Vida Inteira – Capítulo 16 (Vale a Pena Ler de Novo)

 VIDA INTEIRA

escrita por:
GUILHERME SANTOS

CAPÍTULO 16

CENA 01. COLÉGIO VASCONCELOS. INTERIOR. DIA

Continuação da última cena do capítulo anterior.

Amora ali, em cima do palanque, coberta por mel e tinta rosa. Plano geral dos convidados, em sua maioria os jovens, que gargalham, com os celulares em mãos. Foco em Amora, já chorando.

CENA 02. RUA. EXTERIOR. NOITE

Alexia e Milo sentados lado a lado, de pernas cruzadas, no canto de uma calçada, numa rua vazia. Clima triste.

ALEXIA – Eu sabia que não devia ter ido nessa festa…

MILO – Me desculpa, Alexia. Eu é que insisti horrores pra você me acompanhar.

ALEXIA – Você não tem culpa, ninguém tem. Quando a gente poderia imaginar que a Amora fosse fazer o que fez? (T) Não entendo… Eu não fiz nada pra essa garota!

MILO – Ela é muito nariz em pé, que raiva! E não adianta ela vim com desculpinhas falsas depois dizendo que derrubou a bebida sem querer porque não foi, eu estava do seu lado e vi tudo.

ALEXIA – Ela nunca vai pedir desculpas. Aos poucos eu estou entendendo melhor qual é a dela. Ela me fez passar uma vergonha enorme, saí daquela festa chorando, humilhada. Mas o mundo dá voltas. Quem sabe não acontece o contrário com ela nessa festa?

MILO – Hoje é o seu aniversário, Alexia, não quero ver você assim, de cabeça baixa, triste. Vamos mudar isso?

ALEXIA – E qual é a sua sugestão?

Milo pensa um pouco, tempo. Logo, ele a olha, abre um sorriso.

MILO – Pizza! Você topa? Vamos comemorar o seu aniversário pra valer agora.

Eles dão risada. Milo se levanta, oferece a mão à ela, que a aperta e se ergue com a ajuda do amigo. Os dois se abraçam e dão as mãos. Juntos e descontraídos, eles começam a caminhar.

CENA 03. MANSÃO VASCONCELOS. QUARTO DE AMORA. INTERIOR. NOITE

Sofia ali, da varanda, observando tudo, bem escondida e rindo feito criança. Rápida, ela se recompõe e sem demorar, pega tudo que trouxe, guardando a lata de tinta e os potes de mel na mochila, bem como todos os possíveis vestígios que pudesse a acusar. Ela retira a blusa de frio. Na pressa, ao tirar totalmente a blusa, um par de seu brinco, prata, cai ali. Close naquilo, jogado no chão, em cima de um tapete. Alguns segundos e Sofia já sai dali correndo, carregando sua mochila e a sacola e fechando a porta.

CENA 04. MANSÃO VASCONCELOS. JARDIM. EXTERIOR. NOITE

Sofia sai da parte interna da mansão pela porta dos fundos, na área da sala de estar, que dá acesso ao jardim. Ela, bem ao fundo, observa toda a confusão armada, vendo os convidados zombarem de Amora, enquanto a própria está abalada no palanque. Sofia sorri e já trata de sair dali o mais rápido possível, passando despercebida por todos, já que as atenções estavam voltadas à Amora.

Corta para:

Roger sobe no palanque e cobre Amora com seu terno. A jovem está  muito abalada, prestes a desabar.

AMORA – Me tira daqui, pai. A festa acabou.

Então, Roger a retira dali. Burburinhos aumentam. Pai e filha entram na mansão pela porta dos fundos, eles somem.

Joelma sobe no palanque e tome posse do microfone, chama a atenção. Todos atentos.

JOELMA – Obviamente, a festa tem fim aqui. A Amora deve estar extremamente abalada e não tem mais sentido esse evento continuar. Peço perdão a todos os convidados por terem presenciado tal cena, que foi deplorável. Em breve vocês terão notícias da Amora, ela deve ficar bem.

