Monólogos da Ditadura – Capítulo 5

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Cena 1 – Sala de Simenio (Base de Refugiados Brasil)

Margelli estava sob a mira do revólver, seu olhar não implorava para que ele a poupasse, apenas exibia uma expressão de cólera e horror.

MARGELLI: O que devo fazer?

SIMENIO: Boa garota. – Ele guarda o revólver. – Depois que o desafio da caneta for encerrado, todos os refugiados serão submetidos a um exame coordenado por você e os demais enfermeiros que são responsáveis pela clínica, no exame as pessoas que forem diagnosticada com algum problema deve ser dirigida aos membros da clínica. – Ele vai até sua mesa e pega alguns documentos. – Aqui estão os manuais. – Diz ele entregando os papeis nas mãos de Margelli. – Os pacientes diagnosticados com qualquer problema serão enviados a uma clínica que apoio que fica na fronteira com a Venezuela.

MARGELLI: Essa é a mentira que devemos contar a eles?

SIMENIO: Claro. – Ele a encara. – Ninguém pode saber que essas pessoas estão sendo enviadas para descarte, afinal isso iria causar pânico nas que ficam e isso iria dificultar nosso método de purificação.

MARGELLI: Isso é desumano.

SIMENIO: Eu espero que você não esteja se opondo contra o governo.

MARGELLI: Eu farei apenas o que me cabe, não levarei comigo o peso da morte de centenas de pessoas. – Ela olha com raiva o seu carrasco. – Eu não concordo com isso, mas eu sou apenas um soldado do governo, irei enviar à morte até o papa se for necessário, se é isso que queria ouvir.

SIMENIO: Já é o suficiente, pode voltar para sua sala agora e prepare seus pacientes.

Margelli não tinha mais esperanças, ela esforçou-se muito para manter algumas pessoas vivas, e mesmo doentes ela sabiam que se fossem bem tratados todos tinham uma grande chance de sobreviver, mas eles já não os queriam mais vivos. Era torturador.

A responsável pela clínica, denominada entre outros nomes, como a médica, ou doutora da verdade, mesmo não tendo a formação necessária para isso, estava pronta para deixar seus pacientes falecerem de forma brutal. Margelli repetia a si mesma que aquela culpa não lhe pertencia, mas nada amenizava sua dor, as visões de seus pacientes invadiam sua mente. Quando por exemplo quando uma velha senhora lhe agradeceu por mantê-la viva. Ela via em seus pacientes pessoas como ela.

Margelli chorou.

 

Cena 2 – Sala para descarte humano

Magda estava caída no chão. Ela sangrava muito e esperava por ajuda, qualquer um que fosse, mas ela já podia morrer ali, talvez o único motivo que a mantinha respirando era saber que Yumi estava sozinha e precisava dela.

Magda tentou se levantar, mas falhou, suas lágrimas caíram como sua falha ao viver, eis que alguns passos se aproximam, ela se apegou em Deus para que não fosse seu agressor, mas qualquer pessoa que pudesse a vir se tornar seu salvador.

E para sua sorte se tratava de Horário que caminhava pelos corredores para desbravar o local, conhecer novas instalações e também se distrair um pouco. Para sua surpresa ele deparou-se com ela jogada no chão.

MAGDA: Me ajude. – Ela implorou com o resto de forças que lhe restavam.

Horácio correu até ela e a colocou sentada com as costas apoiada na parede.

HORÁCIO: O que houve?

MAGDA: Por favor. – Ela tocou o rosto de Horácio com carinho, ela sentia a respiração quente daquele jovem tão próximo de si que teve a sensação de lembrança de seu namorado, ela sorriu. – Você… – Era como se ela estivesse delirando e vendo seu namorado em sua frente. – Você voltou. – Seus olhos se fecharam e seu corpo pendeu para o lado, só não chocou-se contra o chão, pois Horácio a segurou pelo braço.

