Brisa de Primavera – Episódio 6 (Edição Especial)

Cena 01. Quarto de Ana Lúcia. Noite.

Manoel corre para perto da patroa e segura os braços da patroa. Ela grita endurecidamente, os dois travam uma briga em cima da cama. Quanto Manoel, finalmente, consegue consegue contê-la, Ariel abre a porta do quarto e fica pasmo com a situação.

Ariel(enfurecido)- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

O silêncio toma conta do ambiente, Manoel, rapidamente, sai de cima de Ana Lúcia.

Ariel- Estou aguardando uma resposta!

Ana Lúcia toma a frente da situação e aponta o dedo para o cozinheiro.

Ana Lúcia(fingindo chorar)- Esse safado tentou me abusar!

Manoel fica perplexo.

Manoel- O que? Isso não é verdade…/

Ana Lúcia(para Ariel)- Você ainda vai perder tempo ouvindo ele? Coloca ele pra fora.

Ariel logo toma uma atitude, segura o braço do jovem rapaz.

Ariel- Eu deveria te entregar pra polícia, seu… NÃO ESTÁ VENDO QUE ELA ESTÁ DOENTE??? ANIMAL!

Manoel(implorando)- Por favor, seu Ariel, deixa eu explicar o que aconteceu…

Ana Lúcia(grita)- NÃO! Ele não deixa nada.

Ariel arrasta Manoel, pelo corredor, até a sala, e lá o joga para fora do apartamento.

Ariel- Algum represente meu vai te procurar para acertar as contas. Escuta aqui rapaz, nunca mais chega perto dessa casa, ouviu bem? Nunca mais!

Ariel bate a porta com força…

No quarto de Luana…

Luana está olhando pela fresta debaixo da porta, apavorada, ela observa uma movimentação no corredor, mas não entende do que se trata.
Ela corre para a cama e se cobre com o cobertor, lá embaixo se sentia segura, orou para que tudo passasse e logo adormeceu.

Na sala…

Ariel está voltando para o quarto e se assusta com Diana no corredor.

Diana- O que está acontecendo aqui?

Ariel- Nada, nada mamãe. Volte a dormir.

Ariel segue em frente. Diana respira fundo e volta para o quarto.

Logo todos dormem e a noite passa rápido…

Cena 02. Quarto de Luana. Manhã.

Raios de sol entram pela janela, Luana abre os olhos vagarosamente, levanta-se e se aproxima da janela, pelo vidro, observa o rio no horizonte. Era a sua esperança de voltar para casa, falando em casa, a menina lembra que neste dia Manoel a ajudaria em um plano de fuga, animada, ela sai do quarto e corre em direção à cozinha, mas ao chegar lá, percebe algo estranho, seu amigo não estava lá, Ana Lúcia se encontrava no local, dando instruções à um homem esquisito, baixinho e com um imenso bigode.

Ana Lúcia(fazendo gestos com as mãos)- Então aqui, como você pode ver, ficam os utensílios e temperos. Ah, Temos um cardápio semanal, quando quiser algo especial irei lhe avisar…

Luana(interrompe)- Er… Dona Ana Lúcia, quem é esse? Cadê o Manoel?

O cozinheiro começa a fazer o seu serviço.

Ana Lúcia- Minha querida, o Manoel simplesmente pediu demissão, sem falar o porque, achei uma pena, pois ele cozinhava maravilhosamente bem!

Luana(cabisbaixa)- Demissão? E nem se despediu de mim?

Ana Lúcia- Que insensível, não? (Pega nos ombros de Luana) Agora ajude o novo cozinheiro, ele ainda não conhece bem a casa.

Ana Lúcia sai, deixando Luana ali, com aquele homem esquisito, a menina, mesmo triste tentava puxar assunto com o novo cozinheiro, sem sucesso, ele não dava atenção para ela.

E assim foi durante longos meses, Luana ajudava o novo cozinheiro, os dois troavam poucas palavras e ele cozinhava extremamente mal, Ana Lúcia, por diversas vezes, tinha ataques e dava surra de cinto em Luana por qualquer erro, quando dona Diana não estava em casa. Luana completou 12 anos, data que passou em branco. Victor ficou mais comunicativo e passou a ter aulas com um professor particular. Dona Diana fez uma viagem de algumas semanas. Ariel continuava sendo capacho da esposa. Ana Lucia fica cada vez mais debilitada. Dona Diana chega da viagem.

