Viagem no Tempo – 25ª Edição

Viagem no Tempo – 25ª Edição

Por Fábio Lima e Jean Ventura

viagemnotempo

Olá queridíssimas mucamas, nós preparamos para hoje uma edição sobre uma novela revolucionária, que apesar de ter cenas bizarras como uma mulher que morre quando um coco cai em sua cabeça, apresentou originalidade ao antigo horário de novelas das dez da rede Globo. Pois vamos lá, logicamente estamos falando de:

O Espigão

SINOPSE

Lauro Fontana, um empresário megalômano com sede de progresso e tecnologia, quer construir o maior hotel do Brasil, o “Fontana Sky” – um edifício de 50 andares. Mas para isso é necessário convencer a misteriosa família Camará – os irmãos Urânia, Baltazar, Marcito, Tina e Carlinhos – a vender sua mansão em Botafogo, no Rio de Janeiro, para que ele pudesse utilizar o imenso terreno.

O solar pertencera a um velho advogado, Martiniano Pedreira Camará, que chegara a ter grande fortuna mas, ao morrer, deixara apenas aquela mansão cercada de árvores. O inventário estava ainda em andamento, cabendo a herança aos filhos. Deles, em última instância, é que dependia a viabilidade do audacioso empreendimento de Lauro Fontana.

Dos cinco irmãos, só Marcito quer vender a casa, para gastar o dinheiro com mulheres. Urânia quer respeitar a vontade do pai, que pediu no leito de morte para conservar a mansão. Baltazar é um professor de ecologia contrário à devastação de mais uma área verde da cidade. Tina não quer sair da casa onde mora com seus 25 vira-latas. E Carlinhos, o caçula, é um hippie que mora em uma barraca no jardim, entre as amendoeiras, que, apesar de pregar a paz, o amor e o desapego às coisas materiais, não consegue, ele próprio, se desapegar da casa, tornando-se assim uma espécie de hippie de quintal.

Lauro Fontana, de origem humilde, deu o golpe do baú ao casar-se com a exótica Cordélia, a filha do patrão, proprietário de uma rede de motéis. Cordélia, mulher fútil e geniosa, deseja um filho a qualquer preço, porém Lauro é estéril. A solução encontrada é a inseminação artificial – depois da frustrada tentativa de adoção de Saulo, o bebê de Dora, uma humilde sem rumo definido e envolvida com Léo, um defensor da natureza sem nenhuma sorte.

Lauro Fontana tinha outras mulheres a complicar ainda mais sua vida. Num engarrafamento conhecera Lazinha Chave-de-Cadeia, que se torna sua amante. Lazinha também tivera infância pobre. Depois de muito lutar pela vida no Beco da Fome, tornara-se assaltante, liderando sua própria gangue, onde Nonô Alegria-das-Gringas era o cérebro.

Já Elka Escobar, mulher prática e dinâmica, fora secretária e amante de Lauro. Quando ele casou com Cordélia, jurou vingança e acabou se tornando a maior concorrente de Lauro Fontana no negócio hoteleiro.

