Descobertas – Capítulo 11

CENA 01: MANSÃO DE CATARINA E LUIZ, QUARTO DE JONATHAN, INTERIOR, NOITE.

Trilha Sonora: Ciego (Reik).

Lentamente, Maria tira a roupa e fica apenas em trajes íntimos, despertando os olhares de Jonathan, que nunca pensou que ela fosse tão linda e que lhe atraísse tanto. Logo, ele também fica apenas em trajes íntimos. Maria e Jonathan ficam entre beijos e carícias na cama, em trajes íntimos, por algum tempo, até que ambos se sentem plenamente relaxados e envolvidos. Ele abre a gaveta do bidê ao lado de sua cama e retira uma camisinha, mostrando a ela. Os dois se olham fixamente e com a respiração ofegante.

(JONATHAN): – Vai ser muito especial, eu prometo.

(MARIA): – Eu te amo! Eu quero que seja com você.

Jonathan sorri e a beija, enquanto abre o pacote da camisinha. E pouco a pouco, eles ficam nus e a relação sexual acontece. A primeira vez de Maria foi com o homem por quem ela se apaixonou verdadeiramente. Jonathan não era mais virgem, mas aquele momento o deixou completamente confuso, pois ele se sente mexido por Maria como nunca se sentiu antes por ninguém. E todo esse momento íntimo foi gravado pela câmera de Stefanny, desde o princípio, sem que Maria desconfie ou perceba.

Após o fim da relação, Maria e Jonathan ficam deitados na cama, lado a lado, nus e ofegantes, porém em silêncio. Maria está deslumbrada, aquele momento parece irreal, foi melhor do que ela podia imaginar. Jonathan está com um misto de sensações: culpado por saber que aquilo faz parte de um plano; e satisfeito por ter sido sua melhor transa até então, o que o deixa confuso sobre sua paixão por Maria. Ele se vira a ela e acaricia seu rosto.

(JONATHAN): – Foi bom?

(MARIA): – Foi… Sei lá, me senti meio estranha, é diferente, mas depois relaxei. Foi lindo, Jonathan, eu nunca vou esquecer de você. Meu primeiro beijo e minha primeira transa, foi contigo. Você é o cara mais especial da minha vida!

Maria beija Jonathan com muita paixão, deixando-o com mais culpa diante de todo o plano de Stefanny. Em seguida, ele levanta-se da cama e caminha nu ao banheiro do seu quarto, enquanto Maria fica deitada na cama, nua e sorridente.

CENA 02: MANSÃO DE ROSA, INTERIOR, NOITE.

Stefanny e Patrícia estão na sala da mansão, fazendo as unhas e conversando.

(STEFANNY): – Nesse momento, a piranha já cedeu ao garanhão.

(PATRÍCIA): – Eu me espanto com a sua naturalidade. Seu namorado foi pra cama com outra, que por sinal é anos-luz abaixo de você, e mesmo assim você trata com humor.

(STEFANNY): – Eu me garanto, queridinha, sei que o Jonathan tá fazendo um sacrifício em transar com aquela escrota. Felizmente, segunda-feira esse plano todo chega ao fim, não vejo a hora de vazar o vídeo pornô da caipira ridícula.

(PATRÍCIA): – Adoro, quero só ver a cara de apavorada da burra! – rindo. – Amiga, você acha que a Maria vai embora da escola depois disso?

(STEFANNY): – É o meu sonho, que ela vai embora daqui pra nunca mais voltar, quero a Maria o mais distante possível de mim, ainda mais depois do que eu descobri naquela carta.

(PATRÍCIA): – Carta? Que carta, Stefanny?

Stefanny percebe que falou demais, pois ninguém sabe da carta de suicídio de Lucas e que continha algo envolvendo a Maria. Então, ela disfarça e vai responder, quando Rosa entra na sala e interrompe.

(ROSA): – Oi queridas… Tava pensando agora, o que vocês acham da gente passar o domingo no shopping?

(PATRÍCIA): – Ui, adoro, Dona Rosa, vamos sim, tô precisando renovar meu guarda-roupa.

