Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 08

“A casa caiu, ou melhor dizendo… O castelo que era construído de amor, havia desmoronado por um duro golpe da realidade. Com a verdade à tona, Alex e Afrodite estão definitivamente proibidos de namorarem. E agora? Será o fim do nosso casal protagonista? Será o fim de um amor tão bonito e tão singelo como o deles? Será?… Cheio de dúvidas e temores, é assim que Alex está se sentindo nesse tenso momento. Sente-se como um nobre cavalheiro que perderá a sua amada princesa de vez”

RUEZ: Os dois, fora da minha sala… Você, senhor-preguiça, está demitido.

CARLOS: Demitido? Mas… Ah, que saber? Assim vou ter mais tempo pra beber.

(Carlos ri, enquanto todos estão sérios; Ruez encara Alex)

RUEZ: E você, seu mentiroso… Afaste-se da minha filha, ou eu não sei o que sou capaz de fazer contigo.

ALEX: Mas, seu Ruez, eu amo a Afrodite… Independente de ser rico ou pobre, o meu amor por ela é verdadeiro.

RUEZ: Amor não interessa, agora saia! Vocês estão infestando a minha fábrica… Fora! Fora!

(Ruez se levanta, com raiva, e aponta para a porta, expulsando-os)

CARLOS: Olha lá como o senhor fala com o meu filho, hein!

(Carlos bota seu dedo na cara de Ruez)

RUEZ: Olha lá como o senhor fala comigo… Sou capaz de colocar vocês na cadeia num estalar de dedos. Pagam pra ver?

(Covarde, Carlos vai abaixando o dedo devagar)

CARLOS: Vamos, Alex…

(Carlos e Alex iam saindo; Com os olhos lacrimejados, Alex dá meia-volta e se aproxima de Ruez novamente)

ALEX: Seu Ruez, por favor! Me perdoe!… Eu amo a sua filha.

(Alex se ajoelha aos pés de Ruez, que rude, o levanta pelo braço; Encarando Alex, Ruez se prepara para batê-lo)

CARLOS: Tira as mãos do meu filho.

(Carlos puxa Alex para perto de si)

CARLOS: “Vambora”, Alex… Agora quem não quer que você namore essa garota sou eu.

(Com ódio, Carlos e Ruez se encaram; Carlos puxa Alex para irem embora)

ALEX: (triste) Eu não vou desistir da Afrodite, seu Ruez… Não vou desistir!

(Carlos e Alex saem)

RUEZ: Verônica, cancele todas as reuniões de hoje… Eu tenho que ir para casa agora mesmo.

VERÔNICA: Senhor Ruez, mas hoje é a reunião com os representantes das filiais da “Master Cars”… E essa reunião já está marcada há meses, não tem como canelá-la de última hora.

RUEZ: Droga!

(Emburrado; Ruez senta-se na cadeira giratória)

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“Morro da Paz”

(Maria dos Prazeres e Maria das Graças continuam no portão, uma de frente para a outra)

MARIA DAS GRAÇAS: Não vai nem me convidar pra entrar, Prazeres?

MARIA DOS PRAZERES: Desculpa, Graça, mas eu estou com um pouquinho de pressa… Com licença!

(Maria dos Prazeres tenta sair, mas Maria das Graças entra na sua frente)

MARIA DAS GRAÇAS: Espera, Prazeres! Vim para conversarmos.

MARIA DOS PRAZERES: Desculpa, minha irmã querida, mas eu preciso ir trabalhar… Noutra hora conversaremos.

(Maria dos Prazeres tenta escapar, mas Maria das Graças põe a mão na frente)

MARIA DAS GRAÇAS: Não, Prazeres! Nós vamos conversar… Uma conversa de mulher para mulher!

MARIA DOS PRAZERES: Tá bom, Graça… E sobre o que você quer falar?

MARIA DAS GRAÇAS: Como sobre o quê, Prazeres? Eu vi você na cama com o meu marido… É normal que eu queira uma explicação, você não acha?

MARIA DOS PRAZERES: (dissimulada) Ah, minha irmã, eu já falei… O Bené sempre correu atrás de mim, me seduziu… E eu fraca, acabei cedendo…

(Aquelas palavras ferem o coração de Maria das Graças, que deixa uma lágrima cair)

MARIA DOS PRAZERES: Confesso… Eu também sempre fui apaixonada por ele… Lembra-se de quando ele se mudou pra cá pro morro? Eu logo me interessei por ele, mas como ele preferiu você… Mas pensa que era só você que ele tinha? “Na-na-ni-na-não”! Quando ele se sentia infeliz ao seu lado, ele logo corria para os meus braços… Ou melhor dizendo, ele sempre corria para os meus peitos… Para as minhas pernas… E para a minha… Melhor não falar, né?

(Maria dos Prazeres ri e Maria das Graças se emburra)

MARIA DOS PRAZERES: Sabe por que ele me procurava tanto, Graça? Sabe? Por que eu sempre fui muito mais mulher do que você, Graça… Muito mais!

(Maria das Graças chora e Maria dos Prazeres gargalha em sua cara; Quando Maria dos Prazeres vai parando de rir, Maria das Graças enche a mão e lhe dá um forte tapa na cara; Maria dos Prazeres cai no chão e enfurecida, olha para a irmã, com a mão na cara, onde apanhou)

MARIA DOS PRAZERES: Ah… Como ousa me bater, Graça?

MARIA DAS GRAÇAS: É aí mesmo… No chão, que você merece ficar, sua vadia!

