Mundos Opostos – Capítulo 27

Mundos OpostosCENA 01: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/SALA/INT./TARDE

Gabriel entra em casa e se surpreende ao ver Alice e Maria, sentadas no sofá, olhando para ele com olhares aflitos.

GABRIEL – O que houve? Vocês parecem alteradas.

MARIA – O meu irmão saiu de casa hoje de manhã. Daqui a pouco anoitece e não temos notícias nem da sombra dele.

ALICE – Eu pensei em procurá-lo na mansão da tia Cassandra, mas ela e a Débora negaram até o fim a presença dele naquela casa. Eu pensei em procurá-lo pela casa, mas a tia Cassandra ameaçou chamar a polícia e me expulsou. Se ele não estiver lá, eu não sei onde ele pode estar.

MARIA – Ai, eu tô tão preocupada com o Luís Eduardo… e se tiver acontecido alguma coisa com ele?

ALICE – Não pensa nisso, Maria, não pensa nisso…

Gabriel se aproxima de Alice e Maria. Nesse momento, os três olham para a porta e se assustam com o que veem: Igor entra como um furacão na casa, arrastando Luís pela gola da camisa e atirando-o na direção do sofá. Imediatamente, Alice e Maria se levantam do sofá: Luís bate nas costas do sofá e cai deitado nele.

GABRIEL – Pedro Igor, o que você está fazendo?

IGOR – Vocês deveriam estar mais preocupados com o que esse inconsequente fez.

A raiva de Igor amedronta a todos.

MARIA – Igor, o que você está fazendo? Explique-nos!

IGOR – Vocês não estão vendo, estão se fazendo de cegos? Não estão percebendo a situação deplorável que o Luís está porque abraçou o álcool sabe Deus por que razão?

Fátima e Helena chegam à sala e se assustam ao ver a cena. Gustavo e Helena tratam de ajudar Luís a ficar de pé, mas são obrigados a apoiá-lo para que ele não caia no chão.

ALICE – Por favor, meu filho, não faça nada do qual você não se arrependa mais tarde.

IGOR – Não se preocupe, mãe, eu sei exatamente o que eu estou fazendo, e não tem como eu me arrepender disso.

MARIA – Vamos subir, nós não podemos deixar os empregados verem isso.

Todos aparentemente concordam com Maria. Igor se aproxima de Luís e volta a arrastá-lo pela gola da camisa e tenta subir as escadas com ele. Alice, Fátima, Gustavo, Gabriel, Helena e Maria vão atrás.

MARIA (preocupada) – Cuidado, Pedro Igor, cuidado!

LUÍS (ébrio) – Me solta, Igor. Eu posso muito bem subir sozinho.

FÁTIMA – Deixa ele subir sozinho, Luís.

Igor larga a gola da camisa de Luís. Aos poucos, o rapaz vai subindo as escadas, sendo seguido por Alice, Fátima e Gabriel, que se atentam à possibilidade dele se desequilibrar nos degraus.

MARIA – Pedro Igor, por favor, pega leve com o Luís Eduardo. Seja paciente, senão você só vai piorar as coisas.

IGOR – Eu não preciso de ninguém me instruindo, eu sei exatamente como agir nesse tipo de situação.

Igor segue Alice, Fátima e Gabriel. Aflita, Maria vai em seguida. Gustavo e Helena ficam sozinhos na sala, e transparecem aflição.

HELENA – Eu não tô acreditando nisso… a história tá se repetindo…

GUSTAVO – Pelo menos ele não gritou com ninguém.

HELENA – Essa função ainda é ferrenhamente defendida pelo Pedro Igor…

Gustavo e Helena sobem as escadas.

CENA 02: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/QUARTO DE LUÍS/INT./TARDE

Gustavo e Helena entram no quarto. Luís, sustentado por Maria, grita com Pedro Igor, visivelmente irado. Gabriel escolta o filho, em uma tentativa de impedir qualquer reação agressiva dele.

LUÍS (gritando) – VÊ SE LARGA DO MEU PÉ, TÁ BOM? E PARA DE ME TRATAR COMO UM MOLEQUE INCONSEQUENTE, ESSA FAMA NÃO É MINHA!

