Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 07

“Alex não é bandido, nunca foi e nem nunca quer ser. Não tem porte, nem marra, nem afinco para a vida da bandidagem… É pobre, mas tem um coração nobre. É do bem e nunca quer deixar de ser”…

METRALHA: E aí, menó? Vai querer ficar com morro? Vai querer se o dono disso tudo aqui?

(Decidido, Alex respira fundo e então responde)

ALEX: Não, Metralha… Você vai ter que me desculpar, mas eu não aceito.

METRALHA: Por que não, cara? Olha isso!…

(Metralha e Alex olham o morro a baixo) 

METRALHA: Isso tudo vai ser teu, rapá! Tu vai ganhar dinheiro como água, vai ter a cocota que quiser… E aí?

ALEX: Não, Metralha… Não é isso que eu quero pra mim.

(Metralha não acredita estar ouvindo aquilo)

METRALHA: Como não, ‘parcero’? Você vai ter poder, grana, muita grana! E vai ter também tudo… Vai ter esse mundão nas mão.

ALEX: Não, Metralha, eu já estou decidido… Eu não aceito isso, me desculpa!

METRALHA: Bom… Até quando eu tiver vivo, ainda tem tempo. Você pensa, depois tu me responde. Tá combinado?

(Alex não gosta dessa insistência, mas nada responde)

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(Aflitos, todos estão na sala; Alex entra triste e Maria das Dores vai logo ao seu encontro)

MARIA DAS DORES: O que aquele diabo queria, Alex? Ele não fez nada com você, né?

(Maria das Dores pergunta, preocupada, examinando o corpo de Alex)

ALEX: Não, ele nem encostou em mim…

LUÍS: E o que ele queria?

ALEX: É melhor que vocês não saibam.

MARIA DAS DORES: Por que, meu filho, ele te jurou de morte? Foi isso?

ALEX: Não, mãe, não é nada disso, mas é melhor que vocês não saibam mesmo.

(Alex explica, se afastando da mãe)

MARIA DAS DORES: Alex, desse jeito você me deixa preocupada.

LUÍS: Alex, se afasta desse canalha, cara… Ouça o que eu estou te dizendo. Se afasta desse bandido!

ALEX: Fiquem tranquilos, eu não farei nada que degenera a minha imagem.

SOLANGE: Hã?! Dá pra falar português, fazendo o favor?

(Alex ri)

ALEX: Não farei nada que manche a minha imagem. Entendeu agora?

SOLANGE: Ah sim, agora explicou.

(Alex acha ri, achando graça; Luís olha para o irmão, desconfiando que ele esteja escondendo algo; Maria das Dores fica preocupada)

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“Na manhã seguinte”…

(Na escola, Alex e Afrodite se abraçam fortemente)

AFRODITE: Ah, Alex… Como eu senti a sua falta! Por que você faltou todos esses dias?

(O semblante de Alex muda, ele para de sorri e se afasta do abraço, pegando as duas mãos de Afrodite)

AFRODITE: E esses machucados, esses hematomas?… Alex, você andou brigando?

(De leve, Afrodite passa a mão nas feridas do rosto de Alex; Alex fica triste e não responde)

AFRODITE: O que foi isso, Alex? Você brigou… Não foi?

(Alex olha fundo nos olhos de Afrodite e resolve mentir)

ALEX: É, foi isso… Mas eu não quero falar isso não. Quero falar sobre nós.

(Afrodite sorri)

AFRODITE: Falar sobre nós, é?

ALEX: É… Mas agora quero meu beijo. Já estava morrendo de saudade dos seus lábios.

(Afrodite sorri e Alex a beija; Emburrado, o inspetor se aproxima e apita; Rapidamente, Alex e Afrodite se afastam do beijo; O inspetor se prepara para falar e Afrodite o corta na hora)

AFRODITE: Já sabemos, inspetor, já sabemos… Já estamos indo para sala, ok?