MARIA DOS PRAZERES: Vadia?… Vadia é…

(Maria dos Prazeres se levanta e Maria das Graças lhe dá outro tapa, derrubando-a novamente; Maria das Graças gargalha e Maria dos Prazeres fica com ódio)

MARIA DOS PRAZERES: Isso não vai ficar assim, Graça!

(Maria das Graças nem dá chance da irmã levantar e lhe dá outro tapa; Os fofoqueiros se aproximam e ficam a olhar)

TATI: Essa família, hein, vou te contar… Cada dia um bafafá diferente.

(Rindo, Tati cochicha com uma de suas amigas)

QUINHO: A mãe da Tânia e a tia dela… O que será que houve?

(Maria dos Prazeres olha para todas aquelas pessoas, ficando com mais raiva e vergonha)

MARIA DOS PRAZERES: (gritando) Estão olhando o quê? Eu hein… Vão lavar uma roupa, vão cuidar das suas vidas.

(Todos riem, escarnecendo de Maria dos Prazeres; Maria das Graças sorri)

MARIA DAS GRAÇAS: Está com vergonha, Prazeres? Quer que os outros saibam por que é que você está aí no chão? Quer?!

(Ainda no chão, Maria dos Prazeres encara a irmão, que sorri debochadamente; Maria das Graças vira-se para todos)

MARIA DAS GRAÇAS: (gritando) Sabem por que essa safada está no chão? Sabem?… Não?! Eu vou contar pra vocês!… Eu peguei essa cadela na cama com o meu marido. Dá pra acreditar numa coisa dessas?

(Todos ficam boquiabertos)

MARIA DAS GRAÇAS: (gritando) É de cair o cabelo mesmo… Essa safada, sangue do meu sangue… É uma traidora!

MARIA DOS PRAZERES: Cair cabelo…

(Maria dos Prazeres fala sozinha e por trás, se levanta e puxa o cabelo de Maria das Graças, iniciando assim, uma briga de verdade; Maria das Graças e Maria dos Prazeres caem no chão e rolam morro a baixo, entre com tapas, arranhões e puxões de cabelos: Uma típica briga de barraqueiras; Correndo, todos a seguem, acompanhando aquele “espetáculo” de briga)

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(Carlos e Alex chegam ao morro)

CARLOS: Vou dar uma chegadinha ali na birosca… Quer ir também?

ALEX: Não… Só não vá beber muito, hein, pai.

CARLOS: Só meio copo… Pra comemorar a liberdade.

(Carlos ri, dá dois tapinhas nas costas de Alex e vai em direção à birosca; Triste, Alex senta-se na calçada)

ALEX: Acabou… Nunca mais vou poder tocar na minha deusa do amor outra vez… Nunca mais!

(Alex abaixa a cabeça e começa a chorar; Policial Almeida aparece)

POLICIAL ALMEIDA: Alex! Estava com saudades de mim, amigão?

(Policial Almeida senta-se ao lado de Alex, mexe em seu cabelo cortado à maquina, mas ele nem levanta a cabeça)

POLICIAL ALMEIDA: Está tudo bem, Alex?

(Com o rosto molhado de lágrimas, Alex olha para o policial Almeida)

POLICIAL ALMEIDA: O que houve, amigão? Por que você está chorando?

(Quando Alex ia responder, o policial Almeida olha para o alto do morro e fica boquiaberto)

ALEX: Que cara é essa, policial Almeida?

POLICIAL ALMEIDA: Santo Cristo… O que é… Aquilo?

ALEX: Aquilo? Aquilo o quê, policial?

(Impressionado, Policial Almeida aponta e Alex vira-se para ver, chocando-se também)

ALEX: Não pode ser…

(Alex fica boquiaberto e se levanta; Policial Almeida se levanta, em seguida, e apita)

POLICIAL ALMEIDA: Paradas aí!

(Seguidas pela multidão, Maria dos Prazeres e Maria das Graças param de brigar aos pés do Policial Almeida)

ALEX: Tias?!

(Maria das Graças e Maria dos Prazeres olham para Alex e depois se encaram, friamente)

POLICIAL ALMEIDA: Posso saber que baderna é essa?

(Maria das Graças se levanta)

MARIA DAS GRAÇAS: Foi Essa… Foi essa pessoa falsa que mereceu essa surra.

MARIA DOS PRAZERES: Mas saiba que isso não vai ficar assim, ouviu Graça?

(Levantando-se, Maria dos Prazeres assim ameaça a irmã)

MARIA DAS GRAÇAS: Por quê? Quer brigar de novo, é?

MARIA DOS PRAZERES: Ah, Graça, você me paga!

(Maria das Graças e Maria dos Prazeres já iam brigar novamente, mas policial Almeida apita e elas se contêm)

POLICIAL ALMEIDA: Eu só não levo as senhoras direto pra delegacia porque… Porque… Porque não perderia meu tempo com essa baixaria.

MARIA DOS PRAZERES: Não precisa perder o seu tempo mesmo, policial… Eu vou trabalhar, porque não tenho homem que me banque.

MARIA DAS GRAÇAS: Mas bem que gosta de correr atrás dos casados, né?

(Maria dos Prazeres encara Maria das Graças e sai)

ALEX: Tia, o que foi isso?

MARIA DAS GRAÇAS: Uma longe história, Alex… Mas… Policial Almeida, você não havia sido demitido?

(O policial Almeida ri)

POLICIAL ALMEIDA: Por pouco não… O delegado Barreto não pode me demitir, ele só falou aquilo no turbilhão do momento. Para eu ser demitido precisaria passar por uma longa investigação em prol da minha exoneração do cargo e como isso demoraria muito tempo, o delegado resolveu me dar outra chance.

