contra a senhorita Irene e o senhor Edmundo, por terem feito insinuações. Não se preocupe com os honorários, sou um homem rico, agora. Não sou? Pode fazer isso, doutor?

Advogado (Otávio): Claro que sim. Fique descansado.

Irene e Edmundo com ódio. Mordomo os encara.

Mordomo(Jayme): Com licença. Vou me recolher para meu quarto nos fundos. 

Mordomo sai.

Ângela: Viu o que você fez Irene? Agora terá um processo pela frente.

Irene sobe as escadas com raiva.

Cena 2 QUARTO DE IRENE – Noite.

Irene entra no quarto a ponto de bala.

Irene: Idiota! Idiota! Tá se achando agora só porque tá milionário. Ele me paga. Ele não sabe ainda com quem tá mexendo! Não sabe.

CENA 3 QUARTO DE EDMUNDO – NOITE.

Edmundo entra nervoso no quarto fumando um cigarro.

Edmundo: Uma já foi. O alvo agora passou a ser ele. O herdeiro dela. Vaca. O dinheiro do meu pai não pode parar nas mãos de um criado. Algo começou e agora é preciso dar continuidade.

Edmundo olha pra gaveta, onde o revólver está escondido.

CENA 4 QUARTO DE AMANDA E ALEX – NOITE.

Amanda sentada na cama. Alex de um lado pro outro, bastante nervoso.

Alex: Idiota, deve estar rindo à toa. Pobre não pode ver dinheiro. Fica se fazendo de difícil, até processo agora quer abrir, você viu?

Amanda: Vi. Mas não adianta você ficar aí nervoso. Para de andar de um lado pro outro. Você tá me atrapalhando a raciocinar.

Alex: Então, tá. (para de andar) Então pensa. Mas tem que ser algo brilhante. Até porque esse dinheiro não pode ficar com ele. Não pode e não vai. Ouviu? Não vai.

Amanda: O que está pensando em fazer?

Alex a olha. Seu olhar exala ódio.

Cena 5 COZINHA – Noite.

Clo e Mordomo Jayme sentados tomando café.

Clo: Todos já se deitaram.

Mordomo(Jayme): Malditos. Me chamaram de ladrão e assassino. Se prepare porque a polícia vai cair em cima de você.

Clo: Em cima de mim, por quê?

Mordomo(Jayme):Como por quê? Você ainda pergunta? Quem é a cozinheira da casa?

Clo: Não ouviu o doutor dizer que certas alergias só se desenvolvem com o tempo. Além do mais, não coloquei nada de camarão na comida!

Mordomo(Jayme): Me engana que eu gosto. Só falta dizer que alguém colocou no prato dela e você não viu.

Clo: Certamente. E poderia ter sido você.

Mordomo(Jayme): (ri) Era só o que faltava!

Clô: Agora quero só que o dia amanheça pra irmos embora daqui.

Mordomo(Jayme): Não adianta. Os barcos só chegarão aqui domingo à tarde. Dona Laura pediu que ninguém viesse até aqui. Queria um fim de semana completo com a família.

Clo: A maldita morreu porque não aguentou ver a gata morta.

Mordomo(Jayme): Nós sabemos disso. E sabemos que ela foi envenenada. Não sabemos? O doutor disse!

Clo: Não sei de nada! Você também era empregado dela.

Mordomo(Jayme): Opa! A cozinheira é você. Não podem me acusar de nada. E cuidado com o que vai falar de mim.

Clo: Vai me processar também?

Mordomo(Jayme): Você? Não. O que poderia arrancar de você? (ri)

Clo: Idiota! Quando madame Laura nos chamou pra conversar e decidiu fazer de você o herdeiro dela. Você havia me dito que dividiria comigo a herança.

Mordomo(Jayme): Disse? Bom, deveria ter falado no momento de alegria. Não leve em consideração. Quando estamos alegres ou com raiva fazemos promessas absurdas.

Clo: E quanto a mim? Você vai me deixar na miséria? Trabalhamos juntos por 30 anos.

Jayme bebe último gole e se levanta. Clo também levanta.