IGOR (gritando) – CALA A BOCA, LUÍS!

HELENA – É, o Pedro Igor ganhou um concorrente à altura no quesito língua ferina.

GABRIEL – Por favor, meninos, parem com isso. Vocês são dois homens feitos, devem se comportar como tal.

IGOR – Na verdade, quem deve se comportar como homem é o Luís Eduardo. Por mais que ele não admita, ele está agindo sim como um moleque inconsequente.

LUÍS (debochado) – Por que eu tô agindo como um moleque inconsequente? Porque eu bebi uma ou duas garrafas de cerveja? Vem cá, Igor, qual é a tua moral pra me criticar desse jeito? Tu faz pior do que eu.

IGOR – Isso é o que acontece quando a pessoa cresce sem uma figura paterna. Se o meu pai não está disposto a sê-la, eu mesmo serei. O meu corretivo no Luís Eduardo será tão poderoso que vai curar essa embriaguez e essa rebeldia em um piscar de olhos.

Nesse momento, Maria se põe na frente de Luís.

MARIA – Não, Pedro Igor, você nem ouse tentar bater no meu irmão!

ALICE – Também não é pra tanto, meu filho, há outras maneiras de resolver este problema.

IGOR – Que outras maneiras, mãe? Não existe outra maneira.

GABRIEL – Sua mãe está certa, Pedro Igor, existem outras maneiras sim. Seja mais paciente—

IGOR – Por favor, PAREM DE ME ENSINAR A LIDAR COM OS PROBLEMAS DESSA CASA! Eu sei exatamente como resolver este problema, e só existe uma maneira. À base de boas bofetadas.

MARIA – Não, Pedro Igor! Para bater no Luís Eduardo, você vai ter que bater primeiro em mim!

Luís empurra Maria, pondo-se na frente dela.

LUÍS (debochado) – Pode deixar, maninha, deixa ele bater em mim. Mas que ele fique sabendo: se ele me atacar, eu vou atacar. E ataco no seu lado mais vulnerável!

GUSTAVO – Do que você está falando, Luís?

LUÍS – Se vocês soubessem o que realmente aconteceu na festa de aniversário da Maria…

GUSTAVO – O que nós não sabemos? Por favor, Luís, nós sabemos de tudo o que aconteceu.

LUÍS – Tudo não. Vocês não sabem o que realmente aconteceu.

FÁTIMA – Então explique-nos, Luís, estamos ficando confusos.

LUÍS – Quando nós fomos comemorar a festa de aniversário da Maria, o Igor praticamente obrigou a Débora a comparecer.

IGOR – Não nego. Eu queria que ela estivesse lá para que ela tentasse se desculpar com a Maria pela discussão que elas tiveram naquele dia.

LUÍS – Não adianta mais mentir, Igor. Eu já sei toda a verdade. Eu sei que você e a Maria fizeram uma armadilha para a Débora, armaram tudo de maneira bem meticulosa para humilhar e desmoralizar a Débora!

Todos ficam chocados com o que Luís diz. Ele se solta de Maria, mas é prontamente amparado por Alice.

ALICE – Mas que loucura é essa que você está dizendo, Luís?

LUÍS – Não é loucura nenhuma, tia Alice, o Igor e a Maria apunhalaram a Débora pelas costas. Eles armaram essa armadilha para ela na intenção de fazê-la se separar do Igor e, assim, ele poder voltar para a Maria.

IGOR – Cala a boca, Luís.

LUÍS – CALA A BOCA JÁ MORREU, QUEM MANDA NA MINHA BOCA SOU EU!

Igor contrai as mãos, tentando controlar sua raiva.

LUÍS – Vocês pisaram na Débora como quem pisa numa ponta de cigarro. Por isso que ela ganhou tanto ódio da Maria, por isso que ela queria a Maria longe dessa casa, por causa das calúnias que ela inventou.

HELENA – Luís, pare com isso, você não sabe o que está dizendo!

GABRIEL – Quem lhe disse essas coisas, Luís, a Débora?

LUÍS – Sim, tio Gabriel, ela me disse isso hoje à tarde.