HORÁCIO: Acorde. – Ele dava leves batidas no rosto de Magda, mas era inútil, ele então leva a mulher até a clínica para ser cuidada pela Margelli. Magda era pesada, Horácio conseguiu carrega-la por poucos metros e então ele a soltou, ele procurou atento ao redor quando viu um dos soldados de Simenio. – Ei você! – Ele o chamou. – Me ajude a levar essa mulher até a clínica.

O soldado acatou a ordem de Horácio, afinal existia uma hierarquia a ser seguida e os membros da SOTF eram temidos, e ao mesmo tempo respeitados.

Os dois conseguem levar Magda até a clínica, e então Taume inicia os primeiros socorros.

Horácio deixa o local logo em seguida, mas ele ainda permanecia marcado com a forma como ela tinha tocado seu rosto.

 

Cena 3 – Dormitório (Quarto do grupo da Yumi)

Yumi estava deitada na cama, ela encarava contemplando o vazio que existia naquele papel em branco que estava em suas mãos.

YUMI: Eu não sei ler. – Ela revelou.

RYTHUS: Não se preocupe, assim que a Magda trazer a caneta eu te ajudo a responder sua prova.

Yumi olhou com gratidão para Rythus, e o abraça de forma automática. Yumi sentia-se tão sozinha e desprotegida, ela tinha apenas ao Rythus e ao Dionísio.

DIONÍSIO: Acho que a Magda está demorando. – Ele estava preocupado e não conseguia parar de andar de um lado para o outro. – Eu preciso ir procurar por ela, vocês fiquem aqui.

RYTHUS: Não demore.

DIONÍSIO: Não vou demorar.

Dionísio abre a porta e sai logo em seguida.

 

Cena 4 – Salão principal

Jayne e Kalebe estavam esperando por Daskvi já fazia alguns minutos.

JAYNE: Será que ele vai demorar muito?

KALEBE: Ele deve chegar logo.

JAYNE: Quanto tempo para a prova acabar?

KALEBE: Quinze minutos.

JAYNE: Ai não vai dar tempo.

Eis que Daskvi se aproxima dos dois. Jayne dá um salto contente e o aborda rapidamente.

JAYNE: Conseguiu a caneta?

DASKVI: Não tinha nenhuma lá.

JAYNE: Não é possível, e agora?

KALEBE: Calma Jayne, se não passarmos podemos pegar o outro avião junto com o Daskvi.

Jayne não conseguia evitar de expressar sua decepção.

JAYNE: Mas eu tenho pressa. – Ele disse encarando seu irmão. – Eu quero encontrar nossos pais logos, você não?

Kalebe sente uma pontada no coração quando escuta aquela frase, o seu irmão ainda sonhava em encontrar seus pais, e quando ele descobrisse que eles já estavam mortos?

KALEBE: Eu também, mas temos que dar tempo ao tempo.

DASKVI: Como assim… – Antes dele perguntar do desaparecimento dos pais dos meninos, Margelli aparece.

MARGELLI: Daskvi…

Daskvi volta-se para trás e depara-se com o olhar abatido da doutora da verdade, ela não conseguia mais conter as lágrimas que invadiam seu corpo e a torturavam com tamanho sofrimento.

DASKVI: O que está acontecendo, Margelli?

MARGELLI: Seu pai, Daskvi…

DASKVI: Não…

Margelli colocou as mãos sobre o rosto, ela estava envergonhada, sentia-se tão culpada, suas mãos estavam sujas de sangue, sua alma estava imersa sobre uma culpa que não era só sua.

Daskvi nem esperou para ouvir as explicações de Margelli e saiu correndo, sem rumo algum, as vezes as pessoas vivem a vida inteira sem saber para onde ir, e outras vezes o destino trata-se de tirar os rumos a ser seguidos.

 

Cena 5 – Clínica dos refugiados

Dionísio não sabia o motivo pelo qual seus passos o guiaram até toda aquela gente enferma. Sua atenção estava centrada em uma única direção, pra frente, sempre seguir em frente, quando ele sente alguém tocar seu braço.