MARIA DAS GRAÇAS: Ah… Que bom!

(Maria das Graças sorri para policial Almeida)

ALEX: Que bom, amigão, fico feliz por você.

(Alex abraça policial Almeida que sorri, feliz)

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(Em casa, Maria das Dores passa remédio num grande arranhão que marca o rosto de Maria das Graças)

MARIA DAS GRAÇAS: Ai!

(Maria das Graças grita, com a ardência do remédio)

MARIA DAS DORES: Ah, minha irmã, como é triste essa situação… Duas irmãs brigando! A Prazeres sempre foi assanhada mesmo, mas nunca pensei que chegasse a esse ponto.

MARIA DAS GRAÇAS: Ah, mas hoje ela aprendeu a lição… Ah se aprendeu!… Ai, isso arde, Das Dores!

(Maria das Graças reclama de dor e Maria das Dores passa o algodão mais de leve)

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(Aborrecida, Maria dos Prazeres chega à Mansão dos Smith para mais um dia de trabalho; Adamastor para de lustrar o carro para cumprimentá-la)

ADAMASTOR: Bom dia, Maria dos Prazeres! Como passas?

MARIA DOS PRAZERES: Não é da sua conta, seu velho intrometido.

(Maria dos Prazeres ia saindo e Adamastor repara as marcas no seu corpo)

ADAMASTOR: Foi atropelada, Maria dos Prazeres?

(Maria dos Prazeres não gosta e volta)

MARIA DOS PRAZERES: Quer saber de uma coisa, velho intrometido?… Vou contar toda a verdade pra todo mundo, agora mesmo.

ADAMASTOR: Verdade… Que verda… Não, você não faria isso! Esqueceu que eu tenho um trunfo contra você? Se você contar, eu conto pra sua irmã que…

MARIA DOS PRAZERES: Que o quê, Adamastor? Que eu e o Bené somos amantes? Vai lá, vá correndo contar… Eu não tenho mais nada a perder mesmo.

ADAMASTOR: Não? Mas então ela já sabe… Ah, isso tudo foi a ira dela, né? Mas como eu queria tá lá pra te ver apanhando, Maria, como eu queria.

(Adamastor ri e Maria dos Prazeres o “fulmina” só pelo olhar; Enfurecida, Maria dos Prazeres entra na mansão e preocupado, Adamastor para de rir)

ADAMASTOR: Meu Deus, essa maluca vai contar tudo… MARIA, ESPERA UM POUCO! MARIA!

(Adamastor corre atrás de Maria dos Prazeres, que nem sequer o atende)

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“Mansão dos Smith – Sala”

(Frederick e Bruna estão sentados no macio sofá felpudo; Bruna está segurando uma xícara de porcelana branca e bebe o que está dentro)

BRUNA: Então, vai contar de vez tudo o que sabe pra Afrodite?

FREDERICK: Vou! Só assim ela termina com aquele… Favelado e vem correndo pra mim.

(Maliciosamente, Bruna sorri e dá mais uma golada no que está na xícara; Sorridente, Afrodite desce as escadas)

AFRODITE: Desculpa a demora, pessoal… Vamos ensaiar?

(Frederick se levanta)

FREDERICK: Antes eu preciso te contar uma coisa muito séria, Afrodite.

AFRODITE: Que coisa?

(Frederick olha para Bruna e depois retorna o olhar para Afrodite)

FREDERICK: Você está sendo enganada.

AFRODITE: Enganada? Como assim, Frederick… Eu estou sendo engana por quem?

(Frederick pega a mão de Afrodite e olha em seus olhos)

FREDERICK: Pelo Alex… Afrodite, o Alex não é quem você pensa que ele é.

(Desacreditada, Afrodite solta a mão de Frederick e se afasta)

AFRODITE: Do que você está falando, Frederick? Eu confio inteiramente no Alex e tenho certeza que ele nunca mentiria para mim.

(Frederick se prepara para falar; Maria dos Prazeres aparece e para um pouco afastada de Afrodite)

MARIA DOS PRAZERES: Afrodite… O Alex é um grande mentiroso!

(Afrodite fica sem entender nada; Surpresos, Frederick e Bruna se entreolham e depois olham para Afrodite; Adamastor aparece correndo, mas agora já é tarde)

AFRODITE: Do que vocês estão falando, gente? Eu não estou entendendo nada.

(Irritado, Ruez entra em casa e bate forte a porta)

RUEZ: Ainda bem que você está aqui, Afrodite, porque eu quero ter uma conversa muito séria com você… O seu namorado não passa de um canalha barato.

AFRODITE: Papai, por que o senhor está falando assim do Alex?

MARIETA: Ai, mas que gritaria é essa? Será que nem meu sono de beleza eu posso tirar na minha própria mansão?

(De máscara de beleza facial, Marieta, reclamando, sai do quarto e para na metade da escada)

MARIETA: O que é isso? Por um acaso é um comício e ninguém me convidou?

RUEZ: Sem piadinhas, Marieta! O que eu tenho pra falar é muito sério.

(Com jeito esnobe, Marieta põe a mão na boca; Furioso, Ruez olha para Afrodite)

RUEZ: Afrodite, a partir de hoje, você está proibida de ver aquele molambento do Alex… Está me entendendo?