Mordomo: Clotilde querida. Sinto muito, mas ela escolheu primeiro a mim.

Clo: E eu? Continuo nessa vida de escrava? Já estou velha demais pra isso!

Mordomo: Faça o seguinte, reze e peça ao seu Deus pra que você viva mais tempo que eu, assim, depois que eu morrer, você herda toda a herança. Isso se sobrar algo.

Clo: Traidor! Ordinário! Traidor!

Mordomo: Shiu! Cale-se e trabalhe. Como eu trabalharei até o domingo.

Mordomo se vai.

Clo: Traidor! Você me paga! Me paga! Você não sabe do que eu sou capaz! Não sabe.

CENA 6 SEGUNDO ANDAR – CORREDOR DOS QUARTOS – NOITE.

Doutor Sérgio com chave na mão. Ângela na porta de seu quarto.

Ângela: Estranho dormir assim com uma pessoa morta na casa.

Doutor Sérgio: Não precisa ter medo. Espero que você se recupere. Sei que gostava muito de sua tia. Estou surpreso, esperava ver você mais pra baixo. Chorando sem parar.

Ângela: Na verdade, acho que a ficha não caiu ainda.

Doutor Sérgio: (alisa o rosto dela) Amanhã daremos um jeito de sair daqui. Não fique com medo. Qualquer coisa; estou no quarto ao lado. Você é tão linda.

Ângela: (educadamente tira a mão dele) O senhor é um homem casado novamente. Não devo.

Doutor Sérgio: Desculpe. Não tive intenção.

Ângela: Eu acho melhor ir ver meu primo Egídio. Boa noite.

CENA 7 QUARTO DE EGÍDIO – NOITE.

Ângela entra no quarto de Egídio. Ele está deitado na cama. Ângela o cobre.

Ângela: Vim te colocar na cama. Já tomou banhozinho? Água do chuveiro é quente.

Egídio: Banho não. Não.

Ângela: Vai ficar fedendo? Tem que tomar todo dia!

Egídio: Foi ela. Ou foi ele.

Ângela: Do que está falando?

Egídio: Da tia. Foi a Irene ou foi o Jayme quem matou.

Ângela: Para com isso. Você não sabe o que fala.

Egídio: Foi um deles. Ela não gostava dela. Irene não gostava.

Ângela: Não diga isso. Mesmo que Irene não gostasse. Ela não mataria tia Laura.

Egídio: E o Jayme? Mataria? Tenho medo dele.

Ângela: Não precisa ter medo. Se bem que… Ele era o herdeiro.

Egídio: E se ele tentar me matar também?

Ângela: Ei! Ele não vai fazer nada com você.

Egídio: Se foi ele que matou a tia Laura. Ele tem que pagar.

Ângela: Tira isso da cabeça.

Egídio: Hoje de tarde, quando eu dormia, eu o vi saindo dos quartos.

Ângela: Estava arrumando os quartos. É o trabalho dele.

Egídio: Ele veio até aqui varrer e me chamou de demente. Disse que se cura a doença dos dementes, jogando água. Ele pensou que eu tava dormindo, mas eu ouvi. Disse que essa família toda tinha que morrer. Que tava cansado de ficar limpando quartos.

Ângela: Ele disse que todos, tínhamos que morrer?

Egídio: Por favor, não deixa o Jayme jogar água em mim. Por favor. Protege eu, prima. Protege eu.

Egídio abraça Ângela que fica a pensar.

UMA HORA DEPOIS

CENA 8 QUARTO DE ALEX E AMANDA – NOITE.

Amanda dorme. Alex se levanta bem devagar pra não acordá-la. Ele sai do quarto.

CENA 9 QUARTO DE ÂNGELA – NOITE.

Ângela de camisola anda de um lado pro outro. Se lembra de Sérgio.

Doutor Sérgio: (OFF) (alisa o rosto dela) Amanhã daremos um jeito de sair daqui. Não fique com medo. Qualquer coisa, estou no quarto ao lado. Você é tão linda.

Ângela se olha no espelho e ajeita os cabelos. Um batom na penteadeira.

