Lua Negra – Capítulo 1 (estreia)

CENA 1: Manhã – Escritório de advocacia – Sala de Suzana

Suzana está sentada trabalhando em seu computador. Ricardo entra e coloca uma pasta em cima da mesa dela.

RICARDO: Você tem um novo caso de defensoria pública.

SUZANA: Ah, não. Estou cheia de trabalho, não dá para outro advogado pegar o caso? O que me diz do Carlos?

RICARDO: O Carlos está saindo de férias na sexta. Todos os outros já estão super atarefados, tem que ser você mesmo.

SUZANA: Droga. E o que é dessa vez?

RICARDO: Um professor de educação física está sendo acusado de assassinar uma aluna de 14 anos.

SUZANA: Existem provas contra ele?

RICARDO: Nada de concreto, mas tem um vídeo da garota feito horas antes dela ser encontrada morta, onde ela diz estar indo se encontrar com ele. A família dela jura que ele é culpado.

SUZANA: Ele está preso?

RICARDO: Sim, acabou de ser decretada a prisão preventiva dele, por isso precisa de um advogado com urgência.

SUZANA: Ele não tem dinheiro para pagar um?

RICARDO: Parece que não.

SUZANA: Está bem, fico com o caso.

RICARDO: Boa sorte.

Ricardo sai. Suzana pega o telefone e faz uma ligação.

SUZANA: Alô. Glória preciso que você busque o Felipe na escola e o leve para casa ok. Eu sei que prometi levá-lo à feira tecnológica, mas surgiu um imprevisto e não poderei sair cedo. Obrigada.

Suzana desliga o telefone. Pega a pasta e começa a estudar o caso.

CENA 2: Manhã – Casa de William  – Quarto do casal

Lívia está em seu quarto, deitada quando seu marido William entra carregando um bebê.

WILLIAM: Amor está acordada?

LÍVIA: Sim, é impossível dormir com essa dor.

WILLIAM: Eu vou levar o Matheus para pegar um pouco de sol na pracinha, não quer vir conosco?

LÍVIA: Não, obrigada.

WILLIAM: Amor, você precisa reagir, não pode ficar nessa cama para sempre.

Lívia começa a chorar.

LÍVIA: Não consigo. Eu quero minha Emily de volta, quero minha garotinha.

WILLIAM: Eu também queria que pudéssemos voltar no tempo e tê-la de volta, mas infelizmente isso é impossível.

LÍVIA: Não posso viver sem ela.

WILLIAM: Sei que é difícil, mas você precisa ser forte. Ainda temos o Matheus, e ele precisa de uma mãe. Reaja por ele.

Lívia continua chorando.

WILLIAM: O Eric foi preso hoje.

LÍVIA: Tomara que ele apodreça na prisão.

CENA 3: Manhã – Escola – Pátio

Felipe sai da sala de aula e encontra Glória, sua babá, no pátio.

GLÓRIA: Oi, como foi sua aula hoje?

FELIPE: Onde está minha mãe?

GLÓRIA: Ela teve um imprevisto no trabalho e não pode vir.

FELIPE: Ela ia me levar à feira tecnológica.

GLÓRIA: Eu sei, mas vocês podem ir amanhã. Hoje que tal alugarmos uns filmes bem legais?

FELIPE: Não, vamos para casa que tenho uns livros para ler.

GLÓRIA: Do jeito que você estuda parece que já está na faculdade. Você tem apenas sete anos, por que não se diverte um pouco?

FELIPE: Temos pontos de vista diferentes sobre o que é diversão.

Felipe entra no carro e coloca o cinto.

CENA 4: Tarde – Delegacia – Sala de visitas

Eric entra na sala de visitas e encontra Suzana.

ERIC: Quem é você?

SUZANA: Sou Suzana Rodrigues. O ministério público me mandou, serei sua advogada de defesa.

Eric senta-se em frente à Suzana. Ela o observa atentamente.

SUZANA: Como sua advogada farei de tudo para livrá-lo ou pelo menos amenizá-lo da pena, mas é fundamental que você seja sincero comigo. Então me diga, você é culpado?

ERIC: Não. Eu não matei aquela garota, não tenho nada a ver com isso.

SUZANA: Me fale sobre a Emily. Como a conheceu?

ERIC: Eu a conheci na metade do ano passado quando comecei a lecionar na escola onde ela estudava.

SUZANA: Você é professor de educação física?

ERIC: Sim.

SUZANA: Há quanto tempo?

ERIC: Uns quatro anos.

SUZANA: O que fazia antes?

ERIC: Isso é um interrogatório?

SUZANA: Responda minha pergunta.

ERIC: Eu trabalhava numa fábrica de plásticos, era ajudante de produção.

SUZANA: Onde?

ERIC: Em Vale Verde, é uma cidade pequena que fica a uns 200 km daqui.

SUZANA: Sim, já ouvi falar. Você se formou lá?

ERIC: Não. Eu não gostava do trabalho pesado da fabrica, e em Vale Verde não há muitas opções de emprego, então resolvi vir para cá e estudar educação física que é algo que sempre gostei.

CENA 5:  Tarde – Casa de William – Quarto do casal

William entra no quarto carregando uma bandeja com um sanduíche e um suco.

WILLIAM: Trouxe um lanchinho para você.

LÍVIA: Obrigada, mas estou sem fome.

WILLIAM: Mas você vai comer nem que seja um pouquinho.

William coloca a bandeja na cama e entrega o suco a Lívia.

LÍVIA: Falou com o Dr. Augusto? Alguma novidade?

WILLIAM: Continuam fazendo investigações, procurando algum indício do que realmente aconteceu.

LÍVIA: O Eric matou a minha filha, foi isso o que aconteceu.

WILLIAM: Você sabia que a Emily se encontrava com um amigo virtual?

LÍVIA: Não. Que amigo?

WILLIAM: Não sei direito, mas parece que por mais de uma vez ela se encontrou com esse amigo.

LÍVIA: Não sei de nada, desde que esse Eric corrompeu a nossa filha ela não me contava mais nada, mas acho que é normal adolescentes terem amigos virtuais.

WILLIAM: Sim, mas todos os contatos que estavam no computador da Emily eram de pessoas conhecidas da escola ou do bairro. Esse era o único que ninguém sabe quem é.

LÍVIA: Pode ser um amigo que ela tenha feito na competição de natação. Como ele se chama?

WILLIAM: Ainda não descobriram o nome verdadeiro, só sabem o nome que ele usava na internet.

LÍVIAL: E qual é?

WILLIAM: Lua Negra.

Continua…

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