(Afrodite não entende; Frederick sorri)

AFRODITE: Por que essa proibição agora, papai? O senhor gostou tanto dele…

RUEZ: Até saber que ele é um tremendo mentiroso, um mau caráter… E até saber que ele é pobre!

(Afrodite leva um baque)

MARIETA: (apavorada) Pobre?!… Minha filha estava namorando um…

(Marieta desmaia e de poucos degraus, cai da escada; Prestativo, Adamastor corre para acudir Marieta)

AFRODITE: (decepcionada) O Alex mentiu para mim…

RUEZ: O namoro entre vocês está definitivamente rompido… E proibido para sempre!

“Afrodite fica chocada, pois da pior maneira descobriu que o seu príncipe encantado, na verdade, não passa de um sapo que vive num brejo; Ruez está tomado pelo ódio e nem vê a esposa desmaiada no chão; Satisfeita, Maria dos Prazeres olha para Adamastor e sorri, escarnecendo-o; Adamastor olha para Afrodite, que de branca, está pálida; Frederick e Bruna se olham e sorriem, vitoriosos; Atônita com essa notícia, Afrodite senta-se no sofá e chora”

“Afrodite sente-se traída ao receber tal notícia, sente-se completamente enganada pelo grande amor da sua vida… Mas mesmo diante dessa revelação tão bombástica, ela, no fundo do seu coração apaixonado, prefere não acreditar”

AFRODITE
Não, isso não pode ser verdade… O Alex não iria me esconder uma coisa dessas, eu tenho certeza.

(Afrodite fala, levantando-se do sofá e caminhando lentamente pela sala, com as mãos no coração)

RUEZ
Afrodite, não adianta cogitar mais nada… Você está definitivamente proibida de namorar aquele mentiroso e ponto final.

AFRODITE
Por que, papai? Hein? Só por que ele é pobre? E se ele for mesmo, né?… Porque até agora vocês só vieram com acusações, mas sem fundamentos alguns… Alguém pode me explicar melhor, por favor?

RUEZ
Sabe o que eu descobri hoje, minha filha? O seu namoradinho morador do “Jardim Atlanta”, que fala inglês e toca piano, na verdade não passa de um filho de um reles operário lá da fabrica. Como ele pode ser rico, se é filho de um operário miserável e preguiçoso? Hã? Ele é pobre! Pobre e infeliz… É isso que aquele desgraçado é!

AFRODITE
Ah, papai, talvez isso não passa somente de um mal enten…

RUEZ (nervoso)
Para de ser idiota, Afrodite! Você não vai mais namorá-lo e assunto encerrado! Está me entendendo?

(Rispidamente, Ruez fala, segurando os braços de Afrodite; Com raiva, Ruez encara Afrodite, que chorando, sobe as escadas, correndo)

FREDERICK
Afrodite…

(Frederick ameaça ir atrás de Afrodite, mas Bruna o segura pelo braço; Preocupada, Cidinha sobe as escadas e Bruna vai atrás; Aos poucos, Marieta vai abrindo os olhos e espantada, se aparta dos braços de Adamastor)

MARIETA
Me solte, Adamastor, eu hein, que petulância!… O que aconteceu aqui, gente? Tive um sonho estranho… Sonhei que a minha filha estava namorando um pobre… Eca!

FREDERICK
Não foi sonho não, dona Marieta, isso é a pura realidade… A Afrodite acaba de descobrir que o Alex mentiu pra ela e que não passa de um pobre insignificante.

MARIETA
Pobre?! Mas… Viu, Ruez, eu não te disse? Meu faro nunca se engana, só foi eu bater os olhos naquele cafona que eu logo senti o cheiro da pobreza que exalou dos seus poros.

RUEZ (arrogante)
Ah, Marieta, não me encha com suas presunções…

(Marieta não gosta como o marido a trata, mas se contem; Ruez repara em Adamastor, Maria dos Prazeres e em Frederick)

RUEZ
E vocês? O que fazem aqui feitos dois de paus?… Adamastor, seu lugar é no carro… Que diabos faz aqui dentro?

(Adamastor fica nervoso e não sabe o que falar)

ADAMASTOR
É…

RUEZ
Desembucha logo… O que faz aqui dentro, Adamastor? Perdeu algo aqui?

(Adamastor fica nervoso e olha para Maria dos Prazeres, que sorri debochadamente)

ADAMASTOR
Eu…

MARIA DOS PRAZERES
Responda, Adamastor… O patrão está esperando.

(Irônica, Maria dos Prazeres sorri para Adamastor, que transpira de nervoso) 

MARIA DOS PRAZERES
Ai, enquanto isso, eu vou para a cozinha… Ainda tenho que preparar o almoço. Com licença!

(Sorrindo, Maria dos Prazeres encara Adamastor, passa na frente de Ruez e vai em direção à cozinha)

RUEZ
Espere um pouco, Maria…

(Maria dos Prazeres volta)

MARIA DOS PRAZERES
Deseja alguma coisa, seu Ruez?

RUEZ
Agora eu estou me lembrando… No dia do jantar, você disse que já conhecia o Alex e que havia sido babá dele no passado, não foi?

(Maria dos Prazeres arregala os olhos e fica nervosa)

RUEZ
Por que você mentiu, Maria?… Ah, isso tudo não passava de um plano, uma tramoia.

MARIETA
Sim, mais é claro que sim… Você estava de patota com aquele cafona para tentar nos dar um golpe, não é sua lesma?… Ruez, tudo isso não passava de um golpe… Eles queriam nos roubar, meu bem!

MARIA DOS PRAZERES
Não, dona Marieta, eu não tive alternativas… O Adamastor me obrigou a mentir.