(ROSA): – E eu estou precisando renovar minhas energias. Desde a morte do Lucas, eu não tive mais vida social, fico trancada aqui na mansão, não tenho ânimo pra nada.

(STEFANNY): – Pois é, mas que bom que você resolveu superar isso, já tava na hora. A vida segue, mãe, e shopping resolve tudo! – rindo.

(ROSA): – Tomara… Eu e a Stefanny passamos na sua casa amanhã às 10h, vamos almoçar e passear pelo shopping, sem hora pra retorno.

Stefanny e Patrícia comemoram e Rosa sobe ao seu quarto, entusiasmada. As duas amigas permanecem na sala, conversando e fazendo as unhas.

CENA 03: CASA DE FERNANDA E CARLOS, QUARTO DE WESLEY, INTERIOR, NOITE.

Trilha Sonora: Como Fui? (Rio Roma).

Após passar horas jogando vídeo game, Wesley e Victor estão dormindo. No meio da madrugada, Wesley acorda e se espreguiça na cama, virando para o lado e vendo Victor dormindo no colchão no chão ao lado de sua cama. Victor está apenas de cueca, deitado de bruços, e Wesley fica observando fixamente o corpo do amigo. Ele se sente confuso e culpando enquanto olha com atração para Victor.

(WESLEY/pensando): – Porque eu tinha que me apaixonar justo por ele, que só é meu amigo e hétero ainda? Como eu me sinto sufocado, gostar de quem eu não devia, ser como eu não queria ser…

Wesley tenta controlar seu desejo, mas é inevitável. Ele aproxima sua mão ao corpo de Victor, receoso em tocá-lo ou não, embora tenha vontade, ele tem medo de acordá-lo. Quando Wesley vai tocar em Victor, ele se mexe na cama e o assusta. Então, Wesley levanta-se e sai do quarto, se trancando no banheiro da casa por algum tempo, aliviando seu desejo que tanto reprime.

CENA 04: MANSÃO DE CATARINA E LUIZ, QUARTO DE JONATHAN, INTERIOR, MANHÃ.

Maria e Jonathan estão se vestindo no quarto, exalando felicidade após aquela noite. Eles se beijam e ficam encostados na parede.

(JONATHAN): – Meu amor, eu preciso te pedir uma coisa, mas tenho medo que você fique chateada comigo…

(MARIA): – Besteira, fala logo!

(JONATHAN): – Então… Eu queria que você fosse embora. Tipo, meus pais vão chegar daqui a pouco, eles não sabem que você posou aqui…

(MARIA): – Como não sabem? Você disse que eles sabiam que eu viria, mas não puderam ficar por motivos de trabalho.

(JONATHAN): – Eles sabiam que você viria, mas não que posaria mesmo na ausência deles. Eu recém acabei o namoro com a Stefanny, não quero que eles me vejam com outra garota, eles podem interpretar mal, sei lá, você ficou aqui comigo sem eles estarem em casa e eu recém sai de um namoro… Não quero que eles te julguem errado, meu amor.

(MARIA): – Ah sim, entendo… Bom, tudo bem então, eu vou ir, tenho que dar explicações pra minha madrinha também. Só queria dizer de novo que ontem eu tive a certeza que você é o homem da minha vida, Jonathan. Eu te amo!

Jonathan fica sem-graça e Maria lhe dá um beijo de tirar o fôlego. Em seguida, os dois se arrumam e ela vai embora, enquanto ele fica em casa, pensativo sobre tudo o que aconteceu.

CENA 05: CASA DE FERNANDA E CARLOS, COZINHA, INTERIOR, MANHÃ.

Fernanda está cozinhando no fogão, quando Carlos entra e pega uma cerveja na geladeira.

(FERNANDA): – Querido, por favor, maneire hoje tá, nossa nora veio almoçar com a gente, não quero você bêbado.

(CARLOS): – Logo cedo querendo mandar em mim? Que saco! É só uma cervejinha…

(FERNANDA): – Eu te conheço, Carlos, é só a primeira de um engradado né? Olha, é a primeira namorada séria do Richard, tenha respeito com seu filho.