Cena 10 Quarto de Irene – Noite.

Irene penteando os cabelos. Ele olha pra penteadeira e vê um batom. Ela olha o relógio e vê marcar 2h da manhã.

30 MINUTOS DEPOIS.

Cena 11 Quarto de Alex e Amanda – noite.

Amanda acorda e não percebe Alex na cama. Ela ouve barulho vindo lá debaixo. Ela se levanta e calça os chinelos.

CENA 12 QUARTO DE EMPREGADA/CLO – NOITE.

Clô não consegue dormir.

Clo: Traidor! Traidor! Isso não vai ficar assim. (Clô se levanta).

CENA 13 QUARTO DE EGÍDIO – NOITE.

Egídio se levanta da cama e caminha em direção à porta. Ele está com semblante ameaçador.

Egídio: Ninguém fará mal contra mim! Ninguém.

ACABA A LUZ DA CASA.

CENA 14 QUARTO DO MORDOMO – NOITE.

Mordomo dormindo, seu ventilador para de ventar. Queda de luz na casa. Ele acorda e se levanta.

Mordomo: Não acredito. O gerador foi pifar essa hora!

Mordomo pega uma caixa de ferramentas embaixo da cama, seu roupão e sai.

Cena 15 FACHADA DA CASA – Noite.

Luzes todas apagadas. Podemos ver uma lanterna no andar debaixo andando pelos cômodos. Luz de vela (OUTRA PESSOA) vinda do andar de cima, DESCENDO AS ESCADAS.

A luz da vela vai ao encontro da lanterna. A vela e a lanterna se apagam. Som de pancada. Uma faísca surge. A energia da casa reacende.

MANHÃ SEGUINTE.

CENA 16 QUARTO DE ALEX E AMANDA/BANHEIRO – MANHÃ.

Alex escovando os dentes, ele repara marca de batom na gola de sua camisa. Ele molha o dedo na pia e tenta tirar a marca. Batidas na porta.

Amanda: (OFF) Amor? Posso entrar?

Alex: Ainda não querida. (tentando apagar a marca)

CENA 17 QUARTO DO ADVOGADO/BANHEIRO – MANHÃ.

Otávio se barbeando, o relógio marca 6h: 20 da manhã.

GRITOS DE CLÔ VINDO DO ANDAR DEBAIXO. Ele ouve e sai do quarto calmamente.

CENA 18 SALA DE JANTAR – MANHÃ.

Dona Clô gritando e chorando num canto da parede. Som de correria descendo as escadas. Edmundo é o primeiro a chegar, seguido de Alex, Advogado, Sérgio, Amanda, Irene e Ângela.

Edmundo: O que houve, Clô? O que acontece?

Clô: Meu Deus! Olhem ali!

No outro canto da parede, próximo ao disjuntor geral, o corpo do Mordomo Jayme, estirado com os braços torrados e o corpo e o chão encharcados de água. Um balde com metade da água no chão da sala.

Continua…

35 thoughts on “Ovelha Negra – Capítulo 04

  1. Quer dizer que Alex tem uma amante? Pode ser Irene ou Ângela, essa web novela me lembra premonição kkkkk. Parabéns Maurício.

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  2. Parabéns pela web Maurício, estou acompanhando ela pela primeira vez e já gostei do estilo ágil que você desenvolve ela… Vou me inteirar de alguns capítulos e depois dou minha opinião sobre a web, parabéns! ❤

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  3. Não foi o Egídio nem a Clô que mataram o Jayme, se não vai ficar óbvio
    Alex tem uma amante… É a rainha Irene! Com certeza!
    Parabéns, Maurício!

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  4. Parabéns Maurício!
    Lindo capítulo. Web boa demais.
    Adorando.
    Jayme foi morto. Acho que é a Ângela porque Egídio disse pra ela que Jaime jogaria um balde de água. Mas em cada cena eu imagino uma pessoa sendo o assassino. Tá foda demais. Que gancho foda!
    Jaime morreu eletrocutado. Tacaram água nele. Quem foi? Aposto em Ângela!

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