(Afrodite sorri para o inspetor, que faz cara feia; De mãos dadas; Alex e Afrodite se olham sorridente e entram na sala de aula, correndo; O inspetor não gosta e vai cumprir a sua tarefa: Atazanar mais estudantes indisciplinados)

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“Casa de Maria das Dores”…

(Maria das Graças havia ido visitar a irmã no morro e aproveitou para bolar um passeio que estava afim de fazer há muito tempo; Maria das Graças fala ao telefone com Maria dos Prazeres, que está no trabalho, usando o telefone da mansão dos Smith)

MARIA DAS GRAÇAS: (tel.) Bom dia, minha irmã querida! Desculpa te atrapalhar no seu trabalho, mas estou ligando pra avisar que vamos fazer um “Bate e Volta” no domingo, vamos pra praia de Búzios… Vai querer ir também?
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(Maria dos Prazeres tira o telefone do ouvido por um segundo e faz cara de nojo, depois retorna a falar com a irmã)

MARIA DOS PRAZERES: (tel.) Ah minha irmã, que pena, mas eu não poderei ir, tenho que trabalhar… Mas vai todo mundo?
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MARIA DAS GRAÇAS: (tel.) Vai, vai, só o Bené que não vai… Ele disse que é a folga dele e que tirará o dia para descansar.
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(Assanhada; Maria dos Prazeres sorri maliciosamente)

MARIA DOS PRAZERES: (tel.) Ah, vai tirar o dia pra descansar?… Desculpa, minha irmã, mas no domingo a minha patroa arrumou um almoço chique e eu tenho que preparar tudo… A perua é frenética, se eu não fazer o tal almoço direito, é capaz dela me demitir, acredita? Você entende, né? Eu queria muito, mas não poderei ir…
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MARIA DAS GRAÇAS: (tel.) É uma pena mesmo, mas… Deixa pra uma próxima então. Deixarei você trabalhar em paz (risos). Tchau, minha irmã querida. Beijos! Tchau…

(Maria das Graças bate o telefone e vira-se para Maria das Dores)

MARIA DAS GRAÇAS: Desculpa gastar seu telefone, minha irmã…

MARIA DAS DORES: Que isso, Graça, foi você mesma que me deu esse aparelho… Pode usar à vontade, quando quiser.

(Maria das Graças sorri)

MARIA DAS DORES: A Prazeres não vai poder ir não?

MARIA DAS GRAÇAS: Não! Disse que tem que preparar um almoço chique pros patrões… Coitada da nossa irmã, ela é tão trabalhadeira, né? Às vezes sinto pena dela. Sozinha, sem marido e trabalhar para sustentar um filho… Coitada da Prazeres, ah!

(Maria das Graças e Maria das Dores ficam tristes)

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“Mansão dos Smith”

(Maria dos Prazeres bate o telefone e comemora sozinha)

MARIA DOS PRAZERES: Domingo!… Domingo será a minha chance de lascar o Bené. Ui!

MARIETA: Maria!… Quem é que estava ao telefone?

(Rígida, Marieta aparece perguntando e senta-se no sofá)

MARIA DOS PRAZERES: Não sei, era engano.

MARIETA: Engano? Parecia que você estava batendo papo na hora do serviço… E você sabe que isso é inadmissível.

MARIA DOS PRAZERES: Não, dona Marieta, longe de mim…

(Maria dos Prazeres vai para trás de Marieta e lhe faz massagem nos ombros; Marieta estranha, mas gosta da atitude)

MARIA DOS PRAZERES: Eu nunca faço uma coisa dessas, nunca!… Dona Marieta, a senhora está tão tensa, mais tão tensa…

MARIETA: Ah, é essa vida de madame esposa de industrial… O Ruez me deixa pra morrer, esse homem vive pra trabalhar. Ó, vida cruel!

(Marieta põe a mão na testa, fazendo cara de sofrimento forçado)

MARIA DOS PRAZERES: Por que vocês não tiram um dia para descansar?

(Marieta sorri aos poucos, aprovando a ideia)

MARIA DOS PRAZERES: Já que vocês têm carro, vocês poderiam ir pra alguma praia bem bonita… Quem sabe a praia de Búzios?

(Marieta sai do seu lugar e se ajeita em outra posição no sofá, podendo assim, olhar para Maria dos Prazeres)

MARIETA: Búzios, claro… É uma praia encantadora! O problema vai ser convencer o cabeça-dura do meu marido.

MARIA DOS PRAZERES: Mas isso é fácil, né? Toda mulher sabe como dobrar o seu marido… Se é que a senhora me entende, né?

(Marieta sorri, mas logo encara Maria dos Prazeres)

MARIETA: Maria, você me respeite, viu? Coloca-se no seu lugar de empregada e leve meu chá lá no quarto… Tenho que passar meu creme de beleza.