Em seguida, Rafael também sobe, determinado, e pega do microfone das mãos de Joelma, pedindo licença. Começa a falar.

RAFAEL – Isso foi uma sacanagem imensa. Quem fez isso vai pagar caro, não vamos deixar barato quando esse sabotador vir à tona. Não teve graça alguma essa palhaçada. Ah, e por favor, quem gravou vídeo ou tirou foto da Amora nessa situação, façam o favor de apagar!

Então, Joelma e Rafael saem do palanque. A primeira vai direto para dentro da mansão.

Os convidados começam a conversar entre si, ainda em choque, alguns já indo embora. Foco em Beatriz, se aproximando de Renato.

BEATRIZ – Não sei porque eu acho que isso tudo tem o seu dedo, Renato…

RENATO – Não fui eu. E se fosse, teria feito melhor. A Amora é a maior patricinha, mereceu passar esse mico do ano.

Dito isso, ele dá as costas e sai. Rafael aparece ali, cutuca Beatriz.

RAFAEL – Bia, você vai embora?

BEATRIZ – Não, de jeito nenhum, vou ficar pra dar apoio à Amora. Coitada, a festa foi um desastre total.

RAFAEL – Pois é, eu também vou ficar. Vamos até ela, ver como ela está…

E os dois saem, entrando juntos na mansão rapidamente.

CENA 05. MANSÃO VASCONCELOS. QUARTO DE AMORA. INTERIOR. NOITE

Amora ali, rodando pelo quarto, furiosa, ainda suja. Roger, Joelma, Beatriz e Rafael ali, tentando a acalmar.

AMORA – (grita) Inferno! Eu não acredito nisso! A festa foi um desastre, a maior humilhação do ano! Que ódio… Eu quero que todos morram!!! Que vão pro inferno!!!

ROGER – Calma, Amora, não é o fim do mundo!

AMORA – É sim! É o fim dos tempos, papai, é o fim! (T) Eu quero ficar sozinha! Andam, me deixem aqui sozinha! Não quero falar com ninguém agora!

ROGER – Filha…

AMORA – Por favor! Saiam!!!

Então, todos saem dali, lentamente. A porta é fechada por Rafael, que sai por último, de cabeça baixa. Sozinha no quarto, Amora vai para a frente do espelho e fica na mesma posição por um tempo. Se vê, toda suja, coberta por tinta e mel. Uma lágrima escorre do seu rosto. Então, Amora explode, começa a quebrar tudo que vê pela frente, desarrumando a cama, derrubando objetos e porta-retratos, extravasando. Logo, ela se senta na cama, dando um grito e chorando em seguida, numa explosão de ódio.

Aos poucos, ela vai se acalmando, respira fundo. Então, ela vê no chão, um par de brincos, o deixado por Sofia. Levanta-se da cama e pega aquilo. Fica o encarando, mas logo o guarda numa caixinha de joias, achando desnecessário, mas estranhando aquilo, sabe que não é  seu. Em seguida, volta para a cama, deita-se nela e fica olhando pro teto.

CENA 06. PIZZARIA. INTERIOR. NOITE

Milo e Alexia sentados em uma das mesas, já comendo uma pizza que estava ali. Os dois conversam descontraídos. O celular de Milo apita, ele o tira do bolo, vai ver o que é. Logo, abre a mensagem que havia recebido. Era um vídeo. Ao assistir, ele começa a gargalhar.

ALEXIA – (curiosa) O que foi, Milo? Conta! Do que você está rindo?!

MILO – Você não vai acreditar! A filha do diretor pagou o maior mico na festa! Foi um show de horrores!

ALEXIA – A Amora?! O que aconteceu?

MILO – Veja você mesmo…

Ele dá o celular para Alexia, que também assiste o vídeo. CAM foca na tela do celular: o vídeo mostra Amora toda suja de tinta, observando todos no palanque, tentando se limpar. Close em Alexia, chocada enquanto assiste.