Cena 03. Apartamento. Dia.

Ana Lúcia está no hospital fazendo alguns exames, Ariel a acompanha. Victor está em sua aula particular. Luana está varrendo a sala e Diana faz tricô, sentada em sua poltrona. O silêncio do local é logo interrompido.

Diana- Menina, largue essa vassoura e sente aqui do meu lado.

Com um certo receio, Luana faz o que ela mandou.

Diana- Tenho algo para lhe dizer, menina

Luana(murmura)- Eu fiz algo de errado?

Diana- Não, não, de forma alguma. Preciso dizer que… Eu conheço seu tio Eriberto!

Luana fica perplexa e se afasta da senhora.

Luana(amedontrada)- Como assim???

Diana- Fique calma, vou lhe contar tudo, sabe essa viagem que fiz…

FLASHBACK

Diana está dentro de uma charrete, logo a mesma para em frente à uma casa e a senhora desce. Ela bate na porta algumas vezes e logo um homem aparece, é Eriberto.

Eriberto--  Em que posso ajudar?

Diana(com a voz trêmula)--  Então é você?

Eriberto--  Eu o que, minha senhora?

Diana--  VOCÊ QUE VENDEU SUA SOBRINHA, MONSTRO!

Diana dá um forte tapa em Eriberto.

Diana--  Ahh, como eu queria fazer isso, aliás, isso não paga nem metade do que aquela menina está sofrendo!

Eriberto(desesperado)--  A senhora sabe onde ela está? Eu já me arrependi e procurei.

Ele se ajoelha e agarra as pernas de Diana.

Diana--  Você vendeu ela para o maluco do meu filho. Bem, me convide para entrar e conversamos melhor.

Eles entram e conversam…

FIM DO FLASHBACK

Luana está sem palavras.

Diana- Então é isso minha filha, ele está arrependido, e esperando você.

Luana- Como a senhora encontrou meu tio e descobriu tudo isso.

Diana- Ai, minha filha, o Ariel pensa que só porque estou velha eu estou morta. Nunca engoli essa história de você ser órfã, muito menos a demissão daquele rapaz, o cozinheiro…

Luana(sorri)- O Manoel?

Diana- Sim, ele mesmo. Então, eu procurei por ele, descobri o restaurante aonde estava trabalhando e ele me contou toda essa triste verdade, enfim, minha filha, o importante é que você vai embora!

Luana- Vou? A senhora viu minha mãe e meu irmão? To com muita saudade deles.

Diana- Não, não vi, querida, mas logo você verá. Eu prometi para o seu tio que iria mandar uma carta quando você fosse embora, eu mandei hoje cedo. Vamos aproveitar que não tem mais ninguém em casa.(se aproxima da janela) ta vendo aquele rio ali no horizonte? Então, lá tem uma balsa que em um dia chega até sua casa, seu tio vai estar lhe esperando, eu vou lhe dar o dinheiro para pagar a balsa e para a comida, pegue essa mochila, tem algumas coisinhas pra você, e essa linda boneca, para você sempre lembrar de mim. (Sorri).

Luana- Nossa, Dona Diana, não tenho como agradecer.

Diana- Me agradeça sendo muito feliz, minha filha. Agora vai, a balsa parte em alguns minutos, desça pelo elevador dos empregados, para não correr o risco de encontrar o Ariel.

Diana abre a porta e Luana sai em direção ao elevador.

Diana- Desça, dobre a sua esquerda e vá direto, não tem erro. Beija a testa de Luana.

Luana abraça a boneca com força, agradece Diana, entra no elevador e desce. Luana já desceu do saiu do prédio e segue a rua para chegar ao cás, quando está bem próximo, percebe algo e se desespera, a balsa já estava saindo, ela corre e grita.

Luana- Por favor, moço, me espera, por favoooor.

Sem sucesso, ela fica desolada, e um trabalhador do porto lhe diz “Ihh, moça, essa foi a ultima do dia, agora só amanhã de manhã.”!