ALICE (irritada) – Eu sabia que aquela desequilibrada estava escondendo o Luís de mim…

LUÍS – NÃO FALA ASSIM DA DÉBORA!

Luís se solta de Alice e a empurra. A matriarca é prontamente amparada por Fátima e Helena. Agora é a vez de Gustavo amparar Luís.

LUÍS – NEM PENSE EM TENTAR ME SEPARAR DELA! A DÉBORA ME AMA, ELA ME AMA! ME-AMA! OUVIU, PEDRO IGOR? A DÉBORA ME AMA! ME AMA TANTO QUE COMETERIA SUICÍDIO SE ME PERDESSE!

GABRIEL – Luís, essa mulher é um demônio, não caia nas tentações dela!

LUÍS – Até o senhor, tio Gabriel? Ah, verdade, o senhor sempre odiou a Débora… quer dizer, até o Pedro Igor o senhor odeia, sempre preferiu o Paulo Gustavo e fez de tudo para diminuir o seu filho mais velho.

IGOR – Vocês estão vendo, a Débora está jogando o Luís Eduardo contra todos nós!

FÁTIMA – Luís, como você permite que essa mulher lhe jogue contra a sua própria família?

MARIA – Essa mulher está enchendo sua cabeça de mentiras, Luís. Eu nunca menti quando falei que a Débora desejou a morte da nossa mãe.

LUÍS (debochado) – Se você está falando a verdade, querida irmãzinha, então prove que a Débora desejou a morte da nossa mãe.

Maria se cala, diante da falta de provas. Luís gargalha debochadamente, irritando profundamente a Pedro Igor.

HELENA – Ninguém vai segurar o Pedro Igor não? Tem certeza?

LUÍS – Como eu imaginei… (gargalha) DES-MAS-CA-RA-DA!

IGOR – JÁ CHEGA, LUÍS!

LUÍS – Você também foi desmascarado, Pedro Igor! Continuo não concordando com a fama de imprestável e irresponsável que o tio Gabriel lhe coroou, mas a partir de hoje eu lhe coroo com uma nova fama: seu baixo, manipulador, traidor… JUDAS!

Igor não se aguenta e desfere uma potente bofetada contra Luís. Surpreendido pela potência do golpe, Luís cai inerte no chão, desesperando a todos em cena.

MARIA (desesperada) – PEDRO IGOR, PELO AMOR DE DEUS!

IGOR (transtornado) – A CULPA É DAQUELA VÍBORA MALDITA!

Igor empurra todos aqueles em sua frente e sai do quarto em disparada. Desesperada, Maria resolve segui-lo.

CENA 03: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/CORREDOR 2º ANDAR/INT./TARDE

Maria sai do quarto e corre para alcançar Pedro Igor, que anda a passos largos. Ela o alcança e o detém, segurando-o pelo braço.

MARIA – Aonde você vai, Igor?

IGOR – Aonde mais? A casa daquela vagabunda da Débora! Tirarei satisfações com ela!

MARIA – Não, Igor, não faça isso. Agora não é a hora!

IGOR – Estou pouco me importando! Aquela ordinária merece a morte, e eu vou dar o que ela merece nem que seja com minhas próprias mãos!

Fátima, que havia saído do quarto, escuta a fala de Igor e se desespera ainda mais.

FÁTIMA – Não, Igor, por favor! Não manche suas mãos de sangue por causa disso!

MARIA – Fátima tem razão, Pedro Igor. Não faça nada. Você está de cabeça quente, está nervoso, vai acabar fazendo coisas das quais vai se arrepender futuramente.

Fátima tenta esconder o rosto, mas deixa escapar uma lágrima, causando estranheza em Igor e Maria.

IGOR – O que houve, Fátima?

FÁTIMA – O Luís apagou. Ele não está respondendo, está inerte.

Igor e Maria se entreolham, apavorados.

CENA 04: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/QUARTO DE LUÍS/INT./TARDE

Luís está deitado no chão na mesma posição, sendo acudido por Gabriel.

GABRIEL – Definitivamente… ele está desmaiado.

Igor e Maria voltam ao quarto e se ajoelham perto de Gabriel.

MARIA – O que aconteceu com o meu irmão, tio Gabriel?