(CARLOS): – Para de estresse, meu amor, bebe uma cervejinha e relaxa…

Fernanda ignora e segue cozinhando, quando Richard entra na cozinha, sério.

(RICHARD): – Gente, vocês não vão brigar justo hoje né? Minha namorada tá aqui pra conhecer vocês, por favor!

(CARLOS): – Calma, meu filho, é sua mãe que tá fazendo drama.

(FERNANDA): – É, eu faço drama mesmo, é só abrir a geladeira pra ver o tamanho do drama, um drama amarelo, sabe?

(RICHARD): – Se controle na bebida, pelo menos hoje, pai.

(CARLOS): – Ei… O homem da casa ainda sou eu! Era só o que me faltava…

Carlos sai da cozinha, esbarrando em Richard, que fica em silêncio e percebe que Fernanda está nervosa, indo até ela e colocando a mão em seu ombro, consolando-a.

CENA 06: CASA DE FERNANDA E CARLOS, INTERIOR, MANHÃ.

Luana e Wesley estão conversando no sofá da sala.

(LUANA): – Que bom que você tá melhor, meu amigo, não aguentava mais te ver pra baixo.

(WESLEY): – É, aos poucos eu aprendi a superar. Mas não é fácil, ainda mais quando precisa sufocar o luto porque não pode contar a verdade.

(LUANA): – Eu acho que você devia repensar nisso. Você não pode viver a vida inteira se escondendo, fingindo ser quem não é, sendo infeliz pra agradar os outros.

(WESLEY): – Luana, eu não quero falar sobre isso…

(LUANA): – Você não pode se culpar por algo que você não tem culpa. Isso nasceu contigo, não foi uma escolha ou uma opção, é algo genético, ninguém muda. Porque se envergonhar disso?

(WESLEY): – Chega? Não tô afim de falar disso, ainda mais hoje. Eu tô muito feliz em saber que seu namoro com o meu irmão tá dando certo. O Richard é um cara muito legal e ele não podia ter arrumado uma garota melhor pra se relacionar.

(LUANA): – Ai, que cunhado mais fofo! – beijando o rosto.

(RICHARD): – Epa! Olha que eu fico com ciúmes! – entrando na sala e sentando ao lado de Luana. – Ouvi você falando bem de mim, Wesley, acho bom mesmo. – rindo.

(WESLEY): – Convencido, só falei a verdade, tá. Gosto de ver minha melhor amiga e meu irmão, juntinhos. Quero ser o padrinho!

(FERNANDA): – Peraí, vamos com calma que tá muito longe do casamente né, gente? – entrando na cozinha com uma panela de estrogonofe. – Venham, sentem a mesa, vamos nos servir que o almoço tá pronto. E primeiro, a Luana, claro, ela tem prioridade hoje.

(CARLOS): – E vamos beber pra comemorar! – entrando com algumas garrafas de cerveja.

(LUANA): – Ai Dona Fernanda e Seu Carlos, assim eu fico sem-jeito… Obrigada!

Fernanda, Carlos, Richard, Wesley e Luana sentam-se a mesa e começam a comer, enquanto conversam e se conhecem melhor, selando assim a união entre Richard e Luana. Carlos não se controla e bebe muito, como de costume, começando a ficar visivelmente alterado, para vergonha da esposa e dos filhos, enquanto Luana finge ignorar. Ao final do almoço, todos vão para a sala e sentam no sofá, mas Carlos esbarra em alguns móveis e ri soluçando. Fernanda se aproxima dele e o segura pelo braço.

(FERNANDA): – Vamos pro quarto, Carlos. – cochichando.

(CARLOS): – Não tá cedo, safada? Sempre querendo saliência… – rindo.

Fernanda fica envergonhada e Wesley se aproxima, segurando o outro braço de Carlos.

(WESLEY): – Vem, pai, você não tá bem, vem deitar.

(CARLOS): – Me solta, garoto! Eu tô ótimo! – soluçando. – Aproveita que você levantou e trás mais uma cerveja pra mim.

(WESLEY): – Acho que o senhor bebeu demais né?

(FERNANDA): – Vem, Carlos. – puxando.