TAUME: O que está fazendo aqui?

DIONÍSIO: Eu estou procurando uma pessoa.

TAUME: Qual o nome dela?

DIONÍSIO: É Magda. – Ele disse num suspiro. – Mas é possível que ela não esteja aqui. – Ele não podia confiar em seus instintos, negava-se a si mesmo que alguma coisa pudesse ter acontecido a ela. Ele tinha medo de aceitar algo pior.

TAUME: Chegou uma mulher agora a pouco.

Depois de dita a frase, Dionísio sentiu o coração gelar, mesmo assim parecia que seus passos sem rumo pareciam ter se encontrado em algum lugar, mesmo sendo um lugar onde desejava não estar.

DIONÍSIO: Me leve até ela. – Ele implorou. – Por favor.

TAUME: Venha comigo.

Dionísio a seguiu até uma maca que estava rodeada com uma cortina branca, Taume afasta a cortina e revela Magda ferida para Dionísio.

DIONÍSIO: É ela. – Ele tentou se aproximar, mas Taume o impede.

TAUME: Eu fico feliz que tenha encontrado sua amiga, mas no momento ela está em tratamento, temos que evitar contaminação.

DIONÍSIO: Contaminação? – Pergunta ele surpreso.

TAUME: Sim, Magda, a sua amiga, ela foi exposta à radiação por um longo período, é difícil dizer se ela vai conseguir sobreviver. – Ela toca o ombro de Dionísio. – Você tem que estar preparado.

Não é fácil sentenciar alguém a morte, mas Taume trazia algo calmo e tranquilo em sua voz, ela estava acostumada com aquilo, não era surpresa as mortes acontecerem diariamente, mesmo assim, ela e Margelli sempre deram o máximo de si para manterem os pacientes vivos.

Dionísio não recebeu bem a notícia, ele ficou tonto, talvez o cheiro forte daquela clínica estivesse o atordoando, mas o fato era que ele iria rezar muito por Magda, mesmo que Deus não ouvisse suas preces, todos fazem o que podem, e a única coisa que estava no alcance de Dionísio naquele momento era rezar.

 

 

Cena 6 – Salão principal

Faltando cinco minutos para o término da primeira prova, algumas pessoas já tinham achado canetas, mas era como se ninguém tivesse as encontrado, e se tivessem teriam misteriosamente as perdido.

Kalebe e Jayne estavam aflitos caminhando de um lado para o outro quando de repente uma mulher sorridente aparece diante dos dois.

FERNANDA: O que estão fazendo aí?

KALEBE: Fernanda!?

JAYNE: Eu que pergunto, você sumiu por dias.

Fernanda solta um sorriso disfarçando.

FERNANDA: Já terminaram a prova?

KALEBE: Na verdade estamos na contagem regressiva para a derrota.

FERNANDA: Nem digam isso, não desistam.

JAYNE: E você conseguiu?

Fernanda solta um sorriso.

FERNANDA: Vamos para o quarto, eu empresto minha caneta para vocês. – Ela disse sussurrando. – Nos próximos minutos é muito perigoso alguém saber que temos uma caneta.

KALEBE: Eu não acredito, como você conseguiu?

FERNANDA: Vamos que no caminho eu conto pra vocês.

Eles a seguem rapidamente até o quarto.

 

Cena 7 – Dormitório de Yumi

Yumi estava encarando a prova, eis que Dionísio chega com um olhar apreensivo, e Yumi salta para cima dele dando-lhe um forte abraço.

YUMI: Você demorou. – Incrível como o gesto lembrou Dionísio quando sua filha sorria quando ele chegava, ele acariciou os cabelos de Yumi, era como se o perfume de Marissa existia nela. – Onde está a Magda?

DIONÍSIO: A Magda… – Ele não sabia o que dizer. – Ela acabou se ferindo, mas já está se tratando agora.