MARIA DOS PRAZERES: Sim senhora!

(Com jeito esnobe, Marieta sobe as escadas e Maria dos Prazeres senta-se no sofá, abraçando as almofadas)

MARIA DOS PRAZERES: Passa tanto creme de beleza nessa cara, mas não está adiantando nada, coitada (risos)… Domingo! Que domingo chegue logo! Ah… Nesse Domingo terei duas grandes vitórias… Primeira: Ficarei com o Bené enquanto a tonta da minha irmã não está em casa… E segunda: Se os cosmos conspirarem ao meu favor, a Afrodite e o Alex se encontram na praia e a farsa dele será descoberta na hora… Maria dos Prazeres, Maria dos Prazeres, se você não existisse, precisaria ser inventada o mais rápido possível!

(Maria dos Prazeres gargalha sozinha, batendo palmas)

MARIETA: (grito) Meu chá, sua lesma!

(Maria dos Prazeres se assusta ao ouvir o grito da patroa e prontamente, levanta-se do sofá)

MARIA DOS PRAZERES: Oh mulherzinha chata… Dessa vez não cuspirei, colocarei catarro nesse chá… Argh, que raiva dessa vida de empregada!

(Emburrada; Maria dos Prazeres caminha em direção à cozinha)

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“Domingo de manhã”…

É domingo por volta das 07:00h, o sol já está no alto, mas não tão quente como o de costume… Lá no morro, a família de Alex e seus amigos se preparam para a “Excursão da Farofada”.

SOLANGE: Mãe, será que esse mousse vai derreter pelo caminho?

(Solange aparece, trazendo uma travessa de mousse de maracujá)

ALEX: Vai, mas mole fica melhor ainda… Dá pra beber de canudinho.

(Alex ri, pegando a travessa e passando o dedo no mousse para colocá-lo na boca)

MARIA DAS DORES: Alex, desse jeito você vai bolir o mousse… A Farofa! Meu Deus, alguém pega a farofa que eu esqueci lá dentro.

TATI: (rindo) Farofa, meu Deus!

(Quinho se aproxima de Tati)

QUINHO: Tati, será que a Tânia vem?

TATI: Eu lá vou saber, Quinho?

(Ansioso, Quinho olha de um lado para o outro)

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“Casa de Maria das Graças”

(Maria das Graças se despede de Bené com uma bitoca e as crianças o abraçam)

BENÉ: Divirtam-se por mim!

MARIA DAS GRAÇAS: Você devia ir, Bené… Vai ser bom!

BENÉ: Ah, quero tirar o dia pro descanso… Vão vocês e se divirtam. E eu dormirei o dia todo.

MARIA DAS GRAÇAS: Você que sabe… Então, tchau! Bom descanso… Vamos, crianças!

(Bené sorri; Maria das Graças e os filhos saem)

BENÉ: Ahh, o dia inteiro só pra dormir… Que beleza!

(Ao se espreguiçar, Bené repara que Maria das Graças havia esquecido a chave sobre a mesa)

BENÉ: Ih, a Graça esqueceu a chave… Agora já era! Vou deixar a porta aberta pra quando ela chegar, não precisar me acordar.

(Bocejando, Bené vai até o quarto e deita-se na cama, voltando a dormir)

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(Maria dos Prazeres e seu filho, Fábio, caminham pelo morro)

MARIA DOS PRAZERES: Fábio, faça tudo o que combinamos, tá? Quando você vê a família do seu Ruez lá na praia, você fala pra tia Das Dores que a Afrodite é namorada do Alex, tá bom?

FÁBIO: Uhum!

(Maria dos Prazeres sorri, maliciosamente)

MARIA DOS PRAZERES: Agora vamos depressa, antes que você perca essa “Excursão de Farofada”.

(Fábio ri, achando o nome da excursão engraçado)

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“Mansão dos Smith; Sala”

(De chapelão de sol, Marieta está em frente ao espelho, esticando a sua cara)

MARIETA: Passei muito creme para o sol não queimar a minha macia pele de pêssego.

RUEZ: Ah, Marieta… Ate quando saímos para nos divertir, você não deixa essas vaidades de lado?

MARIETA: Claro que não, meu bem, eu sou uma madame! Tenho que preservar a minha pele.

(Afrodite e Cidinha descem as escadas)

AFRODITE: Já estou pronta!