(CARLOS): – Para de me encher o saco, sua chata. – empurrando a esposa. – E você também, me larga! – empurrando o filho. – Tão fazendo vergonha na frente da Luiza, que coisa feia…

(RICHARD): – É Luana, pai! Você tá tão bêbado que errou o nome, vai dormir.

(CARLOS): – Luana e Luiza é a mesma coisa. E me respeita, moleque, eu sou teu pai!

Carlos atira a lata de cerveja na direção de Richard, que desvia e a lata bate na parede. Luana fica chocada com a situação, assim como Fernanda e Wesley.

(FERNANDA): – Carlos, você passou dos limites. Anda, vamos pro quarto!

(CARLOS): – Cala boca, você não manda em mim!

(WESLEY): – Não manda minha mãe calar a boca!

(CARLOS): – Mando ela e mando você também, seu pivete! Cria vergonha na cara e arrume uma namorada que nem teu irmão, seja homem! Nunca te vi com nenhuma garota, era só o que me falta, ter um filho viado.

Wesley se chateia e fica cabisbaixo, correndo para o quarto em seguida. Por fim, Richard levanta do sofá e vai até o pai, levando ele pro quarto com dificuldades, com ajuda de Fernanda. Luana observa tudo perplexa e assustada, não pensou que seu sogro era assim. Pouco depois, Richard retorna à sala e senta ao lado e Luana, cabisbaixo.

(RICHARD): – Desculpa? Hoje seria um dia especial, mas meu pai estragou tudo… Não queria te expor diante de uma vergonha dessas.

(LUANA): – Fica tranquilo, meu amor, você não precisa se desculpar por nada. – disfarçando a tensão. – Seu pai é sempre assim?

(RICHARD): – Pois é… Ele é bem machista e autoritário, ainda mais bêbado.

Luana fica com pena a abraça Richard, que sente apoio no ombro da namorada.

CENA 07: MANSÃO DE CATARINA E LUIZ, QUARTO DE JONATHAN, INTERIOR, TARDE.

Stefanny conectou sua câmera ao notebook de Jonathan e assiste à gravação da noite anterior, enquanto ele está em pé, assistindo de longe, apreensivo.

(STEFANNY): – Gente, ficou perfeito! Dá pra ver direitinho o rosto da Maria. Aliás, que safada hein, pra quem era virgem, ela sabia muito bem do assunto… – rindo e ficando em pé. – Agora eu vou levar pra casa esse vídeo e editar, pois amanhã é o grande dia!

(JONATHAN): – Stefanny, você tem certeza que quer levar até o fim esse plano?

(STEFANNY): – Que pergunta mais sem sentido é essa, meu bem? O plano praticamente finalizou, só falta espalhar porque o principal nós conseguimos, que era seduzir a burra.

(JONATHAN): – Tô me sentindo muito culpado, Stefanny. A Maria vai sofrer uma humilhação muito grande por minha culpa.

(STEFANNY): – Negativo, a culpa é dela, quem mandou ser idiota? Conhece um cara e já vai cedendo de primeira? Vem cá, Jonathan, que drama é esse hein, você topou comigo desde o começo, agora tá amarelando?

(JONATHAN): – Quer saber mesmo? Eu tô amarelando sim! Por favor, Stefanny, desiste de viralizar esse vídeo! A Maria é uma garota meiga, doce, ingênua, ela não merece passar por esse constrangimento. Eu não quero mais participar dessa sujeira!

(STEFANNY): – Ah, muito bonito né, desistir do plano depois que já transou com a caipira. Você devia ter desistido antes, querido, agora já é tarde! Você acha que eu deixei meu namorado transar com outra garota por ser liberal? Me poupe, Jonathan, não seja hipócrita, engula essa sua crise de moralismo e encare a Maria com indiferença depois que o vídeo vazar. A vida segue pra nós, ela que se dane!

(JONATHAN): – Deleta o vídeo da câmera! Deleta ou eu deleto? Eu não quero que isso vaze, chega, eu tô arrependido do que eu fiz. Fui muito canalha, mas quero voltar atrás.