IGOR – O que houve, pai?

GABRIEL – Depois que ele caiu no chão com a força da bofetada, ele permaneceu nesta mesma posição, sem se mexer. Ele está desmaiado, perdeu os sentidos.

FÁTIMA (chorando) – Ele está morto, seu Gabriel?

HELENA – Credo, Fátima, vira essa boca pra lá!

GABRIEL – Não, Fátima, ele está vivo. Eu chequei sua pulsação, o seu coração ainda está batendo. Ele só está desmaiado, mas acredito que ele precise de atendimento médico.

ALICE – Eu vou ligar para o doutor Jean.

GABRIEL – Eu vou com você, Alice.

ALICE – Vamos…

Alice e Gabriel se retiram de cena. Fátima também sai, aos prantos. Igor e Maria continuam tentando reanimar Luís, sem sucesso aparente.

IGOR – A Débora vai pagar muito caro pelo que está fazendo, tenham esta certeza…

HELENA – Por favor, Igor, não faça nada. Você está de cabeça quente, não faça nada.

IGOR – Se o Luís Eduardo morrer por causa daquela mulher, eu a mato. E ninguém vai me impedir!

Gustavo e Helena se entreolham, tensos.

CENA 05: FORTALEZA/EXT./TARDE

Imagens da Avenida Francisco Sá.

Imagens da Avenida José Bastos.

Imagens da Avenida Luciano Carneiro.

CENA 06: CASA DE JÉSSICA/COZINHA/INT./TARDE

Está um pouco mais escuro. Jéssica e Júlio estão sentados à mesa, lanchando e conversando.

JÚLIO – E, quando a gente menos esperou, chegou o Luís Eduardo. O cristão tava tão embriagado que não sabia mais nem o que era esquerda e o que era direita.

JÉSSICA – Misericórdia…

JÚLIO – O Gustavo me disse que ele gritou com todo mundo quando chegou em casa, disse que a família inteira era um bando de falsos e essas coisas… disse que aquela briga que a Débora teve com a Maria na festa de aniversário da Maria foi uma armação que o Igor e a Maria fizeram pra Débora… disse um monte de coisa. E acabou levando na cara.

JÉSSICA – Meu Deus do Céu…

JÚLIO – É mais ou menos isso o que eu acho que vai acontecer quando o Angelo descobrir que eu sou amante da Bárbara. Ele vai encher a cara e fazer um escândalo na frente de todo mundo. Mas claro, quem vai levar na cara vai ser eu.

JÉSSICA – Mas tu não vai fazer nada pra impedir isso, meu filho?

JÚLIO – O que a senhora quer que eu faça, mãe? Quer que eu chegue pro Angelo e fale assim pra ele: “oi, Angelo, tudo bem? Olha, é o seguinte, eu tô pegando a tua esposa, mas não me bate não, tá?”

JÉSSICA – Mas deve haver alguma maneira de resolver esse problema.

JÚLIO – Mas qual?

Jéssica tenta responder Júlio, mas não consegue encontrar uma resposta. Júlio respira fundo.

JÚLIO – Olha, mãe, eu acho que eu deveria ser narrador da Sessão da Tarde. Porque eu sempre me envolvo em altas confusões com uma turminha da pesada. Adivinha qual foi a confusão em que eu me meti?

JÉSSICA – Qual?

JÚLIO – Eu beijei a Carolina.

Jéssica se assusta com o que ouve de Júlio.

JÉSSICA – Júlio! Tu ficou louco?

JÚLIO – Quando é que eu fui normal, mãe? Quando é que eu fui normal?

JÉSSICA – Júlio, assim não dá pra te defender! Tu viu a confusão que tu causou com a Carolina no passado, e agora quer viver tudo de novo? Ah, filho, me ajuda a te ajudar, né?

JÚLIO – Mas eu tirei uma coisa boa disso: eu descobri que a Carolina ainda me ama. Porque eu não precisei segurar ela pra beijar ela. Eu tava com as mãos nas costas, e mesmo assim a gente se beijou por um bom tempo. (ri abobadamente) Só de pensar nisso, eu já fico todo animado…

JÉSSICA – Júlio, será que tu não tá percebendo a gravidade da situação? Tu tá traindo o teu irmão! E o pior, o Jonas e a Carolina tão passando por uma fase delicada na relação deles, e tu vai lá e balança a Carolina desse jeito?

