Ovelha Negra – Capítulo 07

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EPISÓDIO 7: A Santinha do Pau Oco.

Cena 1 Sala de Jantar – Noite.

Alex: Amanda?

Amanda: Seu ordinário! Quer dizer que essa vagabunda é a sua amante?

Alex: Eu posso explicar, não é nada disso que você tá pensando!

Amanda: (chorando de raiva) Ah não? Porque será que vocês homens só dizem essa frase? Não to pensando, seu canalha. To vendo. E logo com essa vagabunda!

Passos de gente descendo escadas. Irene e Edmundo surgem atrás de Amanda.

Irene: O que está havendo aqui?

Irene e Edmundo veem ALEX e ÂNGELA nus na mesa. Ângela tenta se cobrir.

Edmundo: Deus misericordioso!

Amanda: Eu sabia que essa ordinária tinha algum defeito! Falsa loba disfarçada de ovelha.

Ângela: Uma hora iriam nos descobrir.

Amanda: Há quanto tempo? Falem! Quanto tempo, Alex, que você me trai com essa vagabunda?

Ângela: Não fale assim comigo. Me respeita!

Amanda: Ainda quer respeito? Eu vou te mostrar o respeito sua vadia, desgraçada!

Amanda pega uma barra de ferro no canto da parede e tenta golpeá-los. Ângela e Alex segurando a toalha da mesa pra taparem a nudez, tentam se defender.

Amanda: Ordinários! Cafajestes! Traíras! Eu vou matar vocês!

Amanda golpeia Alex no rosto. Edmundo segura Amanda por trás.

Amanda: (grita) Me solta Edmundo! Droga! Me solta.

Irene: (grita) Segura ela, Edmundo.

Edmundo: (grita) Amanda, pelo amor de Deus, se acalma!

Doutor Sérgio, Advogado chegam.

Doutor Sérgio: Mas o quê… Ângela!

Irene: (Ri) É, doutor! Parece que a sua namoradinha andou se abrindo pra outra pessoa. Literalmente.

Amanda: Essa ordinária ainda ficava se fazendo de santa, dizendo que jamais daria em cima de homem casado.

Edmundo: Olha! To impressionado viu Ângela. Isso só mostra uma coisa: Que não há santos aqui dentro. Que qualquer um é capaz de qualquer coisa. Seja de trair ou até matar.

Doutor Sérgio: Eu estou… Nem sei o que pensar. Não esperava isso de você. Eu estava realmente ficando apaixona… Meu Deus, o que estou dizendo?

Doutor Sérgio se apoia em uma cadeira. Alex sangrando na testa.

Advogado: Acho melhor vocês dois se vestirem e se recomporem.

Amanda: Com a Ângela? Eu jamais poderia imaginar! Talvez se fosse a Irene.

Irene: Ei! Dobre a língua que não sou vagabunda! Posso ser louca, mas tenho decência.

Alex com a testa sangrando.

Alex: Olha o que você me fez, Amanda! Olha!

Amanda: Isso não foi nada. Você nem imagina o que eu sou capaz de fazer. O que eu to pensando em fazer com vocês dois.

Advogado: Senhora Amanda, por favor, não pronuncie ameaças, pois na situação que estamos…

Amanda: Idiotas! Idiotas! Todos vocês. Isso não vai ficar assim. Não vou passar por traída.

Amanda sai da sala.

Irene: Seria bom, vocês colocarem uma roupa, não acham? A não ser que estejam pensando em concluir o serviço. (ri). E você hein, Ângela? Santinha do pau oco, hein? Quem podia imaginar? O que mais você pode fazer? Que surpresas você têm pra cada um de nós, aqui? Vou subir.

Advogado: Um momento, senhorita Irene. Solicito uma reunião aqui embaixo em quinze minutos, pra nossa própria segurança.

Irene: Virou general agora dessa bagunça?

Edmundo: Concordo com a reunião. Depois do que aconteceu aqui.

PASSAM OS MINUTOS.

Cena 2 Sala de Jantar – MADRUGADA.

Ângela, Irene, Edmundo sentados. Advogado em pé. Alex termina de descer escadas e se junta a eles.

Advogado: Onde está sua esposa?

Alex: Não seja tolo. Acha que ela entraria no quarto comigo, depois que aconteceu.

Irene: Ainda falta gente.

Sérgio com o rosto abatido, cabelos molhados, olhos inchados como de quem chorou, surge na sala.

Doutor Sérgio: Desculpem o atraso. Desculpem.

Edmundo: Caramba Sérgio. Você está mal hein! Caramba!