(STEFANNY): – Eu não acredito que eu tô ouvindo isso… Jonathan, você nunca foi tão moralista assim, o que te deu? De galanteador da pobretona passou a defensor… Eu não sou obrigada a aturar essa sua crise, ok? Pra gente não brigar, eu vou pra casa. A gente se vê amanhã na escola. – ela pega a câmera e guarda na bolsa.

(JONATHAN): – Peraí, me dá a câmera… – ele se aproxima.

(STEFANNY): – Sai daqui, você não vai tocar em nada! – empurrando. – Deixa de ser idiota, Jonathan, o vídeo de sexo vai vazar sim, não tem volta! Pensasse nisso antes de seduzir e transar com a Maria, agora é tarde. Do jeito que você tá agindo, até parece que se apaixonou por ela.

Jonathan fica em silêncio e cabisbaixo, sem saber o que falar. Stefanny o encara com raiva e respira fundo.

(STEFANNY): – Olha, eu me recuso a entender o seu silêncio como uma confirmação da minha brincadeira, pois você seria incapaz de gostar desse tipinho de garota. Tchau!

Stefanny sai do quarto sem beijar Jonathan, que fica imóvel. Irritado, ele chuta a cadeira do computador, sentando na cama e cobrindo a cabeça com suas mãos, indignado consigo.

CENA 08: COLÉGIO MÁXIMO, SALA DA DIREÇÃO, INTERIOR, MANHÃ.

Na segunda-feira de manhã, o pátio da escola está cheio antes do primeiro período, em que os alunos se reúnem para se encontrar e conversar. De repente, algo chama atenção de todos: um policial entra juntamente com um jovem e ambos caminham até a sala da direção, seriamente. Em seguida, o sinal bate e todos vão para suas salas, cochichando. Na sala da direção, Abigail se surpreende com o policial, mas o cumprimenta, enquanto o jovem fica no canto, com um olhar intimidador, em silêncio.

(ABIGAIL): – Pois não, em que posso ser útil? – intrigada.

(POLÍCIAL): – Bom dia, senhora. Eu estou trazendo este jovem até o Colégio Máximo, pois ele foi selecionado pela Secretaria de Educação para abrigá-lo agora que ele encerrou sua pena na Fundação Casa. Não sei se a senhora já estava a par da situação…

(ABIGAIL): – Não, eu não estava sabendo de nada, mas bem… – tossindo de nervosa. – Se é uma ordem judicial, não há o que questionar. Seja bem-vindo… Qual seu nome?

O jovem continua encarando Abigail, com um olhar intimidador, deixando-a desconfortável.

(POLICIAL): – Responde a diretora, rapaz! – batendo em seu ombro.

(RYAN): – Meu nome é Ryan Soares. – sério.

(ABIGAIL): – Ah sim, tá certo…. – riso tímido e nervoso. – Em ano você está hein?

(RYAN): – Terceiro.

(POLICIAL): – Gostaria de lhe entregar a ficha do Ryan na Fundação Casa, assim a senhora conhecerá melhor o caso do jovem. Qualquer conflito, não hesite em acionar a polícia ou o Conselho Tutelar.

Abigail compreende e agradece o policial, que vai embora. Na sequência, ela conduz Ryan até sua turma.

CENA 09: COLÉGIO MÁXIMO, SALA DE AULA, INTERIOR, MANHÃ.

Rômulo está explicando sobre a dinâmica climática do planeta, quando é interrompido pela entrada de Abigail na turma, deixando todos apreensivos.

(ABIGAIL): – Com licença, prof Rômulo, e bom dia, turma. Então, eu vim hoje comunicar a vocês que a escola tem um novo aluno e eu escolhi essa turma para recebe-lo. – abrindo a porta. – Entre, Ryan, vem conhecer sua turma.

Trilha Sonora: Música ou Crime (Chave Mestra).

Ryan entra na sala devagar, com a expressão séria, encarando todo mundo. No mesmo momento, a turma se recorda que ele é o jovem que entrou acompanhado de um policial.

(ABIGAIL): – Recebam bem o novo colega, ok pessoal? Espero que você goste da escola, Ryan. Depois nós conversamos, prof Rômulo. Bom, eu vou indo, com licença.