JÚLIO – Eu falo disso com um sorriso no rosto, mas a senhora não sabe a vontade que eu tenho de me bater até tirar sangue… a raiva que eu tô de mim é imensa.

Jéssica apenas encara Júlio, que desvia o olhar.

CENA 07: CASA DE GUTO E LUCIANA/COZINHA/INT./TARDE

Guto e Luciana estão sentados à mesa, jogando Uno e conversando.

GUTO (joga uma carta) – Me estranha você ainda estar aqui. Uma hora dessas, você já estava lá na casa do Ricardo, namorando com ele…

LUCIANA (ri/joga uma carta) – O que foi? Tá com ciúmes?

GUTO (joga uma carta) – Me diz, Luciana? Tu vai continuar dividindo essa casa aqui comigo, ou vai se mudar pra casa da sogrinha?

LUCIANA (joga uma carta) – Olha a minha cara de quem vai se mudar praquela selva. Eu não sou nem lobo pra viver em bando. Claramente que eu vou convencer o Ricardo a sair de debaixo da saia da mãe e vir morar aqui conosco.

Guto acena com a cabeça, encerrando aquela conversa. Ele joga uma carta e bate em cima da mesa. Luciana é obrigada a pegar duas cartas do monte.

LUCIANA (joga uma carta) – E que história é essa de hoje ter tido um encontro só dos homens da Corrente? Vocês, por acaso, estão se deixando contaminar pelas ideias daquela bicha paralítica e fizeram uma suruba?

GUTO (joga uma carta) – Claro que não. Nós saímos só pra nos divertir, fomos numa churrascaria. Foi muito divertido, acho que vamos fazer mais vezes.

LUCIANA (joga uma carta) – Nós meninas deveríamos fazer o mesmo. Um encontro da Corrente só com as mulheres.

GUTO – Nada mais justo. (joga uma carta) Uno!

Luciana se surpreende ao ver que Guto tem apenas uma carta na mão. Receosa, ela joga duas cartas iguais, mas de cores diferentes. Mas, para sua infelicidade, Guto joga a sua última carta, um +4.

GUTO – Bati.

Guto sorri debochadamente para Luciana e reorganiza o baralho. Luciana fica visivelmente irritada.

GUTO – Bora outra partida?

LUCIANA (se levantando) – Não, não quero mais jogar não…

Luciana sai da cozinha a passos largos. Guto não resiste e começa a rir da moça.

CENA 08: FORTALEZA/EXT./TARDE

Imagens da Praia do Futuro. Anoitece.

Imagens da Avenida Aguanambi.

Imagens da Avenida Borges de Melo.

Imagens da Avenida Carapinima.

CENA 09: MANSÃO ANDRADE BASTOS/SALA/INT./NOITE

Cassandra desce as escadas da mansão, procurando por Débora.

CASSANDRA – Débora? Débora, cadê você, minha neta?

Uma empregada chega à sala, chamando a atenção de Débora.

CASSANDRA – Você viu a Débora?

EMPREGADA – Sim senhora, ela saiu de casa agora há pouco. Estava um pouco tonta, mal conseguia ficar de pé direito. E, pra piorar, saiu dirigindo.

Cassandra fica aflita com o que ouve.

CASSANDRA – Tudo bem… obrigada, pode voltar ao trabalho.

EMPREGADA – Sim senhora. Com licença.

A empregada se retira de cena, deixando Cassandra sozinha na sala.

CASSANDRA – Ai meu Deus, espero que ela não cometa nenhum delito. Eu tenho certeza que ela foi atrás da Alice para se vingar da bofetada que recebeu…

Cassandra se senta no sofá e liga a televisão. Ela apoia a mão em sua cabeça e tenta prestar atenção no aparelho televisor.

CENA 10: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/QUARTO DE LUÍS/INT./NOITE

Luís está deitado em sua cama, sendo examinado pelo doutor Jean. Ao seu lado, estão Alice e Gabriel.