(Afrodite avisa, sorridente)

RUEZ: E o Alex, minha filha? Você não o convidou para ir com a gente?

AFRODITE: Ele disse que tinha um compromisso hoje.

MARIETA: Ainda bem!… Porque carregar aquele cafona a tiracolo ninguém merece.

(Afrodite fica triste; Ruez suspira e nega com a cabeça; Com ar superior, Marieta não se arrepende de ter falado tal coisa)

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“Praia de Búzios – Tarde”

(Já está de tarde, e todos aproveitam para se divertir; As crianças correm pela areia e se divertem na água; Os adultos jogam conversa fora e alguns jogam até bola; No outro lado da praia, Ruez e sua família estão acomodados, protegidos com um grande guarda-sol; Marieta vê o fuzuê que os farofeiros fazem)

MARIETA: Olha que bagunça aquela… Com certeza devem ser um bando de pobres favelados. Não têm um pingo de classe, aff!

(Ruez e Afrodite olham também)

RUEZ: Eles estão se divertindo.

AFRODITE: E muito!

(Afrodite sorri olhando aquela “festança” e nem repara que Alex está ali no meio)

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“Algumas horas depois, já é quase finzinho da tarde”…

(Maria dos Prazeres chega à casa de Maria das Graças e abre o portão, cautelosamente)

MARIA DOS PRAZERES: Será que a porta está trancada?

(Maria dos Prazeres roda a maçaneta para conferir e a porta se abre; Feliz, Maria dos Prazeres entra e vai até o quarto, onde Bené dorme; Devagar, Maria dos Prazeres tira sua roupa, ficando somente com as peças íntimas e deita-se ao lado de Bené; Maria dos Prazeres passa a mão no corpo de Bené e o beija; Bené desperta aos poucos e se assusta ao ver a cunhada ao seu lado)

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“De volta à praia”…

(Alex nada no mar e de repente vê Afrodite)

ALEX: A Afrodite… Eu preciso me esconder. Ela não pode me ver aqui.

(Alex mergulha e sai correndo para se esconder atrás de umas rochas; De relance, Afrodite vê Alex correndo)

AFRODITE: Alex?

RUEZ: O que disse, Afrodite?

AFRODITE: O Alex… Parece que eu vi o Alex ali naquelas rochas.

RUEZ: Aonde?… Mas não tem ninguém ali, Afrodite!

AFRODITE: Mas eu vi, papai, ele estava correndo. Eu vi!

MARIETA: Deve estar delirando, minha filha… Esse sol está afetando a sua mente.

AFRODITE: Mas eu vi, gente… Eu tenho certeza, eu vi!

(Confusa, Afrodite fala sozinha em voz baixa)

No outro lado da praia, Fábio vê a família Smith e se lembra do que a mãe lhe instruiu a fazer.

FÁBIO: Tia Das Dores, ali a namorada do Alex.

(Todos ficam curiosos para saber quem é)

MARIA DAS DORES: Aonde, Fábio?

FÁBIO: Ali, ó! Ela e a família dela… A Afrodite, a dona Marieta e o seu Ruez.

(Maria das Dores vê e fica feliz)

MARIA DAS DORES: Vou chamar ela, né? Quero conhecer a minha nora e a família dela!

(Todos ficam empolgados)

MARIA DAS DORES:  (gritando) Afrodite! Afrodite!

(Todos ajudam Maria das Dores a gritá-la; Ao longe, Ruez, Marieta e Afrodite escutam e veem todos acenando em suas direções)

AFRODITE: Por que será que aquelas pessoas estão me gritando?

(Ruez e Marieta não gostam; Afrodite fica confusa, pois não reconhece ninguém que está ali)

ALEX: E agora? Será que o plano vai pro ralo?

“Atrás de uma grande rocha, Alex fica aflito, pois sua farsa está há um pouco de ser descoberta”

“Alex continua escondido, torcendo para que seu plano não vá por ‘água abaixo’… Afrodite fica sem saber o que fazer ao ver que aquelas pessoas, que para ela são estranhas, lhe chamando constantemente”…

AFRODITE: Por que será que essas pessoas estão me gritando?… Eu vou lá ver!

(Afrodite ia se levantando, mas Marieta a puxa pelo braço e ela cai sentada)

AFRODITE: Ai, mamãe!