Abigail sai da sala, bastante tensa. Ryan fica imóvel e prof Rômulo se aproxima, colocando a mão em seu ombro.

(RÔMULO): – Seja bem-vindo, Ryan. Pode escolher um lugar e sente.

Ryan se afasta, pois não gostou de ser tocado pelo professor. Ele caminha entre as classes e fica em frente a classe de Victor.

(RYAN): – Eu quero sentar aqui.

(VICTOR): – Mas eu já tô aqui… Tem classes vazias mais no fundo da sala.

(RYAN): – Mas eu quero essa aqui. Levanta!

(VICTOR): – Cara, porque isso?

Gustavo, que está sentado atrás de Victor, se curva para frente e sussurra no ouvido dele.

(GUSTAVO): – Acho melhor você trocar de lugar, ele entrou com a polícia, deve ter passagem criminal. Não cria conflito! – sussurrando.

Victor escuta com atenção enquanto encara Ryan e é encarado de volta. Ele levanta da classe, pega seu material de cima da mesa e sua mochila na cadeira, indo para uma classe vazia no fundo da sala, enquanto Ryan senta em sua classe, colocando a mochila em cima da mesa e curvando-se em cima dela, dormindo. Rômulo e os colegas veem tudo, surpresos.

CENA 10: ESTRADA, EXTERIOR, MANHÃ.

Trilha Sonora: Numb (Link Park).

Em uma rodovia federal no Amapá, Jorge está no acostamento, usando uma mochila nas costas e bebendo uma garrafa de água, sentindo muito calor e cansaço, pois está há horas esperando algum caminhão ou carro lhe dar uma carona. Até que, finalmente, um caminhoneiro estaciona um pouco mais à frente dele. Jorge corre até o veículo e abre a porta.

(CAMINHONEIRO): – Quer carona pra onde, cara?

(JORGE): – Pra onde você estiver indo. – ofegante.

(CAMINHONEIRO): – Olha, meu destino é bem longe, tô levando uma carga lá pra São Paulo. Topa?

(JORGE): – Ótimo! Quanto mais distante daqui, melhor.

O caminhoneiro compreende e Jorge entra na cabine, fechando a porta. O veículo parte pela estrada, levando Jorge para fora do Amapá com o desejo insaciável de reencontrar Catarina.

CENA 11: COLÉGIO MÁXIMO, EXTERIOR, MANHÃ.

No recreio, Maria e Luana estão conversando, próximas a cantina, comendo o lanche.

(LUANA): – Amiga, o almoço na casa do Richard foi tenso… Coitadinho dele, fiquei com pena, principalmente da Dona Fernanda. Eles foram uns amores comigo, mas o pai dele ficou completamente bêbado e rolou briga de família na minha frente.

(MARIA): – Ai, que situação, amiga! Gente bêbada é terrível mesmo, viu… Bom, já meu final de semana foi incrível. Eu posei na casa do Jonathan.

(LUANA): – Tô sabendo… E como foi lá? Os pais dele deixaram numa boa, não perguntaram nada?

(MARIA): – Eles não estavam em casa, tiveram uma viagem de trabalho. Eu queria vir embora, mas ele insistiu muito, aí eu fiquei.

(LUANA): – Só vocês dois naquela casa? Hum… E aí? – intrigada.

(MARIA): – E aí… Aconteceu! – sorrindo.

(LUANA): – Sério? Ai Maria, que lindo, mas será que não foi precipitado?

(MARIA): – Eu não sei, eu nem queria, não estava esperando por isso, mas aí quando eu vi já tava rolando. Foi maravilhoso, Luana, eu tive a certeza que eu tô completamente apaixonada por ele.

Luana sorri e abraça Maria, que continuam a conversar. Do outro lado do pátio, Stefanny e Patrícia conversam, escoradas no muro, sem ninguém por perto.

(STEFANNY): – Chegou o grande momento, amiga! A hora do pornô da caipirona viralizar!

(PATRÍCIA): – Adoro! Será que ela consegue um contrato no Brasileirinhas? – rindo.