ALICE – E então, doutor? Qual o estado dele?

Dr. JEAN – O rapaz se agitou muito?

GABRIEL – Sim, doutor, ele se agitou bastante.

Dr. JEAN – Ele passou mal por causa da agitação e desmaiou. Felizmente, nada de grave lhe ocorreu. Ele precisa apenas de repouso.

ALICE (aliviada) – Graças a Deus…

GABRIEL – Apenas repouso?

Dr. JEAN – Apenas repouso.

GABRIEL – Ótimo, doutor. Então vamos, precisamos deixá-lo repousar.

Alice, Gabriel e o doutor Jean se retiram do quarto, deixando Luís sozinho em repouso. Alice, como a última a sair, fecha a porta do quarto com delicadeza.

CENA 11: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/CORREDOR 2º ANDAR/INT./NOITE

Alice e Maria estão conversando, do lado de fora do quarto de Luís.

MARIA (preocupada) – E então, Alice?

ALICE – Não se preocupe, Maria, foi apenas um mal estar. Ele se agitou bastante e ainda recebeu aquela bofetada do Pedro Igor… o mundo girou para o Luís, ele passou mal e desmaiou. Mas nada que algumas horas de repouso não resolvam.

MARIA – Ótimo… agora é só nos prepararmos para a ressaca dele e para os questionamentos dele.

ALICE – Pelo menos nós já estamos acostumados com isso. Pedro Igor nos treinou bem para essa situação.

Alice e Maria sorriem uma para a outra e se afastam da porta do quarto, seguindo seus respectivos caminhos.

CENA 12: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/JARDIM/INT./NOITE

O doutor Jean entra em seu carro, dá partida e parte em direção ao portão de entrada da mansão. Um segurança abre o portão para a saída do veículo do médico. Assim que ele vira à direita e some do campo de visão da câmera, o segurança já se prepara para fechar o portão, mas é surpreendido pela invasiva chegada do carro de Débora. O carro estaciona em cima da grama.

Alguns empregados aproximam-se do carro. Débora abre a porta do carro e precisa ser amparada pelos figurantes, a fim de manter-se em pé.

DÉBORA (ébria) – Avisem ao Luís Eduardo que a Débora veio falar com ele!

SEGURANÇA – A senhora não pode entrar desse jeito.

DÉBORA – É claro que eu posso. Essa mansão é de propriedade dos meus tios Gabriel e Maria Alice, eu posso sim entrar do jeito que eu bem entender na mansão que pertence aos meus tios!

SEGURANÇA – A senhora está péssima!

DÉBORA – Estou nada. Quer dizer… eu sou original de fábrica, né? Eu estou horrorosa porque eu não tive tempo de me arrumar.

Débora gargalha para os empregados, que permanecem sérios. Gabriel sai de casa e se assusta ao ver Débora ali.

GABRIEL – O que você está fazendo aqui, Débora?

DÉBORA – Eu vim aqui buscar o Luís!

GABRIEL – Você não vai levar nada daqui, só o seu carro. Vá embora daqui, Débora! Se a sua intenção é vir fazer bagunça, você está perdendo o seu tempo.

DÉBORA (debochada) – Por favor, tio Gabriel, o senhor acha que eu saio assim de bobeira? Eu não saio de bobeira, eu só saio pra fechar negócio… e o único negócio que me interessa é o do Luís Eduardo…

Débora gargalha, constrangendo a todos em cena.

GABRIEL – Você está bêbada, Débora!

DÉBORA – Não vou mentir, eu bebi sim. Me ofereceram um champanhe… eu bebi, sim, um champanhe. Quer dizer, champanhe não, foi vinho mesmo.

GABRIEL – Vá embora daqui, Débora, por favor!

DÉBORA – Daqui eu só saio com o Luís Eduardo.

GABRIEL – Você não cansa de pagar mico, Débora?

DÉBORA – Eu não me importo em pagar mico, tio Gabriel. Quem quiser, pode filmar, eu não tenho problema com esse tipo de exposição. Olha, pode filmar! Me filma… e me edita…

Débora se solta dos empregados, levanta os braços e começa a caminhar pelo jardim. Ela se desequilibra, precisando novamente ser amparada por um empregado.