(Afrodite faz cara de dor e alisa o glúteo, massageando-o para amenizar a dor)

MARIETA: Está doida, Afrodite? Você não vai a lugar algum… E se eles te raptarem? Não, você vai ficar aqui.

(Afrodite acha aquilo uma bobeira)

RUEZ: Sua mãe está certíssima, Afrodite… Pode ser perigoso mesmo.

AFRODITE: Mas eles devem me conhecer, estão gritando meu nome… Eu vou lá ver o que eles querem.

(Afrodite se levanta e ia indo, mas Ruez se levanta também e a segura pelo braço; O pessoal continua chamando por ela)

RUEZ: Eu já falei que você não vai, Afrodite. Vamos embora, né? Já passou da hora.

AFRODITE: Mas já?

MARIETA: Já sim, Afrodite! Aqueles trombadinhas gritando pelo seu nome é o fim do mundo, um “ó”… Que horror!

(Marieta fala, arrumando a sua bolsa depressa)

MARIETA: Vamos, vamos… Vamos antes que eles resolvem vir nos atacar.

(Marieta põe seus óculos escuros, pega sua bolsa e sai puxando Afrodite e Ruez pelo braço; Afrodite sai olhando para o pessoal e nem vê Alex, que escondido, a vê indo embora; No outro lado da praia, Maria das Dores fica frustrada)

MARIA DAS DORES: Ela foi embora… Será que ela não quis vir falar com a gente?

SOLANGE: Claro, né, mãe… Pelo jeito é metidinha, aff!

MARIA DAS DORES: E o Alex? Alguém sabe do Alex?

MARIA DAS GRAÇAS: Não… Não vejo o Alex desde cedo. Onde será que ele está?

(Maria das Dores fica preocupada e olha de um lado para o outro, procurando-o; Triste, Alex fica com receio de sair do esconderijo)

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(Em sua cama, Bené tenta fugir de Maria dos Prazeres, mas ela o agarra de jeito)

BENÉ: Vai embora, sua louca… Eu amo a Graça e você é irmã dela.

MARIA DOS PRAZERES: Ah, e o que tem isso, Bené? Nós sempre fomos muito amigas e dividimos tudo… Tudinho! Até os nossos namoradinhos de adolescência, sabia?

BENÉ: Não interessa! Agora ela está casada comigo… EU sou o marido dela.

(Bené se levanta, escondendo-se atrás das cortinas; Maria dos Prazeres senta-se na cama, com as pernas flexionadas para trás)

MARIA DOS PRAZERES: Ah, Bené, que feio… Tá com medinho de mulher, é?

BENÉ: Medo de mulher, medo de mulher… Eu tenho é respeito pela minha mulher e você deveria ter também pela sua irmã.

(Bené sai de trás das cortinas e abre a porta, expulsando Maria dos Prazeres do quarto)

BENÉ: Saia, Maria dos Prazeres! Vai embora!

MARIA DOS PRAZERES: Você não quer isso, Bené… Eu sei que não quer.

(Maria dos Prazeres se levanta)

MARIA DOS PRAZERES: Eu sei que você também me quer.

(Maria dos Prazeres fala se aproximando cada vez mais de Bené, alisando o seu rosto e beijando a sua nuca; Aos poucos, Bené vai começando a ceder)

BENÉ: Não, Prazeres, não faça isso… Acho melhor você ir embora. E sou homem e não aguento muito tempo. Beijo na nuca é golpe baixo!

(Bené tenta se afastar de Maria dos Prazeres, mas ela se permanece insistente)

MARIA DOS PRAZERES: (maliciosa) Então Bené, você é homem… Muito homem! E um homem nunca nega o fogo de uma mulher.

(Maria dos Prazeres beija Bené e ele se envolve cada vez mais; Eles deitam na cama e vão para baixo do edredom; A cama range, com a veemência daquele momento lúbrico)

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“Horas depois – Mansão Smith”

(Afrodite está em seu quarto, deitada na cama e se lembra de ter visto Alex na praia)

AFRODITE: Será que era o Alex mesmo… Mas, se era ele… Então ele mentiu para mim. Mas por que ele mentiria pra mim? Por quê?

(Afrodite fica triste e tenta buscar alguma explicação em sua cabeça)

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Já em casa, Alex em seu quarto, fica triste ao pensar em tudo o que está acontecendo… Sentindo-se culpado por estar enganando a sua deusa do amor, Alex deixa uma lágrima cair e a seca rapidamente.