CENA 07. MANSÃO VASCONCELOS. QUARTO DE AMORA. INTERIOR. NOITE

Amora saindo da suíte, já mais calma e agora limpa. Ela passa a toalha em seu cabelo, o secando. De roupão, se senta na cama, suspirando. Batem à porta.

AMORA – Entra logo…

A porta se abre e Rafael entra, meio sem jeito.

AMORA – Tranca a porta, por favor.

Ele obedece e se aproxima de Amora, se sentando na cama ao lado dela.

RAFAEL – Desculpa te incomodar, mas estou preocupado contigo. Quer se trocar primeiro?

AMORA – Não, tudo bem. Estou um caco, Rafael, me sentindo um lixo.

RAFAEL – Não se sinta. Isso deve ter sido uma brincadeira sem graça de alguém do colégio, uma pegadinha. Alguém que quer te ver mal, mas essa pessoa não deve valer muita coisa pra fazer isso com você. Você é muito maior do que essa pessoa pensa que você é, vai superar tudo isso.

AMORA – Não vou superar tão cedo. Logo hoje. Eu planejei tanto essa noite e é assim que tudo acaba. Não devia mesmo ter convidado esse bando de pé de chinelo pra minha festa, eles foram os primeiros a tirarem os celulares pra filmar e me desmoralizar. Eu devo estar sendo compartilhada em todas as redes sociais, que vergonha. Eu quero sumir dessa cidade, não quero botar a cara na rua.

RAFAEL – Fica calma, meu amor. Não pensa em nada disso agora, você tem que descansar. Amanhã resolvemos e pensamos melhor em tudo, até mesmo em como tirar da rede todos os vídeos que foram filmados de você, a gente dá um jeito. Tudo pode ser contornado, fica tranquila.

AMORA – Me abraça, Rafael. Me abraça forte! Estou arrasada.

Sonoplastia:

I Don’t Wanna Live Forever – ZAYN e Taylor Swift

Sem pensar duas vezes, Rafa se joga nela, num abraço apertado, tentando a todo custa conforta-la. Foco no rosto de Amora, deitada no ombro dele. Aos poucos, ela abre um sorriso malicioso, de olhos abertos. O abraço termina, eles se olham, bem próximos. Então, Amora lhe dá um beijo, rápido. Rafael a para, tomando fôlego.

AMORA – O que foi?

RAFAEL – Sei lá, imaginei que você não fosse querer ficar comigo agora depois de tudo que aconteceu, que quisesse ficar sozinha.

AMORA – Pensei melhor. Acho que eu devo ficar com quem me faz bem.

Clima. Lentamente, Amora tira o seu roupão e o joga no chão, ficando apenas de calcinha e sutiã. Rafael a olha de cima a baixo, nervoso. Eles se beijam, com muita vontade. Um beijo demorado e com ternura. Amora vai tirando a camisa de Rafael, mas ele a bloqueia, cessa o beijo.

RAFAEL – Amora… Você está muito fragilizada, não quero que se arrependa depois, ou que pense que eu aproveitei desse seu momento.

AMORA – Para de falar… Eu quero. Muito.

RAFAEL – Não, Amora…

AMORA – Eu quero! Por favor, Rafa! Eu preciso disso agora.

Os dois se olham por um tempo. Rafael não resiste, tira a sua camisa e volta a beijar Amora. Sem parar de se beijarem, Rafael já vai tirando a calça. e os sapatos, ficando só de cueca. Antes de se entregar finalmente, Rafa pega a sua calça e retira de um dos bolsos a sua carteira. Ao abri-la, pega um preservativo que estava ali. Foco em suas mãos, segurando a camisinha. Por fim, ele e Amora se jogam na cama, o clima esquenta. Eles ficam de joelhos. Rafa tira o sutiã de Amora, com delicadeza, e beija todo o seu corpo. Os dois se deitam e iniciam a primeira vez do casal.

CENA 08. CASA DE ARLETE. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE

Arlete e Esther sentadas no sofá, Alexia de pé, já terminando de falar com elas e contar todo o ocorrido.