A menina, entristecida, fica sem rumo.

No apartamento…

Ana Lúcia e Ariel acabam de chegar. Após andar pela casa ela nota a ausência de Luana e vai tirar satisfações com Diana, na sala, onde também está Ariel.

Ana Lúcia(abatida)- Cadê a menina?

Diana- Estar voltando para casa!(sorri) A está hora já está muito longe!

Ariel- Mamãe, o que a senhora fez??? Eu comprei essa menina, ela é nossa! Vai se casar com o Victor.

Diana se levanta e mostra que tinha um cinto de couro em mãos, ela olha enojada para o filho.

Diana- Comprou uma menina para se casar com o meu neto… Realmente, eu te criei mal, nunca te bati, mas acho que ainda está em tempo de corrigir isso.

Ela levanta o cinto e começar a bater em Ariel, o homem grita de dor e manda a mãe parar, quanto mais ele chora, mais forte ela bate, o som de cintadas e gritos dos dois ecoam pela casa. Ana Lúcia, perplexa, observa a cena, logo começa a sentir insuportáveis dores do peito e cai no chão, inconsciente, Ariel e Diana notam e se desesperam.

No cás…

Um turvo fim de tarde, a noite já esta chegando, Luana está parada, sem saber o que fazer, logo alguns pingos de chuva caem sobre ela, o tempo fechou, a menina começa a correr procurando abrigo, é quando avista um casarão abandonado, ela chega até lá, antes porta, a chuva fica mais forte lá fora, raios e trovões prometem dominar a noite por inteiro. Luana está assustada, a casa é sombria, escura, ela nota a presença de alguns ratos e teias de aranha, ela deita em um canto, com a mochila debaixo da cabeça e a boneca entre seus braços, durante a noite ela se assusta com trovões, miados de gato, e o que mais apavorou, algumas vozes e risadas dentro do casarão. Mas logo ela adormece.

Amanhece…

Luana acorda, levanta-se rapidamente quando percebe que o sol já nasceu lá fora. Ela sai correndo do casarão em direção ao cás, já na rua vê que a balsa ainda não partiu, se alivia. Logo se aproxima de um posto para comprar o bilhete.

Luana- Uma passagem, por favor.

Bilheteiro- São 150 cruzeiros.

A menina, entusiasmada, mexe na mochila, mas logo se desespera, não encontrava o dinheiro, alguém havia tirado de lá, provavelmente os donos das vozes que ela ouvia, deviam ser pivetes sem teto.

Luana- Moço, roubaram meu dinheiro, mas me dá a passagem, por favor, eu posso dar minha mochila em troca.

Luana continua implorando e o bilheteiro se recusa a dar a passagem. Uma mão feminina toca o braço o ombro de Luana, ela se vira para trás e vê uma mulher jovem, ruiva, extravagante, uma legítima perua cafona, era Abigail.

Abigail- O que aconteceu, menina?

Luana- Roubaram todo meu dinheiro, dona, agora não tenho como voltar pra casa.

Abigail- Quantos anos você tem?

Luana- Doze.

Abigail-Doze… Minha nossa, coitada, eu posso te ajudar.

Luana(enxuga as lágrimas)- Como?

Abigail- Não conte pra ninguém, mas meu marido é dono de um mundo encantado, um mundo dos sonhos, lá as crianças ganham dinheiro se divertindo, você pode ir pra lá, e quando tiver dinheiro o suficiente volta para pegar a balsa. (Vira-se para trás) Querido, venha cá.

Um velho grande e gordo, com cara fechada se aproxima das duas, Luana o olha assustado, Abigail abraça ao marido.

Abigail- Olha, querido, essa pobre menina perdeu o dinheiro e não tem como voltar para casa, poderíamos levar ela para o nosso mundo dos sonhos, o que acha?

O velho sorri, mostrando seus asquerosos dentes amarelos.

Jey-Pou- Ora, ora, mas é claro que podemos, vai ganhar dinheiro o suficiente para voltar para casa, menininha. (Sorri)

Ele estende a mão para Luana, ela olha para ele, duvidosa, mas logo dá sua mão à ele e os três caminham, juntos. Close nos três, de costas, indo em direção ao “mundo dos sonhos”…

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