(Chorando falsamente, Maria dos Prazeres fala apontando o dedo para Adamastor, acusando-o; Todos olham para Adamastor, que faz cara de espanto)

RUEZ
O quê?… Como explica isso, Adamastor?

ADAMASTOR
Sabe o que é, seu Ruez?… Eu vou contar a verdade. Fui eu quem aconselhou o Alex a mentir.

MARIETA (histérica)
Hã? Então você é o trair, Adamastor! Como pôde nos apunhalar pelas costas? Hein?

ADAMASTOR
Não era um golpe, mas eu sabia que só assim o senhor permitiria o namoro entre os dois… Eu conheço o Alex faz tempo, ele sempre foi um menino bom, respeitador e na verdade, ele é sobrinho da Maria. Eu só a obriguei a mentir também, para ajudá-lo a impressionar o senhor. Ele me prometeu que encontraria a melhor maneira de abrir o jogo… Acredite no amor dele pela sua filha, seu Ruez.

(Adamastor conclui a fala, com os olhos lacrimejados e logo após, abaixa a cabeça; Após saber isso, Ruez fica com mais raiva ainda)

RUEZ
Os dois estão demitidos… Quero-os fora da minha mansão agora mesmo.

ADAMASTOR
Demitido?… Mas… Eu não tenho para onde ir, seu Ruez.

MARIA DOS PRAZERES
E eu, seu Ruez? Pense em mim… Por favor! Eu sou mãe solteira, tenho um filho para criar sozinha, não tenho ajuda de ninguém, nem da minha própria família que me abandonou ao léu quando eu mais precisei deles, por favor, seu Ruez! Eu imploro de joelhos… Me deixe ficar, por favor!

(Aos prantos, Maria dos Prazeres ajoelha-se aos pés de Ruez e agarra a sua perna; Enciumada, Marieta puxa Maria dos Prazeres pelo braço, levantando-a)

MARIETA
Deixe-os ficar, Ruez, deixe… Afinal são nossos empregados há tanto tempo, né? E aonde encontraremos serviçais tão… Tão… Tão domináveis como esses dois, imprestáveis?

(Esperançoso, Adamastor levanta a cabeça; Mesmo não gostando do jeito como Marieta falou, Maria dos Prazeres fica feliz)

MARIA DOS PRAZERES
A senhora é uma santa, dona Marieta… Uma santa!

(Empolgada, Maria dos Prazeres beija a mão de Marieta; Marieta faz cara de nojo e limpa a mão no uniforme de Maria dos Prazeres)

RUEZ
Tá certo… Vocês são bons empregados e merecem ficar. Mas saibam que essa será a última chance. Qualquer outro deslize, será rua de imediato.

(Adamastor e Maria dos Prazeres ficam contentes)

ADAMASTOR
Muito obrigado, seu Ruez… Nunca mais decepcionarei o senhor.

MARIA DOS PRAZERES
E eu… E eu farei tudo o que vocês quiserem. Tudo! Ah seu Ruez, o senhor é…

(Maria dos Prazeres ia abraçar Ruez, mas Marieta a puxa pelo braço)

MARIETA
Já que fará tudo mesmo, vá buscar meu chá, lesma!

MARIA DOS PRAZERES
Sim senhora!

(Maria dos Prazeres vai para a cozinha)

MARIA DOS PRAZERES
Essa foi por pouco… Agora deixa eu fazer o chá dessa horrorosa logo, antes que ela dá um “ pití ”!

(Maria dos Prazeres pega a chaleira de Inox e a enche com água; Sorrindo malandramente, Maria dos Prazeres cospe na água e a põe para ferver)

MARIA DOS PRAZERES (irônica)
Ai, ai… O chazinho da madame é tão gostoso…

(Maria dos Prazeres cospe novamente na água e sorri, debochadamente)

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(Na sala, Ruez anda de um lado para o outro, nervoso)

MARIETA
Ai, Ruez, desse jeito você ficará cansado…

RUEZ
Eu estou com raiva… Estou com ódio daquele idiota do Alex. Como… Como eu pude ter sido tão… Tão imbecil de ter acreditado nele?

MARIETA
Viu, Ruez? Dá próxima vez que meu faro apitar, você me dê mais atenção, ouviu?… Mas o que importa isso agora? A Afrodite já está proibida de namorar aquele pobretão e ela ainda tem o Frederick… Um verdadeiro príncipe!

(Marieta se aproxima de Frederick, e apoia a sua mão no ombro dele; Prepotente, Frederick sorri e Ruez o encara)

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(No quarto, Afrodite está sentada á penteadeira, chorando muito; Preocupada, Cidinha está atrás de Afrodite, alisando sua cabeça; Bruna está sentada na cama)

CIDINHA
Não chore, minha bonequinha… Assim eu choro também.

(Cidinha se segura para não chorar; Bruna levanta-se da cama e se aproxima)

BRUNA

Cidinha, nos dê licença, por favor?… Deixa que eu console a minha amiga.

CIDINHA

Sim!… Fique bem, Afrodite!

(Cidinha beija a bochecha de Afrodite e sai, chorando)

BRUNA

Ai, Afrodite, não fique assim, minha amiga.

(Bruna aconselha Afrodite, passando a mãos nos fios dourados de seus cabelos cacheados)

AFRODITE

Ah Bruna, meu coração está dilacerado… Como é horrível a sensação de ser traída.