Mesmo tentando falar num tom moderado, ou tentando amenizar a forma como Yumi receberia aquela notícia, o desespero foi maior, talvez porque Yumi sabia que “um pequeno acidente” matava, ela sabia porque seus pais tinham morrido por “um pequeno acidente”.

YUMI: Não… Não! Não! Não! – Ela começou a gritar e chorar desesperadamente. – Ela não pode morrer, ela é minha amiga, ela disse que me levaria passear pelo parque. – Ela chorava descontroladamente, voou sobre a prova e a rasgou com fúria. – Tudo por causa desse papel.

Rythus tentava se aproximar, mas estava acompanhando uma amostra grátis do sofrimento que Yumi passou quando perdeu seus pais, e por algum motivo Rythus sentia-se preso diante da situação, as lembranças dolorosas não o ajudavam a ser o homem da casa que toma as decisões e ampara os demais quando precisam de ajuda. Rythus falhou miseravelmente.

Dionísio agachou-se e abraçou Yumi.

YUMI: Por favor salva a Magda.

DIONÍSIO: Eu vou salva-la, vai ficar tudo bem.

Yumi se afasta do abraço, ela chorava, mas tentou conter as lágrimas por um momento. Ela se ajoelhou diante de Dionísio, e juntou suas mãos como quem faz uma prece, e seus olhos fitam diretamente o desgosto de Dionísio.

YUMI: Promete que você vai fazer tudo pra salvar a Magda?

Dionísio parecia ter perdido todos os sentidos, aquela imagem era a cena perfeita de uma criança implorando uma segunda chance de salvar seus pais, quando ela perdeu seus pais ela não conseguiu se ajoelhar diante de ninguém pedindo ajuda, mas agora ela tinha a oportunidade de salvar a vida de Magda, ela precisava da ajuda de Dionísio.

YUMI: Promete!

DIONÍSIO: Eu prometo. – Ele chora e a resgata num forte abraço. – Eu prometo que vou fazer de tudo para salvar nossa amiga.

Estava feito, Dionísio tinha se comprometido consigo mesmo que não deixaria nada de mal acontecer com Magda.

 

Cena 8 – Sala de Megan (Estados Unidos)

Megan terminava de tomar seu café, quando a porta de sua sala se abre e um homem adentra com passos lentos.

JAMES: Boa tarde minha filha.

MEGAN: Pai? – Ela o encara com estranheza. – O que está fazendo aqui?

JAMES: Vim ver de perto o seu trabalho.

“Velho comunista do demônio”, deve ter sido o único pensamento que veio na mente de Megan ao ver seu pai. Ao contrário do que todos diziam, James era um homem justo e bondoso, não tinha as qualidades necessárias para ser o líder de um povo.

 

Cena 9 – Sala de Angelique (Tarde)

Angelique deixava sua sala para se dirigir até o salão principal onde iria presenciar o fim da primeira prova dos refugiados da base.

Ela caminha por um longo corredor quando depara-se com Horácio.

ANGELIQUE: Horácio!?

Ele a encara com estranheza.

HORÁCIO: Sabe meu nome?

ANGELIQUE: Claro. – Ela sorri. – Eu estou indo para o salão onde será divulgado o resultado das pessoas que passaram.

HORÁCIO: Estou indo para lá também.

Os dois se encaram por mais um tempo e nada mais dizem, eles continuam caminhando um do lado do outro sem nada mais dizer.

 

Cena 10 – Dormitório (Grupo de Yumi)

Dionísio estava ocupado abraçando Yumi e tentando acalmá-la, enquanto Rythus olhava incrédulo para a prova.

RYTHUS: Faltam poucos minutos, nós vamos perder.

DIONÍSIO: O importante é estarmos todos juntos.

Rythus olha para a prova de Yumi, que está rasgada, e então ele começa a analisar os locais onde a folha foi danificada e então tem uma ideia.

RYTHUS: Vamos rasgar as provas.