ALEXIA – E foi isso, acreditam? A tal aniversariante não gostou nada de eu aparecer lá. Deve ter sentido ciúmes do namorado dela e me deu um banho de bebida alcoólica.

ARLETE – A Amora é bem nariz em pé mesmo, conheço a peça.

ALEXIA – Parece que não gosta muito de mim por causa da minha amizade com o namorado dela, mas nós nem nos conhecemos direito!

ESTHER – Eu ainda prefiro acreditar que ela tenha derrubado a bebida em você sem querer, Alexia. Um absurdo isso. Deus que me perdoe, mas eu daria tudo pra ver essa garota tomando um banho de tinta rosa.

ALEXIA – E mel! Dizem que foi o maior mico, ainda bem que eu já tinha saído da festa, que foi por água abaixo.

ESTHER – E que bom que o seu novo amigo te levou pra comer uma pizza, ele foi muito gentil.

ALEXIA – Ah, o Milo é totalmente diferente dessa gente metida. Ele é um amor de pessoa, se tornou um grande amigo, salvou a minha noite.

ARLETE – Você precisa é de mais amizades assim, minha querida. Esquece o que a Amora fez, por bem ou por mal, e finge que nada aconteceu quando você ver ela de novo. Melhor segurar a sua onda. Já sabe do ditado né? Aquela lá é a filha do diretor, dona da razão, a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco.

ALEXIA – E eu já não sei disso? Sou superior à isso tudo. Enfim, o que eu mais quero agora é tomar um banho e cair na cama.

E ela vai saindo, em direção ao banheiro. Esther e Arlete se olhando, lamentando tudo aquilo.

CENA 09. MANSÃO VASCONCELOS. CORREDOR. INTERIOR. NOITE

Joelma passa por ali e para em frente à porta do quarto de Amora. Ela tenta a abrir, suavemente, mas percebe que está trancada.

JOELMA – Eita… O Rafael está aí dentro com ela já faz um tempo. Ainda bem que o Roger pegou no sono…

Ela cola a cabeça na porta, tenta ouvir algo vindo do quarto, sorrindo.

JOELMA – Que orgulho da minha enteada. Mesmo fragilizada, não perdeu tempo e fez o que tinha que fazer.

E Joelma vai saindo dali, com um sorriso malicioso, já entendendo tudo.

CENA 10. MANSÃO VASCONCELOS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE

Joelma e Beatriz já frente a frente, perto da porta principal.

BEATRIZ – Tem certeza que eu posso ir embora?

JOELMA – Tenho, meu anjo, pode ficar tranquila. A Amora está melhor. Muito melhor, eu diria, mas enfim… Está lá no quarto com o Rafael, ele deve passar a noite com ela.

BEATRIZ – Será que o clima esquentou?

JOELMA –  É o que esperamos, não é verdade?

BEATRIZ – Bom, então eu vou indo mesmo, estou realmente exausta e esse salto alto está me matando. Espero que a minha amiga fique bem, tadinha…

JOELMA – Todos ainda estão em choque com o ocorrido. E a pessoa que fez isso fez muito bem, porque ninguém viu nada.

BEATRIZ – Parece algo planejado pra humilhar a coitada. E o diretor Roger, como está?

JOELMA – Tomou um calmante e já está apagado na cama, ainda bem. O que todos precisam fazer agora é descansar, dormir, se preparar para um novo dia. E me diz, os vídeos que aqueles jovens gravaram da Amora toda suja já estão circulando por aí? Essas coisas se espalham feito doença.

BEATRIZ – Dei uma olhada aqui no meu celular e infelizmente está se espalhando, principalmente entre os alunos do colégio.

JOELMA – Vamos dar um jeito de impedir que isso continue, vamos pensar numa solução em breve pra retirar esse vídeo da rede.

As duas se olhando. Beatriz se despede com um abraço e um beijo no rosto e sai da mansão. Fecha em Joelma, sentando-se no sofá, exausta.