CURIOSIDADES

  • Outro bom momento para o horário das dez da noite. A estrutura da novela girou em torno da desumanização da cidade, de como o progresso descontrolado poderia esmagar o ser-humano, e do avanço acelerado e predatório da expansão imobiliária sobre o meio ambiente.
  • Dias Gomes foi o primeiro a tratar de Ecologia na televisão, em uma época em que esse assunto era restrito aos meios acadêmicos e científicos. O autor voltaria ao tema em Sinal de Alerta (1978-1979).
  • Expressões como “espigão” (para designar arranha-céu), “ecologia” e “ecossistema”, além de discussões sobre inseminação artificial e bebê de proveta, entraram para o vocabulário popular através da novela.
  • O primeiro capítulo mostrou um engarrafamento de trânsito na cidade do Rio de Janeiro, numa noite de réveillon, em que alguns personagens se conheceram, criando os entrechos necessários para os capítulos que se seguiram. Foi nesse engarrafamento, no meio do túnel Rebouças, que aconteceu o nascimento do filho da jovem Dora (Débora Duarte) – uma cena marcante da novela.
  • O Espigão trouxe mais uma vez os tipos curiosos criados por Dias Gomes, desta vez centrados mais do que nunca nos irmãos Camará, uma família tradicional, bem educada, mas reprimida sexualmente. O maior exemplo das neuroses era dado pelo professor Baltazar, que colecionava mechas de cabelos de mulheres que ele havia desejado, sem jamais tê-las possuído – personagem de destaque na carreira do ator Ary Fontoura.
  • Lazinha Chave-de-Cadeia foi a primeira fora-da-lei que Betty Faria interpretou. A atriz voltou a este tipo com a personagem Lili Carabina no filme Lili, a Estrela do Crime, de Lui Farias, em 1988.
  • O Espigão usou pela primeira vez, em grande escala, efeitos especiais. O corredor que antecedia o escritório de Lauro Fontana (Milton Moraes) era uma esteira rolante – na realidade, um carrinho que o contrarregra puxava.
    Cordélia (Suely Franco) era uma mulher muito nervosa que, para se acalmar, ligava um dispositivo que fazia sua cama vibrar, trepidar. Na realidade, a cama estava sobre pneumáticos que os contrarregras sacudiam.
  • Para caracterizar a atmosfera de sofisticação tecnológica que cercava o protagonista, a TV Globo importou dos Estados Unidos ícones de modernidade à época, incorporados aos cenários da casa e do escritório do personagem: um super-relógio digital de mesa, que exibia as horas em vários países; um aparelho que funcionava como rádio, abridor de cartas e apontador de lápis; uma escova de dentes elétrica, que, adaptada, virava um secador de cabelos; e dois pares de óculos peculiares, um para ser usado em saunas, com pequenos para-brisas nas lentes, e outro para ser usado no escuro, com dois mini-holofotes.
    Fonte: site Memória Globo.
  • Zé Rodrix ficou responsável pela trilha de O Espígão – na época, as trilhas sonoras eram encomendadas a músicos e compositores consagrados. Inclusive é da autoria e interpretação dele o tema de abertura da novela.
  • Na época em que O Espigão foi ao ar, o grande nome dos empreendimentos imobiliários no Rio de Janeiro era o do construtor Sérgio Dourado. Havia obras realizadas pela sua construtora espalhadas por toda cidade. Uma parte do público confundiu ficção e realidade e identificou o empresário com o personagem da novela. Por conta disso, durante o lançamento de um prédio na zona sul do Rio, Sérgio Dourado chegou a ser agredido por um grupo em protesto.
    Fonte: site Memória Globo.
  • Em 1982, um compacto de 60% da novela foi preparado para cobrir a censura da minissérie Bandidos da Falange. Uma outra abertura foi criada por Hans Donner e a Som Livre chegou a recolocar a trilha nacional à venda. Mas essa reprise não foi ao ar. No Jornal Nacional, a Globo informou que Bandidos da Falange havia sido finalmente liberada e que a qualquer momento iria ao ar.
    No dia seguinte, a crônica especializada carioca divulgou que a Globo sofrera pressões por parte das grandes construtoras do Rio de Janeiro, pois a novela mexia com a chamada “especulação imobiliária” que se deu na cidade no inicio dos anos 1970.
  • Texto narrado na apresentação das cenas do próximo capítulo da novela (prática comum na época):
    “Cidade grande. O homem vira máquina, a máquina esmaga o homem. Chega pro lado! Abre caminho… A engrenagem engolindo… O futuro brotando… O Espigão!”

AUDIÊNCIA DETALHADA

O Espigão

O Espigão

NOVELA: O Espigão
HORÁRIO: 22h00
DE: Dias Gomes
META: ** pontos

03/04 a 05/04/1974 ** ** 38 26 21 = 28
08/04 a 12/04/1974 22 33 34 25 ** = 28
15/04 a 19/04/1974 30 34 27 25 27 = 29
22/04 a 26/04/1974 27 27 36 21 21 = 26
29/04 a 03/05/1974 24 21 ** 23 21 = 22
06/05 a 10/05/1974 25 29 39 26 24 = 29
13/05 a 17/05/1974 28 25 21 34 23 = 26
20/05 a 24/05/1974 22 28 21 22 18 = 22
27/05 a 31/05/1974 17 25 25 20 14 = 20
03/06 a 07/06/1974 19 ** 21 25 27 = 23
10/06 a 14/06/1974 26 22 28 21 30 = 25
17/06 a 21/06/1974 30 26 27 41 32 = 31
24/06 a 28/06/1974 26 29 27 31 26 = 28
01/07 a 05/07/1974 31 31 23 25 25 = 27
08/07 a 12/07/1974 29 25 42 26 28 = 30
15/07 a 19/07/1974 21 27 40 23 23 = 27
22/07 a 26/07/1974 21 28 27 29 29 = 27
29/07 a 02/08/1974 22 35 30 20 29 = 27
05/08 a 09/08/1974 32 31 30 27 25 = 29
12/08 a 16/08/1974 27 37 35 21 28 = 30
19/08 a 23/08/1974 29 27 28 27 25 = 27
26/08 a 30/08/1974 22 23 29 24 21 = 24
02/09 a 06/09/1974 30 35 26 26 22 = 28
09/09 a 13/09/1974 37 24 34 26 27 = 30
16/09 a 20/09/1974 31 31 26 33 25 = 29
23/09 a 27/09/1974 27 30 33 29 15 = 27
30/09 a 04/10/1974 30 29 50 25 22 = 31
07/10 a 11/10/1974 33 32 35 31 32 = 33
14/10 a 18/10/1974 39 27 27 30 32 = 31
21/10 a 25/10/1974 40 32 35 31 38 = 35
28/10 a 01/11/1974 ** ** ** ** ** = **

MÉDIA GERAL: 28 pontos


Então manas, gostaram? Se sim, um beijinho na @. Se não, apontem o que não gostaram e não critiquem a coluna. Simples assim.