(Afrodite explica aos prantos)

BRUNA

Vou falar porque sou sua amiga… Foi bem melhor que você descobrisse de vez, Afrodite. Você é uma pessoa tão boazinha e não merece ser enganada… O Alex não te merece e muito menos as suas lágrimas.

AFRODITE

Mas mesmo assim eu o amo.

BRUNA (grossa)

Mas ele não te ama. Se te amasse, não mentiria!

(Afrodite chora mais ainda e Bruna abraça a sua cabeça)

BRUNA

Não sofra, amiga… Você não merece sofrer. Você tem o Frederick que verdadeiramente gosta de você.

AFRODITE

O Frederick? Não, eu não…

BRUNA

Afrodite, minha amiga, dê uma chance para o seu coração ser feliz… Esqueça de vez esse mentiroso e dê uma oportunidade para o Frederick, ele te ama tanto, coitado, é louquinho por você (risos). Erga a cabeça e vá ser feliz com quem te mereça, bobinha.

(Pensativa, Afrodite olha-se no espelho e vê a sua tristeza refletida ali)

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“Casa de Maria das Graças”

(Trajando seu uniforme de trabalho, Bené está deitado na cama, dormindo, e Maria das Graças entra no quarto, triste; Maria das Graças senta-se à penteadeira e olhando-se ao espelho, lembra-se de quando fora traída; Aos poucos, Maria das Graças deixa uma lágrima cair e com raiva, encaraBené; Maria das Graças retorna o olhar para o espelho e vê a sua ira refletida ali; O tormento daquela infame cena não sai da sua cabeça e subitamente, ela pega a tesoura que está sobre a penteadeira; Com ódio no olhar, Maria das Graças olha aquela tesoura e simula como se estivesse cortando o ar; Decidida, Maria das Graças caminha a passos leves até a cama e aponta a tesoura em direção de Bené, que dorme tranquilamente; Quando Maria das Graças está prestes à cravar a tesoura de ponta fina no rosto de Bené, ele acorda na hora e se assusta)

BENÉ

Graça?!

(Temeroso, Bené cobre a face com o edredom; A mão de Maria das Graças enfraquece e aos prantos, ela deixa a tesoura cair; Lentamente, Bené vai abaixando o edredom, deixando só os olhos à mostra)

BENÉ

Você ia me matar, Graça?

MARIA DAS GRAÇAS

Saia da minha casa, Bené!

BENÉ

Sair? Mas… Pra onde eu vou?

MARIA DAS GRAÇAS

Pensasse nisso antes de colocar aquela vadia na nossa cama.

BENÉ

Graça… A culpa não foi minha, eu juro… Eu estava aqui e ela que veio e deitou aqui e me agarrou e…

MARIA DAS GRAÇAS

Me poupe desse detalhes, Bené… Saia daqui, antes que eu te mate… Eu estou falando sério!

BENÉ

Graça, eu não tenho pra onde ir… E também, essa casa é minha… Eu comprei com o meu dinheiro.

MARIA DAS GRAÇAS

Não seja por isso… Eu e as crianças saímos, então.

(Maria das Graças vai até o guarda-roupa e começa a tirar as suas roupas para fora; Bené se levanta da cama)

BENÉ

Não precisa tirar as crianças do teto delas… Se você quer, Graça, eu vou! Mas é isso mesmo que você quer? A gente pode conversar com calma.

(Bené vai para beijar Maria das Graças, que se afasta)

MARIA DAS GRAÇAS

É isso mesmo que eu quero, Bené. Se você me traísse com qualquer mulher da rua, longe da nossa cama, eu até poderia entender… Mas trazer a cobra da minha irmã pra cá, isso é muito doloroso… Eu não suporto isso!

BENÉ

Se você me perdoar, eu te prometo que nunca mais isso irá se repetir, mas eu preciso de outra chance… Só mais outra!

MARIA DAS GRAÇAS

Não tem mais jeito, Bené… Como diz aquele ditado popular: “Uma vez corna, sempre corna”. E eu não mereço isso, não mesmo.

(Bené deixa uma lágrima cair, mas a seca imediatamente)

BENÉ

É doloroso acabar um casamento como o nosso, ainda mais dessa maneira… Eu só desejo, que um dia você possa me perdoar… Eu vou trabalhar agora, depois mando alguém vir buscar as minhas coisas.

(Maria das Graças deixa uma lágrima cair e triste, Bené sai do quarto)

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(Na sala, Tânia, Tina e Tico estão sentados no sofá, tristes)

TINA

Será que a mamãe e o papai vão se separar?

TÂNIA

Ih, vira essa boca pra lá, criança!

TINA (nervosa)

Eu não sou criança, que chatice!

(Bené aparece cabisbaixo e Tico e Tina se aproximam dele)

TICO

Vai trabalhar, pai?

BENÉ

Vou sim, meu filho!

(Bené beija a cabeça de Tico; Chorando, Maria das Graças aparece e fica um pouco afastada, observando)

TINA

Tchau, papai!

(Tinaabraça Bené, que retribui, fortemente; Bené beija a cabeça de Tina, que sorri; Bené olha para Tânia)

BENÉ

Vem me dar um beijo, Tânia!

(Tânia se levanta do sofá e abraça Bené, que beija a sua bochecha)

BENÉ

Tchau, meus filhos lindos!

(Com os olhos lacrimejados, Bené abraça os três filhos; Bené olha para Maria das Graças, que chora e sai, seguido de Tico e Tina; Maria das Graças senta-se no sofá e chora mais; Tânia senta-se ao lado da mãe)

TÂNIA

Ele não vai voltar mais, né mãe?