Dionísio o encara com estranheza.

DIONÍSIO: O que?

RYTHUS: Eles disseram que é preciso marcar as alternativas, não disseram como, na verdade a caneta é uma armadilha, a gente nunca preciso de canetas para essa prova.

DIONÍSIO: Isso. – Ele pega as folhas das provas que estavam no chão. – Espero que dê certo. – Cada opção que deveria ser marcada levava um pequeno corte feito por Dionísio, sendo assim ele conseguiu marcar todas as questões das provas com rasgões leves deixando claro as alternativas escolhidas.

YUMI: Vamos entregar logo.

Eles saem correndo se dirigindo para o salão principal.

 

Cena 11 – Dormitório de Kalebe e Jayne

Kalebe e Jayne terminavam de preencher a prova com a caneta dada por Fernanda.

KALEBE: Você ainda não explicou onde conseguiu a caneta.

Fernanda o encarou.

FERNANDA: A caneta estava dentro da privada. – Ela faz uma cara de nojo e sua expressão era de extremo horror, ela não queria ser lembrada do que tivera que fazer para conseguir aquela caneta.

JAYNE: Tudo bem, vamos entregar as provas logo.

Eles deixam o dormitório e saem correndo em direção ao salão principal.

 

Cena 12 – Salão principal

Alf recebia as provas finais, Dionísio entregou sua prova, a de Yumi e a de Rythus, todas estavam rasgadas nas alternativas marcadas. Alf soltou um sorriso.

ALF: Um tanto quanto criativo.

Ele guardou as provas junto com as demais que estavam sendo recebidas. O olhar de Dionísio se encheu de esperanças, ele abraçou Yumi e Rythus.

DIONÍSIO: Passamos a primeira fase, passamos!

Eles comemoravam num canto enquanto Jayne, Kalebe e Fernanda entregavam suas respectivas provas. E assim foi nos próximos minutos, muitas pessoas passaram, muitas rodaram.

Depois de encerrado o primeiro desafio, Brian se manifestou.

BRIAN: A próxima prova será um exame médico, todos passaram pelas mãos da doutora Margelli, e Taume, os doentes serão reprovados.

Todos começam a se olhar um para o outro, alguns comentários de raiva são ditos em meio a plateia.

ALF: Peço que tenham calma, os enfermos serão transferidos para uma base nos Estados Unidos com emergência para receber cuidados médicos mais adequados, a doutora Margelli vai falar um pouco sobre isso.

Margelli se levanta e vai até o meio do palco.

MARGELLI: Será um exame simples, irei tentar diagnosticar qualquer tipo de anomalia causada pela radiação, os enfermos serão enviados para os Estados Unidos, como o Alf disse, para receber cuidados melhores, e os demais continuarão fazendo as provas de seleção.

Eis que nesse momento todo mundo queria estar sofrendo alguma doença, mas era impossível declarar-se doente nos próximos dois minutos.

BRIAN: Agora todos formem uma fila.

Todos obedeceram, ao lado do palco tinha uma sala, onde Margelli e Taume entraram e aguardaram pelos pacientes.

BRIAN: Entra de 3 em 3.

E assim os 3 primeiros entraram.

Margelli encarou os pacientes com frieza.

E assim o exame médico continuou, Margelli e Taume olhavam as genitais dos pacientes, os olhos, a boca, simplesmente tudo, alguns eram mandados para aguardarem na clínica, e outros recebiam a carta de passe livre.

 

Cena 13 – Algumas horas depois

Tudo já havia terminado, os sobreviventes deveriam retornar para seus quartos, Dionísio, Rythus e Yumi conseguiram passar e já voltavam para o dormitório descansar.

DIONÍSIO: Acho que só tem prova amanhã.

Yumi, em meio a tanto medo e frustrações conseguia sorrir.

YUMI: A Magda vai ser salva. – Ela disse com convicção. – Eles vão levar os doentes para os Estados Unidos né?