Só quero mandar um recadinho pra certas infelizes que vive perseguindo o Airton no EPC: Vai tomar no @ sua caçadora de barracos. 

69 thoughts on “Viagem no Tempo – 25ª Edição

  1. Ótima edição, já tinha ouvido falar da novela, mas não tinha conhecimento dela, adorei conhecer. Não me chamou muito atenção, mas para a época deve ter sido revolucionária e polêmica. E morri com o recadinho no final, adooooooooooooooro, um pisão. Parabéns pela edição, Jean e Fábia!

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  2. Amei a edição, essa novela devia ser bem trash mesmo, já tinha ouvido falar nessa novela, mas só de nome mesmo
    Adorei o recado para a @ que vive pegando no pé do Airton
    Parabéns, Fábia e Jean
    Façam uma edição de Mulheres de Areia, se já fez manda o link pra eu ver

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  3. ENFIM! Agora sei exatamente como Urânia morreu. Foi uma cena corriqueira demais para o que eu estava esperando.

    O Espigão é outra novela que só deu certo na sua época. Tanto é que pôs na boca do povo um vocábulo que hoje está em desuso. Pelo menos eu nunca ouvi ninguém falar “espigão” pra se referir a um prédio ou arranha-céu. Um eventual remake dessa novela seria um completo desastre.

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    • Essa cena que você citou também me causou estranheza. Pareceu estar jogada lá, fora de contexto, meio sem sentido. Não sei como a história se desenvolveu até ali, talvez eu esteja equivocado.

      Obrigado pela participação Glay 😀

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      • Bom, o fio condutor da novela era que a Urânia e os irmãos não queriam vender a mansão onde eles moravam pro Lauro, pra fazer a vontade do pai (é exatamente isso o que a Urânia fala no vídeo antes do coco cair na cabeça dela). Pelo que eu entendi, eles foram cedendo ao Lauro um por um, mas a intransigência da Urânia fez com que ele acabasse desistindo de comprar a mansão. A Urânia não deixou a casa ser vendida, mas acabou ficando sozinha. E, por ironia do destino, acabou morrendo.

        É só uma suposição, não sei se realmente ocorreu assim.

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  4. Pensei que essa novela havia sido um desastre, mas pelo visto, não, 28 pontos deve ter sido uma boa audiência, até para os padrões da época, morto com os 50 pontos de repente.

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  5. Eu já tinha visto essas curiosidades dessa telenovela que, por sinal era bem avançada para a época! Dias Gomes sempre vindo com tramas interessantes mas cortado pela censura federal o que era uma pena… Ele roeu muito beira de sino como autor de telenovelas na década de 70! E pior foi Janete Clair que teve jogar 12 capítulos fora da novela FOGO SOBRE TERRA (1974)…

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  6. Se eu nn te amasse tanto assim, talvez nn visse flores, por onde eu vim… 🎵 Nn podia deixar de parabenizar a edição de hoje. 😉

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  7. Ri demais no final, kkkkkkkkkkkkkkkkk 😛 – Eu já havia falado dessa novela em uma das edições da minha extinta coluna o “Nova Descoberta de Novelas” em 2014, não tenho muita curiosidade por ela, parabéns pela excelente edição, dona Jeana e tia Fábia! 😀 😉

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  8. Morto com a cena do coco kkkkkk me lembrou as típicas bizarrices daquela década.

    E essa tabela com 50 entre 29 e 25 pontos?

    Pisou no encerramento. Rotina, né? Parabéns pela edição, Fabiely e Jean.

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  9. Chocado com a bizarra cena do coco matando a mulher kkkkkkkk. A história não aquela história que desperte atenção, mas vi vários elementos de tramas atuais. Permita-me discordar do Glay, mas acho que um remake não seria um grande desastre. Acho que poderia dá certo, pois se passasse para os tempos atuais, combinaria muito com o horário das 7. (Se a novela for cômica como Haja Coração, ou com traços cômicos como Totalmente Demais). Eike pisão na xu, no final kkk.

    Parabéns Fábia e Jean. 😀

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