Sérgio olha pra Ângela, que envergonhada, desvia o olhar. Sérgio encara Alex, que desvia o olhar.

Advogado: Falta à senhora Amanda.

Irene: Deve estar lá fora. É bom que ela fique só, deve estar uma pilha.

Advogado: E é sobre ela que quero falar. Senhores; não tenho nada com a vida particular de ninguém aqui. Mas uma coisa precisa ser esclarecida de uma vez por todas. Temos três corpos lá em cima. E uma pessoa desaparecida por essa ilha. Se Egídio resolveu sair nadando, podemos incluí-lo na lista de mortos. Mas o que ocorre é que chegamos à conclusão de que há um assassino entre nós. Ou mais de um. Estamos todos tentando parecer tranquilos, mas no fundo estamos todos com os nervos à flor da pele. Isolados, sem contato algum. Esperando pela volta dos barcos, que acreditamos que venha amanhã. Algumas ameaças ocorreram aqui, nesta noite. Então sugiro que pra segurança do senhor Alex e da senhorita Ângela, que tranquem suas portas nesta madrugada que avança.

Edmundo: Está dizendo que acha que Amanda possa mata-los? Que ela seja a autora de todos esses crimes?

Advogado: Eu não disse isso. Se Amanda quisesse se vingar de algum dos dois, seria crime passional. E não acho que os crimes ocorridos até então tenham sido passionais.

Irene: Eu também não. E querem saber minha opinião: Amanda não é assassina. É só uma cadela que ladra e não morde. Tenho minha opinião com relação a esses crimes, e não a mudo. Sei quem é o assassino.

Advogado: (nervoso) Então nos diga.

Irene se levanta.

Irene: Não percebem a coincidência? Foi só a herança cair nas mãos da Ângela que as mortes cessaram.

Ângela: Não seja ridícula! Eu não sou assassina e daria minha parte pra sair viva dessa casa, dessa ilha.

Irene: É? Então porque não assina sua recusa?

Todos olham pra ela.

Ângela: Não mesmo. Não vou fazer o seu joguinho.

Irene: Estão vendo? Aposto que ela vai dormir em paz esta noite. Vai temer o quê? Escute aqui Ângela, depois que presenciamos aqui nesta sala, esta noite, não me surpreenderia mais nada de ninguém, então se você não é a assassina, é a protegida do assassino, nesta casa.

Doutor Sérgio, nervoso, bebe algo.

Irene: E por mim, esse alguém pode ser o demente do Egídio ou o doutor apaixonado. Ou porque não? Alex?

Alex bebendo algo olha pra ela.

Alex: Pois é. Pode ser. Pode ser que seja eu, não é? E porque não seria você Irene? Ou por que não Edmundo? Ele não trouxe uma arma pra cá e a escondeu depois? A mesma arma que pode ter batido na cabeça da Clô, por trás dela no alto da escada.

Edmundo se levanta e caminha em direção a Alex.

Edmundo: Quer saber? Você tem razão, eu poderia ter feito isso mesmo. Já que eu teria todos os motivos pra querer esse dinheiro, ainda mais

depois que o meu pai me fez jurar vingança antes de morrer entrevado naquela cadeira. E tem mais uma coisa, sabe o quê? Estava pensando se…

Edmundo dá um soco em Alex, Alex quebra o copo na cabeça de Edmundo. Edmundo pega Alex pela gola da camisa e o joga sobre a mesa. Advogado, Irene, Sérgio o seguram.

Edmundo: (grita) Seu idiota! Seu maldito! Eu vou matar você, cara.

Alex: (grita) Eu vou acabar com a tua raça. Você não me engana. Não me engana! Trouxe aquela arma pra cá, pra matar a todos nós e agora a escondeu.

Advogado: Pelo amor de Deus, controlem seus nervos.

Edmundo é separado de Alex pelo advogado. Ângela segura Alex. Irene e Sérgio observam.

Ângela: Ele te machucou Alex?

Alex: Me deixa, você também!

Sérgio observa Ângela.

Doutor Sérgio: Francamente Ângela. Você ainda fica do lado dele?

Ângela: (nervosa) Francamente, o quê? Te devo satisfações? O corpo é meu e dou pra quem eu quiser. Me esquece, doutor!

Ângela vai subindo as escadas e para ao ouvir a voz de Sérgio.

Doutor Sérgio: É assim que você retribui o carinho que eu tenho por você? Me disse que não poderíamos ter nada além da amizade, por que eu era casado. Estava disposto a me separar assim que saíssemos desta ilha.

Ângela toma um semblante de mulher leviana.