CENA 11. RUA. EXTERIOR. DIA

Amanhece.

CENA 12. MANSÃO VASCONCELOS. QUARTO DE AMORA. INTERIOR. DIA

Rafael e Amora, em trajes íntimos, deitados na cama. Amora com a cabeça no peitoral de Rafa, que a envolve com suas mãos. Logo, ela vai acordando lentamente, e ele no mesmo tempo, bocejando. Rafael pega o seu celular jogado por ali e vê as horas, ficando surpreso. Amora se espreguiça, sonolenta.

RAFAEL – Meu Deus, está muito tarde, já é de manhã, eu preciso ir pra casa.

Ele se levanta, já se vestindo novamente, apressado. Amora faz o mesmo, coloca uma roupa.

AMORA – Não, espera, fica aqui comigo mais um pouco, hoje é sábado, você não tem nada pra fazer.

RAFAEL – Eu queria muito, mas minha mãe já deve estar preocupada e o meu pai deve estar a enchendo. Deve ter mil ligações perdidas no meu celular.

AMORA – Entendo…

Os dois ficam frente a frente, neutros.

AMORA – Eu curti muito a noite passada, Rafa. Foi incrível.

RAFAEL – Pra mim também foi. Obrigado por confiar em mim.

AMORA – Você me deu muitos motivos pra isso.

Os dois sorriem, se olhando.

CENA 13. MANSÃO VASCONCELOS. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA

Joelma sentada no sofá, tomando uma xícara de chá. Amora e Rafael aparecem descendo as escadas juntos. Joelma se levanta, vai até os dois. Rafael a olha, muito sem graça.

JOELMA – Bom dia! Não vai comer nada antes de sair, Rafael?

RAFAEL – (sem graça) Não, eu estou sem fome, Joelma, obrigado.

JOELMA – Ah, Rafa, sem cerimônia, vai! Não precisa ficar todo tímido assim, eu dei cobertura pra vocês dois enquanto estavam no quarto.

Rafael fica ainda mais sem jeito, perdido.

RAFAEL – Dona Joelma, eu garanto que…

JOELMA – (corta) Não precisa se explicar, pelo amor de Deus, fica tranquilo.

RAFAEL – Eu… Eu preciso ir. Até mais.

Ele dá um selinho em Amora, acena para Joelma e vai saindo da mansão. Logo, Joelma e Amora ficam sozinhas. As duas se sentam no sofá.

AMORA – Ainda estou arrasada por tudo que aconteceu.

JOELMA – Mas e aí, apesar de tudo, rolou?

AMORA – Sim, finalmente! E eu adorei. O Rafael tem uma pegada incrível, ai, salvou a minha noite. Começamos o namoro com o pé direito.

JOELMA – Assim que se faz, essa é a minha menina.

AMORA – Não vou dar detalhes de como foi, mas eu queria repetir, e muito, estava com bastante fôlego por incrível que pareça. O que eu tanto queria aconteceu. (T) Cadê o meu pai?

JOELMA – Não se preocupa, ele ainda está dormindo. Quando ele toma calmante já viu, né…

As duas ficam se olhando.

CENA 14. RUAS. EXTERIOR. DIA

Anoitece e amanhece, mais uma semana se inicia.

CENA 15. MANSÃO VASCONCELOS. QUARTO DE AMORA. INTERIOR. DIA

Amora sentada na cama, finca os pés no chão. Beatriz ali do lado. Ambas uniformizadas.

BEATRIZ – Anda, Amora, vamos logo! Não precisa ficar com vergonha, você é a dona daquele colégio.

AMORA – Eu ainda não superei! Não superei o mico que eu passei na festa, Beatriz! Não quero ir a aula, se eu pudesse, parava de ir ao colégio e não botava mais a cara na rua. A pior parte de todas é ter que encarar aquela gentalha.

BEATRIZ – E você vai ficar se escondendo pro resto do ano? Você tem é que mostrar o seu poder, mostrar pra eles que você não se abalou com nada disso, que é superior e que já superou tudo. Eles não vão tirar uma com a sua cara, Amora, relaxa.