(Maria das Dores entra no quarto e se aproxima do filho, que sentado na cama, encontra-se triste)

MARIA DAS DORES: Alex, a comida já está na mesa.

ALEX: Tô sem fome.

(De cabeça baixa, Alex responde)

MARIA DAS DORES: Mas hoje tem a carninha que você tanto gosta.

(Maria das Dores explica, alisando o rosto de Alex, que nem se quer olha para ela)

ALEX: Não, quero não…

MARIA DAS DORES: Você que sabe, então. Vou guardar o seu prato, depois você esquenta… Está triste com alguma coisa?

ALEX: Não… Só estou cansado da praia.

MARIA DAS DORES: Então vou deixar você descansar… Boa noite, meu filho!

(Maria das Dores se levanta e ia saindo)

MARIA DAS DORES: Alex, onde você se meteu lá na praia?… E a sua namorada estava lá, sabia?

(Alex segura-se para não chorar)

MARIA DAS DORES: Só que ela nem foi falar com a gente, pareceu tão superior… Ela não gosta de pobre, né, Alex?

(Alex olha para Maria das Dores e deixa uma lágrima cair)

MARIA DAS DORES: Que quê houve, meu filho?…

(Maria das Dores volta e abraça Alex)

MARIA DAS DORES: Por que você tá chorando?

(Alex abraça fortemente a mãe e se afasta lentamente do abraço; Maria das Dores seca a lágrima de Alex)

MARIA DAS DORES: Aconteceu alguma coisa, filho?

(Alex olha no fundo dos olhos preocupados de Maria das Dores e suspira e enfim resolve abrir o seu coração)

ALEX: Mãe, eu preciso te contar uma coisa… Muito séria.

MARIA DAS DORES: O que, meu filho?

(Preocupada, Maria das Dores já pergunta com a mão no coração)

ALEX: Mãe, a Afrodite… A Afrodite não sabe que eu sou pobre.

MARIA DAS DORES: Como?

ALEX: Eu escondi a nossa pobreza pra ela… Pra ela eu sou rico, mãe.

(Cruelmente, aquelas palavras perfuram o coração de Maria das Dores e seus olhos enchem-se de lágrimas; Alex sente-se triste e envergonhado)

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(Depois de uma longa viagem, Maria das Graças e os filhos finalmente chegam em casa)

MARIA DAS GRAÇAS: Ai, estou um caco! Mas o passeio foi bom, né?

(Admitindo, Maria das Graças esparrama-se no sofá)

TICO: Poxa… A praia foi tão boa. Queria morar lá pra sempre.

(Tico fala com um largo sorriso no rosto; Tânia se afasta de todos e romântica, lembra-se que, escondidos, ela e Quinho se beijaram lá na praia; Tina percebe que a irmã está pensativa e resolve logo fazer intriga)

TINA: Mamãe… A Tânia bem beijou o Quinho lá na praia. Eu vi!

(Maria das Graças olha para Tânia, que sorri abobada e gracejando, retorna o olhar para Tina)

MARIA DAS GRAÇAS: Ai, Tina, quando você chegar nessa idade, também ficará assim.

TINA: Eu?! Claro que não, eu nunca vou namorar… Eca! Deve ser nojento beijar na boca.

(Maria das Graças ri)

MARIA DAS GRAÇAS: Ai, ai… Vou tomar banho pra tirar esse sal do meu corpo. Em seguida vocês vão, hein!

(Maria das Graças se levanta)

TICO: Ah, banho, mãe?… Já tomei lá na praia.

MARIA DAS GRAÇAS: Sem birra, Tico! Depois que eu sair do banheiro, você vai.

(Tico faz cara feia e Maria das Graças caminha para o quarto)

MARIA DAS GRAÇAS: Ai, ai, as crianças desse tempo estão mais abusadas do que nunca.

(Maria das Graças ri, sozinha; Ao entra no quarto, Maria das Graças se assusta ao ver Bené e Maria dos Prazeres na cama e fica sem ação; No fogo do “rala e rola”, eles nem percebem a presença de Maria das Graças, que ainda não parece acreditar; Os gemidos de Maria dos Prazeres se misturam com a tristeza de Maria das Graças, fazendo-a gritar histericamente; Bené e Maria dos Prazeres param o ato e assustados, olham para Maria das Graças; Maria dos Prazeres sorri, vitoriosa)

BENÉ: (assustado) Graça?!… Não é nada disso do que você está pensando.