MARIA DAS GRAÇAS

Não, Tânia, eu expulsei o seu pai de vez…

(Maria das Graças deita a cabeça no colo de Tânia e desaba a chorar; Triste, Tânia faz cafuné na cabeça de Maria das Graças)

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“No dia seguinte”…

(De malas nas mãos, Bené bate na porta da casa de Maria dos Prazeres; As vizinhas fofoqueiras reparam e cochicham umas com as outras; Envergonhado, Bené olha para elas e logo desvia o olhar; Maria dos Prazeres abre a porta e se surpreende ao ver Bené)

MARIA DOS PRAZERES (feliz)

Bené?

BENÉ

Prazeres, será que eu poderia morar aqui? A Graça me expulsou de casa.

(Vitoriosa, Maria dos Prazeres sorri e beija Bené, que larga as malas no chão; As fofoqueiras cochicham umas com as outras)

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(Na parte de trás da escola; Frederick e Afrodite ensaiam a valsa e Bruna os orienta nos passos; Afrodite pisa no pé de Frederick)

BRUNA

Não, Afrodite… Você está errando muito!

(Afrodite para de dançar)

AFRODITE (triste)

Desculpa, mas eu não estou conseguindo me concentrar em nada.

BRUNA

Afrodite, a sua festa já é nesse final de semana. Vamos! Desde o início… E mais atenção dessa vez, amiga! Vamos!

(Frederick e Afrodite voltam a dançar e Bruna os observa; Triste, Alex se aproxima)

ALEX

Podemos conversar, Afrodite?

AFRODITE

Alex?

(Prontamente, Afrodite se aparta de Frederick e olha para Alex; Alex e Afrodite se olham profundamente)

FREDERICK

Vamos, Afrodite, o seu pai não quer que você fique perto desse favelado.

(Frederick puxa Afrodite pelo braço)

AFRODITE

Calma, Frederick… O Alex quer falar comigo.

FREDERICK

Não. Afrodite! O seu pai pediu para que eu tomasse conta de você. Eu não vou deixar que esse flagelado chegue perto de você.

(Frederick arrasta Afrodite pelo braço, que relutando, sai olhando para Alex; Alex ameaça ir atrás, mas Bruna o impede)

ALEX

Me dá licença, eu preciso falar com ela… Eu preciso conversar com a Afrodite.

BRUNA

Calma, Alex, não tem mais jeito… O pai dela proibiu a aproximação de vocês.

ALEX

Mas… Eu… Eu preciso me explicar, eu preciso falar o porquê de ter mentido… Eu não queria enganá-la, eu a amo muito, muito.

BRUNA

Eu sei… Eu confio no amor de vocês, por isso quero ajudá-lo.

ALEX

Sério?

BRUNA

Uhum!… Não vai adiantar você querer fazer um escarcéu, gritar a sua verdade… Vai com calma, na encolha, aos poucos. Ah, acabo de ter uma ideia!

ALEX

Ideia? Que ideia?

BRUNA

Sábado é a festa da Afrodite… E será uma excelente ocasião para vocês conversarem.

ALEX

Não, não sei não… O seu Ruez me colocará para fora na mesma hora, acho melhor noutro lugar e noutro momento. Eu não quero estragar a festa da minha deusa.

BRUNA

Que estragar o quê, bobinho… O salão estará lotado de gente e o seu Ruez vai estar tão deslumbrado com aquele momento, que nem vai te ver lá. Será o momento certo de vocês terem uma conversa definitiva… Vai por mim!

ALEX

Pensando bem, acho que será a melhor ocasião mesmo… Tá aí, eu vou nessa festa, sim!

(Bruna sorri, maliciosamente; Esperançoso, Alex sorri)

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“Festa de Afrodite”

O Salão está completamente decorado em rosa, branco e prateado, esbanjando beleza e glamour… Bexigas e fitilhos enfeitam o teto, junto ao grande globo de luzes coloridas que aclaram os jovens enquanto eles dançam ao som da banda “Blitz”. Ruez e Marieta só são alegria com a filha, que nem por um minuto sequer demonstra satisfação de estar ali.

(Marieta tenta animar Afrodite, balançando-a de um lado para o outro, mas ela se mostra triste)

MARIETA

Ai, Afrodite, minha filha… Anime-se! Não está gostando da sua festa, não?

AFRODITE

Não é isso, mamãe… É que a senhora sabe muito bem que eu não estou bem. Por mim cancelaria essa festa.

MARIETA

Cancelar por quê? Só por causa do término do seu namoro com aquele pobretão? Nada disso, minha filha, sua festa está um arraso… Vá se divertir, vá!… Frederick! Venha aqui, querido!

(Marieta acena para Frederick, que se aproxima)

FREDERICK

Boa noite!

MARIETA

Hum, como está bonito o príncipe da minha filha… Está um arraso, como vocês jovens bem dizem!

(Frederick e Marieta riem, enquanto Afrodite continua séria)

MARIETA

Frederick, faça essa menina se animar, por favor!

FREDERICK

Claro que sim, dona Marieta… Pode deixar! Será um prazer.

(Marieta sorri; Frederick vira-se para Afrodite e a olha nos olhos)

FREDERICK

Afrodite, aceita essa…

(Frederick estende a mão para Afrodite, que nem sequer espera ele terminar a frase e se afasta, emburrada; Sem entender, Frederick olha para Marieta, que se envergonha; Bruna se aproxima, cumprimenta Marieta e puxa Frederick para dançar; Afrodite vai até a grande janela e triste, olha para a lua que está cheia)

RUEZ

Está triste, minha filha?