RYTHUS: Eles vão. – Ele concordou.

Eles acreditavam seriamente naquilo.

YUMI: Estou com sede.

DIONÍSIO: Fiquem aqui, eu busco água.

Os dois concordam e permanecem no quarto enquanto Dionísio sai novamente.

 

Cena 14 – Corredores da Base

Simenio voltava para sua sala, ele estava distraído caminhando ao lado de dois soldados, quando Angelique segura seu braço.

ANGELIQUE: Você me deve respostas!

SIMENIO: Do que você está falando?

ANGELIQUE: Que história é essa que os enfermos vão ser levados para os Estados Unidos? Não é apenas um avião?

Nesse momento Dionísio passava pelo corredor, mas antes de ser visto ele para, e permanece ouvindo a conversa dos dois.

SIMENIO: Isso não é algo para ser discutido aqui. – Ele olha ao redor e não consegue ver ninguém. – E você não deve se meter nisso.

Angelique fica completamente indignada.

ANGELIQUE: Vocês estão enganando essas pessoas? – Ela fica furiosa. – Vocês não vão levar elas para os Estados Unidos coisa nenhuma, eu quero saber! Vocês vão dizima-los? É isso? Vão matar todas as pessoas doentes?

Monólogo de Simenio

É preciso agir conforme a lei que rege tudo ao redor, que define que os fortes sobrevivem. Não é preciso dar outra explicação melhor que isso, os doentes estão ocupando muito espaço e tirando a chance dos saudáveis sobreviverem. A doença é um mal que passa de pessoa para pessoa, os doentes já estão mortos, só precisam ser descartados, e quem ainda vê salvação nessas pessoas apodreceram junto com elas, merecem o descarte como forma de piedade.

 

 

CONTINUA…

64 thoughts on “Monólogos da Ditadura – Capítulo 5

  1. Que capitulo incrível, o que uma pessoal não faz para se salvar, vale até mesmo por a mão numa privada, sabe lá o que tendo lá, para pegar uma simples caneta. Como relatei no capitulo anterior, Daskvi sofrendo mais que tudo, Angelique acredito eu, seja a coisa mais importante para ele agora. Será que o Dionisio sabendo da verdade vai tentar salvar a Magda? e qual será a próxima prova?, isso e muito mais só no próximo capitulo da web Monologos da Ditadura, falando em monologo, o que foi em Simenio! No mais, parabéns Hivan, mais um excelente capitulo.

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    • E eles serão capazes de fazer muitas outras coisas, nas próximas provas eles serão testados novamente e colocara a prova o que o ser humano é capaz de fazer. Realmente Daskvi sofre bastante, e Angelique se importa com ele, ela se preocupa. E darei um pequeno spoiler, sim, o Dionisio vai fazer de tudo para salvar Magda, afinal ele fez uma promessa para a Yumi.
      E logo conheceremos a próxima prova. Simenio destilando veneno no final do capítulo, muito obrigado 😀

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  2. Ai gente, Yumi partiu o meu coração… o medo de perder novamente a sua família; no caso, o medo de perder Magda. Dionísio prometeu fazer o possível para salvar Magda, mas no fundo ele deve saber que nada do que ele fizer vai ser o bastante. Ainda mais agora, que ele descobriu a verdade sobre a seleção bancada pelo Simenio.

    GENTE, QUE LAMPEJO FOI ESSE, RYTHUS? Nossa, isso poderia ter salvo tantas vidas…

    Eu deveria estar me mordendo de raiva do Simenio depois desse monólogo… mas não, estou refletindo sobre o que ele disse. Olhando por um lado, a racionalidade dele é coesa, o raciocínio dele faz sentido. O ser humano é muito apegado à vida, faz de tudo para mantê-la, mas ele nunca vai conseguir… logo, realmente quem tenta salvar vida acaba morrendo também. Se seguirmos essa linha de raciocínio absurdamente racional e desumana, encontramos sentido nela.