(Maria das Graças vai parando de gritar e olha enfurecida para os dois)

TÂNIA: Mãe, que grito foi ess…

(Tânia chega perguntando, mas paralisa-se ao ver o pai e a tia na cama; Tina e Tico também vêm correndo e ficam pressionados com aquela cena; Tânia, Tina e Tico ficam boquiabertos)

TÂNIA: Pai… Tia… O que…

MARIA DAS GRAÇAS: Pra fora, crianças!

(Sem nem titubearem, Tânia, Tina e Tico saem do quarto, cabisbaixos; Maria das Graças encara Bené e Maria dos Prazeres)

MARIA DAS GRAÇAS: (nervosa) O que… É isso?

BENÉ: Calma, Graça… Eu posso explicar…

(Bené se levanta, colocando a roupa)

MARIA DAS GRAÇAS: Como teve coragem, Bené? Na nossa cama…

(Maria das Graças quase chora)

BENÉ: Eu não queria, Graça, eu juro… Eu não queria.

(Bené vai para beijar Maria das Graças, mas ela lhe dá um tapa na cara; Maria dos Prazeres põe o edredom na frente da boca e sorri, satisfeita com aquilo tudo)

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(Maria das Dores não consegue conter suas lágrimas e decepcionada, se afasta de Alex)

MARIA DAS DORES: Você tem vergonha de ser pobre, Alex? Tem vergonha da sua vida? Da sua origem?

ALEX: Não, mãe, claro que não…

(Alex fala se aproximando de Maria das Dores)

ALEX: Eu me orgulho muito! Muito mesmo!… Só que só assim eu poderei namorar a Afrodite, mãe. Se o pai dela soubesse que eu sou pobre, ele nunca me deixaria namorar a Afrodite… E eu amo a muito, mãe… Nós nascemos um para o outro, eu sei, seu sinto!… O nosso amor está escrito nas estrelas. A senhora me perdoa por isso tudo?

(Maria das Dores seca as suas lágrimas e sorri)

MARIA DAS DORES: O que uma mãe não faz por um filho, né? Se só assim você poder ser feliz com a sua namorada, então… Mas meu filho, a mentira tem perna curta… E quando ela descobrir toda a verdade? Como vai ser?

ALEX: Eu vou contar tudo pra ela, só estou tentando encontrar a melhor maneira… Eu não queria estar mentindo, mas faço isso pelo nosso amor. Pra nossa felicidade.

(Maria das Dores sorri e abraça Alex)

MARIA DAS DORES: Só espero que toda essa mentira não se vire contra você, meu filho… E que você seja muito feliz com ela. Muito feliz!

(Com os olhos melancólicos, Alex sorri)

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(Sentido, Bené passa a mão no rosto, onde Maria das Graças bateu)

BENÉ: Você me bateu, Graça…

MARIA DAS GRAÇAS: Eu deveria era te matar!

(Com ódio, Maria das Graças olha para Maria dos Prazeres, que ri por debaixo do edredom)

MARIA DAS GRAÇAS: E você, Prazeres… Como pôde? Sangue do meu sangue, minha irmã… Como foi capaz de me trair dessa maneira tão… Tão…

(Maria dos Prazeres para de ri, abaixando o edredom)

MARIA DOS PRAZERES: (cínica) Perdoe-me, minha irmã, perdoe-me… Mas eu não tive culpa… O Bené sempre me seduziu, desde quando éramos jovens, ele sempre correu atrás de mim e essa não foi a primeira vez que nós ficamos juntos.

(Maria das Graças controla-se para não chorar, mas seu coração pulsa violento com toda a raiva que sente daquele momento imundo)

BENÉ: Isso é mentira, Graça… Foi essa vagabunda da sua irmã que sempre correu atrás de mim.

(Maria das Graças deixa uma lágrimas cair e emburrada, a seca com a mão fechada)

MARIA DOS PRAZERES: (dramática) Minha irmã querida, não acredite nesse safado… Eu sou sua irmã, eu nunca mentiria para você. Nunca! Já ele… Ele é homem, né? E nós sabemos que nunca se pode confiar em homem nenhum… São todos uns safados!