GABRIEL – Vá embora daqui, Débora!

DÉBORA – Eu não vou embora daqui. Eu sou parente dos donos desta casa, o que me faz mais dona desta mansão do que aquela abusada da Maria. Se aquela escrava alforriada não tivesse prendido o Pedro Igor, nunca teria conseguido direitos nesta casa!

CENA 13: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/SALA DE JANTAR/INT./NOITE

Alice, Gustavo, Helena, Igor e Maria estão sentados à mesa, esperando o jantar ser servido. De repente, Fátima entra na sala de jantar com pressa, chamando a atenção de todos.

ALICE – O que houve, Fátima? O que está havendo lá fora?

FÁTIMA – É a Débora. Ela veio até aqui e está gritando pelo Luís.

Todos se assustam com o que ouvem. Maria já vai se levantando.

MARIA – Eu vou lá acertar as contas com aquela ordinária.

ALICE – Não, Maria, não faça nada.

MARIA – Vou sim, tia Alice. Aquela mulher precisa me ouvir.

IGOR – Quer que eu vá com você, Maria?

MARIA – Não, Igor. Essa vai ser uma conversa de mulher para mulher. Vamos, Fátima.

FÁTIMA e MARIA – Com licença…

Fátima e Maria se retiram de cena, deixando Alice, Gustavo, Helena e Igor aflitos.

CENA 14: MANSÃO ANDRADE DA COSTA/JARDIM/EXT./NOITE

Débora tenta se soltar dos empregados, que tentam conduzi-la de volta para o carro.

DÉBORA – Me larguem! Parem com isso, me larguem!

Débora consegue se soltar dos empregados. Ela cambaleia, mas se apoia no carro.

GABRIEL – Eu já disse, Débora, vá embora daqui agora!

DÉBORA – Você não pode me expulsar daqui. Essa casa é minha!

GABRIEL – Levem-na embora!

DÉBORA – Não! Ninguém vai me tirar daqui. Eu só saio daqui com o Luís!

MARIA – O que está havendo aqui?

Nesse momento, Débora estaciona. Ela olha fixamente para Maria, com ódio no olhar. A cena congela em um efeito dourado no rosto de Débora.

FIM DO VIGÉSIMO SÉTIMO CAPÍTULO.

31 thoughts on “Mundos Opostos – Capítulo 27

  1. Me acostumando com esses dois nomes… Luís esta mesmo caído nos encantos de Débora. Fez muito que bem em defendê-la na frente do pessoal da mansão e jogar a culpa de toda a história pra cima de Igor. Débora esta comendo pelas beiradas até poder conseguir chegar no meio e dar a mordida final. Pelo que parece, a reta final promete novas surpresas que eu não estou em capacidade de opinar, apenas aguardar. Falou inovação, falou Glay! Cena muito boa essa do uno, gostei bastante. Olha o doutor Jean ali… Um rei desses. Débora foi buscar Luís na mansão? Que sortudo! Alice e Gabriel não tem direito de expulsar ela de lá, apenas acho. E vem novos barracos por aí. Revanche entre Débora X Maria? Quero!

    Parabéns, Glay! Ótimo capítulo, como sempre. 🙂

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  2. Luís está deitado em sua cama, sendo examinado pelo doutor Jean. Ao seu lado, estão Alice e Gabriel.

    ALICE – E então, doutor? Qual o estado dele?

    Dr. JEAN – O rapaz se agitou muito?

    GABRIEL – Sim, doutor, ele se agitou bastante.

    Dr. JEAN – Ele passou mal por causa da agitação e desmaiou. Felizmente, nada de grave lhe ocorreu. Ele precisa apenas de repouso.

    ALICE (aliviada) – Graças a Deus…

    GABRIEL – Apenas repouso?

    Dr. JEAN – Apenas repouso.

    GABRIEL – Ótimo, doutor. Então vamos, precisamos deixá-lo repousar.

    Alice, Gabriel e o doutor Jean se retiram do quarto, deixando Luís sozinho em repouso. Alice, como a última a sair, fecha a porta do quarto com delicadeza.

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