Ângela: Não se dê ao trabalho de um divórcio. O problema não era o senhor ser casado. O problema não é sua esposa, é o senhor. Sou jovem e o senhor é um velho. Se poupe! Até porque o senhor não teria disposição pra me aguentar numa cama por horas a fio. Sou discreta sim, mas entre quatro paredes, sou mulher pra ser domada por um touro, e o senhor não passa de um galo velho e fraco. Bom fim de noite pra todos.

Ângela sobe as escadas. Todos boquiabertos. Sérgio fica humilhado, com os olhos de lágrimas de ódio. Irene, espantada.

Irene: (assovia) Caramba! Bom, depois dessa… Acho melhor eu trancar mesmo a porta. Que azar no amor, hein doutor?

Advogado: Acho melhor cada um de nós irmos pro seu próprio quarto e trancar a porta. Estamos todos tensos, alguns mais que os outros.

Irene: Pela primeira vez, tenho que concordar com o senhor. E Amanda? Onde ela está?

Advogado: Não se preocupem. Vou procura-la lá fora.

Cena 3 Casa – Corredor – Noite.

Sérgio no corredor. Ele tira a chave de seu quarto do bolso. Ele olha para a porta do quarto de Ângela, ao lado do seu. Ele alisa a porta com olhar de ódio.

Doutor Sérgio: Não deveria ter brincado com meus sentimentos. Ninguém brinca com meus sentimentos.

O Semblante de Sérgio se altera e fica assustador.

Cena 4 Casa – Quarto de Alex e Amanda – Noite.

Alex entra no quarto e tranca a porta. Ele respira fundo.

Alex: Ângela. Você estragou tudo. Estragou o meu casamento. A culpa foi sua. Minha não. Eu sou homem. Não poderia negar fogo. Você é a culpada.

Cena 5 Casa – Quarto de Edmundo – Noite.

Edmundo anda de um lado para o outro.

Edmundo: Ângela. Ela é a herdeira da vez. Amanhã já é domingo. Ela não pode levar essa bolada toda daqui. O coelho precisa sair da toca! Precisa! Como?

Edmundo percebe sua janela aberta.

Cena 6 Ilha – MADRUGADA – Horas depois.

Ventania forte começa a ocorrer. Chuva cai. Trovoadas.

Cena 7 Casa – Quarto de Ângela – MADRUGADA/Chuva.

Ângela acorda. Ela pega a garrafa na cômoda ao lado da cama e a percebe vazia. Ângela se levanta e põe os chinelos. Ela vê pela janela aberta, relâmpagos e chuva. Ângela vai até a janela para fechá-la e vê alguém lá embaixo, rondando a casa. Alguém com capa de chuva preta.

Ângela: Meu Deus! Será ele? Egídio? Só pode ser. Ele está vivo. Graças a Deus! Só pode ser ele.

Ângela coloca o roupão e se prepara para sair.

Continua…

32 thoughts on “Ovelha Negra – Capítulo 07

  1. A Ângela é a amante do Alex e mostrou não ser tão boazinha assim, será essa pessoa de capa preta o Egídio? Ou a Ovelha Negra?
    Parabéns, Maurício!

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  2. O capítulo foi bem chocante.A cena mais bombástica foi a do Alex traindo a Amanda com a Ângela.A cena mais chocante foi o Edmundo e o Alex se agredindo.
    A cena mais misteriosa foi a Ângela vendo alguém de capa preta.Será um assassino ou a volta do Egídio?Parabéns pelo capítulo!

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  3. Morto que era a Ângela! Justo a única personagem que eu acreditava na inocência… É, pelo jeito, nenhuma ovelha é do bem 😛 Ela mudou bastante sua personalidade nesse capítulo… É, eu tenho que começar a desconfiar de personagens bonzinhos demais.

    Morto com o machismo do Alex.

    Ai, acho que a Ângela vai morrer. Não lembro direito qual a ordem do testamento, mas pelo que falaram aqui, é ela 😛

    Egídio é a ovelha negra, claramente.

    Parabéns, Maurício! 😀

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  4. Maurício que reviravolta hein, surpreso aqui. Muito bom mesmo o capítulo;
    Ângela vai morrer, Sérgio a matará. é o Egídio na capa e ele não é louco.
    Alex muito machista, mas a morte de Ângela não será do assassino das outras ovelhas, será passional.
    A Laura morreu mesmo, porque só o Sérgio viu o corpo né. Talvez ele esteja de combinação com ela.
    Te peço pra não deixar pro último capítulo a revelação do assassino!

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