(Bené rebate e começa uma discussão com Maria dos Prazeres; Maria das Graças sai correndo, chorando; No meio da discussão, Bené percebe que Maria das Graças não está mais no quarto)

BENÉ: Graça!

(Bené sai correndo e Maria dos Prazeres fica sozinha no quarto)

MARIA DOS PRAZERES: Consegui!

(Maria dos Prazeres sorri, sentindo-se vitoriosa)

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(Chorando, Maria das Graças tranca-se no banheiro e senta-se no vaso sanitário; Sem ninguém perceber, Maria dos Prazeres veste as suas roupas e foge pela janela do quarto; Nervosa, Maria das Graças grita histericamente; Bené bate na porta do banheiro, implorando para que Maria das Graças o atenta)

BENÉ: Abre a porta, Graça… Vamos conversar!

(Triste, Bené encosta a cabeça na dura porta de madeira; Afastados, Tânia, Tina e Tico choram, abraçados)

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“No dia seguinte”…

A noite foi longa, triste, dolorosa e nem por um minuto sequer, Maria das Graças conseguiu adormecer…

(Ressentida, Maria das Graças vai até à casa de Maria dos Prazeres; Maria das Graças bate na porta e Maria dos Prazeres a atende)

MARIA DOS PRAZERES: (assustada) Você?!

(Maria dos Prazeres sorri falsamente para a irmã)

MARIA DAS GRAÇAS: (séria) Prazeres… Precisamos conversar.

(Maria dos Prazeres não gosta e Maria das Graças a encara)

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(Em seu quarto, Afrodite está sentada à escrivaninha, escrevendo em seu diário; Cidinha entra)

CIDINHA: Já acordada, Afrodite?… Por que ainda não está com o uniforme da escola?

AFRODITE: Hoje não tem aula, é conselho de classe…

CIDINHA: Ah…

(Afrodite para de escrever e vira-se para Cidinha)

AFRODITE: Sabe, Cidinha? Hoje o papai vai mostrar a “Master Cars” pro Alex… Ele vai treinar o Alex pra no futuro substituí-lo. Não é o máximo?

(Cidinha sorri, concordando com a cabeça; Afrodite sorri, colocando a caneta na boca e logo depois volta a escrever; Cidinha se aproxima de Afrodite e a observa, escrevendo)

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“Master Cars – Escritório pessoal de Ruez”

(Ruez está sentado à mesa e Alex está em sua frente)

RUEZ: Gostou da fábrica, Alex?

ALEX: (feliz) Gostei, gostei muito… Gostei mais da parte aonde são feito os carros. Muito da hora!

(Alex sorri)

RUEZ: Se você casar com a minha filha, você será dono disso tudo aqui, rapaz. Achas que dá conta?

ALEX: Que isso, seu Ruez, eu nem…

(Batem três vezes na porta; Verônica e Carlos entram)

VERÔNICA: Com licença, seu Ruez… Aqui está o operário com quem o senhor deseja falar.

(Alex se vira e arregala os olhos ao ver que é seu pai)

CARLOS: Bom dia, seu Ruez…

(Carlos se surpreende ao ver Alex)

CARLOS: Alex?! O que é que você está fazendo aqui?

(Alex nada consegue responder)

RUEZ: Ei, de onde você conhece o Alex?

CARLOS: Como de onde, senhor? O Alex é meu filho.

RUEZ: (assustado) Filho?!

CARLOS: É… Só não sei o que ele está fazendo aqui. Veio procurar emprego, Alex?

(Ruez fica furioso; Os olhos de Alex enchem de lágrimas, pois fora descoberto)

RUEZ: Então você mentiu, né, seu infeliz… Saiba que, daqui por diante, estás proibido de chegar perto da minha filha. O namoro de vocês acabou. Definitivamente!

CARLOS: Namoro?… Então… Espertinho, meu filho!

“Carlos sorri, por o filho ter conseguido uma namorada bem-sucedida como a filha do seu patrão… Desolado com Alex, Ruez não consegue esconder a sua raiva e senta-se na cadeira, emburrado… Desmoronado, os olhos de Alex enchem-se de tristeza, pois dali em diante, tudo havia se acabado… Com o desfecho desse episódio, certamente, Alex nunca mais poderá chegar perto da sua deusa do amor”

(A imagem se congela num tom preto-e-branco)

Continua…

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