(Ruez pergunta ao se aproximar, com um copo na mão)

AFRODITE

O senhor sabe que sim, papai… Eu estou sofrendo pelo Alex.

RUEZ

Minha filha, entenda de uma vez… Você nunca mais vai namorar aquele mentiroso e trate de tirar esse traste da cabeça que vai ser melhor para você.

(Ruez beija a bochecha de Afrodite e se afasta, indo cumprimentar seus amigos de trabalho; Afrodite olha a lua)

AFRODITE

Será mesmo o fim desse amor tão lindo?

(Infeliz, Afrodite deixa uma lágrima cair)

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(Com um pacote enfeitado na mão, Alex chega ao salão)

SEGURANÇA

O convite, por favor!

ALEX

Convite?… Eu não sabia que precisaria de convite.

SEGURANÇA

Sinto muito, mas a entrada só é permitida mediante aos convites. Ordem dos anfitriões.

ALEX

Poxa… Será que… Não tem como o senhor quebrar essa pra mim, não? É que tem uma pessoa nesse salão que eu preciso muito falar com ela.

SEGURANÇA

Perdoe-me, mas… Eu não posso. Só estou cumprindo meu trabalho.

ALEX (desaminado)

Tudo bem!

(Alex fica triste e se afasta)

ALEX

Não tem mais jeito… Acho que perdi a Afrodite pra sempre.

(Abatido com essa situação, Alex vai até o campo florido atrás da mansão e lembra-se de quando Afrodite o levou para lá; Alex senta-se na grama e chora, ao se lembrar dos seus momentos com Afrodite)

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(No salão, Afrodite, que não esconde a sua tristeza, sai chorando, sem nem avisar ninguém; Bruna orienta ao DJ a parar a música e assim ele faz; Bruna bate um garfo numa taça, atraindo a atenção de todos)

BRUNA (gritando)

Atenção! Atenção!… A valsa da debutante já vai começar!

(Todos ficam animados e se ajeitam em suas cadeiras, deixando o centro do salão vazio; Frederick já está em sua posição e acena para Bruna, que se aproxima dele)

FREDERICK

Bruna… Cadê a Afrodite? Ela já deveria estar aqui.

BRUNA

Calma… Quando tocar a música, ela vai entrar. Esqueceu já, é?

(Frederick sorri e Bruna se afasta; A iluminação do salão se ameniza, a “Valsa do Imperador” já está tocando e ninguém entende a demora de Afrodite)

MARIETA

Ué, cadê a minha filha?

(Bruna abre a grande porta do salão e não encontra ninguém)

BRUNA (gritando)

A Afrodite sumiu!

(Bruna vai até o centro do salão, gritando)

MARIETA

O quê?!

(Marieta desmaia nos braços de Ruez; Todos ficam preocupados e Bruna sorri, suspeitando esse sumiço)

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Assim como Alex, Afrodite vai ao campo florido para refletir…

(Chorando, Afrodite aparece correndo e se depara com Alex, que está sentado de costas)

AFRODITE

Alex! É você mesmo?

(Rapidamente, Alex vira a sua cabeça e sorri, olhando nos olhos de Afrodite, que também sorri)

ALEX

Afrodite!

(Feliz, Alex se levanta correndo e abraça fortemente Afrodite; O choro de tristeza, nesse momento, transformam-se em emoção; Eles se afastam do abraço e ficam de mãos dadas)

ALEX

Afrodite, eu sei que você está me odiando, mas eu não menti por mal… Eu não queria te enganar, só fiz isso porque eu te amo. Acredita em mim, Afrodite, eu não queria mentir pra você! Meu amor por você é verdadeiro e sempre será, mesmo eu sendo pobre ou rico… Meu amor por você sempre, sempre mesmo, sempre será… Verdadeiro! Você acredita?

AFRODITE

Como não poderia acreditar se o nosso amor está escrito nas estrelas, meu príncipe?

(Alex e Afrodite olham para as estrelas e enxergam uma constelação que forma um grande coração, que é partido por uma linda estrela cadente; Alex e Afrodite sorriem e se olham, apaixonados)

AFRODITE

Alex… Lembra-se daquela constelação que nos presenteou com um lindo coração igual a esse? Lembra-se daquela estrela cadente que nos visitou naquela doce noite? Lembra-se que nessa mesma noite, você queria…

ALEX

Me desculpa, Afrodite, naquele dia eu…

AFRODITE

Não precisa se desculpar, Alex… Naquela noite eu também queria.

(Feliz, Alex sorri aos poucos)

ALEX

Queria?!

AFRODITE

Sim! Mas eu estava muito insegura… Aí a Cidinha, que é como uma mãe para mim, me aconselhou a esperar a hora certa, que quando fosse o momento, eu iria saber…

ALEX

E esse momento é agora?

AFRODITE

Meu coração grita que sim… E o seu?

ALEX

Preciso nem responder, né? Sonho com esse momento antes mesmo de te conhecer.

“Emocionada, Afrodite sorri com aquela linda frase que toca profundamente seu coração… Carinhosamente, Alex pega Afrodite no colo, feito um príncipe que toma a sua princesa nos braços, e a beija amorosamente… Lentamente, Alex deita Afrodite no gramado florido e a beija, romântico como é… Sob o céu estrelado e iluminados pela doce lua cheia que denota sentimentalismo, Alex e Afrodite se amam ali mesmo”

(A imagem se congela num tom preto-e-branco)

Continua…

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