(STEFANNY): – Limpa a boca que o veneno tá escorrendo, mas não vou mentir, adoro! – rindo. – Eu tenho o número do WhatsApp de praticamente todos os alunos da escola, já reuni todo mundo num grupo e, usando um perfil fake com um chip novo no meu celular, eu vou jogar o vídeo. Depois, eu quebro o chip, pra evitar que rastreiem né.

(PATRÍCIA): – Gênia, quero ser como você quando crescer!

(STEFANNY): – Desculpe, mas a fórmula que Deus me fez, ele jogou fora, pois eu sou maravilhosa demais e serei única. – ri e envia o vídeo. – Prontinho, o vídeo tá postado, agora é só esperar a repercussão dessa safadeza.

(PATRÍCIA): – Tombamos a pobretona burra!

Stefanny e Patrícia batem as mãos, comemorando a ação contra Maria. Em questão de segundos, o vídeo íntimo já é visualizado por vários estudantes da escola. Distante dali, Jonathan e Richard conversam embaixo de uma árvore.

(RICHARD): – Que encrenca você se meteu hein, meu amigo?

(JONATHAN): – Eu tô com muito ódio de mim, você não tem ideia! Tô me sentindo um grande canalha. Porque eu fui aceitar esse plano maluco da Stefanny?

(RICHARD): – Aceitou porque achou engraçadinho seduzir uma garota ingênua do interior, mas depois resolveu continuar pra entender se estava ou não apaixonado por ela. E estava?

(JONATHAN): – Estou, Richard. Ontem, quando a Maria estava em meus braços, eu percebi que o que eu sentia era mais do que atração física, era amor.

(RICHARD): – Eu não queria estar na tua pele quando o vídeo vazar. Convencer a Maria do que você me disse vai ser uma atitude difícil, pra não dizer impossível.

Jonathan fica calado e pensativo, quando é surpreendido pela chegada de Victor e Wesley, ambos com celular nas mãos, mostrando para Jonathan e Richard.

(VICTOR): – Caraca, Jonathan, você pegou a Maria e jogou na internet? – rindo. – Corajoso, encarou a ridícula da turma. Diz aí: como ela é na cama?

Jonathan fica em silêncio e assiste ao vídeo, percebendo que Stefanny não cobriu seu rosto como havia combinado.

(WESLEY): – Tô pasmo com isso, gente, quem filmou vocês juntos e vazou? – chocado.

Richard assiste ao vídeo e encara Jonathan após a pergunta do irmão. Naquele momento, o vídeo de sexo entre Maria e Jonathan já viralizou na escola inteira. Todos estão assistindo em seus celulares, comentando entre si, fazendo piada e enviando para outros amigos em outras redes sociais. Maria caminha pela escola com Luana e estranha que, por quem ela passa, é encarada fixamente e recebe risos debochados. Isso continua por algum tempo, deixando-a intrigada.

(MARIA): – O que tá acontecendo? Minha roupa tá suja?

(LUANA): – Não, tá tudo certo contigo. – seu celular vibra. – Opa, recebi um Whats, vou ver. – ela mexe no celular e abre o vídeo que recebeu, ficando pálida. – Ai meu Deus, não pode ser… Olha isso, Maria!

(MARIA): – O que foi, Luana? – ela assiste ao vídeo no celular da amiga. – Não pode ser… Como isso foi parar aí? – nervosa.

(LUANA): – Não sei, Maria, jogaram o vídeo em um grupo do Whats que eu nem sabia que estava, acho que toda escola assistiu sua transa com o Jonathan. E agora?

Maria está horrorizada, sem chão, destruída, humilhada. Para todos os lados que ela olha, vê pessoas apontando para ela, rindo com deboche, gritando xingamentos, fazendo gestos obscenos. Lágrimas escorrem no rosto da jovem, que sente uma vergonha imensa pela perda de sua virgindade estar sendo exposta para toda a escola. De repente, no meio da multidão, ela avista Jonathan, com um semblante sério. Maria e Jonathan se encaram a distância, em meio ao pátio da escola lotado de alunos caçoando unicamente de Maria.

CONTINUA…

NO PRÓXIMO CAPÍTULO: Maria e Jonathan tem uma discussão intensa.