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    • A cena da Yumi foi bastante emocionante, pena que eu não me aprofundei tanto, mas os sentimentos da menina são verdadeiros, ela encarando a morte de frente mais uma vez, não se permitindo perder mais alguém tão próximo assim como perdeu seus pais. Dionísio se viu de mãos atadas, afinal ele sabe que não conseguirá fazer muito por Magda.
      E Rythus teve uma ideia genial nos ultimos segundos, realmente salvaria muitas vidas, mas quando se esta numa prova a tensão é tão grande que todo mundo não consegue ver nada além da caneta e do papel, ninguém consegue expandir o pensamento além disso.
      O monólogo de Simenio é expressivo, eles estão tratando de pessoas que estão doentes, pessoas que estão “ocupando” o lugar das pessoas saudáveis, é um pensamento racional, mas desumano.

      Muito obrigado Glay 😀 😀 😀

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  3. Parabéns pelo capítulo.. Serei sincero com vc não to conseguindo mas acompanhar, a web é boa mas acho que nao tem cara de web novela ta mais pra um seriado americano policial rs (minha opinião), um gênero que EU particularmente nao gosto. Mas fico feliz com seu sucesso .. E continuarei comentando só pra ajudar 😉😉

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    • Uma pena que não tenha lhe agradado, e não se preocupe, não é o primeiro que diz isso, mas enfim, eu agradeço sua participação da mesma forma, obrigado 😀 😀

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      • Ainda bem que compreendeu.. Rs Fico feliz por isso. 😇

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  4. Esse deletador de comentários acha que eu sou cego só pode, queridinho apaga mais que tá pouco ok, e vou contabilizar todos os comentários deletados, você está é perdendo seu tempo, vagabundo.

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    • E shock com a revolta, ele que me aguarde, estarei tirando prints enquanto o senhor não tiver, ele não vai nos passar pra trás.

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  5. Maria brasileira… De tudo sou capaz. Maria verdadeira. Tudo que você fizer, eu faço mais. Maria sem vergonha. Marias sensuais. Maria vai com as outras. Quero ver você fazer o que ela faz… 🎵

    O jeito é se atualizar no fim de semana… Enfim, Parabéns Hivan 😀

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  6. O extinto de sobrevivência das pessoas estão sendo postos a prova mesmo, desde procurar uma solução criativa para responder uma prova até enfiar a mão numa privada para pegar uma caneta hein?

    Agora apertou para Magda, não quero de jeito nenhum que ela morra 😦 Yumi vai sofrer bastante… A bichinha não merece 😦 😦 😦

    Já gostei do James, um comunista com uma filha bem importante para a maior potência capitalista do mundo, aguardando conflitos 😀

    Que ideia horrível da SOTF! Lançar uma epidemia para contaminar os sobreviventes e ainda por cima, mandarem para um descarte, isso não se faz. Odeio o Simenio! Odeio a SOTF! Tudo o que eles fazem, eu lembro muito do nazismo de Hitler… Quanta maldade senhor!

    Parabéns Hivan! ❤

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    • As pessoas são capazes de coisas impensáveis quando a vida está em jogo, e teremos mais cenas como essas que colocarão a prova todos.

      Magda é uma mulher sofredora, ela teve o destino traçado quando decidiu ir buscar uma caneta para salvar seu grupo, ela falhou miseravelmente, restar torcer para que ela continue lutando pelo o que lhe resta.

      James e Megan são um núcleo de apoio que ficam bem distante do conflito principal, como disse anteriormente, venho tentando dar destaque a ela (agora ele também), mas é um núcleo que não se deve ter muitas expectativas.

      A forma como a SOTF age realmente lembra o nazismo de Hitler, eu queria que parecesse assim, mas é apenas uma tentativa, nada que possa chegar perto do que aconteceu, mas fico feliz que tenha conseguido passar um pouco desse aspecto tão difícil da trama.

      muito obrigado ❤

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