AMORA – Eles não são loucos de se meterem comigo, aquele lugar é meu! Eu acabo com a raça de cada um. (T/Pensa) Tudo bem, eu vou nessa droga de colégio. Preciso mesmo resolver umas coisas naquele lugar.

BEATRIZ – Do que você tá falando?

AMORA – Você vai saber logo mais. Preciso acabar com uma pessoa e isso me motivou muito a sair de casa.

Ela se levanta, decidida. Beatriz a olhando. Close em Amora, firme.

CENA 16. COLÉGIO VASCONCELOS. INTERIOR. DIA

Alexia acaba de entrar no colégio. Rafael entra logo em seguida, a vê caminhando e corre até ela.

RAFAEL – (grita) Alexia!

Alexia para e se vira, o observando na mesma hora. Os dois ficam cara a cara.

ALEXIA – Oi, bom dia.

RAFAEL – Bom dia. Está tudo bem?

ALEXIA – Ah, está sim, na medida do possível.

RAFAEL – Tô te sentindo meio pra baixo.

ALEXIA – (disfarça) Nada, impressão sua…

RAFAEL – Eu não te vi mais na festa da Amora, você foi embora mais cedo aquele dia? Aconteceu alguma coisa que eu não fiquei sabendo?

ALEXIA – Não aconteceu nada, eu é que estava meio indisposta. Aliás, eu fiquei sabendo do que aconteceu com a sua namorada logo depois que eu saí. Parece que a festa acabou, não foi? Eu sinto muito.

RAFAEL – É, mas já passou, a Amora vai superar. Um dia, pelo menos. Tudo na vida passa, não é?

Ele sorri pra ela, que faz o mesmo. Milo aparece ali, do nada.

MILO – Oi, bom dia!

RAFAEL – Bom dia, Milo! A gente precisa conversar mais, não acha?

MILO – Verdade, Rafa. Somos da mesma turma, vamos mudar isso.

ALEXIA – Bom dia. Já está indo pra sala? Vou com você.

MILO – Estou sim, vamos!

RAFAEL – Eu acho que vou indo com vocês também, não sei se a Amora vai aparecer no colégio hoje…

E os três vão caminhando. Alexia no centro, Rafael ao lado esquerdo e Milo ao direito. Todos descontraídos.

MILO – Posso falar uma coisa? (T) Eu acho vocês dois super fofos juntos!

Eles param. Rafael e Alexia se olham, tímidos. Logo, dão uma gargalhada.

Corta para:

Amora chega no colégio, ao lado de Beatriz. Ela caminha apressadamente. Alguns alunos a olham e apontam, rindo e debochando.

Amora vê Alexia mais a frente, parada, conversando com Rafael e Milo, dando leves sorrisos. A ruiva fecha ainda mais a cara, entrando em completa fúria. Com muito ódio e fora de si, Amora corre na direção dos três, que estavam a poucos metros de distância. Suspense total em cena. Após chegar bem perto de Alexia, por trás, Amora ergue as duas mãos, solta um rígido grito e, pegando todos de surpresa, dá um forte empurrão em Alexia, que cai com tudo no chão, chocada, sem entender. Jogada, Alexia se vira, com uma expressão de dor, os braços machucados, e vê Amora a encarando firmemente. Alguns alunos formam uma roda, comentando. Rafael, Milo e Beatriz extremamente chocados, boquiabertos.

Por cima, Amora encara com ódio no olhar Alexia, no chão.

AMORA – Foi você, não foi, sua desgraçada?! Foi você que armou aquilo tudo na minha festa!

Suspense, tensão total. Foco em Milo, Beatriz, Rafael, até fechar em Alexia e Amora se encarando. Close final em Alexia, quase chorando.

Congela em ALEXIA, numa mistura dos tons rosa e roxo, e o seu rosto se torna a capa de um caderno escolar, marcando o FIM DO 16º CAPÍTULO.

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